Destinos Interligados escrita por Risurn


Capítulo 30
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI BABY
Ai ai, como é bom estar aqui.
Vocês viram a capa nova? Eu gostei. Me inspirei (faltei aula) e fiz. Ô alegria.
Recebi uma pequena pilha de reviews capítulo passado então tô' feliz *wiiiiiiiiiiiiii*
Esse capítulo pode ter ficado bugado para vocês, eu gostei, então...
Enfim vou parar de enrolar, pode ler ^^



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Piper X

But if you close your eyes
Does it almost feel like
Nothing changed at all?

Coloquei minha bolsa sobre a mesa e caminhei em direção à geladeira a procura de um suco. Sentei em uma das cadeiras de bar que acompanhavam a bancada e olhei em volta. Tudo vazio. Às vezes me pergunto por que meus pais insistem em morar em um lugar tão grande se eles nunca estão realmente ali. Era como se a casa fosse apenas dos empregados que trabalhavam silenciosamente, era de arrepiar.

Tomei um gole do suco que desceu rasgando por minha garganta, que já estava gelada pelas baixas temperaturas da cidade. A partir daí uma série de devaneios se iniciou e comecei então a pensar então naquela tarde, na escola. Todo mundo junto, rindo, se divertindo, nem parecia que queriam a cabeça do outro em uma bandeja de prata. Até mesmo Jason estava lá. Jason. Quantas foram as vezes que tudo o que eu queria era que ele largasse aquela droga de elite e se juntasse a mim, fizesse algo que eu gostaria de fazer. Por que só agora?

Ele sempre adorou clichês, mas esse foi demais. O velho “dar valor quando se perde” é batido e baixo até mesmo para ele. Desde aquele dia ele vinha se embrenhando cada vez mais ao nosso pequeno e conturbado grupo (realmente conturbado, meu cabelo ainda tinha alguns fios rosa espalhados. Longa história. Eu ainda mato a Annabeth) e aquilo realmente me apavorava. Tudo o que eu queria dele era distância, caso ele se aproximasse demais eu poderia fraquejar, cair no erro, e o meu objetivo sem duvidas não é esse.

Suspirei, caminhando em direção ao meu quarto. Abri a porta do meu closet para pegar outra roupa e não pude segurar mais um suspiro. Fotos e mais fotos estampavam a porta do lugar. Fotos que eu não tive coragem de tirar. Todas dele. Eu e ele, ou apenas ele sozinho. Como era lindo. Encostei a ponta dos dedos em sua cicatriz acima dos lábios. Sorri da lembrança, ele quase matou Thalia por aquilo (Para resumir a história: Jason, Thalia, discussão, um grampeador, não havia professores na sala. Deu pra entender, não é?). Logo puxei meus dedos de volta. Havia se passado pouco mais de uma semana desde o termino. Pouco tempo, logicamente o loiro ainda mexia comigo. E como.

Era cada vez mais difícil suportar a distância que eu mesma estava impondo. Ele era realmente insistente e aquilo me fazia sorrir por dentro, sempre atencioso, sempre por perto, me olhando, cuidando de mim, às vezes me abraçava também. Sentir seu cheiro era horrível, era como uma droga que eu ainda era viciada, sempre mais difícil de resistir. O problema era até quando ele iria insistir. Algo dentro de mim ansiava para que ele insistisse por muito mais tempo. Sacudi a cabeça para afastar esses pensamentos, Jason ficou no passado. Agora você está ai por conta própria.

Pensei no tanto de coisas que eu tinha para fazer. Havia um manequim com uma fita de medição em sua volta, apenas esperando que eu começasse o projeto do vestido, as tarefas de casa, e, ainda havia aquela redação. Olhei para a folha em branco sob a escrivaninha, ela parecia um monstro ali, quieto, à espreita apenas esperando para dar o bote. Tínhamos pouco menos de duas semanas e ainda são sabia o que fazer.

Na verdade, eu tinha coisas de mais para escrever, tantas que nem sei como organiza-las, eu tinha muito a reclamar das meninas, mas também tenho tanto a agradecer, e a lista fica cada vez maior. Ficarmos na mesma sala sem nos mutilarmos (vontade não falta, fazer são outros quinhentos) parecia quase tão improvável quanto o sol se apagar.

– Acho que tirar um cochilo para afastar essas neuras não pode ser tão ruim.

Permiti-me, então, mergulhar no mundo de Morfeu e voltar apenas quando ele tivesse vontade.

(...)

Ar. Eu preciso de ar.

