Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 35
Capítulo 35 - O Auge


Notas iniciais do capítulo

Depois de um tempo sem atualização, as desculpas! Tive uns problemas de saude e familiares, comuns na jornada da historia não é?
Aviso também aos meus leitores, coitados, que quando esta história for completada, pretendo avisa-los por mensagem! Obrigado por ainda acompanharem esta história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/46869/chapter/35

Não havia sequer uma brisa naquela região rochosa e quente. O barulho ensurdecedor das pedras que caiam próximo dali era abafado. O céu era de um vermelho púrpura, da mesma cor do chão de pedras pontiagudas manchado de sangue.

Viu-se ali parado observando sob o penhasco de pedras, sem vento, sem sol. Abaixo via outros cenários de uma beleza mórbida, sob um véu de tristeza e morte que cobria tudo como uma nevoa negra.

Shun continuou ali parado. Seu corpo jovem e magro, ainda em desenvolvimento, já demonstrava as marcas de um crescimento difícil. Sua roupa era negra, um algodão antiquado e desgastado. Os braços sujos de terra e sangue, que se destacavam perfeitamente em sua pele branca.

Um lampejo e agora via as próprias mãos, apoiando o corpo, sendo cortadas e perfuradas pelas pedras pontiagudas. A pele branca marcada por manchas escuras de antigas feridas. A respiração ofegante e o sangue que escorria de sua boca. Mas levantou-se, firme, sem esmorecer.

Já se pusera de pé novamente. Mesmo tão jovem, e com tanta dor, parecia ter uma determinação imensa. Novamente pronto para seu treino, frente ao mestre. O corpo humano usando um manto negro com detalhes brancos não fazia justiça ao poder deus da morte, Thanatos. Jamais abandonava sua posição superior.

 Defendia e desviava os ataques do mestre. Este, que nem precisava se mexer, sem facilitar. Eram ataques um atrás do outro, a energia era poderosa, e cada vez mais aumentava. Mas o jovem aprendiz seguia em frente, sem se deixar levar pelo poder do Deus, ou pelo cansaço. Cada vez mais e mais. Enquanto seus pés deslizavam sob as pedras com a força dos ataques, avançava.

Sentia sobre si o peso dos olhos que o observavam e julgavam. Afastado dali, Hypnos também com seu corpo humano e Pandora não ousavam interferir. Seu cosmo reagia aos ataques do mestre, e pouco a pouco se aproximava. Fechou os olhos e apenas sentiu aquela força que o movia, e quando abriu já se via frente ao mestre, o golpe derradeiro.

A cena não era clara, mas sabia exatamente o que aconteceu. Levado por essa sensação, essa energia direcionou o punho, que exibiu um rastro de cosmo. Thanatos parecia não acreditar naquele lapso de poder, mas desviou seu rosto do punho do jovem, o que não impediu que o golpe riscasse o lado de sua face.

O golpe havia atingido o mestre, algo inédito até aquele momento, era a prova da evolução daquele treinamento árduo. Shun havia superado as expectativas de Thanatos, que não parecia acreditar. Aquele ato de superação, porém não foi assim interpretado pelo Deus da morte. Sua face se transtornava, e sua fúria se refletia em sua cosmo energia. Um milésimo de segundo após o golpe bem sucedido, a resposta do deus enfurecido foi fulminante. Num movimento rápido atacou o jovem que estava a sua frente com um poder terrivelmente maior do anterior. O tempo foi suficiente apenas para o aprendiz cruzar os braços frente ao rosto e receber a energia a queima roupa.

A escuridão tomou tudo novamente, e ao abrir os olhos viu novamente o horizonte. Sob a sacada de pedra, e a brisa que novamente sentia no rosto, Shun retornava de suas lembranças. Deslizava os dedos sobre as cicatrizes nos pulsos sob as faixas. Eram provas de sua superação, e da sua determinação em alcançar o seu objetivo, desejo, aquele que fez um jovem escolher um destino tão duro.

Seus olhos brilhavam de forma diferente, como há tempos não acontecia. Em poucos meses sentimentos confusos conturbavam sua mente de tal forma, mas agora tudo voltaria aos eixos. E ainda melhor.

