Destinos Interligados escrita por Risurn


Capítulo 35
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E ai gente? Como vão?
Primeiro queria dizer que fiquei decepcionada com o número de reviews, sério. O final ficou ruim? Desculpem, não foi minha intenção.
Quero agradecer a maravilhosa Gigi Grace que me deixou uma MARAVILHOSA recomendação, que eu amei de paixão, obrigada querida, de coração.
Ok. Vou deixar pra chorar as pitangas lá no final, vão ler vão ^^



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Epílogo – Sete anos depois

Because I’m happy
Clap along, if you feel like happiness is the truth
Because I’m happy
Clap along, if you know what happiness is to you

P.O.V Annabeth

– Perseu Jackson! Onde você está? – gritei.

A casa estava um caos. Era quase a hora do jantar e a comida ainda não estava pronta. Andei em direção à geladeira, procurando algo para decorar a sobremesa. Granulado. Vai servir.

– Estou aqui no quarto! – ele deu um grito abafado, me fazendo rir. – Sabe Annie, você pode me explicar porque a Piper mandou o Peter pra cá mais cedo? Afinal, cadê ela? E, me dá uma ajudinha aqui?

Olhei para ele e sorri. Peter estava agarrado a um dos ombros de Percy, pendurado, enquanto Sophia estava presa em uma de suas pernas. Eles tinham seis meses de diferença e riam como se aquilo fosse a coisa mais divertida do mundo.

– Sophia Chase Jackson! Largue agora a perna do seu pai! – tentei falar séria, mas sorri. Não conseguia ser má. Caminhei em direção a ele e peguei Peter de seus ombros. – Peter, quando a sua mãe vai vir?

– Eu não sei. – disse ele – Ela estava conversando com o papai antes de me mandar pra cá.

Encarei Percy, que rolou os olhos, enquanto colocava o menino no chão.

– Eles estavam conversando sorrindo ou conversando jogando vasos de vidro na parede?

– Vasos de vidro na parede. – falou ele calmamente, o que me fez rir.

– Vem Piper! Vem olhar a árvore!

E então os dois dispararam em direção à sala.

– Cuidado! – gritei – Não derrubem a... – ouvi o som de algo caindo. Olhei para Percy que sorria divertido. – Eu não sei, essa garota só pode ter puxado a você. Eu não era assim.

– Pois eu acho que ela puxou a você. – disse ele me puxando pela cintura – Eu era bem pior que ela. – então me beijou. Eu o adorava por isso. Ele sempre me acalmava, era o meu remédio, como uma droga. Até que um barulho nos fez nos separar.

– Percy, por favor, vai lá antes que eles quebrem a nossa casa. – murmurei rindo, ele assentiu com a cabeça e saiu correndo em direção à sala. Era tão criança quanto elas.

– Ai meu deus! Annabeth vai matar todo mundo se ninguém esconder isso! – pude ouvi-lo exclamar ao chegar lá. Não queria nem saber o que eles tinham aprontado.

Comecei a sentir um cheiro estranho.

– Ai meu deus! O macarrão!

Corri em direção ao fogão e abri a tampa da panela para observar o estrago. Tudo bem, não queimou. Ouvi a porta bater.

– Aquele... Idiota. Eu sabia que não devia ter voltado com ele. Sabia. – Piper entrou em um furacão vermelho pela cozinha. Tirou o casaco de frio e o pendurou no cabide. – Oi Annie, quer ajuda? – perguntou sorridente.

– O que houve com ele dessa vez? E, pra que tanto vermelho? Vai ser a mamãe Noel das crianças esse ano? – perguntei rindo, enquanto ela me dava a língua. – Se puder fazer o molho do macarrão eu ia ficar muito feliz.

– O que ele fez? – ela bufou – Ele não queria vir até o jantar! Acredita? Queria passar o natal apenas nós três, mesmo sabendo que isso aqui já tá combinado faz meses!

Revirei os olhos.

