A Ordem escrita por Any Queen


Capítulo 4
Pétalas de uma rosa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, viu, nem demorei haha! Espero que gostem desse capitulo, ele foi feito em homenagem a minha amiga Virgínia que pediu loucamente por um beijo e eu tive que dar isso a ela, então lá vai Vi!
Boa leitura.



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Jack pensou em gritar, talvez até chorar, mas estava olhando incrédulo para Duck, inerte no chão segurando um colar que Jack não conseguiu discernir. Ele não parecia tão assustador, mas ainda sim Jack não sentiu pena dele. O garoto fez menção de entrar no recinto, mas foi cortado por fino braço.

– Não entre. – Denny agachou e passou o dedo pela linha branca na frente deles, se Denny não tivesse tocado a linha Jack nem perceberia que ela estava lá, o garoto também se agachou e tocou a linha, tomou um choque na hora e se afastou, olhou para Denny e viu que a menina não tinha expressão. – Magia Negra.

– Isso existe? Não achei que pudesse ter algum efeito no nosso mundo. – Denny levantou e olhou os corpos inertes, Jack seguiu o olhar, agora todos estavam mortos, não havia mais gritos, nem gemidos, todos estavam mortos. – Você sabe o que está acontecendo. – não era uma pergunta e sim uma afirmação, Denny não estava surpresa, ela sabia o que estava acontecendo.

– Entra no carro. – Jack abriu a boa para contradizer, mas Denny foi bem mais rápida – Vou pegar as armas do Duck no porão, entra no carro e mate qualquer que se aproximar que não seja eu. – Jack ainda não entendia, ele queria entrar e ver o que ou quem tinha feito aquilo, o menino ameaçou entrar e Denny o prendeu como uma força impressionante. – Não pense nisso. Era uma cilada, para pegar você, temos que ir antes que a coisa que estava ai sinta o seu cheiro. Não faça nada idiota enquanto eu pego as armas.

– Denny... – Jack olhou para dentro a tempo de ver uma sombra passar, como um vulto – O que foi aquilo?

– Não vai poder sair até o por do Sol. – a menina puxou o braço de Jack com força saindo da porta e caminhando para o lado do bar, onde dava para o porão. – Pega o que eu mandar, ok?

– Sim, senhora.

Era um local escuro, Jack achou um interruptor que não ajudou em muita coisa, havia vários tipos de arma e de todos os tamanhos, mas estavam todos cheio de poeira. Jack não reconhecia nada, tudo parecia totalmente fora da realidade. O cheiro também era péssimo, mas o que chamou a atenção de Jack foi a grande quantidade de símbolos estranhos que estava no local, o menino se arrepiou.

– O que precisamos? – disse Denny quase para si mesma, ela parecia não se surpreender com nada, os símbolos não a assustavam, o cheiro não a incomodava e as armas pareciam comuns, Jack às vezes pensava se Denny não teria sentimentos ou tudo teria sido sugado pelos anos – Pistola com balas de prata, estacas de madeira, um arco, uma espada, quantas adagas pudermos levar e... – ela achou um pequeno circulo preto que estava em uma estante – Um Localizador.

Agora vamos enfrentar vampiros”, pensou Jack sarcasticamente.

A menos que você queira ser mordido”, Denny respondeu, Jack se irritou, não conseguiu pensar sem querer falar para Denny, era simplesmente irritante. A menina pegou rapidamente tudo o que precisava e botou em uma mesa velha de madeira. Tinha adagas de vários tamanhos, Denny colocou duas na bota, duas na calça e uma dentro do bolso do casaco. Pegou o arco e ajeitou nas costas junto com a aljava, por fim, botou um cinto de couro e colou uma pequena arma de madeira, olhou para Jack e ficou esperando, o menino percebeu que também deveria se armar dos pés a cabeça, literalmente.

– Hãm... – Jack pegou uma adaga meio sem jeito – Não sei o que fazer com isso.

