O Renascer dos Saiyajins escrita por jdredalert


Capítulo 3
Capítulo 3: Spark está morto? A doce e adorável Li


Notas iniciais do capítulo

Spark foi espancado num ataque covarde e atingido em cheio por um ataque de Asus, sendo arremessado longe. Agora, o jovem Saiyajin encontra-se na beira entre a vida e a morte. No entanto, o auxílio está à caminho, na forma de uma bela garota de coração enorme e extrema vontade de ajudar aqueles que são necessitados...



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A jovem e seu acompanhante haviam finalmente chegado às proximidades de onde ela sabia que existia um lago. Já estivera lá quando criança, com ele inclusive, para brincarem e se divertirem durante todo o dia nadando, colhendo frutas ou interagindo com os animais nativos. No entanto, o que havia chamado a atenção da jovem para o lugar naquela noite não fora a recordação dos tempos de infância, e sim a explosão que vira no céu, de seu povoado. Ela sabia que não havia sido muito longe e que deveria investigar sua causa, saindo do vilarejo acompanhada por seu fiel guarda costas.

- Senhorita Lily, tem certeza que deseja continuar seguindo em frente? Pode ser perigoso... – disse o guarda costas, um rapaz alto, de pele e cabelos claros, traços finos, olhos azuis como o cair da noite e o mais marcante de tudo, com orelhas grandes e pontiagudas.

- Sim Simon, eu preciso ver aquilo de perto... por favor, já estamos chegando. Se não for nada de mais, voltaremos para casa o mais rápido possível, ok?

Simon sorriu, incapaz de negar algo à jovem Lily. Ela também possuía os mesmos traços finos de Simon, bem como os cabelos louro claro, olhos azuis e orelhas pontiagudas, porém era baixa, algo em torno de 1,55 m. Ambos pertenciam à raça original do planeta Omega-003, eram Kelfos, seres místicos extremamente poderosos, que amavam à filosofia, conhecimento, paz, bondade e misericórdia. Colocando em lados opostos da mesma balança, eram como se fossem o antônimo dos Saiyajins, que tanto amavam os combates, a luta e a violência.

Os sons da água já podiam ser ouvidos por Lily e Simon, e como ambos se encontravam num belo bosque, a jovem precipitou-se rapidamente em meio as árvores, até chegar ao local onde quando criança costumava brincar.  O lago ainda continuava o mesmo, com algumas rochas próximas e uma cachoeira, uma relva crescendo ao redor do mesmo e algumas árvores dando o toque de paraíso ao lugar. No entanto, o corpo de um jovem estava boiando numa das margens, do outro lado do lago.

- Simon, olha ali!

A garota correu até o corpo do jovem que boiava, inerte. Possuía um grande corte na testa, por onde lhe escorria bastante sangue sem parar. Suas roupas estavam sujas e rasgadas – Que estranho, porque esse menino usa uma armadura? – e seu corpo estava coberto de feridas. Trazia uma expressão de sofrimento no rosto, que também apresentava outras escoriações  além da ferida da testa. Trazia consigo também um pequeno aparelho preso ao olho, com uma lente verde rachada.

- Coitado... nossa, como está ferido...

Simon veio correndo, mas no momento que viu o jovem, não teve a mesma compaixão de Lily. Pelo contrário, tirou a garota de perto dele e com um rápido movimento, tirou das costas uma espada que carregava, apontando-a na direção do rosto do rapaz inconsciente.

- Afaste-se dele, Lily!!

- Simon!? Qual o problema?

- Não se deixe enganar, Lily! Esse garoto que está aí diante de você é na verdade um Saiyajin!

- Um... Saiyajin? – Lily repetiu, com o dedo indicador tocando o queixo, sem entender – E o que é um Saiyajin?

- Saiyajins são uma raça de guerreiros vis e desprezíveis! São assassinos cruéis, desalmados, que já causaram muitos problemas universo afora, são responsáveis pela destruição de incontáveis planetas e extinção de diversas raças! Agora você está vendo um garoto ferido, mas se ele estivesse sadio, talvez já tivesse tentado assassinar nós dois, por pura crueldade!

- Mas Simon, não podemos simplesmente deixar esse garoto ai! Olhe só para ele, vai morrer se não fizermos nada.

