Meu Nome é Melody escrita por Maria Leal


Capítulo 3
Aquele Menino


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/464668/chapter/3

Acordei com o Gustavo me sacudindo, ainda estava escuro então eu não tinha ficado tanto tempo apagada.
–-Graças a Deus você acordou, quase me matou de susto.
—O que aconteceu?- Ainda estava confusa, só me lembro de tudo ficando preto e de ter visto dois olhos verdes me fitando.
–-- Você sofreu uma convulsão e apagou por uns dez minutos.
—Ah! E você achou que a melhor maneira de me acordar depois de uma convulsão era me balançando?
—Desculpa Mel, mas eu não poderia contar para ninguém, ia ser pior, seus olhos do nada ficaram verde quando você os abriu no meio da convulsão, foi assustador. Você está bem?
–-- É, só meio confusa. Quando apaguei eu vi uns olhos me observando, mas acho que foi por consequência do que aconteceu.
—A gente tem que ir para casa, ver o que você tem, vamos explicar para o pessoal e qualquer coisa a gente volta depois.
–-- Não, não mesmo. Eu vou ficar bem, juro. Se acontecer mais alguma coisa a gente volta, não quero estragar a sua comemoração.
–-- Se acontecer alguma coisa com você vai ser pior, não posso deixar.
–-- Por favor! Se eu voltar e minha mãe souber ela não vai me deixar em paz, eu prometo, qualquer coisa que acontecer eu te aviso e a gente volta. É melhor você voltar para a sua barraca, já está quase de manhã.
—Está bem- Ele me beijou e saiu da barraca, então ele olhou pra mim e disse- Qualquer coisa a mais a gente vai para o hospital. QUALQUER COISA- E começou a se afastar.
Passei o resto da noite pensando no que havia acontecido, eu nunca tinha desmaiado ou tido uma convulsão, e alguma coisa me dizia que aqueles olhos verdes não eram só um sonho, principalmente porque os meus olhos, segundo Gustavo, também haviam ficado verdes. Aqueles olhos eram sinistros de mais, atenciosos de mais, reais de mais.
Decidi levantar e sair da barraca, passar o dia deitada não deve ter feito bem para mim, até porque até coisas que não existem eu já estava vendo, aproveitei que todos ainda estavam dormindo e eu fui me preparar para as perguntas que viriam. Sentei na beira do rio e observei meu reflexo- ele estava horrível- meu cabelo estava bagunçado, muito bagunçado, eu estava com olheiras e muito pálida, percebi que não havia comido desde o almoço de ontem e meus olhos… Meus olhos começaram a ficar verdes aos poucos, meus olhos naturalmente são castanhos mas eles estavam muito verdes, meu cabelo começou a clarear e ficar branco mas quando desviei o olhar do reflexo percebi que meu cabelo estava na cor normal, fiquei confusa mas quando voltei os olhos para o rio e percebi que tinha uma idosa me fitando onde deveria estar o meu reflexo, ela tinha cabelos bagunçados e brancos, olhos verdes, o mesmo verde que havia visto quando desmaiei, rosto enrugado mas, eu pude perceber que ela tinha sido uma mulher muito bonito quando jovem, mas aquele rosto me chamou e comecei a me aproximar da água, cada vez mais perto, e acabei caindo na água, mas percebi que conseguia respirar e a mulher estava na minha frente, ela me olhava e pelo reflexo de seu olho percebi que o meu estava completamente verde; íris, pupila, tudo; como o dela.
–-- Você tem que ir, ainda dá tempo. É a sua vez, destinada. Você deve deixar estas pessoas, não estará sozinha, não é uma jornada solitária mas também não é para seus amigos. Não dá para negar o que você nasceu para fazer.
–-- Sobre o que você está falando? Tempo pra que?
E quando ela abriu a boca para falar uma mão me agarrou e me levou para a superfície, era a Rebeca, ela tinha o rosto preocupado e alarmado.
–-- O que foi? Eu só estava tomando banho- falei irritada, aquela mulher me intrigava e eu queria ouvir o que ela tinha para dizer.
–-- Tomando banho? Você estava se afogando
–-- Afogando? Se eu estivesse me afogando eu saberia
–-- Você ficou quase quatro minutos embaixo da água, isso é um afogamento
–-- Eu não engoli água, não estou sem ar, estou super bem, isso significa que não estava me afogando- Levantei e fui para a praia, sentei nas pedras e fiquei pensando no que havia acontecido, eu havia respirado na água e conversado com alguém, quando descobriria o que significava tudo aquilo que ela falou com tanta emergência, Rebeca aparece e interrompe a conversa dizendo que eu estava morrendo afogada, se estivesse me afogando, eu acho que saberia. No meio de meus pensamentos ouvi um barulho entre as arvores que iam para a praia e vi saindo de la um menino, ele era lindo, tinha os cabelos pretos e os olhos cor de mel que destacava a pele incrivelmente clara dele, mas não muito branca e tinha um corte vermelho na bochecha, ele tinha a expressão despreocupada e cortes no braço, na mão ele carregava uma garrafa de red label quase cheia, e vestia uma blusa simples preta e um moletom aberto surrado, quando levantou o olhar um meio sorriso brotou de seus lábios e ele comecou a se aproximar.
–-- Eu bebo para isso- Ele disse, sua voz era incrível, tinha um tom meio rouco embora eu não soubesse se era efeito da bebida- Esquecer, é um ótimo meio de despreocupar.
–-- Quem é você?- Tentei parecer preocupada mas a calma daquele menino me impedia
