As Nações de Sidgar escrita por Maria Beatriz


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Sereia


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos: Muito obrigada a Dinossaura e a Ádria Carolina que comentaram *-* Vocês são muito fofas viu? Sério mesmo :D
E ai está mais um capitulo o///



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Alécia tinha um grande problema. Aquilo era fato, meus caros. Adorava sumir nas horas mais inoportunas. Quando sua presença era mais do que importante. E Demeter sabia muito bem daquilo, como sabia...

Vislumbrou brevemente o local onde estava, constatando que de fato, seus pais haviam exagerado. Alécia estava apenas fazendo aniversário. Era uma ocasião na qual, nem todas as pessoas faziam algo assim. Tão... Exagerado.

Meus amigos, Demeter no momento encontrava-se em meio a um salão, um enorme salão de forma circula e o teto arredondado. Era um local bonito, de fato, e havia varias pessoas ali. Pessoas que haviam sido convidadas para o tão falado aniversário da princesa de Tibéria. Que havia sumido. E, para variar sobrara para ele procura-la, como sempre.

Suspirou e voltou a caminhar entre as pessoas, na verdade, boa parte ali não conhecia. A maioria eram contatos de seus pais, pessoas de outros reinos, ou de outras nações. Talvez fosse por um desses motivos, que Alécia havia simplesmente desaparecido. Ajeitou a roupa que usava, não estava nem um pouco acostumado com roupas formais como aquelas.

–Demeter! – Ouviu a voz feminina chamar, parou instintivamente de caminhar. Não, aquela não poderia ser aquela pessoa. – Estava procurando você desde que cheguei. – Sentiu a mão feminina pousar em seu ombro.

De todos os problemas que poderia ter, ou não. Aquela garota era o pior deles. Não, meus caros, poderíamos dizer que era quase que um carma, sem demasias, claro. Se pensou em Alécia, saiba que no momento ela realmente não estava ali e você estaria totalmente enganado.

–O que você quer Maiko? – Não, suas palavras não haviam sido nada rudes. Mantinha seu tom característico.

A garota a sua frente era exatos dois anos mais nova, um pouco mais baixa do que ele, seus cabelos negros estavam presos em um coque. Seus olhos também tinham o mesmo tom escuro, eram repuxados e pequenos. Usava um vestido longo de cor lilás e joias adornando o pescoço. Conhecia Maiko há bastante tempo, talvez a conhecesse mais do que deveria...

–Queria apenas falar com você, Demeter. – Maiko não era uma pessoa ruim, antes que você comece a não gostar dela. Trazia apenas um problema: era pegajosa. E isso não era algo que Demeter poderia dizer que admirava.

–Sobre o que? – Ainda olhava freneticamente ao redor, procurando por Alécia no salão, mas de todos os rostos presentes, não havia achado nenhum das feições certas.

–Sobre nós.

Demeter franziu o cenho.

–Sobre nós? – Fez uma pausa, lembrava-se claramente do que ela se referia. – Me desculpe, mas não tenho anda a falar. Não existe “nós” e nunca existiu, apenas um acordo de nossos pais achando que poderiam juntar duas nações.

E é nesse momento, meus caros, que lhes conto algo que acontecera na vida de Demeter. Há cerca de dois anos, Maiko e Demeter eram noivos. Sim, exatamente isto, um casamento arranjado pelos pais de Maiko, reis do Reino Calídno, fazia parte da tão conhecia família Tebas. Contudo, entendam um relacionamento criado através de uma obrigação, não tem sentimento. E se não tem sentimento, nunca poderia dar certo. Embora, houvesse sentimento apenas pela parte de Maiko, o que fizera com que se separassem há um ano. Desfazendo uma espécie de contrato que os reis haviam selado.

–Mas Demeter...

–Desculpe Maiko. Mas tenho que ir, Alécia sumiu e preciso encontrar ela. – Disse já se preparando para sair, contudo, foi impedindo ao ver que Maiko segurava seu pulso.

–Deixe-me ajuda-lo, o palácio é grande, vai precisar de ajuda.

Demeter suspirou, assentindo.

–Está bem então.

Já haviam percorrido praticamente todo o Palácio, quase todos os quartos e nada. Nenhum sinal de Alécia. E por incrível que poderia parecer, a companhia de Maiko não havia sido tão desconfortante. Na verdade, ela agia diferente das outras vezes que haviam se encontrado, das tantas outras vezes que haviam se falado. Ela parecia mais madura? Bem, era quase que isso e, Demeter estava começando a gostar daquilo.

Maiko até então, não havia nem tocado no assunto de quanto estavam juntos. Contudo, quando digo que ela ainda não havia tocado nesse assunto, não significa que iria passar a noite inteira sem dizer uma única palavra relacionada novamente.

–Demeter... – Chamou, enquanto caminhavam em um corredor de quarto de hospedes. –Poderia me escutar um instante?

Demeter parou de caminhar.

