12 de Outubro escrita por Lih


Capítulo 1
A menina que não sabia viver


Notas iniciais do capítulo

Olá?
Datei a fic como romance porque... Bem é um romance. Mas se você veio aqui atrás de um Naruhina que se pegam e trocam declarações do inicio a fim, bem... Sugiro que volte, porque não vai ser bem assim.
Bem... Leiam e tirem suas próprias conclusões.
BOA LEITURA!



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Sempre gostei do fato do meu aniversario ser no mesmo dia que o dia das crianças, porque eu sempre ganhava dois presentes. É, podem zoar. Eu ganhei um “um feliz dia das crianças. tome seu presente” até os quinze anos, mas agora com dezesseis, meu pai diz que estou velha demais para esse tipo de coisa, o que realmente é uma pena, porque esse ano tive uma queda até a rua principal da avenida, pelo novo notebook da Apple, e o Iphone 5 sempre me seduz quando passo perto da vitrine da loja TecPhone na esquina da escola.

Mas meu pai disse, ou melhor, resmungou até eu ouvir, que eu tinha uma escolha, ou o celular ou o computador. É claro, necessito mais de um notebook, mas não resisti a graça e a ‘quickcidade’ do iphone 5

Vocês deveriam ver meu olho quando vi aquele embrulho amarelo com fitinhas ver vermelhas em cima da mesa. Mais de três anos com o mesmo LG 8031, e agora, estaria livre dele pra sempre.

-Nossa pai, não precisava ter se preocupado com o embrulho! –Falei aproximando-me do balcão.

-Não, não! Ainda é cedo para abri seu presente querida, oficialmente ainda não é seu aniversario. –Meu pai deu uma tapinha na minha mão em seu habitual tom divertido.

-Sabe como nós somos... Adolescentes, sempre com pressa. –Agarrei o embrulho da mesa.

-Não Hinata, não vamos quebrar a tradição esse ano. - Apesar de ser cheio de “issos” e “aquilos”, meu pai é um cara legal, um pouco dominador, mas legal.

Deixe-me lhes dar uma breve descrição do meu pai: quarentão, alguns cabelos grisalhos, 5 mil na poupança todo mês e um carro na garagem, viúvo aos 28 anos me criou sozinho.

O fato de eu ser órfã de mãe, não é algo que terá uma importância muito grande nesse momento, mas é importante que ele seja mencionado logo no inicio da historia.

Minha mãe morreu quando que tinha apenas quatro anos, não lembro muito dela, mas o pouco que meu pai fala me traz alegria, saudade e um resquício de raiva. Desde que ela se foi ele me criou sozinho. Acho que pela questão dela ter morrido na mão de canalhas inúteis e porcos ele me prende muito, o que às vezes faz com que eu clame por um pouco liberdade. O que nos leva a dois dias depois do meu aniversário.

[...]

Sora não é o cara mais popular da escola nem o mais bonito da sala, mas estava interessado em mim. Temos 70 mil habitantes na cidade, sendo que 45 mil são garotas, e ele vem reparar logo em mim? O que aconteceu? Ele perdeu os óculos ou é algum desesperado que pega qualquer uma?

Errr... Não! Passei uma imagem errada a vocês, não sou tão feia assim. Na verdade minhas tias, e as amigas das minhas tias, e as mães e tias das minhas amigas me acham bonita e eu até já recebi assovios e “ô lá em casa” de alguns homens desconhecidos pela rua.

Certo... Não gosto de me exibir, nem de achar muito de mim mesma, e eu nunca havia tido dezesseis antes, então não sei se isso é normal. Desde meus quatorze anos os meninos têm prestado mais atenção do que deveriam em mim. As pessoas vivem dizendo “Nossa Hinata com você está bonita” ou “Quando você cresceu tanto assim?” alguns vão mais longe com seus “Você é linda, quer ficar comigo?” como foi o caso do Sora.

