Falando de Flores escrita por Arabella


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Sumi? Simmmm, mas a Mare voltou muito mais animada e com muitos capítulos prontinhos.
Não vou inventar desculpa nenhuma pois não gosto de mentir, tô estudando pra caraio sim, estou com muitos projetos rolando, mas a cima de tudo, eu estava morrendo de preguiça de postar de depois o nyah ficou fora do ar. Estou sem fic nenhuma pra ler e resolvi postar.
Esse capítulo tem pegação e eu não sei escrever essas coisas, mas a Bella disse que ficou legal e confio nela.
Uma menina (ESQUECI SEU NOME ANJO, PERDÃO) Perguntou como eu imaginava a Tina, o Lip e o Daniel. É meio complicado, cada vez que eu escreve eu imagino de um jeito diferente. A Tina seria uma espécie de Hayley Williams, or causa do tom de pele, porém loira curvilinea. O Lip atualmente, é o Luke de 5SOS e o Daniel é um cara que eu vi a foto no twitter e se eu achar eu posto aqui. Porque ele é tipo, realmente, o Daniel em pessoa.
Espero que gostem.
XOXO



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Eu fui feito para manter seu corpo quente

Mas eu sou frio como o vento que sopra para me segurar em seus braços

Ed Sheeran (Kiss me)

Olhei pela janela e a única iluminação na rua eram os postes. No meio de tanta conversa eu não tive tempo de olhar o relógio, mas apostava que já tinha passado das sete há muito tempo.

Depois que a aula acabara, Liv se sentiu no direito de fazer uma “reencontro pelo velhos tempos” na minha casa, – ela, a Fernanda, o Felipe e eu –, aproveitando que minha mãe lecionaria na faculdade de noite, era o dia do Lucas ficar com o Zip e o Guilherme, para variar, teria saído com alguns amigos. Por essa razão que nesse momento eu estava em cima de uma cadeira tentando alcançar salgadinhos no alto da dispensa.

– Quer ajuda? – alguém perguntou, me assustando a ponto de cair da cadeira.

Para a glória da humanidade, ou não, do mesmo nada que a voz surgiu, mãos vieram com ela e me seguraram ainda no ar.

– Desculpe, eu realmente não queria te assustar.

Senti meus pés tocarem finalmente o chão e segui com os olhos as mãos que ainda seguravam minha cintura como se minha vida dependesse disso. Os dedos finos e leves que desenhei tanto naquela manhã. Até chegar nos olhos castanhos que, debaixo da luz forte da cozinha, pareciam um dourado intenso.

– Obrigada. – falei rapidamente, sem dar o menor sinal de querer sair de seus braços.

– A Olie e a Fernanda estavam apostando se você estava demorando por não conseguir alcançar os salgados ou por não conseguir pegar a vasilha.

– E você? – perguntei, curiosa. – Apostou no que?

– Eu disse que vinha ver se você precisava de ajuda. – contou sorrindo.

Pensei em um milhão de coisas para dizer, mas nada parecia no mínimo adequado. Dez minutos de conversa sincera, era mais do que eu podia pedir. Não queria estragar agora.

– Acho que ainda não tive tempo de dizer – ele deu fim ao silêncio –, mas gosto da idéia de você ter voltado.

– Depois de quase pirar quando me viu no boliche? – Perguntei, meio sorrindo, meio tímida.

– Olha quem fala, tive a impressão de que se você tivesse uma faca ali, teria feito bom uso.

– Teria mesmo... – suspirei. – Ah, qual é? – falei apressadamente tentando corrigir antes que ele entendesse errado. – É que... sei lá, foi estranho te ver depois de tanto tempo. Eu sei que provavelmente pra você não significou nada o que nós... o que a gente... o que... – me embaralhei, sem saber que palavra usar.

De repente uma de suas mãos foi parar na minha bochecha enquanto a outra acariciava de leve a pele desnuda da minha cintura onde minha blusa tinha levantado um pouco. Acho que nem se eu fosse ligada na eletricidade eu me sentiria assim.