–Escutar? Como assim? Estou escutando você... – Disse ligeiramente ambíguo.

–É que eu queria dizer que... Bem... – Tentava achar as palavras certas e aquilo, fazia com que Demeter tivesse a ligeira vontade de sair dali. Sabia exatamente o que ela estava prestes a dizer e, não queria ouvir. – Eu gosto de você, entende? Não entendo por que não podemos ficar juntos, estaríamos fazendo algo que nossos pais querem e nós também.

Entendam pessoas cegas por algo insistem, embora, não entendem que tal coisa na verdade não existe.

Ela aproximou-se perigosamente de Demeter, deixando seus rostos pertos. Levou suas mãos ao redor de seu pescoço e fechou os olhos. Esperava apenas uma coisa. Uma única coisa queria poder fazer novamente, após muito tempo.

Contudo, seu ato não foi correspondido.

–Desculpa – falou enquanto segurava os braços de Maiko e os retirava de torno de seu pescoço. Ela abriu os olhos e o encarrou - Eu não gosto de você. E você não sente nada por mim, faça-me o favor. Um dia alguém que realmente valera a pena vai aparecer. Se valorize. – Demeter não havia sido rude, proferiu-se tranquilo.

–Demeter! – exclamou, irritada. – O que você está dizendo?

–O que você escutou. – Disse calmo. – Mas agora preciso encontrar Alécia.

Demeter saiu deixando uma Maiko furiosa para trás. Havia apenas um lugar no qual Alécia poderia estar no momento.

E agora, meus amigos, iremos para outro lugar. Ainda permaneceremos na Capital de Tibéria, contudo, Demeter ficara um pouco de lado no momento.

No céu, as nuvens pairavam, tal fenômeno deixava apenas à mostra a chuva que logo iria iniciar-se. E na costa da cidade, uma princesa teimosa permanecia sentada sobre a areia, observando as ondas que se chocavam e agitavam-se com força.

Alécia suspirou, sentindo o vento forte bater em seu rosto. Ainda vestia as roupas formais para a comemoração que faziam em homenagem a seu aniversario, contudo, sentia-se ligeiramente incomodada com o vestido. Embora aquele não fosse o motivo para estar ali.

Queria apenas ficar sozinha. Pensar. Sua mãe falara que deveria criar um objetivo, pois sonhos nem sempre se realizam. Então, qual seria o seu? Não sabia. Simplesmente não sabia. Talvez pelo fato de que, sempre tivera o que queria, bem, aquilo havia feito com que aprendesse a não sonhar mais. Mas e objetivos? Demeter sonhava também? Malditas eram as perguntas que rodeavam sua cabeça.

Entendam uma pessoa que passou a vida inteira cercada por tudo, muitas vezes acaba tendo a falta de algo. E talvez, isso se encaixasse perfeitamente no caso Alécia. Em toda sua vida, não tivera tantos amigos, vivia mais tempo enfurnada dentro do palácio, claro, fugia de vez em quando para ir ao mar, sentia atração pelo mesmo. Seu irmão, Demeter, era uma boa companhia, de fato, mas nem sempre estava presente.

E chegou a uma conclusão: toda sua revolta e vontade de estar o mais longe possível de tais títulos, era pelo fato de que, apesar de tudo, era uma pessoa sozinha.

Mas reflita um pouco, pessoas tiram conclusões precipitadas e Alécia era expert nisso.

No entanto, foi despertada de seus devaneios ao ver uma estranha silhueta lhe observar. Não tão distante, ainda na costa, sentada sobre as pedras a criatura com rabo de peixe mantinha o semblante fixo na garota mais distante.

Alécia levantou-se, sabia exatamente o que era. Já havia ouvido falar de suas histórias, as enigmáticas e mortais sereias. Seduziam quem quer que fossem até mesmo mulheres, com a sua aparência angelical. Para revelar uma demoníaca depois.

Hesitantemente Alécia levantou-se, iria afastar-se daquela criatura, não poderia ficar ali. A costa por vezes não era tão segura assim.

–Aonde vai? – A criatura proferiu-se, olhando Alécia com os olhos verdes, sua voz era melódica e doce. O que fez Alécia ponderar o fato delas serem não ruins assim.

Alécia não respondeu, mas em passos lentos, ao invés de afastar-se, se aproximou da sereia. Não sabia se aquilo era certo, mas sua curiosidade no momento era maior.

–O que é você? – Perguntou, com a voz falha.

–Uma sereia, não vê? – Disse com a voz suave, inclinando o corpo para ficar próxima de Alécia, com os cabelos avermelhados caindo-lhe sobre o rosto. Convenhamos, tinha de admitir que a beleza daquele ser fosse superior ao de muitas mulheres.

–O que faz aqui? – Alécia ainda não acreditava no que via, não imaginava que veria um ser assim. Tão de perto.

E naquele momento, o súbito pensamento de que as coisas poderiam dar uma reviravolta, invadiram sua mente.