- Você por acaso quer ajudar ele? Ajudar um Saiyajin? Lily, de todas as coisas insensatas que você poderia querer fazer, ajudar um Saiyajin seria a pior delas! Não escutou nada que eu falei? Os Saiyajins são brutos, truculentos, não passam de selvagens!

- No entanto, se não o ajudarmos e isso causar sua morte, nós teremos sido cúmplices de um assassinato! – o tom de voz de Lily começava a ficar mais sério, e seu olhar, determinado.

- Lily... se você está pensando em levar este monstro para casa... não, não, por favor, não faça isso!

- Não podemos simplesmente deixar ele aqui para morrer... Simon, eu sei que você não gosta da espécie desse garoto e você com certeza tem muitas razões para isso... talvez ele realmente seja um selvagem, e esteja às portas da morte após ter se envolvido em alguma luta sem sentido... mas não posso, como uma sacerdotisa em treinamento, deixar de ajudar um ser vivo que precisa de mim e que pode vir a melhorar com a minha ajuda! Ajudar o próximo sem pedir nada em troca, é isso que eu aprendo todos os dias na academia... porque as regras de amor universal não podem se aplicar ao garoto, só porque ele é um Saiyajin?

Simon levou a mão ao rosto. Conhecia Lily muito bem e sabia que, uma vez que ela colocasse uma idéia na cabeça, ela iria seguir a fundo com ela até não poder mais. E, se fosse contrariada – ainda mais num caso literalmente de vida ou morte – iria ficar extremamente irritada com ele. O guerreiro guardou novamente sua espada nas costas, resignado e balançou a cabeça negativamente antes de dizer:

- Ok, você venceu... mas não diga que eu não avisei, se quando ele tiver recuperado suas forças ele tentar destruir tudo. Saiba que se esse Saiyajin miserável começar a causar problemas, eu serei o primeiro a cotar sua cabeça. Estamos entendidos?

- Sim, tudo bem, Simon! – ela respondeu, com um sorriso nos lábios e o brilho infantil em seus olhos.

Era à contragosto, e Simon não fazia questão de demonstrar isso, mas ainda assim ele tirou o jovem Saiyajin da água e o colocou em seu ombro. Em seguida, afastou-se um pouco do lago e olhou para o céu estrelado.

- Melhor voltarmos logo para casa, ou o seu amigo não vai resistir. Eu posso sentir, seus sinais vitais estão muito fracos e seu ki está a um passo de se extinguir. Se demorarmos muito, com certeza ele morrerá. Consegue me acompanhar, Lily?

A garota respondeu positivamente com um aceno com a cabeça, o que foi o bastante para que Simon aumentasse seu ki e ambos ganhassem os céus, em grande velocidade. Enquanto voavam rumo ao seu lar, Simon não parava de pensar no rapaz que carregava consigo.

Eu devo estar ficando louco... um Saiyajin em nossa cidade! Isso está errado, se por algum motivo ele resolver destruir tudo, terá sido responsabilidade minha por ter levado um indivíduo perigoso ao nosso povoado! No entanto, é impossível dizer não à Lily... ela é tão bondosa, tendo compaixão mesmo por um Saiyajin... ah, se você por algum acaso nos trouxer problemas, eu serei o primeiro a querer te matar, Saiyajin! Esteja certo disso!

Enquanto isso, o grupo de guerreiros liderados por Asus voava de volta à Fortaleza, festejando e dando vivas enquanto atravessavam uns aos outros no meio do vôo. Todos estavam extremamente sorridentes com o feito da noite. Até mesmo Dieter, com o nariz quebrado e sangrando pareceu esquecer de seu ferimento.

- Nós acabamos com aquele moleque! – ele dizia, segurando o próprio nariz.

- Com certeza! – acrescentou Dirk, orgulhoso – Nós mostramos a ele o que é a verdadeira força de um Saiyajn! Morra! Quero mesmo que morra, miserável!

- Será que ele está morto mesmo? Ainda acho que deveríamos ter ido lá checar o corpo... – falou Gyules, arriscando um palpite. Asus olhou feio para ele, não parecendo tão bem humorado quanto os demais.

- Cale essa sua boca, Gyules infeliz! De todos nós você foi o único que foi derrotado, derrotado com apenas um golpe ainda por cima! Quem você pensa que é para querer abrir a boca entre nós, seu verme?

Como de costume, os demais riram da cara de Gyules, que se sentiu bastante inferiorizado. Asus continuou.