– Você sempre diz isso, mas nunca disse que não significou nada pra mim. – ele sussurrou.

Mordi meu lábio inferior e obriguei a minha perna a não ficar tão bamba.

– Sei que deveria pedir desculpas por agir assim, não tenho o direito de chegar e fazer... isso – sei que ele se refere a nossa proximidade, essa é a única coisa que consigo pensar no momento, de qualquer forma. – Acontece que me parece errado pedir desculpas por algo que não me sinto mal fazendo. – ele admitiu, perto do meu ouvido.

Meus batimentos poderiam ser confundidos com os de um beija flor nesse momento. Eu não tinha mais a consciência das pessoas na sala esperando que eu voltasse. Éramos eu e ele sozinhos naquela grande e fria cozinha. Meus pensamentos falavam tão rápido que era difícil escolher qual ouvir.

– Não me lembro de te tirar este direito. – as palavras saíram como se flutuassem e segurei os braços dele, dando-o passe livre para seja lá o que ele queria fazer. – Você pode não entender, mas quando a gente passar por aquela porta eu vou voltar a ser a idiota e ignorante, egoísta, fechada e possivelmente imatura.

Ele me puxou para mais perto, sorrindo e disse:

– Eu já desisti e te entender há muito tempo, Ana. – ele começou a me empurrar delicadamente até minhas costas baterem no armário onde mais cedo eu tentara pegar os salgadinhos. – Além do mais, gosto dessa sua versão. – ele passou a boca de leve na minha orelha me deixando arrepiada.

– Sério? – perguntei e fechei os olhos, querendo eternizar o momento.

– Ela é forte e decidida. – falou, descendo os lábios para o meu queixo. – Não muito diferente da Ana de antes, só mais durona, o que a deixa automaticamente mais bonita e me deixa com mais vontade de chegar no fundo.

– E se eu disser que o fundo não pode ser alcançado? – provoquei, me sentindo desconfortável sem saber o que fazer com as mãos. Por fim, continuei com uma em seu pulso e depositei a outra e sua nuca.

– Eu provarei que está errada. – ele falou se afastando somente o suficiente para olhar em meus olhos e mostrar que estava falando sério.

Inclinei um pouco a cabeça e ergui a sobrancelha sem acreditar no que ele dizia, mas ele se deu por satisfeito e voltou sua atenção – e seus lábios – para o meu pescoço, onde começou uma trilha de beijos. Levantei minha cabeça deixando o caminho liberado. Naquele momento eu estava nas mãos dele e estava disposta a qualquer coisa que ele decidisse.

– Pode ser difícil, pode ser que demore. Mas enquanto isso, posso achar outros meios de te provar.

Senti seus dedos apertando o osso do meu quadril como se quisesse conferir se eu estava mesmo ali, sua respiração pesada caía em meus ombros e eu conseguia ouvir seu coração batendo rápido. Ou talvez fosse o meu. A verdade é que eu estava pouco me fodendo para isso, eu só queria sentir o sabor de sua boca de novo.

– Não acredito que a gente está assim com as meninas lá fora. – comentei quase encostando nossos lábios.

– Achei que a nova Ana não ligava para isso. – e me calou.

Claro que nossos beijos aos 11 e 12 anos não passavam de simples selinhos, nada tão profundo em comparação ao agora. Fiquei na ponta do pé e me agarrei ao pescoço dele, suas mãos passeavam da minha cintura a minha costas e meus ombros, fazendo o caminho de ida e volta, se divertindo com as curvas deixando transparecer o medo que tinha de que eu evaporasse. Mordi o seu lábio e o garoto soltou um suspiro.

– Você não tem noção do quanto eu tive que me segurar hoje para não te beijar na sala. – ele sussurrou em meu ouvido como se fosse um segredo de estado.