– Só isso? Vocês já passaram por tanta coisa e vão brigar justo por isso? Fala sério. Você já tem 25 anos na cara mulher! Tem um filho lindo. Nós fomos desmioladas por ter filhos tão cedo, mas tudo bem. Agora ele tem quatro anos e é uma criança linda. Ele não merece ver os pais brigando o tempo todo. Vai que ele pensa que vocês não se amam.

Ela fez uma careta horrorizada.

– Só que falta! Aquele menino pensar isso... Nós nos amamos apesar das brigas e... – ela parou, me olhando. – Pode não parecer para ele né?

– É. Agora vai lá preparar o molho.

E, do nada, as crianças passaram correndo pela gente sendo seguidas por Percy.

– Oi mamãe!

– Oi tia!

– Voltem já aqui!

Comecei a rir enquanto terminava a empada.

– Ai meu deus, essas crianças não param quietas? E como o Percy pode ter tanta energia?

– Eu não sei. – respondi. – Ele adora crianças.

Ouvimos a porta bater outra vez e as crianças passaram correndo novamente. Elas estavam me deixando tonta.

– Cara, achei que você não ia chegar nunca! – gritou Percy ao nosso lado. – Segura eles! – e então ele foi até Piper – Da próxima vez, vai ser na sua casa e você que vai ficar com as crianças. – falou rindo e lhe deu um beijo no rosto.

– Percy! Me ajuda aqui! Eles querem pegar os presentes! Soldado caído. Socorro!

Eu e Piper não pudemos deixar de rir ao ver o desespero de Percy em ir em direção ao amigo gritando algo como “eu vou te salvar amigo”. Malucos.

A morena caminhou até a geladeira pegando os ingredientes para fazer o molho. Ela estava mais bonita. Os anos fizeram bem para ela, para todas nós, na verdade. O cabelo estava mais longo e encaracolado, cada vez mais parecida com a mãe dela. O filho dela a lembrava em muita coisa. O jeitinho, os olhos, o próprio rosto... Menos o cabelo. Era loiro como o pai. Sorri. Minha pequena Soph me lembrava de Percy em muita coisa, só tinha os meus olhos, de resto era tudo ele. E eu me sentia feliz com isso.

Acordei dos devaneios quando Piper me chamou.

– Thalia não vem esse ano de novo?

– Não. – falei triste, era o terceiro natal que ela não passava com a gente.

– Quando ela mandou essas fotos? – perguntou, apontando para a foto na minha geladeira. Foram as últimas que me mandaram, mas estavam guardadas há um tempo. Em uma delas, ela e Nico estavam em frente às pirâmides. Thalia apontava para a de Quéops com cara de quem diz “dá pra acreditar no tamanho dessa coisa?” e Nico estava ao lado dela, sentado no chão sorrindo para a foto. Ambos não usavam peças pretas, o que foi um susto quando olhei as fotos. E, na outra, eles estavam em algum lugar frio. Argentina, eu acho. Eles seguravam a máquina no alto da cabeça, estavam abraçados, com cachecóis e toucas. Pareciam felizes.

– A primeira faz alguns meses. A segunda eles mandaram faz umas duas semanas.

Ela assentiu com a cabeça.

– Desde que eles saíram nessa de viajar não pararam mais!

Bom, acho melhor eu explicar. Quando terminamos o ensino médio Thalia recebeu um presente do pai. Zeus lhe deu dinheiro suficiente para viajar por um ano. Pagou tudo, desde o hotel até a passagem, e Thalia convidou Nico para ir junto, desde então eles não pararam mais. Claro que antes da viajem eles terminaram centenas de vezes e voltaram outras centenas, mas não adianta aqueles dois não se largaram mais. Apesar disso, eles sempre voltavam para casa, trabalhavam, passavam um tempo por aqui... Mas nos últimos três anos quase não têm aparecido, o que é uma pena, as crianças morriam de curiosidade em conhecê-los.

– Tudo bem Pips, logo logo eles vão passar um tempo por aqui. E vão nos encher de novidades.

Ela assentiu, distraída. Acho que era mais difícil para ela.