– Às vezes eu esqueço o quanto você ainda é inútil. – Denny pegou a adaga da mão de Jack e rapidamente escondeu no tênis do menino, alcançou mais duas e encaixou perfeitamente no casaco Jack. Pegou a espada e embainhou em um sinto de couro e encaixou na cintura do menino, Denny pegou as estacas e colocou dentro da aljava. – Procedimento padrão, espero que tenha gravado.

Adagas, espada e estaca. Passou mentalmente.

– Primeira coisa útil que você me ensinou. – contrapôs Jack.

– Ah cala boca, Jacky. – Denny subiu as escadas com passos pesados, Jack não pôde deixar de sorrir, tinha conseguido brincar com Denny sem se dar mal. Há-há-há, gargalhou mentalmente.

– Vamos entrar e lutar contra a coisa ou fugir antes do por do Sol? – eles estavam em frente ao bar, Denny não parava de encarar o estabelecimento, estava sem expressão, perdida nos pensamentos.

– Vamos embora. – fez-se uma longa pausa, Jack ficou esperando inquieto alguma reação de Denny, mas a menina estava sinistramente parada – Duck me traiu, desgraçado.

– Você vai me explicar ou eu vou ter que ficar com essa duvida eterna?

– Duck era um Mago. – disse simplesmente – Eu o salvei da Guerra nos anos 40, ele era judeu, não fiquei muito tempo com ele, só sabia que tinha salvado a sua vida e um dia voltaria para cobrar isso. Duck me agradeceu tanto, achei que pegar algumas armas dele não seria nada demais, não que eu confiasse nele... – outra longa pausa – Você é assunto no mundo dos Caçadores – isso assustou Jack – estão todos atrás de você, Duck deve ter recebido para prendê-lo ou matá-lo. Ele conjurou Magia Negra para prendê-lo, você saiu bem na hora... – mais uma pausa desconfortante – Precisamos ser mais rápidos. Precisamos! – Denny disse num tom em que parecia que ela estava se culpando realmente pelo ocorrido.

– Não é culpa sua. – Jack se estranhou por querer confortar a tutora, ela parecia tão frágil e ao mesmo tempo indestrutível, mesmo com o jeito durão, Jack só queria protegê-la.

– Você não entende, garoto, tudo isso e tudo o que vier pela frente, é culpa minha.

– Eu não entendo, isso é verdade. Mas adoraria entender. – Denny o encarou, com alguma coisa diferente nos olhos, Jack não soube o que era, mas pela primeira vez não era algo ruim.

***

Jack e Denny pararam para dormir num motel em Dunmore, eles dirigiram durante horas, Jack não reclamou, foi Denny que decidiu parar. Eles ficaram em um mesmo quarto, Denny não queria perder Jack de vista devido ao ultimo incidente. O quarto era mal iluminado, tinha um banheiro com uma cortina como porta, uma cama de casal e um armário. Denny simplesmente entrou no banheiro e decidiu que tomaria banho primeiro, e que Jack não poderia olhar, o que, por Deus, ele não conseguiu fazer.

A cortina mostrava somente a sombra do corpo de Denny, Jack não olhou em um primeiro momento, mas algo dentro dele impediu isso. Estava pegando um carinho pela menina que ele mesmo não entendia, ela só o maltratava e não demonstrava nenhum sentimento com em relação a ele. Mas ela chamava atenção de Jack, não importava o que estivesse fazendo, ele a seguia com olhar, gravando os seus movimentos, gravando se ela se mostrava diferente. Então, ali, com a chance de olhar para ela sem que a menina o fosse advertir, ele pensou em como ela estava fazendo-o esquecer Lawrence, a família, fazendo tudo isso ser mais suportável.

Ela era tão pequena, tão bonita e com olhos tão perfeitos, ele queria abraçá-la somente uma vez, queria que ela demonstrasse outro sentimento que não fosse desapontamento ou até mesmo compaixão. Ele não queria a compaixão dela, queria outra coisa, mas sabia que estava se iludindo. Denny tinha mais de quinhentos anos, Jack não era nenhuma novidade para ela, ele era simplesmente uma criança que precisava ser ensinada. Ela já tinha passado por tanta coisa e ele não sabia de nada, não fazia parte da sua vida.

