Jogos Divinos - A Faísca escrita por


Capítulo 6
Katniss especial


Notas iniciais do capítulo

Capítulo misto, tem todos os pontos de vista então é um cap das duas autoras, espero que gostem ;)



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Dois dias. Foram dois dias no Centro de Treinamento, os Carreiristas naturalmente se mostrando para intimidar os outros, exceto por Helena que era discreta e ficava mais na área de sobrevivência junto a mim, o que era realmente estranho, eu estava me dando realmente bem com a Carreirista amiguinha de John Snow. Além dos carreiristas, Nicholas, Fred, Jorge e a garota chamada Júlia mostravam-se como se pertencessem aos Distritos ricos, eles eram fortes e habilidosos, além disso intimidavam os mais fracos ao redor aqueles que eram desengonçados ou fracos demais para se comparar à aquelas pessoas. John Snow, até mesmo ele que fora avisado para não mostrar-se de maneira alguma manejava bem quase todas as armas e se dava bem nos setores de sobrevivência, a única coisa em que não tocava era nas espadas que olhava de longe apenas assim como Haymitch instruíra, Cato desafiava-o com o olhar, pegando espadas apontando para seu rosto e exibindo-se a todo instante, mas John não parecia se importar e apenas continuava com a carreirista Clarissa. Por alguns instantes minha opinião sobre John tornava-se positiva, mas então me lembrava de todas as piadinhas ridículas e sem sentido zombando de toda a situação e meu ódio pela sua existência retornava.

– Sabe, ele não é tão ruim. – dizia Helena enquanto misturávamos folhas que poderiam ser encontradas em florestas – Quando ele brinca com a água da forma que bem entende é simplesmente... – ela arregalou os olhos e olhou para mim – Com habilidades que aprendeu tão facilmente por aqui.

Franzi meu cenho, ela às vezes conseguia ser estranha, assim como John Snow, mas não era insuportável, quando acontecia algo do tipo eu simplesmente ignorava a parte que ela não queria ter dito. Outra coisa curiosa era o modo como Nicholas instruía Rue, ele mostrara o quanto era forte e intimidou a todos, mas tratava a garota com certo carinho, ele era bom com a garotinha de doze anos e eu realmente não queria encontrar-me com ele no meio dos Jogos, seria difícil para eu matar qualquer pessoa, até mesmo Cato, mas alguém como Nicholas que mostrava ser realmente bom me trazia muitas preocupações, acho que simplesmente fugiria se me fosse permitido para não ter que enfrentar alguém como ele.

Nós jantávamos todos os dias com Effie, Haymitch, Cinna e Portia (nossos estilistas). Effie e Haymitch viviam discutindo um com o outro à mesa, a presença dos estilistas tornava o jantar um pouco mais descente e controlado, pois os dois instrutores tentavam ser menos escandalosos e incompatíveis, mas naquela segunda noite eles pareciam ter se unido para fazer da minha vida e da de John Snow insuportável, perguntando o que vínhamos fazendo, quem nos observava e também sobre os tributos. Quando finalmente fomos deixados em paz eu me direcionei ao quarto e me joguei na cama, é claro que com a apresentação aos idealizadores dos Jogos no dia seguinte eu não conseguia nem pregar os olhos. Lembrei-me de Effie anunciando que estávamos na cobertura e me perguntei se faria algum mal desfrutar dos luxos da capital. Quando me levantei da cama tarde da noite apenas desejei que não tivesse nenhum Avox a espera para “servir” lá em cima, eu realmente me sentia desconfortável com a presença deles, ficava imaginando se eles assistiriam com prazer as mortes dos tributos que eram obrigados a servir calados e sem pestanejar. Dirigi-me até o telhado onde pude sentir algum cheiro de flores, era sem sombra de dúvidas o lugar mais agradável que existia na Capital até agora e não existia nenhum Avox triste observando meus movimentos. Enquanto ia caminhando percebi que bem na ponta, sentado no chão observando a Capital de cima estava John Snow, ele estava quieto e não esboçava nenhum sorriso, isso me encorajou a continuar naquele lugar. Eu me aproximei um pouco, mas de uma distância que eu esperava não chamar a atenção do tributo.

