As Nações de Sidgar escrita por Maria Beatriz


Capítulo 2
Capitulo 2 - Os Enigmáticos Murkys


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que não deveria postar um capitulo atras do outro, mas acho que, assim como eu, a maioria das pessoas deve preferir uma história que já esteja meio "iniciada", então, aqui está mais uma parte o/ Não esqueçam de comentar :)



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Agora, a história avança exatos dezoito anos.

Então, você pergunta-se: e onde estão as tais crianças citadas antes? Meus caros, iremos começar pela primeira delas. A jovem Alécia. Filha da Rainha Selene e do Rei Féris, irmã caçula de Demeter. Sim, Alécia Dilzian era princesa de Tibéria.

E em meio a uma das tantas ruas da Capital de seu Reino, Alécia fugia. Talvez fugir não fosse um termo certo, afinal, quem corria atrás dela não eram guardas ou alguém da lei. Mas entendam Alécia não era a princesa mais meiga e comportada que a maioria das pessoas poderia esperar.

Alécia era do contra, achava que conhecia o mundo, embora, nada soubesse dele.

–Qual é Demeter? Não irei fazer nada de errado. – Ela falou olhando sobre os ombros, para encarar o irmão que corria atrás de si. Completando os seus dezoito anos, Alécia tinha os cabelos negros como o do irmão, a pele pálida de porcelana e os olhos azuis claros. Aparência herdada da Rainha Selene Dilzian. E era tão bela quando a mãe, com os cabelos longos na altura de sua cintura e a franja emoldurando o rosto. Alvo de vários olhares, desejosos e invejosos nos lugares que passava.

–Qual é? – Demeter respondeu enquanto corria atrás da irmã ligeiramente indignado – Hoje é seu aniversário, mamãe e papai querem que você fique em casa. Existem deveres. – Demeter disse enquanto desviava das pessoas que perambulavam na rua. E este, por sua vez, também havia crescido. Agora, com vinte e seis anos, Demeter era um homem de responsabilidade, ou melhor, que tentava ter responsabilidade. Pois todos os seus atos para provar isso, na maioria das vezes eram falhos. E isso, estranhamente, não o irritava. Sua paciência ainda era maior, embora, Alécia conseguisse tirar outrora vezes e atualmente, voltara a fazer isso. Era alto e seus cabelos negros, ainda mantinham-se no mesmo corte de sempre, com a franja desajeitada caindo-lhe sobre o rosto pálido. Os olhos azuis, agora mantinham ligeira maturidade.

Alécia atravessou a rua, ainda correndo, desviou de um carro e fazendo com que Demeter esperasse o mesmo passar para voltar a segui-la. Entendam, antes que pensem em Sidgar como um mundo medieval onde a maioria dos contos de fada acontece, quero lhes dar um aviso. A tecnologia deste mundo é de uma época não tão distante, talvez ainda mais evoluída. Mas suas leis são tão rígidas quanto no passado. Era uma maneira de sempre manter a ordem. E para imaginar os locais, pensem nos Reinos do mar, como cidades que sobem montanhas, várias casas juntas umas das outras, parafernálias espalhadas com a ligeira mistura das plantas que se faziam ainda presentes. Sem contar, algumas pontes que interligavam os locais. Era um cenário que se poderia categorizar, como as imagens de ilustrações que vemos, onde uma mistura mágica do moderno e o antigo se fazendo presentes.

É, poderia se dizer que Sidgar era o mundo fantástico muito interessante.

Olhou para trás por um momento, já não vendo mais seu irmão segui-la. Agradecendo mentalmente por isso, continuou sua corrida em direção à praia.

Um hábito que havia desenvolvido durante sua vida, era o de mergulhar no mar. Com ou sem chuva, sempre fazia aquilo. E especialmente, queria poder comemorar no dia de seu aniversário. Viu a imagem do oceano ficar mais próximo, pôs os pés na areia e imediatamente começou a retirar as botas que calçava. Desabotoou o colete que vestia e ficou apenas com a blusa branca e a calça preta. Ainda correndo, continuou a ir em direção ao mar, enquanto via as ilhotas não tão distantes, bem próximas na verdade. Eram as outras cidades da Nação dos Mares, cercadas pelos oceanos, divididas por ilhas pequenas na qual se concentrava sua população.

No entanto, Alécia até poderia ter desfrutado mais um pouco daquela paisagem, a mistura das cassas que subiam as montanhas das ilhas, junto com o verde das poucas plantas que serviam para decorar. Mas Alécia parou de correr, seu olhar ficou sem brilho.

Não estava acreditando no que via.

