– Bom dia! - falei entrando no departamento. Era sábado porém mais um dia comum de trabalho, como o caso de Megan estava em uma grande reviravolta resolvi tirar meu dia de folga para trabalhar, para muitas pessoas era vício e eu pensava que era apenas dedicação.
– Bom dia - ouvi Morgan responder-me sorridente. Morgan era bem jovem, porém já era uma policial determinada e muito competente por seu pouco tempo de experiência.
– Novidades por aqui ? - a olhei e dei um pequeno sorriso.
– Tudo na mesma, apenas o Senhor Smithers que acordou uma verdadeira arara - ela arregalou os olhos me fazendo rir.

Naquela manhã eu não sabia o motivo mas, havia acordado um pouco mais animada do que o normal. Talvez fosse o fato do tempo estar com a temperatura um pouco mais amena, estava mais novaiorquino como diriam os estrangeiros.

– Bom dia meninas - ouvi a voz que me dava arrepios posicionar-se bem atrás de mim. Prendi a respiração por alguns segundos e fui soltando-a aos poucos. Ross, tinha o dom de conseguir me fazer sentir borbulhas no estômago.

Me virei e o cumprimentei com um pequeno sorriso.

– Bom dia detetive Crawford, dormiu bem? - e o famoso sorriso de canto formou-se em seus lábios, já falei que eu odeio sorrisos de canto? Pois é.
– Ótimamente! - respondi irônica. John sabia exatamente como me tirar do sério, com aquele maldito sorriso idiota! Argh.
– Trocou as ferraduras detetive? - ele perguntou sarcástico.
– Olha Detetive Ross eu.. - fui interrompida por um Collins afoito.
– Crawford, Ross, sala do senhor Smithers agora. - ele falou rapidamente.

Respirei fundo mais uma vez e fui andando com Ross ao meu encalço.
(...)

– Senhor Smithers podemos entrar? - Ross bateu na porta e logo já estávamos dentro da sala.
– Sentem-se - o ouvi falar seriamente. Ok, senta que lá vem chumbo grosso. - Bem, eu chamei vocês dois aqui pois quero saber como está a investigação sobre o caso da senhorita Bellini. Como estão as coisas?
– Bem senhor Smithers.. ontem eu e o Detetive Ross estávamos analisando alguns dos depoimentos, e achamos que o depoimento de Suzan e do ex-namorado de Megan ficaram um pouco a desejar. - respondi seriamente, mantendo a postura de uma boa detetive.
– Eu concordo que aqueles dois podem ter algo a mais a nos revelar. Vocês já pediram um novo depoimento?
– Ainda não. Iremos hoje até a casa de Suzan queremos conversar com alguns vizinhos que possam ter visto Megan naquela noite. Assim que tivermos uma resposta iremos chamá-la para depor novamente- Ross respondeu prontamente.
– Tomem cuidado detetives, não sabemos com que ou quem estamos lhe dando. - respondeu senhor Smithers prontamente.

(...)

– Bem aqui estamos, Casa da Senhorita Allen . - falou Ross rapidamente.
– Não sabia que nossa suspeita número 1 fosse tão bem de vida também - falei fechando a porta do carro.
– É parece que temos uma assassina de classe - respondeu Ross irônico me fazendo revirar os olhos. - O que foi? - ele me fitou sem entender.
Apenas dei um pequeno sorriso e olhei para o final da rua a nossa frente.
– Hora de trabalhar detetive! - falei enquanto começava a caminhar observando as casas em nosso caminho.

As casas eram grandes, algumas brancas outras em um tom de gelo, eram diversas casas de diversas tonalidades e todas grandes. Algumas com cercas branquinhas, outras apenas um belo jardim.