Pisquei com força querendo crer que aquilo era um mal entendido tentando, inutilmente, me livrar das amarras que me prendiam as colunas. Puxava com tanta força que meus pulsos estavam a um fio de se cortarem.

Tentei gritar, mas a única coisa que pude ouvir foi o som do desespero dentro da minha própria mente.

E então ouvi o estouro. Água. Vinha de todos os lados e subia em uma velocidade impressionante, logo já alcançava meus joelhos e continuava a subir.

“Preciso sair daqui”; era a única coisa com a qual conseguia pensar. Minhas amarras ficavam cada vez mais grossas e quanto mais eu as puxava, mais surgiam. A água agora estava na minha cintura. Água fria, congelante, gelava meus ossos, o ar ainda insistia em fugir de meus pulmões, fazendo minha respiração ficar cada vez mais falha.

Encarei a sala a minha volta. Sem saídas. Sem ninguém. Era o meu fim.

A água finalmente cobriu meu rosto. Lutei desesperadamente para manter o pouco de ar que consegui acumular enquanto tentava soltar as amaras. Tudo em vão. Já conseguia sentir o ar se esvair e minha visão ficar turva.

Ao menos, agora meus pulmões já não queimavam.

(...)

Sentei em minha cama num sobressalto. Buscando por ar. Odeio pesadelos. Odeio com todas as minhas forças. Senti minha testa e costas molhadas, havia suado muito. Olhei para meu celular e vi que ele me acordara. Haviam seis ligações perdidas de Annabeth e uma de Nico.

Franzi o cenho estranhando. Annabeth estava me ligando mais uma vez.

– Alô? – falei ainda meio sonolenta e com a respiração falha. O sonho realmente me afeitou.

– Já não era sem tempo! Achei que você tinha resolvido desaparecer também.

O quê...?

Piper, acorda!

– Annabeth! A gente acabou de se ver na escola, calma.

Acabou de se ver? Já é madrugada sua cabeçuda.

Levantei em um pulo e olhei pela janela. Estava escuro mesmo.

– Ok... Então... Quem mais sumiu?

A Thalia... E o Percy. – Isso explica a ligação do Nico. Mesmo sem olhar para Annabeth eu sabia que ela devia estar mordendo os lábios.

– Calma. Eles sumiram desde que horas?

Ninguém mais falou com eles depois da aula.

– Certo, tudo bem, ele falou que ia fazer alguma coisa? – ouvi a campainha soar ao longe e comecei a descer as escadas.

– Ele... Bem, falou que precisava resolver uma coisa, mas não ia demorar. E ele está definitivamente demorando.

A campainha continuou a tocar a todo vapor e acelerei o passo.

– Então... Ele ia resolver algo e ainda não voltou?

É. – abri a porta e para meu espanto estavam ali Percy e Thalia.

– Bom Annabeth, acho que seus problemas estão resolvidos, porque... – Percy e Thalia começaram a negar freneticamente e eu me enrolei.

Pips, tudo bem?

– S-sim, é que... – fiz um sinal de “não estou entendendo nada” e Thalia disse apenas com os lábios “diga para ela vir até aqui”, ou algo assim. – Ei, Annie, que tal vir até aqui? Ai nós procuramos por eles juntas.

Já tá tarde... Não vai ser incomodo?

­– Não, claro que não, pode vir.

Tudo bem, chegou ai em vinte minutos.

– Ok.

Então desliguei o telefone e olhei para os dois idiotas na minha frente. Eu vou matar Percy Jackson. Ou Thalia Grace, não importa. Vai ser quem eu pegar primeiro.

– Vocês querem me explicar o que raios tá rolando aqui?

Eles se entreolharam e então Thalia falou.

– Acho melhor esperar todo mundo chegar.

– Todo mundo? Quem é todo mundo? – O que eles estão pensando? Minha casa é quartel general e ninguém me avisa?

– Bem, todo mundo. Eu, você, Percy, Annie e Nico. Não vai nos convidar para entrar?

Bufei, negando com a cabeça, mas mesmo assim lhes dei passagem e eles se acomodaram no sofá.

– Onde vocês andaram o dia todo? Ficamos preocupadas! – bem, ao menos Annabeth ficou, então não era de todo mentira.

– Nós... Bem, fomos resolver uma coisa. Que só diz respeito a Annabeth. E nós precisamos de ajuda agora, sabe? – Percy me olhava e olhava para Thalia simultaneamente, nervoso.

– Não, eu não sei. E não estou entendendo nada.

– Você já vai entender. Acho que Nico já deve estar chegando. Percy ligou pra ele no caminho.