À medida que cresço isso vem acontecendo com cada vez mais frequência, mesmo assim até então não deixei de ser BV (Pra quem não sabe: Boca virgem). Isso porque quando completei 13 anos meu pai me fez prometer que não sairia por ai me engalfinhando com qualquer marmanjo bonitinho por meios de becos só para ser mais popular com as amigas. Me fez prometer que seria com alguém especial, que eu realmente gostasse e que gostasse de mim. (Ou como ele brincou, “com alguém que eu pelo menos saiba o nome da mãe.)

-Hina! Não me diga que você ganhou um Iphone, sua danadinha... O que prometeu para o seu pai? Cortar a grama até a faculdade?

-Acho que só meu rostinho bonito já bastou... –Falei casualmente, ignorando toda a excitação de Sakura.

-Sua exibida! –Ele me deu um empurrão leve no ombro – Sabia que você é a única que tem um Iphone em toda a escola? Ah meu Deus... A Inno vai morrer de inveja.

Sakura, era minha melhor amiga nos tempos de 6º série, mas agora não sei se ainda temos tanta intimidade assim. Não é como se ela tivesse mau- hálito, fosse chata ou tivesse uma estilo ruim, é que... Bem, nossos interesses rumaram a caminhos diferentes. Pelo pequeno diálogo de Sakura deu para entender do que ela gosta, e é inevitável perceber meu pacato estilo de vida.

-Menina, você viu o olhar do Kiba do terceiro ano pra você? Ele é o maior gato, você vai pegar,né? Aposto que ele vai pedir pra ficar com você. –Sakura me cutucava a cada cinco segundos enquanto nos dirigíamos para sala de informática, para o terceiro horário.

-Você está louca? Olhe pra ele. Ele nunca repararia em mim... E vê se fala baixo, assim você chama atenção de todo mundo. –Por mais que eu e Sakura não tivéssemos nada haver, ela fazia o ar ficar mais leve e alegre e sempre me arrancava boas risadas, e ela ainda vinha com um bônus de ‘adivinhadeira amorosa’. Sempre que Sakura dizia que um menino estava interessado em mim “pimba!”, passavam-se alguns dias e ele me ligava com aquela velha proposta que eu sempre recusava.

E não foi diferente com Kiba do 3º ano, ele demorou mais do que Sakura previu e não ligou, mas mandou uma mensagem. Assim eu não tive que enfrentar a temida pergunta do meu pai “com quem você está falando Hina?”. E não é que o cara era bom de papo! Ele não veio na lata e pediu como os demais costumam fazer. Nós até nos tornamos amigos de mensagens (amigos de mensagens: Só são amigos nas mensagens, se por acaso se cruzarem na rua, não se conhecem.)

[...]

Em certa sexta-feira de novembro eu estava a falar com o Kiba por mensagem, quando lembrei que tinha que tomar banho para poder ir às compras com meu pai. Deixei meu celular jogado em qualquer canto e corri até o banheiro. Já estava despida, molhada e ensaboada quando meu pai grita:

-Hinata, vou fazer uma ligação do seu celular.

Meus olhos arregalaram-se e se ainda não estivesse viva, diria que meu coração parou numa batida. Silêncio total. Algo que me deu um arrepio mortal na coluna. Nos próximos sete minutos que passei no banheiro, fiquei indecisa entre ficar ali para sempre e morrer de fome, ou sair o mais rápido possível e dizer que não era o que ele estava pensando.

Nunca gostei do silêncio do meu pai, mas odiei mais ainda o barulho que ele fez quando sai do banheiro.

-Quem é Kiba? – Ele estava sentado com um vinco entre as sobrancelhas em uma cadeira sistematicamente colocada na frente à porta. Já estava vestido e carregava as chaves do carro em uma das mãos.

-Ele é um amigo da escola.

-Do terceiro ano?

-É normal alunos do segundo ano... -Comecei a explicar quando me dei conta de que aquilo não era necessário, meu pai estava errado em olhar minhas mensagens, não eu Conversar com meninos. É algo normal. -Pai você bisbilhotou minhas conversas? –Gritei um pouco mais alto do que pretendia.

-Sou seu pai! Eu te dei esse celular, achei que você... Hina, esse garoto é mais velho que você, há quanto tempo conversam, porque não me contou. –Ele não gritou como eu, mas seu tom de voz era agressivo.