– Por que eu não sei nada sobre você? – o chuveiro já estava desligado, Denny estava colocando a blusa, ela parou um momento e depois continuou a ação.

– Porque você nunca perguntou.

– Ah não, tenho certeza que se eu perguntasse você não falaria. – ela saiu do banheiro, estava usando uma calça de moletom azul com uma fina blusa de manga comprida cinza, o cabelo negro estava molhado e os olhos dela (que era sempre o que Jack prestava atenção) estavam cansados.

– Pode perguntar, dependo do que seja, eu posso responder. – ela pegou a escova e começou a pentear levemente nos cabelos negros, Denny sentou na cama, longe de Jack.

– Para quais lugares você já foi?

– Muitos. – Jack achou realmente que aquela seria a resposta – Nasci na Espanha, fiquei um bom tempo lá, depois fui para França, Londres e trabalhei em uma das primeiras fábricas da Revolução Industrial. Depois quis sair da Europa por um bom tempo, segui para a América, fiquei um tempão lá, fiz várias pequenas viagens e posteriormente me fixei Nova York. Anos depois me encontrei com um espanhol ruivo que me designou a cuidar de um bebê, dezessete anos cuidando dessa criança loira. – Jack sorriu, ele nunca pensara muito em Denny vigiando-o por toda a sua vida.

– Qual lugar você sente mais saudade?

– Espanha, com certeza. – Denny parou de pentear o cabelo e guardou o pente, a menina perdeu o olhar, pensando em algo que Jack desconhecia. – É melhor você tomar um banho.

Jack não reclamou, era obvio que Denny não queria falar mais sobre lugares, nem sobre o que sentia saudade.

***

Jack tomou um banho rápido, não se permitiu pensar, só queria que tensão fosse embora junto com a água. Vestiu uma blusa azul escura fina, com gola V e calça jeans escuras. Quando saiu do banheiro viu que Denny tinha caído no sono, literalmente caído, estava em uma posição desconfortável, ele não se segurou. Arrumou-a no travesseiro e a cobriu, com o máximo de cuidado que pôde, deitou no outro lado da cama e se permitiu a fazer carinho em Denny, ela nunca saberia. Ficou olhando rosto cansado da Caçadora até se entregar ao sono e sonhar com a mesma feição.

*

Denny

*

Denny levou um susto, não se lembrava direito da última vez que acordou com alguém conhecido ao seu lado. Jack estava bem perto do seu rosto, dormindo em um sono pesado, suas feições ainda estavam tensas, o que Denny não culpava, ela não tinha uma boa noite de sono há séculos. Desde que se tornara Caçadora, ela não conseguia dormir sem pensar em ser atacada ou morta, era terrível viver assim, mas ela não tinha escolha. Mas Jack estava tranqüilo, até com um pequeno sorriso nos lábios, Denny se perguntou no que ele estaria sonhando que o deixara feliz. Ela queria ter um sonho bom. Mas ela realmente tinha apagado na noite anterior, eles tinham dirigido por horas, a menina queria uma cama depressa, mas ela jurava que tinha se jogado na cama, não sabia como tinha acordado coberta.

Deixou os pensamentos e deu uma última olhada em Jack antes de ir para o banheiro. Tomou um banho rápido e pensou para onde iriam. Eles não poderiam confiar em qualquer um, Denny teria que recorrer aos seus mais velhos amigos, e isso significava ir para o meio da floresta. A menina pegou uma calça jeans e uma blusa vermelha de manga comprida, penteou os cabelos e decidiu os deixar soltos. Quando voltou ao quarto, Jack estava acordado, sentado na ponta da cama com o cabelo todo bagunçado e olhos sonolentos. Era uma coisa fofa de se ver, um garoto tão grande e forte parecendo tão ingênuo e frágil.