– Acho que você ter me visto e não ter saído correndo logo em seguida é um sinal de que fiz algo corretamente. – disse ele sem virar-se para mim.

Resolvi não implicar com John Snow daquela vez, eu estava abalada demais com os Jogos que estavam cada vez mais próximos para recusar uma conversa normal com alguém normal, ou pelo menos quase normal.

– Não vai se sentar? – perguntou ele ainda sem olhar para mim.

Sem responder me aproximei dele e sentei logo ao seu lado.

– Por que se recusa a lutar contra Cato, mas está sempre duelando contra a carreirista Clarissa, não seria a mesma coisa? – tentei conversar.

– Na verdade eu não ligo para aqueles desafios e nem para as provocações, eu não quero brigar e despertar um inimigo se acabar o derrotando e, além disso, eu não posso... Ham, eu prefiro lutar contra a garota, ela é como eu, mas não tem como eu explicar isso a você.

Fiquei olhando para o rosto daquele garoto tentando não me irritar profundamente com aquela explicação.

– Você algum tipo de super tributo escolhido pela Mãe Terra para trazer paz e prosperidade? – falei com deboche.

– Pode-se dizer que sim, mas eu não gosto de Gaia, é a mãe de Cronos e se aquele cara saiu dela, ela deve ser realmente horrível. A história se volta contra ela sabe? – ele parecia sério e isso apenas me trouxe mais raiva, ele debochava de tudo que eu dissesse, não tinha como suportar aquele garoto – Na verdade fui escolhido pela Mãe do Olimpo, mas não gosto dela também.

Ergui minhas sobrancelhas surpresa.

– Mas que ridículo, pare de zombar de tudo, Snow!

– Desculpe. – disse ele – Foi só uma brincadeira.

Fiquei em silêncio enquanto as pessoas da Capital passavam nas ruas bem lá embaixo. John jogou um papel que deveria ter coberto algum doce um dia para baixo e então ele foi parado por uma barreira.

– Estamos confinados até mesmo aqui. – disse ele – Eles têm de evitar que algum tributo se mate antes dos Jogos pelo que parece... Não gosto de ficar preso assim...

Foi a primeira vez que ele me pareceu interessante de certa forma, como uma pessoa que realmente pensava e não apenas um idiota sorridente.

– Eu também não... – admiti, era incrível que tivéssemos algo em comum assim – Eles acham que podem nos controlar e nos aprisionar a qualquer momento, eu odeio esse controle.

– Na verdade eu odeio ficar preso porque tenho déficit de atenção e hiperatividade. A dislexia é só para coroar os problemas que tenho com esse lugar. Mas isso que você disse também.

Ignorei o comentário achando absurdo o tanto de problemas que aquele garoto poderia ter, mas sentindo-me decepcionada, estava achando realmente que ele refletia realmente sobre a opressão em Panem.

– Os tributos têm de ser mortos por entretenimento, se morrermos às escuras não terá graça. A última palavra em entretenimento não se refere a isso, não é? – virei meus olhos.

– Esse lugar é mais opressor do que o Olimpo... – sussurrou ele, não sei se era para que eu não ouvisse ou se estava apenas zombando de tudo novamente – Pelo menos os deuses nos deixam viver em paz um pouco.

– Dá para parar com esse papo? – falei irritada – Você fica falando o tempo inteiro sobre seus deuses como se realmente conseguisse acreditar nisso! Quem você é? Filho do rei dos Mares?! Não iria me admirar se você dissesse isso, adora falar sobre água como se isso existisse em abundancia onde vivemos!

– Mas na verdade, eu sou mesmo. – disse ele – Meu pai é Poseidon, eu não costumava gostar dele, mas ele tem sido bem legal, sabe? É bem ausente e eu passei minha infância inteira até os doze anos sem conhecê-lo, mas todos os deuses são assim com seus filhos.

– Você é inacreditável. – falei levantando cheia de raiva daquele garoto que só fazia debochar de tudo que eu falava.

Saí andando pisando forte sem conseguir acreditar até onde John Snow chegou para me infortunar.

– É mesmo difícil de acreditar, quando eu descobri que era um semideus também me senti assim, mas fique calma, quando você resolver acreditar eu lhe provo que estou falando a verdade. – disse ele enquanto eu ia andando sem olhar para trás completamente alterada devido aos deboches que não têm fim vindo daquele idiota.

