Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 6
Capítulo 6 – Descuidos e Segredos




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Aquela rua estava deserta como sempre. Raramente as pessoas passavam por lá. Era o local mais afastado da cidade, ficava para trás do orfanato Filhos das Estrelas. Era apenas mais uma praia esquecida onde às crianças costumavam brincar, mas àquela hora nenhuma alma penada passava por ali. Ou melhor, apenas algumas.

 

Shun andava vagarosamente pelas areias onde o mar antes batia. O mar àquela hora estava com a maré baixa, estendendo as areias alguns metros. O sol estava agora se mostrando por completo. Devia ser umas 5 da manhã, hora em que normalmente todos os cavaleiros estariam dormindo. O único som audível no momento era o barulho do mar ondulando ao fundo. O cavaleiro andou mais um pouco e parou para olhar aquela imensidão azul.

 

- Espero que não me faça esperar muito... Se bem que conhecendo ele não me surpreenderia se não aparecer. – Sentou se na areia e ficou olhando o céu.

 

 

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Não muito longe da-li, Ikki andava nas mesmas areias. Estava ate agora estranhando o fato de a porta estar aberta na mansão. “Aquele mordomo é mesmo incompetente...”. O céu estava clareando e perdendo o tom alaranjado com que tinha amanhecido, e alguns pássaros arriscavam sair de seus ninhos. Andava calmamente pelas areias e seus pensamentos voavam...

 

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Andrômeda sempre foi uma pessoa paciente, esperar não era um problema para ele, alem de já estar acostumado aos “colegas” adorarem fazer uma cena chegando atrasados. Com a mão, mexia na areia entretidamente quando ouviu o barulho de passos vindo de trás dele, da direção da estrada.

 

- Você demorou... – Não se deu o trabalho de se virar, pois logo o recém chegado andou ate ele e ficou de pé perto dele. – Achei que não viria mais.

 

- Eu sempre cumpro o que eu falo não é hehe – Agora era possível ver o homem que havia visitado o cavaleiro horas antes. O homem usava um terno meio antiquado e um tanto desleixado, tinha o rosto simpático, barba mal feita aparentando mais de 30 anos. Na cabeça, sobre o cabelo preto, curto e desarrumado uma peculiar cartola. Não era uma pessoa que seria normal ver andando em uma rua. Shun o fitou.

 

- Eu disse para parecer normal. – Provocou o conhecido.

- O que quer dizer com isso moleque? – O estranho sorriu – Você não era mal educado assim, esta aprendendo demais com esses cavaleiros.

- Não diga isso... – continuou olhando o mar. – Afinal o que você quer?

- Não tenha tanta pressa! O que foi não quer conversar com um velho amigo? – O sorriso estampado no rosto do estranho era irônico, chegava a ser irritante. – Faz muito tempo que não venho ao Japão! Como esta diferente, incrível...

- Com certeza esta bem diferente de quando você morava aqui... – Shun parece não ter se importado com a enrolação do sujeito. – E me diga, eles te mandaram ou você se ofereceu para vir aqui?

- Por que perguntou isso? Não é obvio? – Deu um sorriso deslavado – É claro que me ofereci! Acha que me dariam uma tarefa assim?

- Com certeza não – O jovem cavaleiro sorriu, a companhia lhe era agradável embora fosse inesperada. – E algo me diz que não veio aqui para saber noticias minhas...

- Claro que não. Eu queria esses novos cavaleiros.

- Foi o que pensei.

- Vamos, me fale desses cavaleiros! – andou um pouco perto de Shun e também se sentou na areia, juntou os pés e se apoiou nos joelhos. – Estou curioso, principalmente com o Pégasus!

 

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O mar ondulava calmo. Pássaros voavam alegremente. A hora parecia não passar. Fênix continuava se arrastando pela praia. Não tinha a menor vontade de voltar, aquela casa era movimentada demais para ele. Olhava para os próprios pés enquanto andava. De repente parou como se visse um fantasma.

 

Alguns metros à frente Shun estava sentado na areia olhando o mar. Na sua cabeça lembrou-se da ultima vez que o viu na praia, da paralisia... Pensou em ir lá, mas quando deu uns passos percebeu que ele não estava sozinho.

 

- Que estranho... – ficou observando a figura curiosa em pé ao lado de Shun. Sua postura era muito diferente. “Sem falar que essas roupas parecem do século retrasado.” – Nunca o vi por aqui...

 

Andou uns metros e se escondeu sobre uma arvore perdida do bosque, que ficava entre a cerca e a praia. Ficou observando, o estranho homem se sentou. Sentia-se ridículo por espionar o próprio irmão...

 

- Gostaria de poder ouvir o que tanto falam – Via o estranho rir alto, junto do seu irmão.

 

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Alguns metros a frente nenhum dos dois percebeu a presença de fênix. O mais velho ria alto enquanto o mais jovem falava sorrindo.