- Você não tem moral nenhuma para continuar aqui entre nós, babaca! Sugiro que continue a seguir seu caminho sozinho, se não quiser levar também uma surra com a que Spark acabou de receber!

- Mas, senhor Asus! – ele protestou, porém sem perder a reverência – Com todo o respeito senhor, mas quem lhe contou sobre a cauda de Spark fui eu, não acha que deveria me tratar com um pouco mais de...

Asus interrompeu bruscamente seu vôo, fulminando Gyules com um olhar que beirava a insanidade. Ele deslizou no ar até o pequeno Saiyajin suavemente, até ficar frente à frente com ele, que agora tremia de medo.

- Um pouco mais de que, Gyules? Gostaria de terminar a frase, por favor?

Os demais pararam de voar também, observando o desenrolar da cena. Gyules parecia ainda menor, o rosto pálido e suado, com um grande hematoma do lado, parecia querer se contorcer de pânico.

- Anda Gyules, você não tinha algo a dizer? – Asus continuou, quase perfurando-o com seu olhar.

- R-res-respeito, senhor... r-respeito... era isso que eu ia dizer... sim, mas não faz diferença agora, faz?

Asus gargalhou bastante, sendo acompanhado pelos demais. Sem saber o que fazer, Gyules riu também e por um momento acreditou que a tensão estava desfeita. Somente até o momento em que Asus o segurou pela garganta, num rápido movimento que surpreendeu a todos.

- Escute aqui, seu imbecil... vou falar apenas uma vez para que preste atenção, pois odeio repetir discursos... a informação sobre o ponto fraco de Spark não influenciou em nada, eu disse NADA, na vitória que eu obtive sobre ele hoje. Apenas o usei para humilhá-lo ainda mais, portanto não pense, nem sonhe em atribuir um por cento sequer de minha vitória a si próprio, está me entendendo? E tem mais... você é ainda mais inútil do que ele, um inseto insignificante que eu deveria esmagar aqui e agora! Mas se eu fizer isso você não será suficientemente humilhado, portanto deixarei que viva, na certeza de que você nunca irá poder ser um de nós, pelo menos não nessa vida! Agora tome isso!!

Asus acertou a cabeça agora quase completamente roxa de Gyules, mandando-o em alta velocidade para o chão, enquanto os demais presentes se acabavam numa altíssima – e um tanto forçada – gargalhada coletiva. Quando um punhado de poeira pode ser vista erguendo-se do chão, lá embaixo, Asus virou-se para seus companheiros olhando fixamente o horizonte.

- Vamos rapazes... quem chegar por último pagará a bebida!!

Os quatro dispararam em altíssima velocidade, alheios ao fato de terem deixado para trás um Gyules que chorava de raiva e vergonha de si mesmo. E que jurou para si mesmo que um dia seria forte o bastante para ser reconhecido por Asus.

* * *

Uma sensação de calor invadia o corpo de Spark, ainda envolto nas trevas. Ele sentia a dor de cada ferida de seu corpo, latejando, como se cada uma gritasse num coral desordenado, entregue ao desespero. Aquela sensação pareceu piorar, e seu corpo inteiro ardeu por um quarto de segundo, quando no momento seguinte pareceu se entorpecer. Os gritos de dor de suas feridas cessaram de imediato, dando lugar à agradável sensação de alívio. Sentiu que as trevas ao seu redor começaram a se dissipar e só então começou a notar os sons que o rodeavam, entre vozes que murmuravam coisas ainda sem sentido e um badalar distante, como o de um sino. Spark estava voltando à consciência.

Seus olhos se abriram lentamente, dando-lhe uma percepção turva do mundo ao seu redor. Ele sentou-se na confortável cama que estava deitado, coçando os olhos com as costas das mãos. Quando o mundo voltou ao foco, Spark percebeu que estava num local onde nunca estivera antes. Paredes claras, construídas de pedras e mármore; uma estante cheia de tranqueiras das quais nunca havia sequer ouvido falar; uma mesa, com um pergaminho aberto, uma caneta e um tinteiro. Sem contar na cama que estava deitado, cujo confortável colchão estava forrado com um lençol de tecido fino e agradável. Ao lado da cama, encontravam-se os restos da armadura que Spark estava usando e também seu rastreador, rachado.