– Querida? – Percy apareceu na porta com Sophia nos braços. – O jantar vai demorar? Estamos com fome e sem ter com o que distrair as crianças.

– Ainda vai demorar um pouco. Coloca a TV no jogo. O Jason queria ver mesmo.

Ele assentiu e jogou a moreninha para cima. Eu queria que ela tivesse os olhos verdes como o dele. Suspirei.

– Vamos lá filhote. Mamãe não quer saber da gente aqui agora.

– O Percy é um amor com as crianças, não é? – assenti.

– Ele vive dizendo que quer ter outro, mas não sei Pips, acho que não vou dar conta. Já me enrolei toda para fazer a faculdade com a Soph, imagine ter outro agora que a nossa vida está se encaminhando? – Piper assentiu, mordendo o lábio. Ela sabia como era, foi difícil para ela também completar a faculdade de moda com Peter. Mas ela conseguiu. Fico pensando quando vou finalmente aceitar a verdade e parar com todo esse drama. Eu deveria contar?

– Sobre isso...

– Ai meu deus! Esqueci do frango no forno! – gritei, a interrompendo. Eu não sirvo para cozinhar e conversar ao mesmo tempo.

– O molho!

Começamos a rir, aquele jantar ainda ia ser um desastre. Só podia.

– Acho que está tudo pronto. Me ajuda a colocar a mesa?

Colocamos os copos, pratos, talheres, o suco, a empada, o macarrão, o frango, salada e a lasanha.

Andei até a árvore de natal a acendi o pisca-pisca. Ela havia sido presente de Thalia, ela sempre mandava um jeito diferente de decorar, tinha que ser do jeito dela. Nunca entendi essa fixação dela por pinheiros. Era ordem expressa: os presentes de todos tinham que ficar em uma árvore só. Ano passado foi na casa de Piper, esse ano, na minha. Ela estava recheada de presentes, e aquilo me deixava feliz.

– Pessoal! Podem vir! – gritei.

Logo, Jason entrava com Peter no colo e Percy com Soph. Piper foi até eles e pegou o filho, depois deu um beijo em Jason. Aqueles dois não tinham jeito. Percy veio até mim e colocou Sophia no lugar.

– Eles não vão vir mesmo? – neguei com a cabeça.

– Então? Quem vai querer dizer algumas palavras antes do jantar? Aliás, crianças, lavaram as mãos? – elas negaram rapidamente. – E o que estão esperando? Vão rapidinho.

Mais rápido do que eu pude observar, elas saíram correndo. Crianças.

Logo, a porta abriu e o barulho me chamou atenção.

– Percy, mais alguém disse que viria? – ele franziu a sobrancelha.

– Não.

– Então quem... – não pude concluir a frase. Uma mulher de cabelos negros um pouco a baixo dos ombros entrou toda sorridente, ela usava um cachecol cinza, meia calça preta e um casaco da mesma cor, que já ia tirando e pendurando em um cabide.

– Cheguei a tempo?

– Ai meu deus! Thalia! – Piper correu em direção a ela e a abraçou. A relação entre elas haviam melhorado com os anos, Thals havia ficado bem mais amigável. Acho que era o amor, eu devia agradecer a Nico.

Andei até ela e a abracei também, parecia ótima.

– Porque não avisou que vinha?

– Eu quis fazer uma surpresa. Onde estão as crianças? – Ela perguntou, animada. Quando nasceram, ela nem os deixava respirar.

– Ah, estou bem também Thalia. Vou buscar mais pratos para vocês.

– Percy! – exclamei.

– Me desculpe Perseu, - murmurou Thalia – mas eu gosto mais dos meus sobrinhos do que de vocês, sabem disso, não é rapazes?

Vi Percy desaparecer pela porta rindo, mas pude ouvi-lo murmurar algo como “mas é claro, minha filha é demais. Como não amar ela?”.

– E onde está o meu cunhado Thalia? Jogou ele pela janela do carro? – Jason havia descoberto sua parentela com Thalia, e reagiu bem melhor do que esperávamos. Agora estava tudo bem entre eles.