 

- HaHAhahahaha, pelo que vejo esses cavaleiros são ridículos!! – O estranho debochava enquanto ouvia sobre as lutas do torneio. – Um torneio de lutas de cavaleiros! Athena só pode estar louca!!!

- Athena não tem nada a ver com isso. Acho que eles nem a conhecem.

- COMO É? – A voz estridente do estranho foi tão alta que até Ikki ouviu. – Explica isso direito.

- Bom... Ao que parece eles acham que Athena é um símbolo e que não existe.

 

 O estranho encarou Shun por alguns minutos, e logo depois caiu na gargalhada novamente.

- Cavaleiros de Athena que lutam entre si num show... Uma Athena imaginaria... Esse mundo esta perdido mesmo!!! – o desconhecido se deitou na areia.

- Pois é... – Shun concordou e continuou encarando o mar. – Agora quer por favor me dizer por que veio afinal?

- Ahhhhhh sim... – Coçou a cabeça por baixo do chapéu incomum. – “Ele” quer saber como anda “você sabe o que”.

 

Shun pensou um pouco, não havia muito a dizer.

 

- Nada, mas tenho umas desconfianças... – e só.

- Hum... não são boas noticias, e não gosto de dar más noticias pra eles...

- Temos tempo ainda, não adiantaria muito agora não é?

- Mas seria uma grande vantagem.

- Eu sei. Estou fazendo o possível.

- Ok, e quando volta?

- Pretendo resolver tudo em uma semana, mas se eu demorar é porque encontrei alguma coisa.

-Então ta...

 

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No seu “esconderijo” Ikki continuava observando curioso. “O que tanto falam? Gostaria de poder ouvir...”. Os dois continuavam sem perceber a sua presença. De repente, sentiu algo tocar-lhe o braço e se virou bruscamente.

 

- O que? hã? – Olhou para a direção e a única coisa que viu foi uma borboleta voando em sua direção. – Droga de inseto!!

 

Tentou se livrar do animal, mas quanto mais tentava se livrar mais ela insistia. Quando ela pousou no tronco da arvore, ele aproveitou e bateu nela. O barulho ressoou longe. Quando tirou a mão do tronco.

- Ué? Sumiu? – Olhou atônito, não havia nem sinal do inseto. – Estou mesmo ficando louco.

 

 Voltou a olhar para o irmão e percebeu que o barulho ressoou alto demais.

 

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A atenção dos dois amigos foi chamada para longe. O desconhecido olhava confuso para aquele rapaz encostado na arvore, já Shun estava branco, como se visse um fantasma. Logo se recompôs, mudou a direção do olhar e falou baixo.

- Seja discreto, e cuidado com o que fala. – falou com um tom tão frio que o próprio se surpreendeu. O estranho o encarou um tanto surpreso. Shun pensou que horas seriam. Demorou demais, deveria ter sido mais rápido. Já deveria ter passado umas duas horas dês de que saiu da mansão.

 

Do outro lado da praia, Ikki percebeu que foi descoberto e não sabia o que fazer. “ Será que vou lá?”. Mas seus pensamentos foram interrompidos por um barulho vindo do bosque atrás dele. Alias o pensamento de todos os presentes. O barulho fora bem alto. Todos agora mudaram suas atenções pro próprio local. Berros e barulho de galhos se quebrando foi ouvido de longe.

 

- EU NÃO VOU MAIS FICAR NAQUELE LUGAR!!! – A voz era muito conhecida por Ikki e Shun. “Alias conhecida demais...”. – VOCÊ NÃO ME PEGA MINU!!

- VOLTA AQUI SEIYA, SEU IRRESPONSAVEM!! VOCE PRECISA REPOUSAR!!

 

Logo foi descoberta a confusão. Seiya fugiu do hospital e saiu correndo pelo bosque, e Minu saiu correndo atrás dele. Seiya estava correndo, com a cabeça enfaixada enquanto gritava e provocava a garota. Ao que parecia, ela tinha perdido ele de vista quando o cavaleiro saiu do bosque seguindo para a praia. Foi questão de segundos para ele tentar pular a cerca, prender o pé e levar um belo tombo.

 

Na praia, Ikki não sabia se matava Seiya pela cena ou se o agradecia por ter quebrado o péssimo clima que estava. O estranho estava segurando sua “comportada” gargalhada, já Shun passou de branco para roxo. – não deveria ter saído do quarto hoje...

 

Seiya se levantou dificultosamente, olhou para ver se despistou a garota e logo olhou em volta não entendendo bem o que via. De um lado Ikki estava parado perto de uma arvore o encarando, e do outro Shun estava sentado na companhia de uma figura bastante estranha. Coçou a cabeça, parecia confuso, mas logo abriu um sorriso e abanou para todos.

 

- Ola pessoal!! Por que essas caras? – Seiya andou um pouco até o meio da distancia. Abanou para Shun, que retribuiu com um leve abano, e andou até Ikki.