A porta de madeira do quarto se abriu, e por ela entrou uma jovem loira de orelhas pontiagudas. O Saiyajin olhou diretamente para ela e por alguns instantes perdeu a noção de tempo e espaço, de onde estava e todas as suas dúvidas pareciam ter sido apagadas, substituídas apenas por um único pensamento: Como ela é bonita...

Ela usava roupas feitas com o mesmo tecido do lençol que cobria a cama, um longo vestido branco com uma faixa rosa presa à cintura, que desenhava seu corpo. Calçava sandálias feitas de couro de animal e trazia em suas mãos uma bandeja com uma refeição.

- Oh, você está acordado – ela disse, sorrindo para o rapaz, que não podia deixar de notar o azul de seus olhos e como ela conseguia dobrar a sua beleza enquanto sorria – pensei em deixar essa sopa ao lado de sua cama para quando despertasse, mas agora você já poderá comer aí mesmo! Está com fome, não está?

- Huh, é... sim, eu acho... – ele respondeu, perdido. Que sensação era aquela que parecia se acumular em seu peito e bagunçava suas idéias?

- Ah, que ótimo! Então aproveite a sopa, está uma delícia! Se quiser mais, é só pedir que eu lhe trago! À propósito, me chamo Lilyan Güte Seele, mas pode me chamar apenas de Lily! E seu nome, qual é?

- Me chamo Spark. Apenas Spark, desde pequeno. – ele respondeu, tentando economizar nas palavras, já que elas pareciam se embolar ao querer sair, todas juntas.

- Spark, que nome estranho... oh, perdoe-me, deve ser um nome muito bonito entre seu povo, os Saiyajins.

- Na verdade, é um nome bem comum... Lily, certo? Me diga, onde estou? O que aconteceu? Aonde foram parar Asus e os outros?

Lily sorriu para ele novamente, sentando-se ao lado do rapaz, na confortável cama. Ela fez sinal para que ele experimentasse a tigela com a sopa – um liquido pastoso e verde – e em seguida disse com uma voz extremamente amável.

- Tenha calma, Spark. Todas as suas dúvidas vão ser sanadas. Mas por favor, por agora apenas coma. Te encontramos gravemente ferido e você passou horas e horas inconsciente, deve estar fraco e com fome. Prometo-lhe que após comer, irei te levar para conhecer uma pessoa que poderá te esclarecer tudo, ok?

Aquela garota definitivamente deveria possuir algum poder que Spark desconhecia, ou assim ele pensou. A cada palavra o rapaz parecia mais entorpecido e extasiado ao mesmo tempo. Um misto de emoções que ele nunca havia sentido antes, uma sensação muito agradável que até então, só havia sentido naquele instante na companhia daquela jovem. Incapacitado de sequer argumentar, o garoto levou a tigela de sopa à boca, virando metade de seu conteúdo de vez. Era de fato deliciosa, levemente picante e sem ao menos se preocupar com boas maneiras, Spark engoliu todo o resto da sopa n’outro gole e disse, num tom mais alto que desejava ter falado:

- Quero mais!

A jovem sorriu, se levantou da cama e, segurando Spark pelo pulso, o conduziu à saída do quarto.

A casa era limpa e bem arrumada. As paredes e o chão eram extremamente brancos, feitos da mesmas pedras e mármore do quarto. No centro da sala, havia um grande globo de cristal que Spark não fazia idéia de qual seria a sua utilidade, além de algumas plantas ornamentais e uma estante cheia de livros.

- Nós somos uma raça que preza bastante a leitura, a sabedoria e conhecimento. – observou Lily, ao notar o olhar curioso de Spark, por todo o ambiente – Não somos uma raça que se dedica à guerras e a lutas, porém somos muito poderosos.

- Raça...? Então, se não são Saiyajins, o que vocês são?

- Ora, você não sabe? Eu sou uma Kelfo! Nós somos a raça natural do planeta Omega-003, já estávamos aqui muito antes dos Saiyajins chegarem. Estudei a história depois que você chegou e descobri muita coisa que foi oculta das pessoas mais novas. Pessoas de minha idade não fazem idéia do que seja um Saiyajin, ou que exista uma colônia deles em algum lugar ai fora...

- Ah, você se refere à Fortaleza... – Spark recordou-se de sua casa, com amargura – Sim, somos um grupo em torno de duzentas ou duzentas e cinqüenta pessoas... Mas eu também nunca havia ouvido falar de uma raça chamada Kelfo...