– Ele está vindo, estava pegando os presentes e...

– Tia Thalia! – as crianças murmuraram ao mesmo tempo. Da última vez que se viram eram pequenos demais para lembrar, mas ela sempre ligava para eles e mandava presentes. Se amavam igual.

– Ai meu deus, meus pimpolhos – Ela chamou a minha filha de pimpolha? – Que saudade que eu estava de vocês, venham aqui, me abracem. E quando foi que vocês cresceram tanto?

Ela começou a sufoca-los com tanto amor, mas as crianças só sorriam, assim como eu.

– Que saudade titia Thalia! Achei que você nunca ia vir.

– Você é muito bonita tia. – ela apertou as bochechas de Peter.

– Ai, mas você é mesmo um galãzinho não é? Meu deus, eu estou parecendo aquelas tias paranoicas que eu sempre odiei. – mesmo assim ela não parava de rir.

– Ah, então é assim? Só querem saber da tia Thalia? E o tio Nico? Ninguém ama? – perguntou, enquanto colocava os presentes embaixo da árvore.

Sophia ficou com os olhinhos iluminados. Ela amava o “tio Nico”, eu acho que se um dia Thalia e ele tiverem algum filho eu não vou poder deixar os dois se aproximarem, nunca vi coisa igual!

– Eu amo! Tio Nico! – e então pulou nos braços dele.

– Ei, Nico, cuidado que eu vou ficar com ciúmes – murmurou Thalia.

– Peter está agarrando você e te chamou de bonita. Eu não estou reclamando.

– Vocês chegaram quando? – perguntei, curiosa.

– Ah, fazem... O quê? Umas cinco horas? – perguntou Nico confuso.

– Mais ou menos isso.

– Tá, e porque demoraram tanto para chegar? – perguntou Piper.

– Ah, culpe o Dom Juan ali.

– O que você fez cara? – perguntou Percy voltando com os pratos.

– O que foi? Não é porque você não gosta dela que eu não deva fazer uma média com a sogrinha. Ela me ama. – Não pude segurar a risada. Nico sempre fora puxa-saco de Hera, com os anos ela havia melhorado, e muito, Thalia ainda guardava muita mágoa, mas agora elas tinham uma relação melhor.

Ela sorriu, dando a língua para ele enquanto tomavam os lugares na mesa.

– Eu estou muito feliz que todo mundo esteja reunido aqui. Todo ano a gente faz esse jantar, mas mesmo assim, não era a mesma coisa sem a Thalia e o Nico. Depois de todos esses anos, continuamos aqui. Juntos, firmes e fortes. Mas quem liga para o que aconteceu antes? Superamos o passado juntos e passamos a escrever uma nova história. E eu espero que essa ainda dure muito tempo.

– Eu já estava com saudades dos seus discursos Annie! São bem melhores do que os da Thals, eu acho que ela nem sabe fazer isso. Ei! – ele reclamou depois de levar um tapa da Thals. – Eu te amo, mas você sabe que é verdade, não é?

Ela negou, rindo. E assim foi o jantar todo, cheio de risadas, lembranças e histórias de viagens. Uma empolgação só.

– Ótimo, quem quer abrir os presentes? – perguntou Jason após o fim do jantar.

Nessa hora todo mundo pareceu criança e correu até a árvore.

– Quem vai abrir primeiro?

– Eu! Eu! Eu! – disse Sophie. – Quais são os meus?

Três pacotes levavam o nome dela. Um pacote negro, um verde e um roxo.

– Esse preto... É do tio Nico e da tia Thalia né? – eles assentiram, sorrindo. – É o que eu pedi?

– Não sei, abre e descobre. – disse Nico.

Quando ela abriu o pacote, achei que ia morrer do coração. Ela começou a pular igual uma doida. Era uma jaqueta de couro, preta, do tamanho dela. Uma graça. Nem tive tempo de ver e ela já havia vestido e pulado no pescoço deles. Depois foi abrir o de Piper. Era um kit de pintura. Uma tela, tintas e pinceis. Minha filha amava desenhar, e eu fiquei imensamente feliz com aquilo. Olhei para Piper, a agradecendo mentalmente.