***

Eu e John Snow estávamos sentados juntos aos outros tributos, todos em silêncio, menos é claro Fred e Jorge que importunavam as pessoas ao seu redor, eles pareciam animados demais, minha paciência já estava meio que no fim diante dessas pessoas que ficavam felizes demais diante da morte quase certa. Um garoto chamado Marvel do Distrito 1 fora o primeiro a ser chamado e estava lá já fazia certo tempo quando o nome de Helena Chance foi chamado e eu fiquei a imaginar que tipo de coisa ela faria para impressionar os juízes, técnicas de sobrevivência seriam meio complicadas nessa situação, com certeza.

–Ponto de Vista de Annabeth-

Meu nome foi chamado e eu me encaminhei para o lugar em que havia treinado durante os dois dias anteriores, senti os olhos dos idealizadores sobre mim assim que entrei. Posicionei-me em frente às adagas e ergui minha voz para que todos pudessem me ouvir.

– Helena Chance, Distrito 1.

– Pode começar. – disse Seneca Crane fazendo um gesto com as mãos para que eu prosseguisse.

Levei apenas alguns momentos para decidir o que fazer. Eu deveria mostrar a eles minhas intenções de rebelião ou não? Imaginei que não me matariam antes dos Jogos, sem dúvida não iriam perder uma chance de conceder-me uma morte lenta, dolorosa e humilhante. Mas mesmo assim me tornar um alvo dos idealizadores antes que entrasse na arena poderia dificultar minha missão de levar os Distritos à rebelião, pois estariam sempre atentos a qualquer insinuação que demonstrasse meu posicionamento contra a Capital e me cortariam antes que pudesse fazer algo polemico. Sim, o mais sensato seria esperar até que os Jogos tivessem início, mas os olhando naquele momento sentia raiva e uma grande vontade de lhes mostrar do que era feita uma filha de Atena. Sorri internamente e fui até os bonecos utilizados como alvo pelos tributos. Eu iria lhes mostrar minha habilidade e meu desprezo por eles ao mesmo tempo.

Eu posicionei alguns deles lado a lado à uma certa distancia de onde se encontravam as adagas para onde voltei. Podia ver que eles estavam curiosos, imaginando o que faria a seguir. Uma por uma arremessei cada uma das adagas onde seriam os pontos vitais de cada um dos bonecos até que apenas o do meio estivesse completamente intocado. Havia sobrado apenas mais duas adagas. Eu segurei uma delas e antes de arremessa-la virei-me para os idealizadores e sorri desafiadora.

– Cada um destes bonecos é um de vocês. – eu disse ficando realmente satisfeita com suas expressões chocadas. – E o do meio é seu imponente presidente Snow. – girei a adaga habilidosamente em minhas mãos e a atirei diretamente no centro do alvo na cabeça do boneco acertando precisamente. Para terminar minha demonstração peguei a ultima adaga e voltei-me novamente aos idealizadores estupefatos. Com um movimento rápido e imprevisível atirei a ultima adaga na parede atrás deles fazendo-os abaixarem-se temendo por suas próprias vidas. Eu ri uma última vez e os deixei ainda tentando compreender o que havia acontecido ali.

– Me retiro agora. – falei saindo triunfante.

–Ponto de vista de Clarisse-

Cato foi chamado logo após Annabeth, comecei a pensar no que faria para polemizar esses Jogos de merda, teria de ser algo para superar Jackson, é claro, eu não poderia ficar atrás daquele idiota, precisava pensar grande. Será que ameaçar os idealizadores era drástico demais? Acho que não custava nada tentar, afinal, sou filha de Ares e a morte não é algo que tenho em minha lista de coisas à fazer. Meu nome foi chamado e eu me levantei, entrando então no lugar em que lutei com Jackson por dois dias e intimidei aqueles outros tributos fracotes. Quando estava frente a frente com os idiotas bizarros da Capital me apresentei:

– Clarissa Lerua, Distrito 2.

– Comece. – disse um cara que parecia o chefe, ele seria meu primeiro alvo por ter me dado uma ordem que eu era obrigada a obedecer.