Rolei os olhos e andei até a cozinha, eu estava cansada, furiosa e faminta. Eles invadiram a minha casa no meio da madrugada! Olhei para meu corpo, estava apenas de pijama. Dei de ombros, sem me importar. Peguei alguns copos, suco e preparei alguns sanduíches para levar até a sala. No caminho ouvi a porta bater e Nico passar.

– Onde você estava o dia todo?

– Resolvendo coisas...

– E você diz isso assim? Da forma mais calma possível? – Fiquei apenas observando Nico e Thalia naquela DR no meio da minha sala. Inacreditável.

– Você queria que eu dissesse como? – Thalia se levantou fuzilando Nico. – Não te devo nenh... – ela se interrompeu ao olhar para porta e ver Jason passar por ela. Minha boca abriu-se em um grande “o”.

– Oi. – Thalia encarou Nico ameaçadoramente.

– Ele leu a mensagem, não leu?

– Leu. – disse Nico, olhando para baixo, envergonhado. Thalia apenas andou até ele e lhe deu um tapa na cabeça.

– Idiota.

– Ei! Eu não tive culpa! Ele que quis vir a todo peso por causa da...

– Dá pra calar essa boca Nico? – gritou Jason do outro lado do cômodo. Mas o que é isso? Minha sala virou a casa da Mãe Joana?

– Epa, epa! Parou com a palhaçada aqui! Controlem-se, por favor, como podem ter tanta energia durante a madrugada? – coloquei os sanduíches com os sucos e copos em cima da mesa de centro. Precisei de malabarismo para trazer tudo aquilo, mas acho que vai servir.

Olhei para todos e tentei assimilar aquilo. Ainda era surreal vê-los todos juntos sem ninguém sair espancado. Mas era um avanço. Logo, a porta foi aberta e todos olhamos para lá.

– Pips, cheguei! – ela gritou, mas não era necessário. E estava perto o suficiente para ouvir, assim como todos os outros.

Assim que ela olhou em volta e viu que todos estavam ali, assustou-se e deu um pulo. Não contive o sorriso.

– O-o que vocês estão fazendo aqui? E... Ah meu Deus, Percy!

Ela correu em direção a ele e o abraçou. Tive que me segurar muito para não gritar “Percabeth” e acabar com todo o clima. Acontece que quem acabou com o clima foi a própria Annabeth. Percy afastou-se dela e olhou em seus olhos, ele parecia apreensivo. Então ela simplesmente agarrou-o pelo pulso e o lançou por cima do ombro fazendo com que ele ficasse estirado no chão da minha sala. Todos ficamos de boca aberta, quer dizer, quem imaginava que Annabeth sabia judô? Ela colocou o joelho sob o peito dele e pressionou o pescoço do mesmo com o braço.

– Seu... Idiota! Me deixou preocupada! Achei... Achei que Luke pudesse ter feito algo para você! Nunca. Nunca mais faça isso novamente!

Para a surpresa de todos ele riu, uma risada contagiante, fazendo com que Annabeth ficasse momentaneamente perdida, afrouxando o aperto.

– Considere-me avisado. – e então ele lhe deu um beijo na bochecha a fazendo ficar corada. Sério? Ela não fica com vergonha de fazer uma demonstração de judô na minha casa, mas fica vermelha com um beijo? Vai entender...

– Ok. Deu de romance casal. – a voz de Thalia saiu abafada por entre as almofadas de meu sofá.

– Afinal, porque eu estou aqui? – reclamou Nico. – Se era para ver esses dois se reencontrando eu vou bater em você Thalia.

– Claro que não! Você não conseguiria bater em mim, querido. – disse ela com um sorriso falso.

Eu e Jason éramos os únicos com cara de tacho no meio daquilo tudo. Os deslocados. Não deveríamos estar ali.

– Vamos Thalia, começa logo. – pediu Percy. Ele olhava para o chão, definitivamente algo estava errado. Olhei para Thalia e ela arrastava as mãos nas calças. Estava nervosa. Mau sinal.

– Então? Como explicar isso sem que a Annabeth mate ninguém?

– Ai meus deuses! – gritei – Você e o Percy... Vocês...?

Nico, Annabeth e eu olhávamos abismados para eles.

– Nós... O quê!? Ai meu deus não! Eca! – gritou Percy.

– Sério Percy? “Eca”? Não precisava disso. – disse Thalia, fingindo estar ofendida – Mas tudo bem, eu mereço. Bom... Isso é tão estranho de falar para vocês. Eu estava realmente começando a pensar que vocês me achavam uma boa pessoa.

– Ninguém acha isso. – Jason disse dos confins da sala, e todos concordamos. Ela é um amor mas todos sabemos que ela não presta.

