Thalia II

So what if I go out on a million dates / You never call or listen to me anyway
I'd rather rage than sit around and wait all day / Don't get me wrong, I just need some time to play

– Droga – olhei para meu celular – eu definitivamente não posso me atrasar, se bem... Não faz muita diferença.

Continuei a pensar se devia correr pra chegar à Goode na hora, mas eu não sabia se deveria.

Certo, ai você pensa, Thalia sua linda, você não estava indo para a escola ouvindo a elite e tudo o mais? Bem, sim e não, eu estava indo quando recebi uma mensagem.

Modo Quase Flashback on

– Me diz senhor, porque eu tenho que ir pra essa droga de escola?

Foi nessa hora que meu celular vibrou no bolso, sorri.

– Será que é Apolo? – pensei, lembrando daqueles músculos maravilhosos e detalhes da noite passada. Mas não era nada disso. Era uma mensagem simples, de numero restrito, que me fez acelerar o carro.

Sua encomenda chegou.
Me encontre no lugar de sempre.

Passei direto pela Goode, na verdade, eu tive que andar mais uns bons oito quarteirões até conseguir chegar lá. Desci do carro logo que pude, encontrei um garoto de capuz, ele me olhou que esguelha.

– Cara, você está muito atrasado, eu to esperando por esse pacote faz uns três dias – disse enquanto pegava o pequeno pacote com pozinho branco enquanto lhe passava o dinheiro.

Não que eu fosse drogada, mas ultimamente, minha mãe vinha me tirando do sério e isso me ajudava a fugir dos problemas, ao menos um pouco.

Modo Quase Flashback off

Então, aqui estou eu, decidindo por acelerar o carro, pois estava em cima da hora.

Estacionei na minha vaga de sempre, quase atropelando algumas lideres de torcida, o que não seria tão ruim. Peguei minha bolsa e sai correndo, quando meu celular vibrou novamente, revirei os olhos, o pegando, e dessa vez, sorri.

Estou louco para repetir a dose garota, deviam
ter nos apresentado antes, quando está disponível?

Agora sim era Apolo, eu havia diminuído os meus passos, mas ainda estava rápida, e quando fui respondê-lo bati em algo e fui jogada para o chão.

Só depois reparei que o algo era alguém.

– Se liga garota, não olha por onde anda? – praticamente gritei. Esperei que ela respondesse de volta, mas a única coisa que ela fez foi ficar quieta e me encarar, parecia que estava em transe a louca. Se eu não soubesse quem era, diria que era do time de torcida, bonita entre outros adjetivos, mas todos conheciam Annabeth Chase, a garota que nunca abre a boca, a não ser para responder a um professor, nunca retruca algum insulto. Não se mistura. Então, ela finalmente pareceu sair do transe.

– Caramba, eu tenho um metro e setenta, você não me viu vindo? –retrucou ela, tentando parecer ameaçadora.

Eu ia dizer “Não, não vi, ou você acha que eu fico topando com as pessoas por hobbie?”, mas eu apenas levantei e bufei, enquanto ela fazia o mesmo, surpresa de mais por ela ter aberto a boca, e não olhado para baixo ter se desculpado e saído correndo. E ela deve ter um e sessenta e sete, não um e setenta, coisa seria. Não que eu reparasse, eu não reparo.

Assisti à primeira aula, nada muito emocionante, a rainha da beleza e o Ken (lê-se Piper e Jason), estavam na minha turma de inglês, não que eu ligasse, mas achei uma baita sacanagem ter eles na minha turma. Cadê a galera legal do ano passado? Devem estar presos, ou bêbados de mais para sair da cama a essa hora da manhã, acusou meu subconsciente, e eu achei que seria uma boa ouvi-lo.

Depois de quarenta e cinco torturantes minutos o sinal bateu e eu me encaminhei para a próxima aula. Olhei a lista. Ótimo, Francês, só dois prédios de distância.

Assim que entrei, eu vi a loira louca.

– A não, aula com você não.

Ela parecia prestes a abrir a boca e retrucar, mas o professor entrou na conversa.

– E ai galera, vocês parecem estar animados pra caramba.

Todos resmungaram algo que parecia sons de animais morrendo, o professor se animou.

– Eu estive pensando, uma coisa meio louca na verdade, eu quero fazer uma brincadeirinha de primário com vocês.

Mais resmungos.

– Que legal, vai ser tipo, aula do soninho? – disse um garoto que imagino ser Travis.

– Engraçadinho – o professor sorriu – quer fazer outra piadinha? Ia ser sensacional mandar o primeiro aluno do dia para a detenção, quer ser o primeiro Sr... – ele olhou uma lista – Sr. Stoll?

Todos ficaram quietos.