Fui até as armas e peguei a maior e mais pesada lança que pude encontrar e então virei-me para os homens que me observavam enquanto comiam e bebiam e então fui andando com um sorriso malicioso olhando para cada um deles.

– Vou lhes introduzir a Capital. – falei apertando o passo – Um lugar com gente feia que acha que roupas extravagantes e mudanças drásticas no corpo vão melhorar em alguma coisa. – enfiei a lança em uma parede lateral colada ao “palco” alto em que estavam os idealizadores que me olhavam chocados, usei a lança como forma de tomar impulso levando-a junto a mim e parei sobre a ponta do altar dos idealizadores agachada e então levantei-me apontando a lança para os rostos perplexos dos homens – E se já não estivesse ruim o suficiente, as pessoas que moram nesse lugar escroto são burras feito portas e cegas feito jumentos, enquanto as dos distritos são massacradas pelos idiotas sentados nessa mesa ou então qualquer outro como aquele seu presidente de merda. – subi em cima da mesa e comecei a andar sobre ela com a lança girando perigosamente em minhas mãos – Ah... A Capital, um lugar ridículo cheio de gente ridícula que idolatra mais gente ridícula e tem como entretenimento a morte de crianças de doze, treze, quatorze anos... - chutei para longe a comida farta em cima da mesa e apontei minha lança para os rostos dos homens que me observavam atônitos – Vocês são patéticos, todos vocês, como se pudessem controlar a fúria do deus da guerra, acham mesmo que conseguirão me matar naquela arena? Vou avisá-los que... Mesmo se acharem que eu morri, eu voltarei para acabar cada uma de suas existências ridículas de merda. - me agachei encarando de frente Seneca Crane à apenas alguns centímetros separando nossos rostos, ele estava atônito – Eu nasci para fazer de suas vidas patéticas um inferno... Eu estou aqui para foder com a história desses seus Jogos. Eu vim de muito longe para acabar com vocês... – sussurrei colocando a lança no pescoço do homem – O sangue de vocês irá colorir Panem um dia, espero apenas que a sorte esteja sempre ao seu favor. – me levantei com um sorriso cruel nos lábios, sendo alvo de todos os olhares surpresos, chocados e temerosos de quem estava ali.

Saí andando calmamente pela mesa brincando com minha lança de modo a assustar os idealizadores sentados. Desci da mesa, então cheguei à ponta do pedestal onde estávamos e sem olhar para trás e joguei a lança com força, fazendo-a acertar um boneco pendurado no teto longe dali com a pontaria perfeita acertando o alvo de onde deveria estar o coração. Pulei do pedestal e falei enquanto andava para fora:

– Foi um prazer entretê-los.

– Ponto de Vista de Thalia –

Enquanto esperava meu nome ser chamado pensei em mil e uma maneiras de mostra-los o quanto eu os desprezava. Nenhuma delas me pareceu boa o suficiente. Eu queria no mínimo feri-los fisicamente ou moralmente, mas não sabia se isso os faria me impedir de ir aos Jogos. Imaginei que dariam uma desculpa do tipo Julia Grace não aguentou a pressão e se matou. Enfim decidi que seria sensata como Annabeth deveria ter sido, eu iria apenas atirar algumas flechas e tentar não mata-los com raios.

Mas nada disso importou quando diante de meus olhos apareceram um bando de estúpidos da Capital sentados em seu palco. Ao olha-los só consegui pensar nas crianças que haviam matado em seus malditos Jogos, em questão de instante passaram por minha cabeça imagens de moradores do Distrito 5 que eu havia visto brevemente durante a Colheita, nessas imagens eles morriam dolorosamente. Minha raiva estava prestes a explodir quando vi algo prateado refletir a luz das lâmpadas na parede atrás dos idealizadores. Uma adaga. Sorri internamente percebendo que Annabeth não havia se contido. Se ela não havia se contido então eu também não o faria.

– Julia Grace. – disse elevando minha voz mantendo-a controlada, mas desafiadora.

– Pode começar. – disse o idealizador chefe com certo receio confirmando minhas suspeitas sobre as ações da filha de Atena. Eu tinha certeza de que Clarisse também não havia deixado aquela oportunidade passar, ela não iria ser comportada mesmo que soubesse que era o certo a fazer.