– Filha, deixa pra abrir o terceiro pacote por último. Antes, deixa o Peter abrir os dois dele.

Ele atacou o pacote verde e preto. O primeiro tinha uma guitarra de criança, aquelas pretas com acordes pré-definidos. Os olhos do menino brilhavam, fiquei feliz, havia escolhido direito. No outro, uma caixinha com uma chave.

– O que é essa chave? – Thalia sorriu sapeca.

– Na sua casa, tem uma motinho, só sua.

Achei que o menino ia morrer do coração. Eu nunca gostei daquelas motos de criança. Achava perigosas, mas ele pareceu amar.

– Posso abrir o último agora mamãe?

– Pode. Mas esse último é seu e do Peter. Dos dois.

Eles assentiram e abriram.

Era uma bonequinha, da Minnie, para ser mais especifica. Tive que rir da carinha de decepção deles.

– Ah, uma bonequinha? Legal.

– Olhe atrás da bonequinha querida.

Agora sim. Eles quase morreram.

– Isso é sério mamãe?

– Uma viagem? Para a Disney?

– Ai meu deus, vocês deram uma viagem para eles e nem me falaram nada? – exclamou Thalia – Eu que sou a especialista em viagens aqui. Como assim? Não quero saber! Vou junto.

Começamos a rir e fomos abrindo os presentes, um a um foram chegando ao fim. Até as avós corujas fizeram a sua parte, menos Piper, que não deixou ninguém abrir o de Afrodite, chegando finalmente nos presentes de Thalia.

– Então, abram juntas. Tudo bem?

Assentimos e rasgamos nossos pacotes, dizem que dá sorte. Espero que sim.

– Nossa. – falamos eu e Piper ao mesmo tempo, o que nos fez rir. Thalia havia trazido duas lembrancinhas de suas viagens. Uma torre Eiffel de 30 centímetros para Piper e uma miniatura do Parthenon para mim. Sorri emocionada. Sempre gostei da Grécia e aquela era a réplica mais perfeita que eu já vi.

– Thalia... Eu... Nem sei o que dizer.

– Não diz nada! – falou ela empolgada – Ainda tem mais. Anda, anda.

Franzimos as sobrancelhas, mais?

Enfiei a mão na embalagem rasgada e senti um envelope grande. Estranho.

– Mas o que...?

– Ai meu deus! – gritou Piper.

Olhei espantada para os dizeres no cartão.

Hades Olympus e Maria di Ângelo Olympos; Zeus Olympus Carter e Hera Grace os convidam a comparecer a união de seus filhos
Nico di Ângelo e Thalia Grace

Só reparei que estávamos gritando e pulando como adolescentes histéricas quando Nico pigarreou. Credo, parecia até quando Percy me pediu em casamento.

– Mas como... Quando... Porque... – estava sem palavras e eufórica. E feliz. Muito feliz.

– E como foi que vocês conseguiram convencer o meu sogrinho a colocar o nome dele ai? – Perguntou Piper. – Ele deve estar furioso.

– Hades. – falou Nico, calmamente – Ele não queria que eu me casasse com uma mulher sem nome de pai no convite. Resumindo, foi quase a terceira guerra mundial. Até o pai de Percy se meteu.

Assoviei. Poseidon nunca se metia em nada.

– Parabéns cara! Achei que nunca ia criar coragem – disse Percy, animado. Mas se encolheu depois do tapa que lhe dei na cabeça.

– Di Ângelo, acho bom cuidar dela. – murmurou Jason, calmamente.

– Deixa de frescura homem! – exclamou Thalia nos fazendo rir. – Mas, anda. Ainda tem mais.

– Mais? – perguntei. – Thalia, eu já sou quase uma idosa. Meu coração não aguenta tantas emoções.

– Mas você ainda está com tudo encima amor! – gritou Percy que andava em direção da cozinha. – Vou trazer champanhe. Ainda temos uma garrafa, não é?