Imediatamente, deu meia volta desajeitadamente, tentando ignorar a atração que sentia pelo mar, agora não tão distante. Saiu correndo e catando as botas jogadas na areia, calçou as rapidamente enquanto tentava equilibrar o colete nas mãos. E o motivo para tal desespero?

Murkys aproximavam-se da costa.

E aquele era o real problema.

Ninguém nunca soube o exato objetivo de um murky, o porquê de eles usarem os grandes navios metalizados para assombrar os lugares onde passava. Sim, murkys deslocavam-se de um lugar para o outro com navios, grandes navios feitos de metal com as chaminés lançando fumaças cinzentas onde passava, escurecendo o céu, consequentemente. E de onde eles vinham? Você poderia pensar, na Nação das Profundezas, obviamente, como velha Teresa citara em seu leito. Contudo, murkys não eram isso. Eram pessoas que já haviam desistido de suas vidas, de todas as nações, pessoas de pouco e muito conhecimento, com ligação a magia e sem ligação a ela. Mas eles não eram de todo mal, nada é. Apenas pessoas que já haviam desistido da humanidade. E mais um aviso, antes de comparar Murkys com piratas, devido suas “naturezas” semelhantes, entendam que, não eram a mesma coisa. Murkys passavam bastante tempo em solo firme, também.

–Demeter! – Alécia gritou enquanto alcançava a rua, estava assustada e esbarrava nas pessoas que caminhavam ao redor, procurando freneticamente pelo irmão. – Demeter! - Gritou novamente.

–Alécia! – Ouviu o irmão responde-la, logo, podendo ver a silhueta do mesmo que tentava alcança-la, mas devido à movimentação de pessoas e carros na rua, no momento, ainda estava distantes.

–Murkys aproximam-se da costa! Precisamos fazer algo. – Alécia novamente disse em voz alta, enquanto alcançava o irmão e ao longe, podia ver os navios pararem na costa. Já começando a descer seus tripulantes.

–Droga! –Demeter resmungou, enquanto tateava os bolsos a atrás de um celular. Precisava avisar os exercidos de seu pai sobre aquilo.

–O que está fazendo, Demeter? – Alécia perguntou, enquanto seguia o irmão correndo, pela rua.

–Irei avisar o pai.

Alécia não respondeu. No entanto, naquele momento, as pessoas já começavam a correr desesperadas nas ruas, os Murlys já haviam alcançado a cidade.

E então, agora, iremos deixar um pouco de lado os dois irmãos Dilzian, vamos falar sobre uma “pequena” murky briguenta que ainda corria pela costa.

Ajeitou o arco-e-flecha que carregava, logo, pegando o mesmo e ajeitando uma flecha, pronta para atirar. Nesse momento, estamos falando da pequena Creta. Talvez não tão pequena, afinal, naquele mesmo dia, completava os seus dezoito anos. E há exatos dez anos fazia parte das embarcações dos murkys. E está, era um dos três bebês que nasciam no mesmo dia, e por sua vez, Creta fora a sem sorte que não pudera conhecer a mãe.

Disparou a primeira flecha em chamas em direção ao primeiro oficial do exercito que apareceu na sua frente. Sim, suas flechas eram adornadas por chamas, tais chamas que aprendeu a controla-las. Afinal, não era nenhuma novidade para ela que, já desenvolvia seus poderes como “escolhidas”.

–Ei! Não seja tão apressadinha, pequena. – Uma garota, mais alto do que Creta corria ao seu lado, seus cabelos eram de tom estranhamente azul e os olhos dourados a olhavam a mais velha. De fato, era um ano mais nova do que Creta, mas sua altura ainda era superior do que outra. Vestia-se com um short preto, sob uma saia azul e larga, feita de um tecido mole, sua perna esquerda ficava a mostra devido à abertura da saia. Calçava botas e vestia uma blusa tomara que caia de cor preta. Usava vários acessórios, e quem a visse, com tal aparência andando por uma praia, poderia arriscar dizer que aquela garota era uma sereia. Mas não, Dark, a garota dos cabelos azuis, era apenas uma descendente de família que usava magia. Uma família que usava magia nas Naçoes dos Mares. – Me deixe acertar um também! – Brincou, enquanto lançava uma rajada de luz em direção a outro oficial do exercito, certeiramente no peito.