– Hummm – gemi pateticamente agarrando seu cabelo curto quando ele levantou a barra da minha blusa.

– Sempre que você aparece acaba com a minha vida, sabia? – falou, passando a língua quente pelo meu pescoço e descendo a manga do meu casaco.

Foi aí que acordei. Até hoje não tenho idéia de quanto tempo aquilo durou, os beijos eram rápidos e intensos, mas sabia que não podia continuar. Não era certo. Terminei tudo com um beijo estalado no queixo dele.

– Você fala da nova Ana, mas esquece de mencionar o novo você. Antes eu precisava tomar o partido de tudo. – expliquei – Acho que posso conviver muito bem com esse Felipe. – deixei um sorriso preguiçoso estampar meu rosto e o troquei por uma careta quando lembrei porque estava na cozinha. – O que acha de pedirmos sushi? A Nanda sempre gostou dessas coisas.

Ele brincava com meu cabelo enquanto eu ligava para o restaurante para saber por que a nossa comida não tinha chegado ainda. Me perguntei, pela primeira vez, o que eu faria quando saísse daquela porta.

– Dá pra parar com isso, está me distraindo! – pedi, jogando meu cabelo para o outro lado.

– Desculpe, não era minha intenção. – ele passou o polegar no meu lábio inferior. Pelo visto ele não tivera os mesmos pensamentos que eu. – É que você fica tão linda distraída. – disse, me fazendo corar. – E mais ainda vermelha.

Escondi o rosto na mão e me levantei da mesa tentando ficar sã ao passar o endereço para a atendente. Se meus rolinhos primavera parassem em outra casa seria culpa dos olhos castanhos que seguiam cada movimento meu.

Quando me sentei novamente ao lado do Felipe e desliguei o telefone, ele começou a passar os dedos delicadamente no meu braço, sobre o casaco.

– Você não vê – eu disse olhando para parede de madeira – quanto isso foi errado? Digo, errado em relação á você. Em relação á Bárbara. O pior é que a Olívia disse que não dava cinco dias para eu estar nos seus braços.

Sua mudança foi nitidamente visível. Ele se endireitou na cadeira e ficou tenso, soltou meu baço e me encarou.

– Ana – ele começou mexendo a cabeça. –, eu posso ter querido muitas coisas vindas de você hoje, mas o que eu não queria mesmo era te deixar ofendida, e se...

– Não, eu não estou ofendida, longe disso. Não quero ver isso – falei apontando para o armário onde dez minutos antes estávamos entre beijos – como um erro, mas olhe bem: eu estou aqui há menos de uma semana e sua namorada já me odeia sem ter um porquê. Imagine agora? Lembrando que você está namorando, certo? – me levantei de novo mexendo as mãos de forma desesperada. – Eu não quero ser vista como a outra ou coisa assim, Felipe.

– Eu nunca seria capaz de te ver como ‘a outra’ – ele se levantou e segurou meus ombros. – E que isso fique bem claro. Me desculpe se agi antes de pensar, me desculpe por pensar que você também queria...

– Pare de se desculpar, e sim, eu queria você naquele instante mais do que tudo, só preciso que você entenda que isso não podia acontecer.

Comecei a andar em direção a porta e o ouvi suspirar. Estava prestes a pegar na maçaneta ele disse com a voz fraca:

– Você sempre vai embora.

Isso me pegou em cheio, foi como engolir um quilo de chumbo. Ele não estava errado, por mais que eu quisesse que fosse mentira.

– E você nunca entende isso.

– Como você quer que eu entenda? Você diz que fere as pessoas quando se aproxima delas, Ana, mas a verdade é que você as fere quando as deixa.

Ficamos alguns segundos em silêncio esperando que o outro falasse. Se ele mesmo mais cedo não estava apontando os defeitos e as qualidades que via na nova Ana, como ele disse, por que eu não poderia me aproveitar dela?