Lily foi até o fogão e encheu novamente a tigela de Spark com a sopa verde, oferecendo a ele em seguida.

- Tome, coma à vontade.

O jovem Saiyajin não parecia ser uma má pessoa aos olhos de Lily, nem mesmo um ser cruel e assassino como Simon havia dito, mas definitivamente não tinha modos à mesa. Devorou a sopa em menos de um minuto, derramando um pouco da mesma em sua roupa.

- Oh, está sujo! Espere um momento que eu vou limpar. – a jovem estendeu a mão, colocando-a perto do peito de Spark, e em seguida a mancha de sopa sumiu de suas roupas.

Apenas neste instante que Spark reparou nas vestes que estava usando: uma calça e camiseta marrom, com uma faixa vermelha presa à sua cintura e sapatos feitos de couro em seus pés. Eram roupas típicas daquele povo, e o jovem Saiyajin sentiu-se um pouco estranho em estar vestindo aquilo, mas preferiu não dizer nada. Ainda tinha fome, mas algo – talvez bom-senso – o fez frear seus impulsos por comida. Ele conhecia seu estômago como ninguém e sabia que iria apenas esgotar a sopa da casa da garota Lily, e não iria saciar sua fome direito.

- Ouça, Lily... eu gostaria muito de saber as coisas agora. Onde eu estou, quem são os Kelfos e onde estão os outros Saiyajins que estavam lutando comigo. Você pode me levar até a pessoa que pode me dar todas as respostas?

- Sim, claro. Venha comigo, vou te levar até ele.

A jovem foi até a porta da casa e murmurou palavras incompreensíveis aos ouvidos do Saiyajin, fazendo-a se abrir. Ela indicou com um sinal com a cabeça para que Spark o seguisse e ele o fez. Ele foi recebido pelos raios de sol da manhã, e uma visão que nunca se esqueceria: uma cidade diferente de tudo que havia visto em sua vida. Diversas casas feitas de pedra branca, escadarias que conduziam à ruas pavimentadas e cheias de gente. Haviam casas pequenas e rasteiras, e outras com diversos andares, como prédios. Nas ruas haviam canteiros floridos, fontes que jorravam água cristalina e diversas pessoas idênticas à Lily, com traços finos e orelhas pontiagudas. Cristais púrpura pairavam, flutuando, acima de postes por todas as ruas.

A casa onde Spark e Lily se encontravam era alta, e seria necessário descer uma escadaria de pedra polida para que chegassem à rua. Todas as pessoas pareciam tão diferentes... todas usavam as roupas feitas de tecido e outros ornamentos tais quais brincos, tiaras, pulseiras e colares. Spark pôde notar que várias das mulheres usavam maquiagem e praticamente todas as pessoas eram bonitas. O Saiyajin prestava atenção a tudo e a todos, com uma curiosidade infantil que tomava conta de seu ser.

À medida em que andava nas ruas, os demais Kelfos olhavam com espanto para Spark. Pareciam nunca ter visto um forasteiro em suas vidas, e recaiam seus olhares ao garoto e principalmente à sua cauda, que estava agitada dançando no ar ao invés de enrolada na cintura como de costume. Spark sentia-se diferente, na certeza que não pertencia àquele ambiente. Lily no entanto sorriu, bondosamente.

- Faz muito tempo desde que a nossa cidade recebe um visitante. As pessoas daqui tem apenas um defeito, Spark, elas não gostam de se abrir para novas culturas ou povos diferentes. Embora sejamos amantes da natureza e dos seres vivos, raramente nos damos com outras espécies inteligentes, ou mesmo os trazemos para nossas vidas. Os sábios dizem que as demais raças causariam muitos conflitos desnecessários, principalmente sua raça, a Saiyajin. Meu pai e eu tivemos de enfrentar muitas situações desagradáveis desde o dia que você chegou aqui.

- Desde o dia que eu cheguei? Por quanto tempo eu fiquei desacordado? – Spark perguntou, com a expressão um tanto séria.

- Três dias e três noites. Você ficou desacordado por muito tempo, mesmo depois de termos te curado... Pensamos que você talvez não fosse resistir, estava tão ferido quando chegou...