-Kiba é só um amigo... –Soltei quase em um sussurro.

-Eu conheço garotos como esse. Você não devia... Hina, você me prometeu... Ele poderia... Você sabe o nome da mãe dele, Do pai? Com quem mais você conversa?

-Já chega pai! –Gritei. –Sabe por que eu não te contei? Porque eu sabia que iria ser assim... Eu tenho dezesseis anos, pelo menos uma vez eu queria poder fazer uma coisa sem ter que responder um questionário depois. Você me prende demais! Acho que foi por isso que a mamãe te traiu, você é muito controlador!

-CALE A BOCA! –Ele estava vermelho, seus olhos em uma cor que eu nunca tinha visto antes. –Vá para o seu quarto, AGORA!

-Viu, controlador demais, - Saí e fui em direção ao meu quarto. - Uma hora eu vou ter que ter uma vida, e você vai ter que aceitar isso.

Não se enganem, não sou esse tipo de garota. Nunca tinha levantado a voz para meu pai antes. Naquela noite quando ele gritou aborrecido comigo e me mandou para o quarto, eu chorei muito. Grossas e silenciosas lágrimas escorreram de meus olhos até meu travesseiro ficar úmido, então adormeci em encolhida e agarrada a minha coberta.

[...]

Passaram-se algumas semanas até o clima entre nós voltar ao normal. Acho que só realmente reconquistei meu pai quando entreguei a ele meu boletim com impecáveis notas registradas. Ele nunca foi bom em matemática e seus derivados, esse mês como consegui atingir a nota máxima em matemática e em todos seus derivados, recebi permissão para ir em uma festa com Sakura.

Bem, era uma festa da escola e os alunos deveriam ir. Haveria vários professores lá, por isso acho que consegui a permissão. Hoje também era “o dia”, meu pai sempre dava um jeito em me tirar de casa no dia hoje, onde tudo começou. O dia em que minha mãe o traiu.

Minha mãe, essa palavra costuma pairar na minha cabeça sempre que me sinto carente ou triste. Eu sempre balançava a cabeça na expectativa de que ela fosse embora, mas nunca ia. A imagem dela sempre tomava minha cabeça com mais força ainda.

Não sei se são mentiras de minha imaginação, aliais, eu tinha apenas quatro anos na época, mas tenho vultos de memória de como tudo aconteceu. Minha mãe era uma mulher linda. Ela casou-se nova com meu pai, imagino que os dois nunca tenham sido felizes juntos. Casaram-se, porque ela estava grávida de mim. Às vezes a possibilidade de que ela tenha morrido por minha culpa toma conta de meu peito, isso me leva a chorar durante algumas horas, sozinha, escondida no banheiro.

Lembram-se quando disse que ela havia morrido na mão de canalhas inúteis e porcos? Não eram ladrões, nem assaltantes. Mas essa é a imagem que tenho deles, ou melhor, dele. Não sei o nome do sujeito, ninguém nunca quis comentar sobre o assunto comigo. Mas através de conversas ouvidas por trás de portas, ouvi que ele seduziu minha mãe, com bebidas e vinhos em um bar, até que ela se apaixonasse por ele. Os dois passaram a namorar escondidos, e um dia minha mãe descobriu que estava grávida. Ela se separou de meu pai. E eu, ela e o rapaz passamos a morar juntos. De sete meses pra lá minha mãe começou a sentir complicações na gestação e não aguentou o parto. Alguns dizem que o tal homem pelo qual ela se apaixonou fugiu, outros dizem que se matou, a verdade é que não sei do paradeiro dele.

Novamente a ideia de que ela morreu por minha culpa retoma minha mente. Se eu nunca tivesse nascido eles não precisariam se casar, não seriam infelizes e ela não o trairia e se envolveria com seu amante, não engravidaria, não teria problemas e morreria.

-Hina, ai que tudo. Você está vendo como eles não estão nem ai? –Sakura burburinhava no meu ouvido tentando soar mais alta que a musica o que á fazia parecer uma palhaça bêbada.

-Ãh? O que? –Disse debilmente. Atrás dos cabelos espontaneamente rosados de Sakura vi que já se passavam da 9:30. Eu deveria voltar as 11.