Assenti com a cabeça corada.

– Annie, de idosa você não tem nada, agora para com isso e abre logo essa droga que eu quero abrir também! – exclamou Piper enquanto Thalia se aproximava de Nico.

Ai não. Não acredito.

– Você tá grávida? – gritei. – Mas como assim? Como isso foi acontecer?

– Annabeth, você tem uma filha, sabe muito bem como aconteceu. – disse Jason pegando o convite do chá de bebê das mãos de Piper, me fazendo corar.

– Eu sei como aconteceu. Não foi bem essa a pergunta. – ai deus. Santa Atena, se for homem vai ficar bem longe da minha Sophia.

– Eu não acredito. – disse Piper parecendo sair do estado de choque temporário. – Da primeira vez foi a Annie, e agora você?

Franzi a testa. Da primeira vez fui eu? Oh não. Essa não.

– Do que você tá’ falando? Pirou de vez?

– Eu estou grávida! Eu!

– Mas como assim? Eu... Já estou de um mês!

– Há! Eu estou de quatro meses. Ganhei.

Olhei para elas, revoltada.

– Mas como assim grávidas? E ninguém me conta?

– Quem? Grávidas? – disse Percy, chegando com o champanhe.

– Eu vou ganhar um irmãozinho? – perguntou Peter, subindo no colo de Jason.

– Ou irmãzinha. Eu espero que seja menina. – disse, enquanto embalava o filho.

– Percy, acho melhor elas não tomarem nada alcoólico.

– Elas estão grávidas? Porque não... Você sabe, ai você fica grávida junto com elas e fazem umas festa de grávidas, com roupas de grávidas e fotos de grávidas, e convidam outras grávidas do mundo e eu ainda tenho chances de ter um filhão!

– Percy! – revirei os olhos – Não existe isso de festa de grávidas.

Ele fez uma carinha tão triste que até Soph subiu em seu colo fazendo carinho na sua cabeça. Droga, eu queria que existissem as festas de grávida.

Nos olhamos e então começamos a rir. Como uma grande família retardada. O que nós éramos.

– Então! Agora esse presente vai ficar super sem graça depois dos da Thalia – ela falou rindo e então foi em direção ao pacote dourado que ainda não havia sido aberto e então esticou para mim. – Faça as honras.

Estiquei o pacote em direção a Thalia e cada uma puxou uma ponta. Um quadro caiu aos nossos pés, e então o peguei curiosa.

Meu coração deu um aperto gostoso ao perceber sobre o que era. Haviam três papéis dentro da moldura, cada um com uma letra diferente.

– São os...? – nem precisei concluir a pergunta.

– São. – respondeu Piper. – Ela guardou todo esse tempo, disse que um dia ainda iríamos querer.

E ela não podia estar mais certa.

– O que é? – perguntou Thalia, pegando o quadro das minhas mãos. – Não acredito! Ela guardou todo esse tempo?

Ali, naquela moldura simples envernizada estavam as redações. As. Foram elas que fizeram tudo aquilo acontecer. Foram elas que acabaram com as incertezas, as inseguranças. Foram elas. Elas não evitaram as brigas, os cabelos coloridos, objetos quebrados, dias de birra, nada. Não evitaram absolutamente nada do que deveria ter sido, foram somente a porta de entrada.

Olhei para Thalia e Piper, que estavam com os olhos cheios d’agua. Hormônios de grávida, eu acho. Antes de perceber eu já estava do mesmo modo que elas, olhando com um carinho fora do comum para aquele papel. Logo, senti os braços de Percy rodeando minha cintura e me trazendo para perto de si, ele sabia como aquilo era importante para mim, como tocou meu coração e mudou minha vida. Como elas me aproximaram dele. Thalia e Piper se encontravam na mesma situação que eu: emotivas e cercadas por aqueles que as ama.

Peguei o quadro mais uma vez e o observei com atenção.

“Nos dias que se passaram, em meio a brigas e barracos acho que foi isso que consegui aprender (...): sempre que eu precisar vou ter alguém para contar.”