– Certo. Isso facilita muita coisa e, ai. Sinceridade doí.

– Dá para parar de enrolar? – disse Annabeth eufórica. – Se tem haver comigo eu quero saber!

– Eu, bem, nós. Eu e Percy. Precisamos de alguns álibis.

– Álibis? – Annabeth estava confusa, resolvi falar.

– É. Sabe, eles são meio que umas pessoas que servem para... – mas ela me interrompeu.

– Eu sei para que serve um álibi. O que me preocupa é por quê?

– Sabe, o Percy me ligou mais cedo, queríamos resolver uma coisa e talvez, só talvez, o que nós fizemos possa, sei lá, fazer com que sejamos presos.

Todos ficamos de boca aberta. Thalia ir presa? Normal. Agora, Percy? Isso era novidade.

– O que vocês fizeram? – gritou Annabeth, Percy olhou para ela, suplicante. – Ah não! Não! Me diz que vocês não fizeram o que eu acho que fizeram!

– Oi? Dá pra explicar aqui?

Lentamente, Percy tomou coragem e narrou os acontecimentos daquela tarde. Annabeth estava indecifrável.

–...Então, Ares chegou lá e nos mandou ir embora. Ele me mandou uma mensagem dizendo que havia dado um jeito nele, e nos mandou arranjar um álibi para qualquer problema. E, bom, vocês iam ficar sabendo mais cedo ou mais tarde então decidimos escolher vocês.

– Espera. Você chamou Ares? Meu tio Ares Zhang?

– Oh merda. Ele é seu tio? Como eu ia saber?

– Porque raios você fez isso? – Annabeth estava gritando. – Tem noção da encrenca que se meteu por minha causa? Tem alguma ideia do que pode acontecer se essa noticia vazar?

– Eu tenho noção. Muita. Pensei muito antes de fazer isso e por isso chamei Thalia, ela seria perfeita para me ajudar.

– E, Thalia! Porque você ajudou esse maluco com isso?

– Oras Annabeth! Eu queria vingança, simples. Ele fez mal a você. Queria que eu sentasse e esperasse? Desculpa, mas isso não é pra mim. Eu acho que ele merecia algo muito pior.

Incrivelmente, todos concordaram até mesmo eu. Que servi apenas como um plano de fundo para toda aquela história. Um simples álibi.

– E-eu... Preciso pensar. – Percy tentou se aproximar dela, mas ela deu um passo para trás – Eu... Estou confusa. Desculpe. Isso tudo é informação demais para mim. Estou assustada. Eu quero ir pra casa.

– Eu te levo. – Percy se ofereceu.

– Não! – ela exclamou, mas logo se corrigiu, falando mais calma. – Não. Eu vou sozinha. Me desculpe, mas acho que não posso com isso.

E então ela saiu em disparada da minha casa, com Percy correndo atrás.

– Nico? Pode me levar para casa? Eu vim de táxi com o Percy...

– Posso. Nós precisamos conversar mesmo.

E então eles também saíram, mas Jason ficou ali, e pediu para que Nico esperasse um pouco lá fora.

– Pips? Como você tá?

– Honestamente?

Ele estava bem próximo a mim, e deu uma risada, aquela risada gostosa que me fazia sorrir também, colocou então uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.

– Você sempre é honesta.

– Eu não sei como estou. Ah! Qual é? Percy e Thalia espancam um carinha que eu acabei de descobrir que estuprou a Annabeth e agora eles podem ser presos e Ai Meu Deus, eles são meus amigos agora e como eu vou fazer isso? – eu já estava gesticulando freneticamente, braços desgovernados – Eu acho que estou desesperada! Não, espera, eu estou desesperada. E se acontecer alguma coisa com eles? E se aquele doido escapar e querer vingança? E se...

A última coisa que ouvi antes de ser interrompida foi uma melodiosa risada, após isso lábios faziam uma leve pressão nos meus. Eu estava em choque, fiquei parada do mesmo modo que estava antes. Quando nossos lábios se separaram ele acariciou meu rosto e disse um suave “tudo vai dar certo, confie” e depois disso foi embora, me deixando ali, sozinha e cada vez mais confusa com meus sentimentos.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu fiz uma parte a lá Marca de Atena :3
Gente, eu adoro tuudo isso. Shipps pra cá, shipps pra lá. Ai ai :3
E ai? Gostaram ou ficou ruim? *Risos*
Fanfiction alimentada à reviews, não a deixe morrer de fome.
(Ela adora recomendações e favoritar também, só pra esclarecer)
Enfim, beijos e até o próximo ^^