– Está pensando em que ? - Ross perguntou durante nossa caminhada.
– Apenas observando detetive - falei rapidamente e logo avistamos uma moça caminhando em nossa direção. Ela era loira, tinha os cabelos no meio das costas e carregava alguns livros na mão.
– Olá senhorita - Ross falou e eu apenas cuzei meus braços.
– Olá! - ela respondeu e deu um sorriso simpático.
– Você mora por aqui? - Ross continuou o interrogatório, com o mesmo sorriso sedutor nos lábios, já disse o que odeio?
– Sim, moro com meus tios naquela casa - ela disse apontando para uma das casas com cerquinhas brancas que haviámos visto.
– Qual seu nome? - Ross insisitiu nas perguntas. Aquilo definitivamente estava me cansando, cadê a Ética produção?
– Me nome é Alice - ela disse sorrindo a nós.
– Bonito nome, meu nome é ..
– Detetive Crawford e Detetive Ross, é um prazer conhecê-la senhorita Alice. - estiquei minha mão cortando Ross daquela babaquice toda. Ele era mesmo um abusado!
– Ah sim vocês devem estar investigando o caso da Megan Bellini não é? - ela perguntou a nós. Senti o olhar de Ross sobre mim, sem entender muito bem o que tinha acabado de acontecer.
– Sim, você a conhecia? - perguntei.
– Sim, mas só de vista mesmo. Sabia apenas seu nome e onde morava, toda vez que eu saía de manhã para a faculdade ela estava saindo com Suzan para ir ao colégio.
– Suzan Allen? - arqueei a sobrancelha.
– Sim, ela mesma. Ela mora no final da rua e Megan na rua paralela. Elas sempre iam juntas para o colégio e quando eu estava voltando da faculdade elas estavam chegando pro almoço.
– Senhorita Alice.. no dia do sumiço de Megan.. você as viu pela manhã? - continuei meu inquérito.
– Sim, as duas estavam indo para a escola todos os dias. Mas, na hora do almoço eu não as vi mais. Cheguei como de costume e nem sinal delas. Às vezes Megan vinha sozinha também.
– Você nunca chegou a ver ninguém estranho junto, ou qualquer coisa estranha acontecendo?
– Só um rapaz, que era namorado de Suzan. Eles viviam discutindo e por várias vezes no meio da rua, todo mundo escutava, o bairro todo. - ela respondeu.
– Namorado de Suzan? - Ross perguntou sem entender. Até onde sabíamos Suzan não tinha aparentemente nenhum namorado.
– Sim, eles estavam juntos a algum tempo. Uma vez em uma de suas brigas ela disse que ele não teria quem ele queria e que se ele não ficasse com ela não ficaria com mais ninguém.
– Senhorita Alice, desculpe por tantas perguntas mas, como ele era? - perguntei curiosa, Ross fitou o olhar dele em mim.
– Ele era alto, cabelos loiros e os olhos bem azuis, um pouco pálido até. Bem bonito - ela respondeu ruborizada. - Eu preciso ir, me desculpem, minha tia já está me esperando para sair, eu preciso cuidar dos meus priminhos .
– Tudo bem Alice, foi um prazer conhecê-la - sorri e apertei sua mão novamente.
– Tchau - ela respondeu animadamente.
– Porque você perguntou como ele era? - perguntou Ross em um tom diferente de voz. Dei um pequeno sorriso.
– Porque minha profissão é investigar e eu precisava saber, se não como vou procurá-lo? - falei obviamente revirando meus olhos.
Ross estava levemente alterado, e eu não tinha idéia do porque.

Talvez ele pudesse estar bravo porque eu interrompi seu flerte com Alice, mas.. estamos trabalhando e ele não pode ficar com esse tipo de atitude com nossas testemunhas, ou reús ou o que sejam. É totalmente antiético, bem antiético diga-se de passagem. É.

(...)

– Bem as pistas que temos são essas. A vizinha de Suzan garantiu que ela tem ou tinha um namorado e pela descrição que ela deu trata-se de Evan Lambert , o ..
– Namorado de Megan? - interrompeu-me Collins ainda perplexo com a notícia.
– Sim, este mesmo! Parece que o garotão escondeu a parte de já ter namorado Suzan Allen e principalmente a parte de que ela era completamente obsecada por ele. - falou Ross sentando-se na beira da mesa.
– Eu diria maluca mesmo - falei cruzando meus braços.
– Precisamos chamar Lambert novamente, para depor e esclarecer essas falhas que descobrimos - falou Collins já pegando o telefone.
– Collins espere.. precisamos de provas de que ele e Suzan possam estar envolvidos nisso tudo. Eu realmente acredito que ele não seja o culpado e sim mais uma vítima. Eu e Ross vamos fazer vigia na casa de Suzan, disfarçados, vamos ver se assim descobrimos quem está ajudando-a. - respondi pegando meu casaco no tripé.
– Porque você e Ross? - Collins perguntou debochado e com o olhar desconfiado. Argh, odiava quando ele fazia isso!
– Se você quiser ir esteja a vontade, eu não gosto da companhia do Ross mesmo e prefiro ficar aqui e cuidar dos seus casos mais simples, é só falarmos com o Sr. Smithers e..
– Tudo bem, podem ir . - ele falou rapidamente. Collins odiava quando eu citava o nome do velho Chefe do nosso departamento, ele não era uma pessoa muito fácil de se lhe dar, mas tinha um bom coração. O problema é que com sua equipe ele era muito mais do que severo. - Juízo vocês dois! - ele disse e deu uma risada longa em seguida.
Saí de minha sala bufando, Collins era um idiota, mas eu adorava ele.
Cruzei a porta junto a Ross e fomos em direção ao seu carro.
(...)