O céu escuro apresentava uma forma de turbilhão de nuvens negras, que aos poucos iam escurecendo mais e mais, entre tons de vermelho sangue e cinza. Shun virou-se sumindo novamente nas entranhas do castelo Heinstein. Tão sinistro, sempre com uma aura de tristeza que o rodeava. As bases de pedra fincadas em um campo com o gramado, sem cor como tudo ali. A direita do castelo, uma enorme janela de vidro se abre, iluminando um frio hall com móveis antigos. Pandora também observava aquele céu ao mesmo tempo em que ajeitava um arranjo de flores sem cor sob a mesa. Sua face triste era um prelúdio do que qualquer humano sentiria naquele covil maldito. Olhou o céu e sua face se tornou odiosa.

A direita no final do hall, Shun descia as escadarias da torre o castelo. Vestindo sua sapuris negra, foi em direção a porta que levava a sala que até agora não havia sido usada. Junto à porta, logo viu a silhueta de seu mestre Hypnos, que o aguardava.

- Mestre. – Cumprimentou o deus, que apenas concordou com a cabeça. As portas a sua frente se abriram, revelando um enorme corredor vazio, cujas janelas eram cobertas por cortinas negras. Seguiu seu mestre em silêncio, e mesmo que não houvesse mais ninguém naquele local, Shun sentia uma enorme confusão de cosmo.

Ouvia seus passos ecoarem no chão frio de pedra. A sua frente, o deus do sono o guiava. A escuridão era total, mas apenas uma energia era visível no local, o que deixava aos poucos tudo avermelhado.

Seguiu o mestre em silêncio, mas sua face demonstrava um sentimento diferente de todos que demonstrara até agora. Seus olhos brilhavam enquanto fitavam a escuridão.

Havia chegado naquele castelo muito jovem. Vinha de um mundo perdido, cruel e egoísta, e entrou em um universo surreal e poderoso, onde viu a única forma de redenção que a humanidade poderia alcançar. Viu como seu destino estava ligado com aquele universo, e aquele poder fantástico e assustador que sentia ao entrar ali, não era apenas um acaso do aleatório, era o destino dele.

Mas permanecer ali esperando aquele futuro não era o suficiente. Via aquela força como algo divino, algo grande demais, não poderia ser uma ferramenta útil aquele universo daquela forma. Precisava ser mais que um humano. Precisava não ser humano.

O corredor agora se tornou uma sala profunda, escura. Já conhecia muito bem aquele lugar, um dos mais importantes daquele castelo. Andaram vagarosamente até o centro do salão, onde podiam ver perfeitamente.

No fundo uma escadaria fazia aquela área se destacar do resto do lugar. Aquela energia que iluminava precariamente tudo com um tom avermelhado se intensificava, surgida do fundo daquelas cortinas antigas e desgastadas, mostrando assim apenas a silhueta do grande trono oculto sobre elas.

- Esse é o momento que aguardávamos – Hypnos falou, rindo em seguida. Sob os olhos de ambos, a energia explodiu, livrando assim o local dos tecidos que cobriam. O trono negro de Hades, vazio, logo foi coberto por aquele cosmo que o preencheu.

Hypnos se curvou respeitosamente.

O anjo de Sapurís negras se ajoelhou no mesmo momento, mas manteve os olhos fixos na cena.

Hades surgiu.

Frente ao trono, a imagem do deus surgiu vestindo uma túnica negra sobre sua sapuris magnífica e sua energia tomou conta de todo o castelo, dando a aquele castelo sem cor uma nova energia. Aquele cosmo rodeou-o, enquanto o céu desabava em uma tempestade. Todos os espectros presentes ali se ajoelharam.

Pandora, parada junto à entrada do corredor que dava para a sala do trono, apenas abaixou a cabeça em silêncio.

No fundo do local, entre as trevas das sombras, A silhueta de Youma exibia um sorriso misterioso.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A escuridão que rodeava o castelo Heinstein agora se espalhara pelo mundo. Em todos os cantos, o céu se tornou negro, e o sol começava a ser coberto devagar. O deus da morte preparou a destruição do planeta, usando seu poder para alinhar os planetas, e assim sem a luz do sol, a terra se tornaria insuportável para os seres vivos.

Nesse momento, o mundo sentia o peso dessa guerra: Cidades inteiras destruídas por hordas de espectros que marchavam sobre sangue e fogo, deixando um rastro de mortes e enviando milhares de almas para os portões do inferno.

Os cavaleiros de Athena continuavam sua cruzada contra esses demônios, salvando vidas e dando esperanças aqueles que tinham perdido tudo. Depois do ataque direto ao santuário, liderado por Thanatos, os cavaleiros que retornaram as pressas já estavam novamente em luta.