Spark travou os dentes e fincou os punhos, recordando-se da luta covarde que armaram para ele. Ele se recordou de cada golpe recebido e da humilhação que sofrera quando, após derrotado, ainda assim recebeu um ataque direto que quase lhe custara a vida.

Vendo que a menção aos ferimentos recebidos conseguia irritar bastante Spark, Lily tocou seu braço e as suas mãos quentes pareceram acalmar instantaneamente o jovem rapaz.

- Me perdoe, não queria te trazer más recordações... por favor, peço que me desculpe.

Ela era tão educada, tão meiga como Spark nunca havia conhecido ninguém assim. Fora tomado por uma paz imensa ao ser tocado por Lily, e simplesmente não conseguia mais pensar em Asus e seus asseclas, apenas em se acalmar e sorrir.

Os dois chegaram à uma grande escadaria, ladeada por postes de ferro com cristais azuis que flutuavam acima dos mesmos, emanando uma luz néon etérea, que levava à uma grande pirâmide, com diversos canteiros e flores ao redor. Lá no alto, havia uma grande porta dupla de madeira.

- É aqui – disse Lily, após chegarem no topo – O grande senhor Kopf Güte Seele o espera...

- Güte Seele? É seu nome, correto?

- Sim. Para todos os habitantes de nossa grande cidade, Himmel, ele é o grandioso Kopf Güte Seele, membro do conselho de anciões, o dito homem mais sábio do nosso império, conselheiro direto do Grandioso Imperador e líder dos nossos exércitos. Mas para mim, ele é apenas papai.

Novamente, Lily pronunciou palavras ininteligíveis à Spark, que fizeram as grandes portas duplas se abrirem como que por magia. O Saiyajin estava ansioso, pois sabia que iria se encontrar com uma pessoa muito importante e deveria demonstrar o máximo de respeito e gratidão possível. Era um corredor longo, com um tapete vermelho no chão. Haviam mais daqueles curiosos cristais pairando no ar, emitindo uma luz azulada por toda extensão do mesmo. Ao fundo, um trono, onde estava assentado um homem velho com uma longa cabeleira branca e lisa. Seu olhar era sério e penetrante, porém não parecia um homem ameaçador, e sua expressão exibia uma certa curiosidade para com o Saiyajin. Ao seu lado, um homem jovem de cabelos claros e olhos azuis escuros carregando uma espada nas costas.

- Aproxime-se, meu jovem, por favor. – disse o mais velho à Spark, sinalizando com a mão para que chegasse mais perto – Não precisa ficar acanhado, sim?

Spark obedeceu, dando passos curtos porém ritmados, fazendo o possível para manter sua cauda o mais quieta possível. Ao chegar a uma certa distância, o jovem Saiyajin ajoelhou-se de cabeça baixa, numa reverência idêntica a que estava acostumado a fazer para o Governador Dio, na Fortaleza. Kopf deu um riso bondoso, levantando-se de seu trono e caminhando até Spark, tocando com gentileza seu ombro.

- Meu jovem, levante-se. Não precisa se ajoelhar perante à mim. Me chamo Kopf Güte Seele, sou o Chanceler deste reino maravilhoso... mas para você, serei apenas Kopf, um amigo. Vamos, levante-se por favor, sim?

O olhar do guardião jovem exibiu desaprovação às palavras do Chanceler, no entanto não passou disso. O respeito que tinha por seu superior era tanto que não se atreveria a dizer nada. Spark então levantou-se, sem saber ainda o que dizer direito. Kopf então continuou, a fim de ajudar o jovem a encontrar suas palavras.

- Vejo que já conheceu minha filha, Lily. Foi graças à ela que você se salvou meu jovem. Da varanda de seu quarto, Lily viu o que parecia uma explosão no céu e sentiu que alguém precisava de ajuda. E foi correndo ao seu auxílio, acompanhada por meu leal guarda costas e seu amigo de infância, Simon, aquele guerreiro que se encontra ali. Simon cumprimente o jovem Saiyajin, sim?

Era evidente que Simon estava se movendo à contragosto. Estendeu a mão à Spark direcionando-lhe um olhar de aversão e desprezo, um olhar que o jovem Saiyajin estava acostumado a receber diariamente por muitos na Fortaleza, mas que por um segundo acreditou que nunca mais veria enquanto estivesse naquele lugar mágico.