– Qual é a sua de acordar tão cedo? – bocejou Jack, Denny já estava acostumada com os comentários dele.

– Aqui não é seguro. – se por efeito, Jack olhou em volta do quarto e fez uma careta.

– Você tem razão nisso. – Jack se levantou e passou a mão no cabelo, lavou o rosto no banheiro enquanto Denny pegava a sua mochila – Para onde vamos agora?

– Ver uma velha amiga. – disse Denny quase sorrindo. Quase.

– Eu estou começando a ficar com medo desses seus velhos amigos.

***

Quando chegaram à entrada da floresta já passava das seis da tarde, a lua começava a subir em sua forma mais bela. Denny parou o Jeep, fazia tanto tempo que não passava por lá, mas o lugar não tinha mudado, era como se ela nunca tivesse saído. A menina saltou do carro e esperou que Jack saísse, ela pegou o caminho para a mala do carro.

– Por que paramos? – Jack a seguiu, sem entender nada, se ele estivesse sem Denny já estaria morto há muito tempo.

– Minha amiga tem bons cães de guarda, pegue sua espada. – Jack pegou a arma e Denny o seu arco, ela não se preocupou com o carro, poderia pegar outro quando quisesse. – Faça como eu te ensinei agora.

Denny se preparou rapidamente, botando as adagas em locais estratégicos e a pistola, em segundos estava pronta, mas não culpou quando Jack demorou, ela tinha quinhentos anos de prática. Ele demorou, mas fez tudo certo, era evidente que ele tenta impressioná-la, o que ele não deveria nem tentar. Adentraram na floresta lado a lado, Denny preparou o arco e ficou atenta para qualquer barulho, um galho se quebrou e ela apontou o arco, mas seu alvo era Jack.

– Jacky! – disse num sussurro – Você quer nos entregar?

Porém Jack não teve oportunidade de responder, um cachorro pulou em cima de Denny, ela não teve como atacar, o bicho era gigante e tinha dentes afiados, os mesmos estavam quase no pescoço de Denny. A garota pegou o arco e colocou na boca da criatura, chutou a barriga do cachorro e o empurrou com a maior força que pôde, enquanto o monstro se recuperava, Denny alcançou uma adaga e mirou certeiro na cabeça do cachorro, o monstro urrou e se transformou em pó. A menina não esperou para recuperar o ar, pegou o arco quase destruído e armou com uma flecha, olhou para Jack que estava boquiaberto e recuperou a adaga.

– Aquilo era quatro vezes maior que você.

– Já enfrentei coisa muito pior. – outro barulho, Denny se alarmou e colou as costas nas de Jack, ficaram preparados esperando outra criatura, mas somente apareceu uma mulher esguia e alta.

– Posso saber quem matou um dos meus bebês? – Denny suspirou, abaixou o arco e foi para mais perto da forma esguia.

– Olá, Lanna.

– Denny Salvatore, que prazer em revê-la.

*

Jack

*

Jack gostou de tomar banho de banheira, era uma coisa que sentia saudade, demorou o tempo que pôde. Quando saiu encarou o quarto que o colocaram, era gigante, com um lustre dourado, duas janelas que iam do chão até o teto, as paredes eram pintadas de branco com detalhes antigos. Jack foi até a cama, que cabia mais de dez pessoas, pegou uma roupa deixada para ele – um terno preto sem gravata e sapatos sociais – ele nem imaginada o que poderia vir desse jantar.

Depois que Denny apresentou Jack a Lanna – dona da mansão – ela explicou rapidamente como foi parar lá e a Caçadora os aceitou gentilmente. Lanna guiou Jack e Denny para seus respectivos quartos e disse que um mordomo iria avisá-los quando o jantar estivesse pronto. Pelo pouco tempo que teve, Denny explicou que aquela casa abrigava Caçadores que precisavam de um lar temporário ou não, e que Lanna era uma velha amiga de batalhas, e completou dizendo que a mesma era confiável.