–-- Arthur, prazer, para de me olhar assim, não vou te sequestrar nem nada do tipo. É só que tem acontecido umas coisas estranhas na minha cabeça e estou tentando esquecer, quer um pouco?- Ele me oferece a bebida
Queria dizer que não mas ele parecia tão sereno que eu achei que isso ajudaria, peguei da mão dele e bebi , a princípio me senti estranha e acho que fiz uma cara estranha porque quando olhei o olhei ele ria de mim.
–-- A primeira vez que bebi também fiquei assim- E deu mais um gole e a gente ficou calado e ele me passou a bebida de novo- O que te aflige ?
–- Descobri que vejo coisas, e que respiro na água.
–- Respira na água? Vou nem perguntar, mas você também vê coisas?
–- Esse é o seu problema?- Levantei a cabeça
–-- É, eu vejo uma velha louca que fala que eu tenho que fazer alguma coisa e procurar alguma coisa que não entendi o que era porque tenho transtornos de atenção e aquele olho verde fluorescente dela não me deixava ficar concentrado no que ela dizia, então eu bebo porque em geral ela só aparece quando estou sóbrio
–- Você também vê ela? Ela de alguma forma vem tentando se comunicar comigo mas nunca da certo, eu até tive convulsões uma vez.
–- Eu tive pontadas de dor na cabeça na primeira vez e minha mente começou a girar e eu afundei.
–- Estranho que nós vemos a mesma coisa- Falei com dificuldade, já sentia minha língua querer enrolar enquanto falava e quando olhei para a garrafa estava quase no fim.
–- É, essa louca me persegue, sempre pergunto o que ela quer comigo mas não consigo ouvir a resposta.
Ele me dá o último gole e se levanta'' você descobriu meu ponto de pensamento, todo dia venho aqui, esse horário com uma garrafa, aparece mais vezes pra ver se a gente consegue entender essa louca imaginária '' ele diz e começa a ir embora, então ele para e vira lentamente de costas.
–-- Afinal… qual é o seu nome?
–-- Melody-E vejo que ele não entendeu direito, ele parecia meio alterado mas não como eu, ele parecia realmente um louco, então repeti de forma mais clara- Meu nome é Melody.
Ele foi embora e sentei na beira do mar e fiquei com as ondas batendo de leve nas minhas pernas, a água estava gelada e era de manhã, eu já estava bêbada pela manhã, decidi entrar de vez na água gelada para ver se aliviava o efeito do álcool e me sentir melhor na verdade, pareca mais calma depois dessa conversa, e confusa, quantas pessoas no mundo além de nós dois também vê esta louca? Será que é um tipo de doença? Eu achei que era única até ver que esse menino também vê coisas, amanhã com certeza voltarei aqui para conversar mais com ele e descobri o que mais a gente tem em comum, me levantei e fiquei na areia morrendo de frio enquanto o sol quente das 10h batia em meu corpo, comecei a voltar para o acampamento no sol para secar o máximo possível, eu estava com muita fome e precisava correr,e precisava também conversar sobre esse menino com o Gabriel.
Quando cheguei no acampamento todos olharam para mim e a namorada do Gabriel jogou para mim um espelho , quando olhei meu reflexo percebi que eu depois da praia e do rio estava pior que quando eu sai da barraca, e todos começaram a rir da minha cara e sem querer comecei a rir também. Corri para o chuveiro que a gente tinha montado improvisadamente para o banho e sai renovada com cabelo penteado e roupa limpa, e comi quase o café da manhã inteiro, e o almoço também, daqui a 5 dias a gente iria embora e eu já calculava as conversas de cada dia com aquele garoto.
Chamei o Gabriel para conversar com ele, com a viagem a gente quase não se falava e eu tinha que contar para ele, sentamos na beira do mar, a areia já estava quente e o sol estava rachando.
–-- Eu tive uma convulsão e vi uma coisa estranha, estava com medo e achei um menino aqui na praia que vê as mesmas coisas então passamos a manha bebendo, ele disse que ia voltar mas não acho que seja coincidência, não conta para o Gustavo por favor, ele com certeza ficaria com ciumes e não me deixaria ver ele, mas eu preciso conversar com esse menino para descobrir mais do que ele sabe e entender o que está acontecendo comigo,eu sei que 6h você já está acordado, então das 5 ás 6h 30m se o Gustavo acordar você distrai ele pra ele não ir á praia e me ver com o Arthur?
–-- Arthur é o menino ?
–-- Isso, é ele mesmo
–-- Claro né Mel, o que eu não faria por você ?
Abracei ele e comecei a beijar a bochecha dele de forma brincalhona
–-- Para com isso Mel, se a Denise ver ela fica com ciúmes- Ele disse rindo
–-- Não fica não- Falei apertando ele cada vez mais- Eu sei que ela sabe que é só amizade, ela não se importa, nem o Gus se importa e ele é mais ciumento.
–-- Ele é ciumento a ponto de querer matar esse tal de Arthur se ele soubesse da existência dele?
–-- Claro, por isso você vai impedir que ele saiba
–-- Que quem saiba o que?- ouço a voz do Gustavo vindo de trás
–-- Nada curioso- Falei rindo- Conversa entre irmãos
–-- É assim então?- Ele falou rindo e abraçou Denise que tinha aparecido ao seu lado- Então eu e a Denise vamos ter uma conversa particular também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Nome é Melody" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.