Me aproximei em poucos passos e envolvi seu pescoço como tinha feito antes, embora dessa vez fosse um ato mais cauteloso e terno.

– Eu tenho medo de perdê-las. – falei calmamente antes de beijar sua bochecha. – Estou cansada de ir embora.

– O que você quer dizer com isso?

– Eu não sei, ok? Só me dê um tempo, uns dias. Para eu me acostumar. Hoje foi meu primeiro dia de aula, estou confusa e cansada ainda. – falei como uma metralhadora e vi uma pontada de decepção aparecer em seu rosto.

– Você tem razão. Tem o tempo que precisar, Ana. – identifiquei compreensão em sua voz quando ele me puxou para um abraço carinhoso. – Te esperei por 3 anos, certo? Pelo menos agora tenho você do meu lado. – riu.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, escutamos um grito do lado de fora:

– Desisto! Não agüento mais esperar, se estiverem se pegando, se afastem que vou entrar no 5. – minha prima avisou. – 1... 2... 5!

Me soltei de Felipe rapidamente e passei as mãos pelo cabelo com medo de eles me entregarem.

– Eu e a Fernanda fizemos outra aposta. – Liv contou se apoiando no batente da porta.

– Eu acho que vocês estavam se matando – Fernanda continuou – e a mente perversa disse que vocês estavam se agarrando. – ela piscou e perguntou em um sussurro – Então, qual ganhou?

Senti meu rosto queimar e olhei de soslaio para o Felipe que apertava os lábios para não rir. Notei que as meninas estavam realmente esperando uma resposta e a campinha tocou. Salva pelo gongo, pensei.

– Sushi! Eu atendo. – anunciei e saí quase correndo para a porta.

Quando voltei para a sala segurando nossos pedido, minha prima e a Fernanda estavam sentadas no chão discutindo sobre como 98% das cenas do Dylan Bruce em Orphan Black são sem camisa.

– Eu não me importo nem um pouco com isso, sinceramente. – Olívia confessou.

– Por que essa série não fez muito sucesso aqui no Brasil ainda, Val? – Fernanda perguntou.

– Acho que por simplesmente não ter vampiros. – falei brincando. – Eu nunca tinha ouvido falar dela até ganhar o DVD. Assisti uma dúzia de vezes. Especialmente as cenas do Dylan – acrescentei me abanando dramaticamente e elas riram. – Onde o Felipe foi?

– No banheiro. Deve estar se masturbando, parece que foi quente lá na cozinha. – minha prima comentou gargalhando.

Revirei os olhos e comecei a abrir as caixas e organizar a comida na mesa de centro. Quando levantei a cabeça me deparei com dois pares de olhos curiosos.

– Então...? – Fernanda perguntou.

– O que foi?

– A gente que pergunta isso, Ana safada. O que exatamente rolou? – Olívia foi mais direta.

– N-nada. – gaguejei.

– Vocês ficaram mais de meia hora sozinhos e não rolou nada? – ela tentou de novo, se aproximando desconfiada.

– Acha que eu mentiria para você, Liv? Eu... eu vou pegar Doctor Who, esse episódio de Orphan Black não tem o Dylan. – desconversei e levantei em um pulo, mas mal deu tempo de me equilibrar que Olívia me puxou para o chão.

– Olha ali ele. – ela disse apontando para tela da TV.

Bufei e comecei a comer meus tão esperados rolinhos primavera. Logo Felipe voltou e se sentou o mais afastado possível de mim. No primeiro instante aquilo me incomodou, mas foi encontrar os olhos dele e o sorriso tímido que entendi. Ele estava me dando espaço e tempo. Ele levaria meu pedido a serio, eu sabia disso.

O tempo passou rápido e levou junto histórias antigas, novas e planos futuros. Não ousaria dizer que nem parecia que eu tinha ficado fora tanto tempo e que as coisas eram as mesmas, pois não eram. Não éramos as mesmas crianças sentadas naquele mesmo chão. Éramos novas pessoas, mais maduras e confusas com seus próprios segredos e insegurança, mas ainda víamos o outro de forma especial. Isso era algo que nunca mudaria. Só nos demos conta da hora quando minha mãe chegou da faculdade toda feliz com a cena que encontrou.