- Foi o Simon que te carregou nas costas, jovem Saiyajin, e te trouxe para a cidade o mais rápido possível. – observou o Chanceler, sorrindo – se não fosse pelo bom trabalho desses dois, era certo que neste momento você estaria morto.

- Senhor, por acaso algum de vocês teria visto outros Saiyajins próximos ao local onde me encontraram? Havia mais alguém além de mim? Um homem alto de longos cabelos espetados talvez, acompanhado por vários outros que o seguem como se fosse uma espécie de chefe? – Spark indagou, parecendo um pouco eufórico. As lembranças vivas de seu quase assassinato fizeram seu sangue ferver novamente e ele uma vez mais travou os punhos, de raiva.

- Eu sinto muito, meu jovem. Você foi encontrado nos bosques que cercam a capital de nosso Império. Não havia ninguém mais lá, exceto os animais do lugar.

Neste momento, Spark se deu conta de quão longe havia sido lançado pelo ataque destrutivo de Asus, o Big Bang Attack. Eles haviam lutado na zona desértica daquele planeta e, segundo os conhecimentos de Spark, do deserto para alguma área com bosques havia uma distância de algumas centenas de quilômetros. De fato não haveria como terem visto mais alguém senão ele próprio.

- Meu jovem, queira ter a honra de nos contar, o que aconteceu com você? Quando o encontramos estava à beira da morte! Seu corpo estava repleto de feridas e sua energia havia se esgotado quase que por completo. Me diga, o que houve com você, senhor...?

- Ah, perdoe-me, Senhor Kopf, não me apresentei. Me chamo Spark, guerreiro Saiyajin de Terceira Classe e aluno da grande guerreira Saiyajin Lenia, uma das mais poderosas dentre os sobreviventes. – Spark novamente se pôs de joelhos, numa reverência.

- Spark... seu nome é estranho aos nossos ouvidos... ora rapaz, já disse que não precisa se ajoelhar! Vamos, levante-se! Esqueça toda essa reverência por um instante! – falou o Senhor Kopf, rindo amigavelmente – Mas então, estou curioso, poderia me contar a sua história?

Spark levantou-se uma vez mais, respirando fundo e começando a narrar o cair da noite que fora atacado. Contou sobre a Fortaleza e sobre seu hábito de treinar às noites, sobre o rival Asus e a forma covarde como foi atacado por cinco adversários ao mesmo tempo. Terminou a sua narrativa contando que fora atingido por uma técnica de combate e arremessado quilômetros de distância.

O Chanceler parecia fascinado com tudo aquilo que havia escutado. Os Saiyajins, sempre tão misteriosos para todos do Império Kelfo agora eram como um livro aberto. Durante anos, desde o primeiro contato diplomático entre as duas raças, Saiyajins e Kelfos haviam tomado rumos completamente opostos. Ninguém sabia das atividades referentes aos respectivos povos e havia por parte dos Kelfos o receio que, uma vez que se estabelecessem e se recuperassem, os Saiyajins resolvessem exterminar todos os seres vivos de Omega-003, como sempre fizeram durante toda a história do Universo. Mas ao que parecia, os Saiyajins não pretendiam fazer nada contra os habitantes nativos do planeta e a democracia estabelecida estava intacta até então. Spark disse também que não fazia idéia de que existia uma outra raça inteligente naquele planeta e que nunca ninguém havia feito uma menção sequer aos Kelfos, garantindo o sigilo de seu império entre os Saiyajins.

- Incrível meu jovem, incrível... tudo que você disse é simplesmente impressionante. Mas se sua história for verdadeira e você realmente sofreu uma tentativa de assassinato, então não pode simplesmente voltar para casa. Não, isso seria um absurdo e aquele malfeitor só iria tentar acabar novamente com você e provavelmente conseguiria. Eis a minha sugestão, fique aqui morando entre nós por um tempo, até que as coisas esfriem e você possa voltar para casa. O lugar onde minha filha Lily mora será perfeito para te acolher durante as noites, e durante o dia você fará algo a ser decidido, de forma que não se sinta ocioso. O que me diz aceita essa proposta?

- Senhor, é muito generoso de sua parte, mas se ficar aqui apenas incomodarei... Lily me contou sobre os maus bocados que sua família enfrentou por minha causa, acho que minha presença aqui nesta cidade vai apenas atrapalhar. Agradeço muito a sua oferta, mas não posso aceitá-la...

