Pov. Edward
–Advogado ? – Bella me olhava surpresa.
–Sim, sei que não tenho jeito de advogado mas essa é minha profissão – sorri - Difícil de acreditar não é ?
–Não, só me pegou de surpresa – sorriu – Mas porque você não atua mais ?
–Acho que é meio óbvio não é Bella ? – apontei para minha cadeira.
–Não, ainda não vi o por que - arqueou a sobrancelha.
–Sério Bella ? Você acha mesmo que as pessoas confiam é um advogado cadeirante ? – lhe questionei.
–Elas tem que confiar no seu profissionalismo não com a cadeira – replicou.
–Mas as coisas não são assim. Tentei várias vezes voltar a trabalhar mas os nãos que levei foi o suficiente para ver que as pessoas ligam mais para sua condição física do que a intelectual – expliquei.
–Acho isso ridículo para uma sociedade que se diz tão igual, mas na verdade os preconceitos ainda existem ,só estão camuflados .
–Verdade, mas fazer o que não é ? – suspirei.
–Edward, se eu te pedir para me contar algo você contaria ? – perguntou incerta.
–Claro que sim – respondi prontamente.
–Como foi que você virou cadeirante ? – perguntou interessada.

Demorei um tempo pesando se deveria contar e decidi que já estava mais que na hora, afinal, eu participo da vida dela e ela tem o direito de saber da minha também.
–Você não quer falar sobre isso não é ? Desculpa – sorriu sem jeito.
–Não, tudo bem, acho que já está na hora de contar a você sobre minha vida .
–Só espera eu por a Clarinha para dormir, ai você me conta .
Assenti.
Dei um beijo em Anna e desejei bom sono, ela sonolenta me abraçou e foi nos braços da mãe.
É impressionante como eu havia me apegado a essas duas, não tem jeito, não consigo viver sem elas, principalmente sem Bella.
Ela voltou pouco tempo depois e sentamos na sala. Ela sentou no sofá e cruzou as pernas parecendo uma menininha.
–Bom , pode começar – instruiu.
– Eu morava sozinho, em um apartamento. Eu já deveria ter saído a mais tempo da casa dos meus pais, mas, eu não achava nada. Nenhuma casa que combinasse comigo, e eu juro, só comprei esse bendito apartamento, porque nenhuma das casas que eu achei bonitas estava dentro do meu orçamento. – eu respirei fundo. – O apartamento já vinha mobilhado também, o que ajudaria em muita coisa. Eu poderia me mudar logo e assim eu fiz. Eu já morava lá há um ano, aproximadamente, quando tudo aconteceu. – dei uma pausa, lembrando-me de tudo. – Era mais um final de tarde. O sol já havia se posto, e o céu começava a escurecer. O prédio havia sido invadido por bandidos. Era um arrastão, Bella. Eu morava no oitavo andar, e bem, eu não sabia de nada. Eu estava trabalhando em um caso, lendo algumas coisas quando um deles arrombou a porta da minha casa e entrou armado. Eu fui burro, Bella, muito burro. Eu só pensava em não perder nada de valor. Então entrei em luta corporal com ele. Eu era forte, mas ele estava armado, ainda tinha esta vantagem. Fomos lutando por todo o apartamento, eu nem pensava direito. Chegamos até a varanda, a porta estava aberta. Ele me deu um empurrão e eu me desequilibrei. Cai na mesma hora inconsciente no gramado do prédio. Então eu só me lembro de já ter acordado sem sentir o movimento das pernas.
– Deus, Edward.
– Eu sei.
– Eu não posso nem imaginar como foi para você... Tipo, em um dia estar sentindo as pernas e sendo uma pessoa normal, sem deficiência e quando acorda, estar preso em uma cadeira.
– Foi uma barra pesada. Ainda mais quando ninguém da sua família te apoia. Foi horrível. Todo esse tempo, eu me sentia sozinho. – eu sorri ao lembrar que agora eu não estava tão sozinho assim. – Até você entrar na minha vida. Você e Anna. Eu sou mais feliz agora, Bella. – eu sorri e olhei para ela. Suas bochechas estavam vermelhas, ela estava envergonhada. E estava mais linda ainda.

Ela estava aproximando-se de mim, talvez ela fosse me beijar. E eu queria muito isso.
E como se soubesse íamos nos beijar, Anna acordou chorando. Bella afastou-se de mim e foi correndo até o quarto dela. Eu fiquei na sala. Logo ela chegava com Anna nos braços.
– O que houve? – eu falei, olhando assustado para Bella.
– Ela teve um sonho ruim.
– Dê-me ela aqui. – eu estiquei meus braços e peguei ela em meus braços, a sentando em meu colo. Sua cabeça encostava em meu peito e eu comecei a passar a mão pelos cabelos dela. As lágrimas ainda desciam pela face dela e eu comecei a enxugar todas. – Foi apenas um sonho ruim, pequena. Tudo vai ficar bem. – fui falando para ela. E por mais incrível que possa parecer, ela foi acalmando-se aos poucos, até voltar a dormir.
Bella olhava pra mim com um olhar de admiração.
– Como você conseguiu isso? – ela perguntou baixinho para não acordar a pequena que agora dormia em meu colo.
– Eu não sei. – eu dei de ombros. – Eu só fui falando que tudo ficaria bem e ela dormiu novamente. – eu sorri olhando para a menininha que agora poderia ser facilmente confundida com a minha filha.
E naquele momento, eu bem queria que ela fosse minha filha. Minha e de Bella.

Bella olhou para mim admirada percebi que eu era tão importante para ela como ela é para mim. Me aproximei dela e ela entendendo o que eu estava fazendo juntou seu rosto ao meu. Tinha em mente a Anna em meus braços, mas oitenta por cento do meu cérebro e do meu corpo estava ligado aos lábios de Bella encostados aos meus . Ela se juntou mais a mim e assim pudemos aprofundar o beijo. Nunca pensei sentir isso por alguém,mas agora com certeza, encontrei o meu lugar. Antes que minha vida era só farra , mulher e bebida, hoje é o meu futuro totalmente dedicado a essas duas, minhas meninas, minha pequena, meu amor.