Lanna parecera confiável, era alta e magra, aparentando ter uns quarenta anos, tinha cabelos ruivos e olhos verdes. A voz dela era tão calma e protetora que Jack não pôde desconfiar. Denny estava tranquila, então Jack achou que seria uma boa confiar nela. O que incomodou foi saber que havia mais cinco Caçadores na casa, mas Lanna afirmou que eles não fariam nada, mas por via das dúvidas era melhor não falar quem eram, e se fosse o caso de precisar falar, Jack pertencia a Ordem dos Feiticeiros.

Quando o menino já estava vestido, pegou uma adaga e guardou no casaco, por precaução. Alguém bateu na porta e Jack foi para o jantar.

A sala de jantar era igualmente bela e luxuosa, com outro grande lustre dourado, estatuas para todos os lados, uma mesa grande de madeira estava no centro, com algumas pessoas sentadas nela. Uma música leve e vibrante tomava conta da sala, pessoas conversavam em murmúrios suaves e não perceberam quando Jack entrou. Quando o mordomo deixou ele não soube o que fazer, tentou procurar Denny, mas não a viu, decidiu ir para um canto e espera a amiga, mas uma mão fina chamou sua atenção.

– Olá, meu nome é Jessamine. – uma menina loira com cachos perfeitos, maçãs do rosto impecavelmente vermelhas, um sorriso luminoso complementado com olhos azuis e um vestido longo vermelho, estava na frente de Jack.

– Han... Oi. – Jack se sentiu um bobo ao gaguejar, mas a menina era incrivelmente bela, como se fosse uma boneca, uma boneca que demorara séculos para ser feita, além de tem uma voz totalmente doce, com um leve sotaque francês.

– O nome do garoto fofo é? – Jack demorou até se tocar que ela estava falando dele.

– Jack.

– Prazer Jack, bem vindo a Line’s house. – a menina não parava de sorrir, mostrando o lindo sorriso, mas quando Jack virou para a porta de madeira a esquerda viu a menina que sempre o impressionava.

Denny estava com Lanna, embaladas em uma conversa, mas Jack estava olhando freneticamente para Denny, ele se sentia um idiota, mas não conseguia parar, a visão era simplesmente linda. A garota estava usando um vestido cor de vinho, longo com várias camadas, tomara que caia, seu cabelo negro estava preso para o lado esquerdo formando alguns cachos, seus olhos estavam ressaltados e mais vívidos, eles sempre estavam de um jeito diferentes, nunca erma iguais. Com a clavícula a mostra, Jack percebeu que Denny tinha metade de um coração tatuado, Jack pensou – com um pouco de ciúmes – quem teria a outra metade.

Ela não pareceu notar Jack, o que era um alívio, mas Jessamine já tinha percebido para onde Jack estava olhando, ou melhor, encarando descaradamente. Ele virou para a boneca rapidamente pensando em qualquer coisa para dizer, mas seu cérebro ainda estava totalmente focado em Denny.

– E quem é Line?

– O velho Line? Bem, ele recebeu a casa do Conselho, pois ele teve a Marca já com quase cinquenta anos, e o Conselho não queria gente velha na Guerra, então temos essa casa. Ah, e ele também é casado com Lanna, há duzentos anos, não sei como podem suportar um ao outro.

Vejo que a linda Jessamine fisgou você”, falou Denny dentro da sua cabeça, Jack riu, não era sempre que Denny fazia uma brincadeira.

– Eu também acho isso engraçado! – disse a menina com um sorriso, Jack olhou para Denny, mas a garota não olhava para ele.

Você a conhece?” Jack olhou para Jessamine, ela parecia ter uns dezoito anos, mas se Denny a conhecia ela deveria ser muito mais velha.

Vamos dizer que eu salvei a vida dela mais vezes do que deveria. Malditos franceses!” Jack quase caiu na gargalhada, mas se segurou sem muito êxito, Jessamine olhava para ele, sem entender muita coisa, mas continuava sorrindo.

