P.O.V Lisa

Eu não sei qual roupa usar! Aaaah! Céus, estou tremendo de tão nervosa aqui.

– Respira fundo Lisa! Você só vai conhecer a mãe do seu namoradinho. – Tia Belle tentava me acalmar.

– Só?! E se ela me odiar?! – Fiz a cara mais sofrida que conseguia.

– Aí você se fudeu legal, minha linda sobrinha.

– Obrigada pelo apoio moral. – Joinha!

– Deixa de neura! Apenas use qualquer roupa e seja você mesma. – Aconselhou.

– Ser eu mesma? Ela vai me achar uma desmiolada.

– Quer saber?! Cansei de tentar te ajudar, você é um pauzinho no cu!

– Espera! – Pedi antes que ela saísse do quarto. – Eu preciso de você, por favor!

A morena deu meia volta e voltou a se sentar em minha cama, na verdade, ela se jogou em minha caminha linda e seduzente.

Por fim escolhi uma roupa simples, mas arrumadinha ao mesmo tempo.

– Está linda! Agora vamos, eu vou te deixar lá. – Disse se levantando de minha cama.

– Não, deixa que eu vou de metr... Obrigada, eu aceito a carona. – Sorri feliz da vida por não ter que pegar a merda do metrô.

...

– Boa sorte Lis, tente não estragar tudo. – Aconselhou.

– Valeu, bitch... – Falei acenando.

Tia Belle ligou o carro e foi embora, estava na frente da casa que deve ser a de Jake e de Cat. É bem bonitinha, não muito grande e nem muito pequena.

Toquei a campainha e esperei já nervosa para caralho. Como ela deve ser? Parecida com qual deles? E o pai? Céus, eu vou suicidar nessa porta. / Baixa a bola Lisa! Nós iremos conseguir. / Nós? Você vai me ajudar? / Com certeza, considere isso um presentinho. / Eu te amo Leste!

A porta foi se abrindo rapidamente, a loira doida que eu tanto amo tinha um sorriso enorme e sacana no rosto.

– Hello cunhadinha! – Riu. – Entre, mi casa es tu casa!

– Eu to pirando, não piore as coisas Cat, por favor. – Apertei seu braço para me sustentar.

– Calminha, meus pais são legais, aposto que vão gostar do seu jeito.

Fudeu, quer dizer, ferrou.

– S-sua casa é bonita. – Falei admirando.

Sabe aquelas casa que você vê no Discovery Channel, onde uma família hippie, mas ao mesmo tempo acolhedora? É desse jeitinho a casa. Um estilo psicodélico, desleixado e lindo!

– Eles estão na varanda e tente se acostumar com o jeito hippie deles. –Parou para pensar. – Até que são parecidos com você.

A loira me guiou até uma varandinha do outro lado da casa, tinham três sofás do lado de fora e seus pais estavam conversando com Jake, assim que me viu se levantou e beijou minha bochecha. INFARTEI!

– Lisa, esses são meus pais. – Apontou para os dois e eu sorri e acenei. – Pai, mãe, essa é Lisa, minha namorada.

– E minha melhor amiga! – Intrometeu-se Cat se jogando ao lado do pai. – Não se esqueçam disso.

– Oi! – Falei.

Relaxa mulher! / Não dá, eu tento, mas não dá!

– Que bom finalmente te conhecer Lisa, esses dois vivem falando de você. – Disse a mãe de Jake. – Sou Bianca, seja bem vinda!

Bianca, era loira dos olhos azuis. Muito alta e com um corpo esbelto, usava uma saia longa e uma blusa colada. Seu sorriso era contagiante.

– Pode me chamar de Alfred, mas pode me chamar de Al. Meus pais eram caretas demais. – Fez uma cara de dor, que me fez sorrir.

Al, era moreno dos olhos castanhos e seus cabelos eram longos, batiam no ombro. Tenho que admitir, para um pai de dois filhos mais velhos, era muito bonito.

– Estou muito feliz por conhecer vocês. – Sentei-me ao lado de meu namorado.