 

- Ikki! O que ouve? Por que esta ai parado? – Encarou Ikki, que se encostou na arvore. – E alias, quem é aquele cara esquisito com o Shun?

- Não sei. – A ultima pessoa que Ikki queria falar no momento era Seiya.

- E o que esta fazendo aqui tão cedo??

- Pare de me interrogar!!!

 

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- Quem é aquele?

- É Seiya, o cavaleiro de Pégasus que te falei.

- Sério?? Interessante... mas parece tão fraco..

- Não vou comentar sobre isso.

- E o outro, o emburrado de cabelo azul.

- ....

- Fale logo.

- É o meu irmão.

- SÉEEEEEEEERIO?

- ....

- Ah é, desculpe. Curioso, ele me lembra alguém, mas não sei dizer quem...

- ....

 

O estranho se levantou. Bateu a areia nas calças e deu uma caminhada em roda de Shun.

 

- Bom, é melhor eu ir indo antes que arrume confusão para você.

- Mais ainda?

- Você é muito engraçado garoto! – Deu uns passos, mas parou e se virou. – Quase me esqueço, o cachorro esta com você?

- Está sim.

- Ah bom, era so pra saber por que ele havia sumido quando você veio pra cá.

- Certo, e como estão todos lá?

- No mesmo buraco de sempre! – E começou a rir. – Buraco, entendeu?

- ...

- Você esta com um péssimo senso de humor hoje.... até mais garoto...

 

O estranho saiu andando. Shun continuou olhando o mar. Logo depois Seiya já dava o ar da graça em roda dele, e Ikki ficou um pouco afastado.

 

- Ola Shun!! – Sentou rapidamente no mesmo lugar onde o desconhecido estava. – Quem era aquele cara?

- Ola Seiya. Era um amigo que conheci no meu treinamento. Ele é japonês, e estava a passeio por aqui. Como você esta? – Não parecia com nada com o Shun frio de minutos atrás. Os olhos e o sorriso amável de sempre estavam estampados no seu rosto.

- Estou bem demais para estar naquele hospital!!! – Protestou. Olhou de relance para Ikki. – ô, Shun. Posso falar com você uma coisa pessoal?

- Claro – Já estava estranhado não ter perguntado.

- Por que você não falou com o Ikki até agora?

 

O silencio dominou, a expressão de Shun não mudou nada. Continuava encarando o mar. Pensou uns segundos, o que pra Seiya parecia uma eternidade.

 

- É uma longa historia... – Aquilo soou para Seiya como um “cale a boca”. – Pergunte isso para ele.

 

Seiya ficou com cara de besta, enquanto Shun se levantava.

- Eu vou voltar para a mansão. Acordei bem cedo para ver meu amigo e não durmi bem, até mais tarde Seiya. – E foi embora. Tanto Seiya quanto Ikki ficaram observando ele ate sumir. Logo que isso aconteceu, ele foi até Ikki.

- Por que ele me disse para perguntar para você? – Seiya estava com a cara de confusa de sempre. Ikki estava serio perdido nos pensamentos. – Ikki!!?

- Antes do Shun ir para a ilha da rainha da morte, nos tivemso uma discussão. – Lembrou-se da cena e isso não foi bom – Acho que ele levou a serio.

 

Seiya ficou pensando e encarando Ikki. Agora entendeu por que, embora achasse um exagero. Se virou e andou um pouco decostas para Ikki e falou.

 

- Bom, ahm.. acho melhor voltarmos para a mansão, estou com fome, e ainda preciso passar no meu apartamento.. e – Quando virou Ikki já havia sumido.

 

- .... Pra onde ele foi?

 

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Na mansão tudo estava silencioso, ninguém alem dos empregados pareciam estar acordado, a não ser os empregados. Subiu direto e fechou a porta do quarto. Para apenas algumas horas da manhã, o seu dia foi bastante agitado. Tirou o sobretudo e o largou encima da urna esquecida da armadura. Sentou se numa poltrona perto da janela. Sentia-se um idiota por ter deixado as coisas chegarem aquele ponto, mas conseguiu remediar.

- Não posso me expor como fiz hoje, tive muita sorte. – sentiu um desconforto que não sentia a um bom tempo. – Isso deve ser por ter me preocupado... Isso não é nada, um banho vai me fazer melhorar.

 

Levantou-se e se dirigiu ao banheiro. O desconforto continuava enquanto andava. Parou em frente a pia e se apoiou nas suas laterais. Não parecia muito bem. Após alguns segundos apoiados teve uma tosse seca, algumas gotas de sangue caíram sobre a pia branca. Limpou a boca com a mão e se dirigiu ao chuveiro.


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Notas finais do capítulo

Para os curiosos quanto ao personagem desconhecido tem uma dica: Ele ja apareceu no mundo cdzistico! pela descrição que tem, os fans mais viciados o conheceram. Peço a eles que não revelem nada nos reviews. Vou pondo mais dicas para que tentem descobrir isso.