– Que lindo isso! Ainda consigo ver vocês quatro nessas mesmas posições com 10 anos! – ela comentou sorridente e orgulhosa. – Vocês são sempre bem-vindos aqui, meninos. E Felipe, garoto, como você cresceu!

Devo ter revirado meus olhos umas 5 vezes enquanto minha mãe puxava o saco dos meus amigos. Um pouco antes das 23 eles já tinham ido embora e eu estava sentada pensativa em minha cadeira encarando a janela enquanto minha prima se arrumava para dormir.

– O que tanto olha aí, Ana? – ela perguntou e eu procurei focar meus olhos em qualquer outra coisa.

– Hum? Nada. Só pensando.

– Pensando na morte da bezerra que não é, pode desembuchar. – ela sentou em cima da minha mesa.

– Liv... – comecei pensativa – você não acha errado com a Maria Bárbara, por mais que eu não goste dela, eu me aproximar do Felipe a essa altura do campeonato? – soltei de uma vez antes que mudasse de idéia. Eu queria conversar com alguém e havia prometido a ela que agora falaríamos tudo uma com a outra.

– Ah! Não acredito! Rolou mesmo algo na cozinha? – ela perguntou rindo.

Dei um leve empurrão nela que comemorava sem parar. Contei cada detalhe do que se passara mais cedo, escondendo apenas partes desnecessárias como o quanto meu coração acelerava a cada toque ou até onde fomos. Falei sobre nossa conversa e decisão.

– Então ele está esperando você dar um sinal verde, prima! – ela quase gritou de tão animada – Eu te disse que você só tinha que piscar e ele vinha pra você. Depois dizem que o tempo acaba com tudo, ele ainda é louco por você.

– Ele nunca foi louco por mim, Olívia. – defendi – E não está me esperando. Eu só disse que precisava pensar, caso tenha se esquecido, muita coisa pode ter acontecido, mas não faz nem 4 dias que cheguei.

– Isso lá é problema, gata? – ele botou as mãos na cintura para mostrar que falava sério. – A questão é: o que você quer?

Uma silueta apareceu na minha visão periférica e levantei a cabeça me deparando com meu vizinho novamente na janela, e sem camisa.

– Depois vocês dizem do Dylan Bruce, esse cara sempre aparece sem camisa. – pensei alto demais e Liv viu o que eu me referia.

– Santa Maria! – ela suspirou. – Por que não me disse que o Daniel era seu vizinho?! – perguntou desesperada.

– Sei lá, nunca surgiu uma oportunidade. – acenei para ele de forma rápida.

Olívia não sabia o quão próxima eu ficara dele em apenas um dia e eu preferia que continuasse assim para evitar qualquer coisa.

– Dá pra ver a baba escorrendo no seu rosto. – disse no ouvido dela.

Ela pulou com o susto e passou a mão pela boca acreditando no que eu dissera.

– Qual é? Olha a estrutura do menino, vai me dizer que não ficou babando da primeira vez que viu?

– Você nunca viu ele sem camisa? – levantei a sobrancelha e ela negou. Isso porque eles deviam ser amigos a mais de anos.

– Bem,sim, na praia e tudo mais. Mas nunca assim totalmente casual e... Espere aí! – ela balançou a cabeça rapidamente. – Quer dizer que você já o viu assim outras vezes? – seu sorriso sumiu e ela assumiu uma expressão que eu nunca tinha visto em seu rosto.

Não sabia dizer se ela estava chateada, com ciúmes ou qualquer coisa. Eu só o vira assim uma vez, 24 horas atrás, além disso, não vi nada de errado.