Ela rolou os olhos.

-Você ficou a noite toda ai com esse copo. Não se preocupe dessa vez não tem álcool. –Ela piscou sarcástica para mim. Ela olhou ao redor por alguns minutos como se ponderasse em dizer algo ou não, então finalmente curvou-se para meu lado e disse séria – Eu sei que você acha que eu sou uma boba, e que nunca vou chegar a lugar algum agindo assim, mas no futuro quando você for uma grande senhora de negócios e eu uma balconista, você vai olhar pra mim e dizer: Ela viveu tudo o que quis viver. –Sakura respirou fundo e continuou. –Hinata você tem dezesseis anos, e tem medo de tudo. Uma hora você vai TER que viver. –Ela olhou para o fundo de seu próprio copo. –Acabou, vou buscar mais. -Notei que Kiba do terceiro ano me olhava e sorria.

Sakura estava errada, eu não tinha medo de tudo. Quando tinha sete anos desci sozinha até o porão para pegar velas no escuro. De uma coisa eu tinha certeza, eu não tinha medo do escuro.

Uma hora eu teria que viver, certo? Pois bem, minha vida aconteceu em uma questão de minutos.

Tudo na minha frente não passava de um borrão, Meus ouvidos zumbiam, minha barriga doía e minha respiração pesava. Tudo que podia ver eram meus próprios passos indo em direção de Kiba. Minhas mãos tremiam um pouco, tinha certeza de que ele pode sentir meus batimentos cardíacos quando colou nossos corpos. Eu estava totalmente off-line do que acontecia ao meu redor até que ele levantou uma mecha de cabelo que caia sobre minha testa e por fim disse:

-Você é linda.

E então aconteceu, meu primeiro beijo. Em uma ruela atrás da escola Konoha. Estava levemente escuro, naquela noite o céu tinha muitas estrelas e a lua brilhava lindamente, ofuscando a beleza dos pisca-pisca de natal. Nunca tinha encostado em um garoto antes, mas os lábios de Kiba eram quentes e extremamente macios, seu coração ao contrario do meu, batia normalmente seguindo sua respiração, aos poucos suas mãos deslizaram para minha cintura de forma que nossos corpos ficaram mais colados.

Em seguida senti a presença de algo a mais em minha boca. Era áspero e quente também. A presença daquilo na minha boca era como quando você vai muito fundo com escova de dente e sente uma ânsia de vômito. Quando consegui me acostumar com a língua de Kiba junto a minha, apesar de achar nojento, senti que deveria fazer o mesmo que ele.

Épico. Essa era palavra que ocupava minha cabeça enquanto Kiba enchia minha boca de saliva com sua língua. Em uma só noite tirei meu BV e BVL.

A televisão dá uma imagem de que o primeiro beijo é algo mágico que vai mudar a sua vida e te fazer ser mais especial e feliz. Eu fechava e abria os olhos à espera dessa mágica, mas ela não vinha. Não me senti feliz fazendo aquilo, muito menos especial. A única sensação que tive naquela noite foi um aperto nas entranhas e frio nas minhas pernas e braços nus. Certamente estaria mais feliz em casa assistindo TV na companhia de minhas cobertas e de meu pai.

Meu Pai, ele não aprovaria isso. De certa forma o que se passava era culpa dele. Nossa briga afetou minha cabeça. Isso era uma vingança, não sei de que forma o afetaria, mas senti que feriria sua imagem se o fizesse.

Eu e Kiba do terceiro ano continuamos ali cerca de meia hora. Por mais que não fosse bom, não tinha vontade de sair do alcance de seus braços. Era reconfortante saber que alguém gostava de você, mesmo que seja só do seu corpo.

Quando finalmente nos separamos, Kiba me deu um beijo na testa. O que isso significava? Que ele tinha afeto por mim?

Naquela mesma noite, antes de voltar para casa, mais dois garotos pediram meu numero de celular. A ideia de que se quisesse fazer com eles o mesmo que fiz com Kiba acelerou meu coração novamente.


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Notas finais do capítulo

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