Pobre Alécia, ao mesmo tempo, tão inocente. Não conhecia o verdadeiro mau.

–Vi você sozinha, pensei que poderia querer companhia... – A criatura enigmática parecia tão amigável? Sim, aquilo mesmo, Alécia naquele momento acreditava que sereias não eram seres tão assustadores quanto diziam.

Embora, era aquilo o que ela pensava. Não significava que fosse a real questão.

–Eu, precisava pensar... – Desabafou e a sereia pareceu interessar-se pela conversa.

–Acho que posso lhe ajudar... – Fez uma pausa. – Você procura uma peripécia? Algo que possa lhe dar emoção está cansada de sua vida?

Hesitante, Alécia assentiu.

–Então, chegue mais perto... – A sereia gesticulou as mãos e Alécia se aproximou, ficando cara a cara. – Posso lhe dar o que você mais quer. – Disse, contudo, que Alécia não percebera, era que na verdade aquele ser tinha segundas intenções.

–Então você – Alécia não pode terminar a frase, sentiu apenas seus ombros serem envolvidos enquanto a seria a puxava, sem ter tempo o suficiente de defender-se, a criatura a arrastou para o mar.

Até poderia lhes dizer agora o que aconteceu depois disso, mas antes, tenho que lhes apresentar mais alguém.

Já havia se acostumado com aquilo, conviver com o céu tão perto de si. Era uma sensação... Tão boa? Sim, era exatamente isso que Camel pensava. Camel Bitencourt, filho do Capitão Charles Bitencourt e de Adrhyan S. Bitencourt. Estava perto da proa do navio voador, enquanto observava o céu que relampeava. Era uma bela noite, sem dúvidas, uma bela noite para pegar raios.

–Içar Velas! – Ouviu o pai gritar, era o capitão do navio e no momento, dizia em voz alta enquanto saia do convés. – Raios e Trovões estão próximos! Isso garante o nosso dinheiro marujos! – O homem era alto, não era velho, seus cabelos eram pretos assim como os olhos. E sua aparência, bem, digamos que era bem próxima a de Camel, porém, as cores eram outras.

Os outros homens rapidamente iniciaram o trabalho que lhes fora mandado, cada um com sua respectiva função. Meus caros, para descrever um navio voador, imagine um navio comum, mas com amplas turbinas em baixo, para ajudar a levantar voo, assim como, às velas. Em frente sua proa, a imagem do rosto de um leão era gravada na madeira, uma espécie de marca que já havia ganhado certa fama no ramo da venda de raios.

–Parece que meu aniversário deu sorte, pai – o mais novo disse, aproximando-se enquanto observava os outros pegarem espécies de barris – embora fosse apenas à forma, digamos que era um mecanismo bem diferente. Aqueles objetos eram usados para puxar os raios, logo, os guardando dentro para vender depois.

–Tem razão.

–E parece que temos uma bela noite de chuva por vir – Camel tinha os olhos de cor âmbar agora fixador no céu. A pele bem mais pálida do que a do pai, seus cabelos eram de tom platinado, para não dizer branco. Herdara suas cores da mãe. Era alto como o pai, vestia uma camisa branca, com as mangas dobradas nos cotovelos. As calças pretas e os sapatos marrons. – Vão precisar de ajuda, não? – disse, enquanto retirava dos bolsos luvas pretas de borracha e as colocava.

–Então vamos rápido.

Correram até os “barris” e seguraram espécies de puxadores de ferro acobertados por borracha, parar impedir que alguma descarga elétrica os atingisse.

E não demorou muito, o vento tornou-se forte e os raios chegaram. Indo diretamente em direção aos barris, enquanto Charles e Camel os mantinham no mesmo lugar, junto de outros marujos que também faziam o mesmo. Entendam o fato de fazerem aquilo, era que, se não segurassem aquela parafernália provavelmente a força do raio a arrastaria para longe. Sem raios, significava ficar sem dinheiro. E ficar sem dinheiro, era uma longa história complicada.

–Parece que o céu está furioso hoje! – Disse em alto e bom som, o capitão.

–Sim senhor, Capitão! – Um marujo gritou, enquanto puxava cordas para içar as velas.

–Já enfrentamos dias piores, Barret – Camel disse, enquanto apertava com força os puxadores do barril, o raio por sua vez vinha com força junto de fortes rajadas de luz. Instintivamente fechava os olhos.

–Não me corrija, Camel, sou mais velho do que você. – Caçoou Barret enquanto ria.

–Mas eu estou nessa vida há mais tempo. – Respondeu no mesmo tom de voz.


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Notas finais do capítulo

Duvidas? Criticas? Elogios? Comentários?
Ai imagem ao final é um rascunho do desenho da Creta, eu fiz algumas mudanças nele, pois já comecei a fazer a pintura e vou postar junto do próximo capitulo. Enfim, ai está :)
Até o/



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