– Olhe, o garoto anda seminu pelo quarto e deixa a janela aberta, não é minha culpa. – defendi – Achei que vocês eram mais próximos ou que você ao menos sabia que ele morava aí.

– Bem... talvez nem tanto, sabe, ele é meio reservado e tudo isso. – ela falou tímida e vermelha. – Mas eu realmente gost...

– Festa do pijama? – Daniel, que até agora arrumava alguma coisa no seu quarto calado, inclinou seu corpo para fora da janela e disse alto. Foi a primeira vez que notei quão próximas nossas janelas eram. Se ele tentasse ir um pouco mais para frente conseguiria entrar no meu quarto sem dificuldade. Claro, se não caísse do 2° andar. – Pijama fantástico, Cerejo, pela que não consigo ver o seu daqui, Valentina.

Olívia, que vestia um blusa indecente rosa com bolinhas pretas e um micro short que deixava suas longas pernas amostra dobradas sobre a mesa, ficou vermelha novamente olhou dele para mim.

– Não está perdendo nada, colega, apenas moletom. – garanti a ele. Agora seria uma boa você botar alguma coisa.

– Se não se incomoda, prefiro dormir assim, ou é difícil se concentrar com isso? – perguntou convencido.

– Vá procurar alguém para massagear seu ego. – revirei os olhos me levantando para fechar as cortinas.

– Não, só me deixe ver a parte da luta de travesseiros! – ele pediu.

Olívia riu e eu senti vontade de empurrá-la para ele. Você não tem direito de fica com ciúmes, Valentina.

– Sério, sem brincadeira, você tá melhor? – ele perguntou com o mesmo tom do Daniel de um dia antes. – Digo, a sua perna.

Demorei alguns momentos para me lembrar. Minha perna ainda lantejava e doía quando eu tentava dobrar muito o joelho. Mas estava bem.

– Nada de patins por um bom tempo, mas está quase perfeita.

– O que houve com sua perna? – Olívia quis saber me lembrando de sua presença ali.

– Eu caí. Caí ontem. Na praça. O Daniel me ajudou com os machucados. – falei atrapalhada.

– Ah, isso explica você ter me dado seu MP3.

– E sua testa? – perguntei sem pensar.

O menino levantou um pouco o cabelo revelando um leve traço em cima de sua sobrancelha direita.

– Nada mal.

Um sorriso pequeno surgiu em meus lábios, mas logo sumiu.

– Vou deitar e ligar pro Matt, tranque a janela depois, Liv. – pedi. – Nunca se sabe o tipo de lunático podem existir aí fora.

Me joguei na cama, debaixo das cobertas. O frio ainda reinava por ali. Disquei o número do meu amigo e conversei algumas minutos com ele. Sobre a vida, futebol, a última música do Cold Play, a atuação da protagonista da novela das oito, o clipe da minha banda preferida de KPop que tinha saído aquela tarde – o meu gosto musical era totalmente screto. Nada sobre a distância, nada sobre médicos. Uma conversa normal para um dia.

Pouco depois os risinhos e palavras abafadas cessaram e senti o corpo comprido da minha prima se jogar do meu lado. Talvez eu não tenha pensado quando falei, talvez eu tenha pensado demais.

– Liv? – chamei-a.

– Humm? – ela resmungou.

– Você me ajudaria caso eu... ahn – me atrapalhei.

– Caso o quê?

– Eu quero ele de volta. – falei e me senti mais leve automaticamente.

Suspirei e fechei os olhos quando os risinhos e “Já era hora” “Eu sempre soube” “Não disse?” saiam animadamente da boca da minha prima. Dormi um pouco depois de ouvir um “Amanhã a gente começa o plano. Infalível, pode ter certeza!” Eu tinha diversas respostas para aquilo, mas resolvi cuidar da animação toda da garota no dia seguinte, estava cansada demais.


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Notas finais do capítulo

sei que é chato ficar pedindo, mas comenteeeeem, please, me deixariam muito feliz.



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