– Você é tão fofo, Jack! De onde você é?

– Ohio.

– Deve ser muito legal por lá. – Jack achou que Jessamine poderia ter algum tique nervoso nos dedos, pois não parava de mexer no cabelo, era quase irritante.

– Cidades pequenas, nada de interessante. – Jack tentou sorrir, mais saíra um pouco forçado, Jessamine não pareceu se importar. – E onde você nasceu, Jessamine?

– Me chame de Jessie. – a conversa deles não pôde mais ser prolongada, Lanna chamou todos para tomar seus lugares na mesa para começar o jantar, Jack se perguntou se eles jantavam assim todos os dias.

– Bem meus queridos amigos e família. – disse cordialmente Lanna com sua voz suave - Hoje temos novos amigos para ceiar conosco, Jackson Campbell – Lanna apontou para Jack, ele não soube o que fazer, apenas sorriu – E a estimável Denny Salvatore – Denny fez um leve cumprimento com a cabeça – Queremos que vocês se sintam em casa o tempo que estiverem aqui, e sei que todos os moradores de Line’s house vão ser gentis e prestativos. Bom jantar a todos.

Jessamine tinha se sentado ao lado Jack e Denny à frente, na metade do jantar Jack já sabia todos s nomes e idade dos moradores de Line’s House. O Velho Line tinha cabelo grisalho e usava um terno branco, era alto e tinha um porte grande, como os bárbaros antigos, Jessamine expôs que ele tinha mais de mil e seiscentos anos. Lanna estava sentada perto do marido, estava usando um vestido branco e se sentia a vontade com todas aquelas pessoas em sua casa. Brian era um italiano, loiro e com porte esportivo, tinha trezentos anos e parecia emburrado o tempo todo. Ólive era uma garotinha de quatorze anos, tinha cabelos ruivos e olhos azuis, ela era elétrica, sempre fazendo ou mexendo em alguma coisa, a menina ainda não tinha recebido a Marca, mas como era filha de Lanna e Line, ela com certeza viraria uma Caçadora. Rute era uma africana gentil, tinha um sorrio iluminador e olhos verdes, era muito falante e parecia que realmente tinha gostado de Denny.

Depois do jantar foram todos para sala de estar, segundo Jessamine era comum ter algo diferente quando tinham convidados novos. A sala de estar também era imensa, com um grande piano branco perto das gigantes janelas, uma lareira e um sofá branco e grande perto da mesmas, também tinha um lustre dourado, mas este parecia gotas de água que cairiam a qualquer hora na sua cabeça. O teto era pintado como nas pinturas antigas, cheio de anjos e santos, as paredes eram brancas e nelas havia vários quadros de pessoas que Jack desconhecia.

Sentaram-se todos – menos a pequena Ólive, que já tinha se retirado – no grande sofá grande, segundos depois um mordomo veio com champanhes finas, Jack era menor de idade, mas era um Caçador, não poderia haver uma leia contra isso. Lanna, que estava perto do marido, se levantou e pegou uma garrafa de champanhe vazia e botou na mesa de centro.

– Eu proponho Verdade ou Desafio. – ninguém se opôs – Quem se nomeia para explicar as regras para Jack? Brian?

– Claro – resmungou o italiano – Jessamine vai nos enfeitiçar para que falemos toda a verdade e sejamos compelidos a fazer o desafio que nos pedirem, mas já vou avisando, este não é nenhum jogo que já tenha jogado.

– Obrigada, querido. – Lanna deu a deixa para Jessamine, a garota proferiu algumas palavras e se sentou novamente, Jack não sentiu nada de diferente , mas decidiu que era melhor não falar nada.

Lanna rodou a garrafa, ela parou exatamente virada para Rute e Brian.

– Mais uma coisa, Jack – falou Lanna – a garrafa também está enfeitiçada. – Jack não soube se aquilo era bom ou ruim, apenas assentiu e viu o jogo rolar.

