O silêncio era absoluto. Só se ouvia o tique –taque de um relógio.

Observei o corpo inerte como se dominasse um sono tranquilo, mas ao descobrir o rosto, deparei com uma face jovem e serena, a boca relatava um quase sorriso de felicidade, deveria ter no máximo uns 18 anos, era uma criança...

Não sei quanto tempo ali fiquei, incapaz de um movimento, não podia conceber uma coisa assim, que uma jovem tão linda pudesse dar cabo a sua vida de uma maneira simples. Uma dose exata e fatal de um pequeno frasco de veneno. Ainda meio perplexo, escutei a voz do inspetor ao dizer aos seus companheiros: todo o serviço já foi feito, o motivo... Talvez uma briga com o namorado.

Por fim , arrastei-me dali para fora, duvidando da minha vocação para repórter policial. Nunca falei ao redator do noticiário no qual era estagiário, ou a qualquer colega dessa minha reação.

No dia seguinte voltei a casa lilás. A porta estava fechada e suas janelas também, não havia percebido no dia anterior que a casa estava mergulhada exatamente no meio de um pequeno terreno, em volta por pequenas flores silvestres, como um postal.

Após observá-la por alguns instantes, dei a volta nos fundos, na área fixada a parede havia uma tabuleta com os seguintes dizeres:

“Eis meu lar, minha casa lilás... Venha ver...! Não deixem de vir ao lindo lugar...!”

Cris, 11.03.58

Li umas duas ou três vezes, não sei bem, só sei que sai dali um pouco confuso e envergonhado com minha insistência em querer saber, conhecer a qualquer preço aquela menina,o motivo que à levara cometer contra a sua vida, a sua família alguém que a conhecesse ... Sentia o espirito dela ali vivo em cada tábua que formava a pequena casa.

Passou-se uma semana, eu não esquecia Cris. Não conseguia descobrir quase nada de sua vida, as informações obtidas eram vagas, que não tinha família a não ser parentes distantes em outra cidade, e que seus pais morreram num acidente de automóvel a uns dois anos atrás e ficara só.