Encaminhei-me até as lanças e tomei uma em minhas mãos. Não me virei para os idealizadores imediatamente, pois já se mostravam desconfiados, temi que depois das demonstrações de Annabeth e Clarisse eles tivessem tomado precações como esconder pacificadores para emergências. Não que eles fossem ter alguma chance de me impedir de fazer o que bem entendesse.

Posicionei-me bem em frente ao palco dos Idealizadores onde pudessem me ver claramente. Com apenas uma mão apontei a lança para o teto e sorri sarcasticamente. Senti uma corrente elétrica passar por todo meu corpo e chegar até a lança que liberou eletricidade para todos os lados como raios espalhando as armas por todo o lugar, atingindo alvos e destruindo mais algumas coisas que não me importavam nem um pouco. Os homens que antes me observavam com curiosidade e hesitação gritavam e exibiam olhos arregalados em expressões de medo.

– Eu não pertenço a vocês. – eu disse elevando ainda mais minha voz para que pudessem ouvi-la em meio às suas próprias exclamações. – Nenhum de nós lhes pertence! As vidas das crianças que vocês tomaram também não lhes pertenciam! As pessoas dos Distritos não foram feitos para servi-los e entretê-los, vidas humanas não foram feitas para serem desperdiçadas em jogos ridículos. Eu não sou de Panem, nem desse tempo, vim de muito longe do passado para destruir o mundo que conhecem.

Subi em uma mesa onde antes estavam coisas do setor de sobrevivência e apontei a lança para eles, não, apontei a lança para algo atrás deles.

– Meu nome não é Julia Grace! – gritei liberando um último raio em direção da adaga de Annabeth fazendo com que os idealizadores se alarmassem e se afastassem do centro o mais rápido possível enquanto viam suas vidas passarem diante de seus olhos em forma de raios elétricos incontroláveis dançando cruelmente logo a cima da mesa. – Eu sou Thalia, Filha de Zeus e Caçadora de Ártemis!

Desci em um pulo atirando a lança eletrificada na cabeça de um boneco, atravessando-a. Dei as costas aos homens que olhavam aterrorizados de mim para a adaga que faiscava ameaçadoramente fincada na parece. Não anunciei minha saída ou olhei para trás uma única vez. Apenas sorri como se dissesse “Meu trabalho está feito”.

– Ponto de vista de Travis-

Fiquei imaginando ao lado do meu irmão e da garota do Distrito 9 como o pessoal vinha se saindo. Talvez estivessem fazendo manobras muito loucas pra fazer os idealizadores ficarem doidões e assustados, acho que se Annabeth não fez isso, pelo menos as outras duas não hesitaram em fazer. Meu nome falso foi chamado e eu sorri levantando-me e indo logo para aquele lugar aonde viemos treinando por um tempo. Aquele cabelo grande estava caindo no meu olho e eu já não aguentava mais fingir que Connor e eu não tínhamos nada a ver um com o outro, fiquei imaginando as milhões de possibilidades enquanto andava sendo observado cautelosamente pelos idealizadores.

– Olá, pessoal. – falei sorrindo – Meu nome é Jorge Weasley e supostamente sou de algum Distrito aí, ou seja lá como se chamam aquelas coisas. – ri e então as pessoas na mesa em cima daquele pedestal olharam-me como se hesitassem de alguma forma. E assim confirmei minhas suspeitas sobre Thalia e Clarisse terem dado a doida.

Fui andando pelo lugar e peguei uma adaga.

– Primeiramente: meu nome é Travis Stoll e eu sou um semideus filho de Hermes. É meio inacreditável se vocês ouvirem isso assim de primeira, mas um dia se acostumam. – os homens arregalaram os olhos surpresos e confusos – Meu irmão gêmeo virá logo depois da menina do Distrito para onde Hera me mandou, é isso mesmo, ela é uma vadia, não dá pra entender por que ela não produz os próprios filhos semideuses para mandar nessas missões dela. Ela fez meu cabelo ficar desse tamanho pra esconder minha cara, mas deem uma olhava como me pareço com o suposto “Fred” sentado lá fora. – usei a adaga para cortar meu cabelo de uma forma desengonçada, mas suficiente para meus olhos e meu rosto voltarem ao que pareciam antes, os idealizadores pareciam chocados, mas acho que viram coisas piores naquele dia antes de mim, depois que terminei de cortar meu cabelo larguei a adaga no chão e voltei a falar: - Mas foi muito louco quando cheguei nessa merda de Capital e dei de cara com um pessoal do acampamento. Galera gente boa, vocês conheceram as garotas, pois é. Se não acreditam em mim, tanto faz, mas preciso impressionar de alguma forma, certo?