– Verdade ou Desafio, Rute? – Brian perguntou fazendo um feição entretida.

– Você sabe que é desafio, meu querido.

– Eu te desafio a tirar o dedo do jardineiro – Jack arregalou os olhos, Rute não poderia fazer aquilo, era macabro e ridículo, eles não poderiam fazer aquilo, ele queira que Lanna pedisse para parar, mas a mulher estava rindo.

– Quando que vocês vão deixar essa briga do dedo para lá? – disse Jessamine com a mesma ironia nos olhos.

Rute se levantou e foi para porta, Jack estava simplesmente horrorizado, como podiam fazer aquilo, mas ninguém se importava, ninguém achava aquilo macabro.

– Ela não vai tirar o dedo dele de verdade, né? – perguntou Jack a Jessamine quanto Rute não voltava.

– Seu bobinho, é claro que vai, esse foi o desafio. – Jessie apertou a bochecha de Jack e sorriu para ele.

Denny, isso é errado!” falou Jack desesperado.

Jack, tenta entender que nós, com o passar do tempo, não ligamos mais para isso, nosso senso de humanidade é quase destruído, só nos importamos com poucas coisas.” Jack ainda estava horrorizado, mas quando olhou para Denny se acalmou um pouco, a menina lançou a Jack um sorriso carregado de compaixão e pena. O menino sentiu vontade de sair correndo daquela sala.

Rute voltou, e jogou o dedo, que parecia o dedão, em cima do Brian, ela sorriu e se jogou no sofá ao lado de Denny. Lanna pegou a garrafa mais uma vez, a rodou e a mesma parou exatamente para ela e Denny, essa Jack queria ver.

– Desafio. – declarou Denny.

– Por que eu ainda me sinto surpresa? – riu Lanna, a mulher passou o olhar vagarosamente pela sala e demorou com ele em Jack – Eu te desafio a beijar seu aluno.

Jack congelou, não sabia se estava ruborizando ou se sua feição já o entregava, ele tinha ouvido direito? Ele não sabia de mais nada, seu coração estava acelerado, o menino não sabia o que fazer.

– E é um beijo de verdade. – completou Lanna.

Denny estava rindo, por que ela estava rindo? Jack estava quase tendo um ataque e Denny estava rindo.

– Tudo bem – Denny se levantou e foi até uma caixa que tinha vários jornais – Levante-se Jack – ordenou a menina, com dificuldade, ele levantou e sentiu que as penas tremiam. Denny chutou a caixa de jornal, a mesma bateu nos pés de Jack, ele não entendeu para que aquilo até Denny subir na caixa e agarrar a blusa branca de Jack e puxá-lo contra si.

Jack demorou um tempo para voltar a si e perceber o que estava acontecendo, Denny estava mesmo o beijando? Parecia um sonho distante, os lábios da garota eram finos e doces contra o dele, ele não sabia como, mas trabalhavam juntos em perfeição, entretanto ele ainda estava rígido, não sabendo ao certo o que fazer. Mas Denny sabia, era o seu desafio, a menina botou a mão no pescoço de Jack puxando-o mais contra si, Jack não se conteve, passou os braços na cintura de Denny sem se preocupar com as pessoas assistindo. O beijo não ganhou a intensidade que Jack queria, Denny se desvencilhou dele, arfando um pouco, Jack tirou as mãos da cintura dela com um pouco de vergonha, a menina se virou para Lanna e disse com um certo sarcasmos:

– Foi de verdade para você?

– Puramente – com um risinho, Lanna rodou a garrafa novamente.

Jack se sentia quente e distante, ele nem percebeu quando a garrafa parou para ele e o Velho Line. Ele não sabia o que esperar, não fazia ideia o que viria do homem.

– Jack, meu jovem, como você é novo aqui você terá que fazer as duas coisas. – Jack tentou não demonstrar o nervosismo – Primeiro, verdade: O que você tema dizer da nossa querida Denny Salvatore.