–Não enche Dark. – Resmungou a mais velha, enquanto lançava mais uma flecha regada de chamas. Seus cabelos castanhos eram claros, presos em uma cola alta com a franja caindo-lhe sobre o rosto de pele não tão clara, mas não a ponto de ser morena. Os olhos castanhos escuros fixados nas ruas à frente. Usava brincos, suas duas orelhas tinham três furos, no qual, o primeiro deles a mesma usava brincos compridos. Vestindo o colete comprido, sobre um corpete preto, botas e os shorts de couro marrom. Creta era uma legitima murky, não se importava com sua denominação de “escolhida”. Havia entrado naquela vida apenas por um motivo: queria encontrar seu pai. Apenas isso, mas não espere que seu objetivo fosse viver como uma família feliz após encontra-lo, primeiramente, daria um belo chute em sua bunda por ser tão irresponsável a ponto de deixar uma mulher morrendo após dar a luz a própria filha. Mas está história, não será tão importante agora.

Subiu uma das ruas que levavam para o topo da cidade montanha, ainda correndo, fugia dos oficiais que a seguiam. E nessa altura do campeonato, já havia perdido de vista a azulada que antes estava consigo. Bufou, preparou três flecha as no arco e lançou lhes em direção a três oficiais que a seguiam. Acertou uma no peito de um deles, derrubando-o imediatamente. Outro na perna e o ultimo no ombro. Amaldiçoou-se por errar, mas agradeceu por tê-los deixado pra trás.

Continuou a subir o corredor estreito que era a rua, perto de uma espécie de barreira que fora feita com grades de ferro, talvez para evitar que pessoas caíssem. Olhou para baixo, e então, lembrou-se que não deveria ter feito aquilo. Apesar de Creta ser “durona”, seu ponto fraco era a altura. As veze agradecia por ter estatura baixa.

Olhou ao redor, estava próxima de uma loja, visualizou-a melhor, era um armazém. Deveria ter alguma coisa útil ali. Correu para a mesma, a porta estava fechada, mas com facilidade, conseguiu arromba-la, sua tranca era fraca. Não pensou muito e adentrou o local, em suas ordens, deveria passar naquela cidade para pegar mantimentos, o que precisassem. Mas quando digo pegar, não é pegar educadamente quando se compra algo em uma loja e logo mais se paga – se bem, que algumas pessoas conseguem não ser civilizadas nem mesmo nisso. Quando digo pegar, é saquear. Surrupiar, roubar. Não existiam regras nem permissão.

O local era escuro, um minimercado com algumas prateleiras espalhadas, caminhou silenciosamente para verificar se havia alguém. Com o arco e flecha em mãos, pronto para atirar a qualquer momento. Após alguns segundos, ouvindo apenas sua, aparentemente, respiração. Resolveu desistir e começou a pegar tudo que via a frente, colocando em uma bolça que carregava.

Contudo, meus caros, Creta não era tão ruim assim. Havia escolhido aquela vida para cumprir seu objetivo. E então parou de pegar as coisas e as guarda-las ferozmente. Ficou encarando um garoto de aparentemente, uns catorze anos, estava encolhido em um canto do armazém enquanto segurava nos braços a irmãzinha de oito anos.

E mesmo que não quisesse, aquela cena comoveu o duro coração da murky. Não tinha família, mas se tivesse, iria protegê-la. Custasse o que custasse.

Tentou ignorar a presença dos dois irmãos que a encarava e continuou a pegar mais mantimentos. Quando constatou que tinha o necessário, deixou a loja silenciosamente. Por isso digo que Creta não era tão ruim assim, se fosse outro murky que entrasse ali e não ela, com toda a certeza, aqueles dois irmãos não teriam um final tão “ileso”. Digo, tanto quando interno quanto externo.

Parou de caminhar um pouco afastada da porta, enquanto via o caos que a rua estava.

–Escondam-se melhor. Da próxima vez, talvez não tenham tanta sorte quanto agora. – E após saiu.

Entretanto, gostaria de dizer que Creta saiu da porta, resolveu voltar e devolver as coisas, logo após isso, deixou os murkys e seguiu sua vida como uma pessoa comum. Mas não, Creta não era assim. Quando pôs os pés para fora da porta, pode sentir apenas as três armas apontadas na sua direção. Enquanto três oficiais a cercavam.

Levantou as mãos com um sorriso irônico, como fingindo render-se.

–É isso que tenho que fazer, não é? Levantar minhas mãos em sinal de desistência e ajoelhar-me aos seus pés em um sinal de clemencia? Como se fosse um ratinho que apenas obedece à lei injusta...? – Iria preparar-se para dizer mais algo, para completar tal frase de maneira mais sarcástica e seca possível.

No entanto, não havia notado a presença de um quarto oficial. O qual portava além das marmas de fogo, uma pequena arma de choque. A mesma, logo em seguida derrubou Creta enquanto seu corpo era eletrocutado. Deixando-a inconsciente.

A pequena murky, após este momento, era levada para o Palácio de Dilzian.

Afinal, qual seria o rei que não iria querer respostas sobre tal acontecimento inesperado?


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Notas finais do capítulo

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