Os cavaleiros de ouro agora permaneciam em suas casas. A ordem de Athena para que permanecessem parados era incompreensível para alguns.

- Athena não pode nos manter parados enquanto pessoas estão morrendo!! – Milo de escorpião protestava apoiado pelos mais jovens cavaleiros de ouro.

- É inútil permanecermos aqui!! – Dizia Aiolia. Ouvindo as reclamações, Dohko tentava acalmar os cavaleiros exaltados frente à entrada da sala do trono de Athena.

- Se acalmem! Essa foi a ordem de Athena. – Disse o cavaleiro mais velho, o que fez com que parassem de protestar. 

- E o que vamos fazer então? – Disse Afrodite de Peixes.

- Aguardar. É só o que podemos fazer. Eu entendo que estejam ansiosos, mas... - O cavaleiro de ouro foi interrompido. Atrás dele, a porta enorme de pedra se abriu, surgindo então o Grande mestre.

- Athena irá recebê-los. – Disse, antes de se virar e seguir para dentro novamente. Todos se fitaram, seguindo o mestre em seguida.

Passaram pela sala do trono, subindo agora para o terraço junto à estátua gigante da deusa. O mestre se aproximou da figura da jovem, que fitava o horizonte aos pés do monumento segurando seu báculo dourado. As feridas em sua pele branca já desapareciam. Logo que os viu chegar, se virou para fita-los, e sua face era doce, mas firme.

- Sinto por que tiveram que esperar. – Disse calmamente.

- Athena.. – Aiolia de leão tomou a frente. – Nós na podemos ficar aqui esperando, as pessoas precisam de nós e...

A deusa apenas levantou a mão como um gesto de paciência, e o cavaleiro se recolocou no seu lugar.

- Eu pedi paciência todo esse tempo exatamente para evitar perdas desnecessárias. Devemos ter cautela e investirmos no momento exato, e é por isso que estão aqui hoje.

O céu escurecido demonstrava que a guerra havia chegado ao ápice. Athena agora olhava para aquele céu terrível. O cosmo dos cavaleiros de ouro reagiu a energia da deusa que crescia.

- Cavaleiros, Hades finalmente surgiu na terra nessa geração. – Os dez santos da deusa também se puseram fitar o céu. – Esta na hora de dar um fim a essa destruição!!

Apontou seu báculo para o horizonte e seu cosmo brilhou incrivelmente. Em todo território do santuário era visível aquela energia magnífica e todos sentiam o mesmo sentimento. A guerra santa chegou ao seu Auge.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Os espectros permaneciam inquietos. Em todos os cantos serviçais e soldados rondavam em torno do castelo. Frente a sala do trono, de onde o deus do inferno ainda não havia saído, Pandora continuava em silêncio. Fitava a enorme janela a sua frente, por onde via nada mais do que a escuridão do céu e o mórbido bosque que rodeava os domínios.

-Então é assim? – Falava consigo mesma. –Que o mundo vai ficar?

Perdida nos pensamentos, a jovem não reparou na presença do espectro que chamou sua atenção logo em seguida. Surgido do nada, logo o viu escorado na parede não muito longe dela própria, semi oculto pelas sombras.

 - Pobre donzela pensativa. – Youma como sempre inconveniente. A fumaça do cigarro que segurava girava no ar formando desenhos abstratos. - Com o que sonhas?

Pandora não respondeu. Ignorou a presença daquele espectro inconveniente.

- Imaginando como será o mundo que seu senhor pretende criar, não é? – A jovem desviou o olhar, e o espectro sorriu de forma irônica. Distraída com a companhia inconveniente, Pandora não notou o som das portas se abrindo ao seu lado. Do corredor que levava a sala do trono, a figura de Shun surgiu da escuridão do local.

A jovem foi logo em sua direção. Ele mantinha os olhos perdidos e a face tranqüila, misteriosa.

- Shun. – O chamou, sem obter resposta. Aproximou-se mais e ele a fitou em silêncio. Conhecia aquela expressão em seus olhos, era única. Disfarçou, questionando-o sobre o Deus.

- Athena ira se manifestar. Devemos nos preparar para isso. -  Falou com o olhar perdido novamente.

- Esta dizendo que o Santuário irá nos atacar diretamente? – A jovem estranhou. – Não me parece coisa que Athena iria....

- Mestre Hades foi quem confirmou. Isso é tudo. – Sua voz foi mais intensa como uma repreensão. Em seguida de retirou sumindo dentro do castelo, e a jovem sem entender continuou ali parada.

Youma também já havia sumido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!