“E eu serei uma dessas pessoas. Eu esticarei a mão e as ajudarei, se assim quiserem.”

“(...) eu posso sim aprender a conviver com eles, eu só preciso da ajuda delas.”

Suspirei, de uma forma ou de outra, todas entendemos o peso daquelas palavras, todas cumprimos as promessas ocultas, entendemos os pedidos escondidos e criamos os próprios.

Com o tempo nos tornamos uma família, uma família grande, confusa, esquisita, que só sabia brigar, discutir, quebrar coisas de vidro na parede (longa história) e fazer birra. Hoje ainda fazemos tudo isso, mas descobrimos que desenvolvemos uma colinha difícil de tirar. O amor. Ele nos une. Parece clichê, eu sei, também acho. Mas é a verdade, a mais pura e simples verdade. Eu amo essas malucas e os maridos safados delas (e o meu também, aliás), e sei que eles me amam também. E não existe sensação melhor no mundo do que se sentir amada.

Claro que eu tenho que ir ao terapeuta uma vez por semana, meu sistema nervoso vive me atacando e eu juro que se Perseu Jackson deixar a toalha molhada encima da cama mais uma vez eu peço divórcio, mas tudo isso vale a pena.

Levantei os olhos para as garotas que estavam pensativas assim como eu. Sabia que elas me entendiam.

– Feliz Natal. – murmurei, emotiva.

Todos sorriram de volta, concordando.

– Feliz Natal. Ainda vamos passar muitos juntos então nem vem com a depressão que essa fase minha já passou! – exclamou Thalia, enxugando os olhos, nos fazendo rir.

– E então crianças, vão querer sobremesa de que? – perguntei, animada.

– Chocolate! Chocolate! – responderam em uníssono.

– Então vamos lá buscar? – perguntou Percy levantando. As crianças assentiram e saíram em disparada atrás dele.

Sorri. Eu recebi tudo o que pedi algum dia e mais um pouco. Aquilo não podia ser melhor. Bom, talvez ficasse quando eu tivesse coragem de admitir para certo alguém que ia ser papai novamente. Acho que tem algo errado com essa família, onde já se viu? Vai todo mundo falir com fraudas.

Rindo sozinha, levantei indo atrás dele, sendo seguida por aqueles que amo. E a vida não podia ser mais perfeita.

***

A razão pela qual algumas pessoas acham tão difícil serem felizes é porque estão sempre a julgar o passado melhor do que foi, o presente pior do que é e o futuro melhor do que será.

Marcel Pagnol


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Notas finais do capítulo

Ok. Chorosa aqui. Ai, ser emotiva é uma droga.
Então, o que eu posso dizer de tudo isso?
Aqueles que acompanham a fic desde o inicio pode ver todo o meu processo de evolução de escrita. Cada linha sendo melhor elaborada, cada palavra selecionada e bem escolhida. Tudo tudo.
Destinos Interligados foi a minha porta de entrada, porta que eu não quero fechar, ao menos, não por um tempo.
Foi aqui que eu descobri como era a sensação de ser escritora, mesmo que de faz de conta. Cada palavrinha fazia meu coração saltitar, cada review, cada capítulo postado, cada coisinha de nada para vocês, mas tudo para mim.
Eu queria fazer uma longa declaração de como tudo isso é importante para mim, mas não consigo e nem posso. Não é da minha natureza, sinto muito.
Quero que saibam que vocês foram MUITO importantes nesse processo de "descobrimento". Espero que continuem a me seguir e me incentivar nas futuras histórias (que já estão quase sendo postadas, aliás).
E, meninas que quase me fizeram chorar com os reviews do capítulo passado, podem fazer isso hoje *ri*
Ainda aceito recomendações tá? E reviews também. *ri*
Obrigada por tudo, de coração.

A vida é maravilhosa se não se tem medo dela.
— Charles Chaplin

Muitíssimo obrigada por tudo. Pela última vez em Destinos Interligados, beijos.