– Ótimo, é assim que eu gosto, então, um circulo, por favor. Isso, assim mesmo, bom, a coisa vai funcionar assim. Vocês se apresentam, falam de vocês mesmos, sendo o novo professor de Francês, eu começo, pra vocês entenderem como funciona.
Vocês vão poder me chamar de Sr. Brunner, eu sou o novo professor, tenho 42 anos, trabalhava anteriormente na Academia Yancy, gosto de música clássica apenas, atualmente solteiro, dar aulas é um prazer para mim, e terão que me aturar novamente ano que vem se não passarem direto. Quem é o próximo?

Todos se entreolharam com os métodos levemente bizarros do Sr. Brunner. E, como esperado a rainha da beleza se levantou, e incrivelmente, não tinha aula com o Ken da vida.

– Ótimo! Eu começo. Meu nome é Piper McLean, tenho 18 anos, na-mo-ro, - como se ninguém soubesse disse, pensei, enquanto ela fazia questão de levantar a mão e mostrar o anel de compromisso - o meu futuro? Com certeza casar com o Jason, ele me ama, sei disso. Gosto de sair com o Jason, não gosto de ficar sem o Jason e quando meus pais reclamam do Jason e se vocês ainda não perceberam garotinhas, Jason é o MEU namorado. – quem não sabia nessa sala que ela era namorada de Jason? Totalmente desnecessário – Fora o fato de eu ter um ótimo bom gosto. Próximo?

O professor fez uma careta.

– Ãn, oook. E faculdade? Emprego? Qualquer coisa...

– Eu ainda não pensei muito nisso, algo relacionado com moda provavelmente, mas como eu já disse, não tenho pensado muito nisso. Os treinos, Jason, tem me tirado muito tempo.

O professor não estava muito satisfeito e apontou para outra garota.

– Certo, meu nome é Clarisse, tenho 19 anos, para o meu futuro, quero simplesmente sair desse inferno, porque não aguento mais. Gosto de estar com os meus amigos, mas eles não curtem muito esse negocio de escola. Não gosto de estudar, mas estão claramente me obrigando.

– Mas, Clarrise, escola é importante...

– Você acha que eu ligo? Só quero dar o fora, sair do país...

Achei que era a hora de me manifestar.

– Isso ai Clarisse, odeio isso aqui também. Pra quem ainda não sabe, meu nome é Thalia Grace, tenho 17 anos, o meu futuro é o que vier, o que geralmente é bom, principalmente se eu conseguir me mandar desse lugar. Gosto de ouvir musica no ultimo volume, longe de todo mundo, não gosto de quando minha mãe enche meu saco por causa da minha roupa, da escola, dos meus amigos, do que eu faço, ela não manda em mim. Eu faço o que quero quando quero e deu. Além de que, eu estou achando essa dinâmica levemente estupida, tremenda sacanagem expor os alunos assim.

– Bom, eu acho isso empolgante, conhecer meus alunos, se bobear nem vocês conhecem uns aos outros. Deixe-me ver... Loirinha, que tal você?

Essa eu queria ver.

– Certo, meu nome é Annabeth Chase, tenho 16 anos, o meu futuro eu não sei bem ao certo, mas sei que um bom emprego, uma faculdade, está nele. Gosto de ler, ouvir musica, sair. Não gosto – ela vacilou um pouco - De... Mentiras. – e, novamente ela abaixou a cabeça e sentou.

– Meu deus, - o professor falou – ninguém consegue falar algo interessante?

Um garoto que eu ainda não tinha notado se manifestou.

– Meu nome é Percy Jackson – e olhou para a garota loira que corou – tenho 18 anos, gosto de surfar, e de tocar violão, piano, ou qualquer instrumento, acabei de me mudar, e, acho que é só.

A aula foi passando e passando, até que o senhor Brunner fez um sorteio e dividiu a sala em equipes de três, sobre um tema que eu não prestei atenção. Ficamos eu, a nerd estranha e a Rainha da Beleza.

– Muito bem, reúnam-se e discutam sobre como irão fazer, devo acrescentar que quero que entreguem amanhã.

Annabeth andou até mim, o que foi super estranho.

– Certo, Thalia, não é? Que tal se nos encontrássemos em algum lugar pra fazer o trabalho hoje à noite?

– Olha só queridinha, eu tenho coisas mais importantes pra fazer hoje, então se vire com a bonequinha de luxo. – e coloquei meus fones.

A vi se levantar e ir falar com Piper, mas não prestei a menor atenção.

O restante do dia foi extremamente cansativo, assim que a aula acabou me encaminhei para uma parte mais afastada da cidade, onde havia uma pequena casa que eu consegui comprar com uns amigos. Entrei, tranquei a porta, e peguei o pequeno plástico com certa “farinha”.

– Ótimo, vai ser o suficiente para me desligar até amanhã.

E não pensei em mais nada.