- Tolice! Ora meu caro sou uma pessoa respeitadíssima entre o povo de Himmel, por minhas decisões! Creio que se eu levar este caso ao conselho e expor minhas razões, estará tudo resolvido. Por favor, fique pelo menos mais uma noite, até que este caso seja apurado pelo conselho. Seria uma honra para mim, como Chanceler, hospedá-lo na casa da minha filha.

Uma coisa era certa para Spark, Kopf esbanjava simpatia e tinha muito carisma, além de parecer ser uma pessoa extremamente amigável  e gentil. Simplesmente negar sua proposta seria uma grande ofensa. O jovem Saiyajin também ponderou o que o Chanceler havia dito sobre sua casa. De fato seria estupidez voltar à Fortaleza e sofrer mais um ataque de Asus. Após pensar novamente, ele concordou com um sorriso e um aceno com a cabeça.

- Tudo bem, Senhor Kopf. Ficarei muito feliz em morar aqui por um tempo, se isto não for um problema nem para o senhor nem para Lily.

- Ah, estou vendo que é um jovem sábio, Spark! Fico grato que tenha aceitado! Vamos, venha comigo! Te mostrarei toda a cidade de Himmel, e te apresentarei aos outros membros do conselho do Imperador. Tenho certeza que quando o conhecerem, vão ficar orgulhosos de tê-lo entre nós! Vamos, vamos!

Os dois seguiram à porta de entrada, deixando Lily e Simon para trás. Uma parecia extremamente satisfeita, sorrindo bondosa e alegremente. O outro olhava atravessado, como alguém que fora contrariado mas que não tinha forças nem argumentos necessários para combater a situação. Para Spark no entanto, sua estadia em Himmel lhe garantiria apenas uma coisa: mais tempo perto de Lily.


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Notas finais do capítulo

Oi! Hoje eu vou falar um pouco do Asus e dos outros Saiyajins.Asus é arrogante, egoísta, mal-caráter e orgulhoso. Qualquer semelhança entre este personagem e Vegeta NÃO é mera coincidência. A personalidade do Asus foi completamente moldada no Príncipe dos Saiyajins, embora a imagem que me vem na cabeça quando penso nele é algo que se assemelha muito ao Raditz (no quesito físico, com os cabelos enormes e espetados, por exemplo). No entanto, também contribuíram muito para a personalidade do Asus aqueles jovens rebeldes da década de cinqüenta dos filmes Hollywoodianos, que andam liderando ganguezinhas, bebendo nos points da cidade e desfilando todos juntos, ao som de um bom e velho Rockabilly (como Jerry Lee Lewis, Chuck Berry ou Elvis Presley, por exemplo), todos com os cabelos entupidos de brilhantina. Viajei longe né? Pois é, mas é o que me vem à mente, fazer o que né...? =DSe Asus foi feito inspirado em Vegeta, então seu tutor Tank foi inspirado em Nappa, correto? Sim e não. Seguindo a descrição fornecida por mim, é possível ver que Tank tem um pouco dos traços de Nappa (como altura e massa muscular) mas eu fiz questão de que os personagens não se parecessem em nada no quesito personalidade. Tank, apesar do tamanho, é um Saiyajin "bonzinho", por assim dizer. E ele tem uma queda pela Lenia, que ficará mais explícita no capítulo 4.Falando em Lenia, vamos à tutora de Spark! Uma mulher poderosa, bonita, com aparência jovem mas com vários anos de experiência de vida. Minha imagem da mulher ideal? He,he,he, porque não? Mas falando sério, ela é extremamente severa nos treinos e tenta passar uma imagem de durona, mas por dentro ela é bastante sensível, além de ter um apego por seu pupilo que ela detesta demonstrar, por orgulho talvez. A inspiração dela para mim foi um pouco (pouquinho, porém bastante significante) da Marin, de Saint Seiya, mas teve também a minha imagem do que seria uma instrutora Saiyajin mulher (uma pessoa forte e severa, brava e poderosa o bastante para poder se impor numa sociedade onde há uma soberania masculina). Vale destacar que o nome "Lenia" é inventado, e não há nenhum significado específico para ele. Existem mais alguns personagens à serem comentados, mas isto eu deixo para uma próxima vez! Um abraço a todos que estão acompanhando! Principalmente à Vanessa! =D



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