– Conte-nos sobre você Lisa, esse é seu nome mesmo ou apelido? – Questionou Bianca.

– Meus pais também são caretas, na verdade me chamo Elizabeth.

Os dois riram, Cat fez sinal positivo para mim.

– É verdade tudo que a Catherine nos disse? – Al apontou para a filha. – Pelo visto vocês duas juntas são muito bagunceiras.

Ri, nem precisei forçar a risada.

– Acho que sim,essa loira não é a pessoa mais normal que eu conheço.

– Ei! Você não tem muita moral para falar de mim! – Cruzou os braços.

– Apoio minha irmã, na primeira vez que nos vimos você teve um surto psicótico. – Jake riu enquanto colocava seu braço sobre meu ombro.

– Traidor! Você é meu namorado, tem que me defender. – Fiz beicinho.

– Sou seu namorado, não o seu santo. – Bati de leve em seu outro braço. – Como você é forte Lisa!

Ótimo, os dois estão claramente me avacalhando! Chega a ser injusto isso sabiam?!

– O que você quer fazer da vida Lisa? – O moreno perguntou.

– Quero fazer curso de Jornalismo, e mais tarde escrever alguma coisa.

– Que maneiro, quer ser igual aquelas escritoras inglesas?

– Mais ou menos, acho que sim.

Conversamos mais um pouco sobre assuntos aleatórios, descobri que os pais de Jake e Cat trabalham como biólogos e fazem trabalho comunitário para ajudar a vida marinha e já se acorrentaram em uma árvore do parque para que ela não fosse cortada. / Sempre quis fazer uma coisa dessas, mas você é muito chata! / Eu?! Eu pulei de um prédio! / VocÊ desceu pela escada de incêndio! / Mas eu podia ter caído, sou vida louca minha filha! É nóis!

A conversa estava descontraída, Bianca trouxe suco natural de beterraba (Delícia!) e biscoitos caseiros para comermos. Tudo estava legal, até que entramos em um assunto bem delicado.

– Como são seus pais Lisa? – Perguntou Al tomando um gole de seu suco.

Engasguei com o biscoito que comia. Jake bateu em minhas costas de leve, assim que voltei ao normal olhei assustada para Cat, pedindo ajuda, ela mexeu os lábios dizendo “Invente alguma coisa!”.

– M-meus pais estão separados, desde os meus 13 anos. – Comecei, pelo menos isso não é mentira. – Vivo com minha mãe e não sei onde meu pai está.

– Você nunca me falou isso Lis. – Jake colocou sua mão sobre a minha.

– Muito menos para mim! Isso é verdade? – A loira arqueou a sobrancelha.

– É, acho que me esqueci de mencionar. Foi mal aí! Hehe.

– Sua mãe deve ser uma batalhadora, ser mãe solteira e conseguir criar uma filha tão boa como você. – Bianca sorriu para mim e eu correspondi ao mesmo.

...

Até que ocorreu tudo bem, sem tretas, Cat não contou para eles que sou rica, Bianca e Al me amam! Posso dormir com um sorriso no rosto.

– Foi divertido conhecer os seus pais. – Sorri para Jake.

Estamos na porta de sua casa, estou esperando minha mãe/tia vir me buscar.

– Depois pretendo conhecer a sua mãe, afinal, olho por olho. – Disse brincando.

Merda, sabia que uma hora ou outra esse momento iria acontecer. Mas estou preparadíssima para isso! Apenas tenho que apresentar tia Belle para ele e não minha mãe de verdade, podem não acreditar, mas minha tia continua fingindo ser minha progenitora, reuniões de pais e mestres, quando os professores precisam falar sobre meu “mau comportamento” é ela que vai.

– Ok, vamos marcar algum dia.

Ouvi a buzina do carro de minha tia, era hora de ir.

– Até segunda feira, adoro você. – Falei dando um selinho.

– Até!

Caminhei tranquilamente até o carro, nem escutei o que minha tia falava, apenas concordava e sorria igual uma debimental.