Jack não teve tempo de pensar, quando deu por si já estava falando.

– Para começar eu nem sabia que o sobrenome dela era Salvatore. Ela nunca me conta nada, é misteriosa demais e fechada demais, nunca sorri ou faz alguma coisa menos severa, olha para mim como se eu fosse uma criança que precisa de cuidados a casa momento. Denny nunca acha que eu posso fazer alguma coisa, que sempre vou errar. Ela é mandona, agressiva, irritante e incrível. É a pessoa mais corajosa que eu já conheci, salvou minha vida, é minha tutora e eu... – Jack estava prestes a falar: “e eu acho que estou me apaixonando por ela”, mas não disse, de algum modo conseguiu burlar o feitiço, com grande esforço, sentiu que podia dizer meia verdade – gosto de ter ela como minha tutora. – muito bem Jack, super inteligente, pensou.

– Que fofinho! – falou Jessie, apertando o braço do Jack.

– Agora, o desafio – Jack estava suando, como se tivesse feito muito esforço , ainda mal se recuperara e já tinha que se preparar para o desafio. – Tudo bem, Jack? – O Velho Line olhou para o menino com uma certa preocupação, os olhos azuis estavam intrigados, Jack pode perceber.

– Sim.

– Ótimo, eu te desafio a beijar a garota que mais te atrai nesta sala. – o Velho Line sorriu, gostando da brincadeira, Jack se perguntou por que sempre tinha que envolver beijos, mas o garoto já estava motivado pela adrenalina, burlar o feitiço de Jessamine provocou algo nele, algo estranho como uma sensação de poder.

Ele já não estava ligando para o que acontecia, levantou, tirando os braços de Jessamine de si e foi até Denny, ele não quis captar a feição dela, só se abaixou, segurou Denny pela cintura e a levantou do sofá. Ele esperou para ver os olhos dela e depois encarou os lábios. E a beijou. Ela estava surpresa, mas o beijou do mesmo jeito, Jack ainda estava com os braços na cintura de Denny, apertando-a contra si, era estranho ter o corpo dela contra o seu, quente e pequeno. Doeu quando ele percebeu que tinha que soltá-la, virou de costas para ela e se sentou ao lado de Jessamine novamente, que estava vermelha, Jack quase perguntou se ela estava passando mal.

– Que divertido! – falou Rute.

– Certamente, o que me fez lembrar – Lanna olhou para Denny – Por que não toca para nós?

– Não sei se me lembro. – Jack olhou para Denny, ela estava meio perdida, Jack não soube se isso era bom ou ruim.

– Ah, claro que se lembra! – Rute levantou e tomou Denny nas mãos e a puxou até o piano branco, Denny sentou sem jeito e posicionou as mãos no piano. Todos foram para perto, Lanna encostou a cabeça no ombro do marido, Brian abraçou Rute com carinho, e Jessamine segurou novamente o braço de Jack.

Denny começou a tocar, lindamente, quase como se anjos tivessem tocando por ela. Ela própria se embalou com a música, balançando a cabeça levemente, tão bela.

***

Já era tarde, bem tarde, mas Jack não conseguia dormir, ficava passando o seu beijo com Denny na mente. Ele ainda não sabia o porque de estar tão obcecado por esse menina, ele não sabia o que ela tinha de tão especial, o que a fazia ser tão incrível e perfeita ao olhos dele. Afastou os pensamentos, Denny falou brevemente com ele antes de ir para o quarto, eles treinariam amanha, e Jack tinha que focar nisso, esse era o importante.

Jack forçou-se a fechar os olhos, mas não conseguiu, quando abriu novamente viu que não estava em seu quarto em Line’s House.


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Notas finais do capítulo

U.U o que será que aconteceu?? Gente, comentários??? Estou esperando hein, e se tiver algum erro me desculpem, mas eu não revisei, eu não sou muito fã de revisões >.



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