Peguei uma daquelas tintas naturais das aulas de camuflagem e escrevi no chão Capital, depois peguei bonecos alvos que tinham adagas em suas cabeças, pensei que provavelmente Annabeth as usara como alvo, mas simplesmente arranquei as adagas e escrevi em cada um dos bonecos em grandes letras xingamentos como: “A capital só tem bundão”, “Uma maçã dourada para a mais bizarra”, “Idealizadores de merda tem de viver também, inscrevam-se nos Jogos Vorazes” e “Que a sorte coma todos vocês vivos”.

– Deu para entender que os xingamentos são para vocês não é? Pois é, o que eu faço? – eu peguei uma espada e parti cada um dos bonecos ao meio sem dificuldade enquanto pisava no nome “Capital” que escrevi no chão. Peguei tinta vermelha e respinguei todo o nome “Capital” como se fosse sangue – Isso vermelho, é o sangue de cada um de vocês no dia em que nós viermos pegar vocês. – sorri de uma forma psicótica na direção deles e então andei um pouquinho à frente e me sentei – Não levem a mal, mas vocês são todos ridículos e não tem nenhum senso de moda, seus ancestrais ririam da cara de vocês. Sério, arranja um look melhor, tá bom? Ah, e vocês são doentes, precisam se tratar. Ver crianças morrendo não é divertido, é mais esquisito do que eu de sunga, tá bom? – me levantei e usei a espada para escalar a parede rapidamente chagando então no palco dos caras de pamonha maquiados, para um filho de Hermes escalar fácil, o básico para um bom ladrão, apontei a espada para seus rostos – São ainda mais patéticos de perto. – eu ri, avistei uma adaga cremada na parede logo ali e imaginei como deveria ter sido maneiro ver Thalia lançando raios naqueles babacas. Mirei e lancei a espada ao lado da adaga – Acho melhor ficarem espertos, porque mesmo que vocês considerem os Jogos Vorazes a última palavra em entretenimento eu lhes digo que EU sou a última palavra em entretenimento. Aposto que a sorte não esteve muito a favor dos senhores hoje, então me despeço aqui. – falei pulando de volta para baixo e indo andando em direção à porta de saída rindo em triunfo.

– Ponto de Vista de Connor –

Fred Weasley foi chamado e eu me levantei em um salto contente recebendo olhares sobressaltados de todos ali.

– Me desejem sorte! – eu disse sorrindo e recebendo um “Boa sorte” desanimado de Nico e um “Que a sorte sempre esteja a seu favor!” de Percy que recebeu da garota do 12 uma olhada assassina, mas ele foi lerdo demais para perceber.

Entrei em meu lugar favorito do Centro de Treinamento com os braços atrás da cabeça assobiando calmamente uma música que ouvi os filhos de Apolo cantar enquanto roubava o Chalé 7. Os idealizadores me encararam em um misto de surpresa e receio. Travis deveria ter caprichado, eu não poderia ficar para trás. Sem esboçar nenhuma expressão analisei rapidamente o lugar como eu fazia antes de roubar qualquer Chalé. Havia um borrão de tinta no chão, a forma como estava claro demais em alguns lugares e escuro em ouros indicava que eles haviam tentado apagar aquilo com voracidade, o que também indicava que não queriam que os próximos tributos vissem o que antes estava pintado ali. Haviam vários bonecos em um canto, todos com adagas em seus pontos vitais, na parede atrás dos idealizadores também havia uma adaga, provavelmente jogada pela mesma pessoa. Eu duvidava que alguém que não fosse um semideus faria algo do tipo, e das quatro pessoas que me antecederam só poderia ser uma delas: Annabeth. Quem diria que ela também mostraria seu lado revoltado para a Capital? Quase tive um sobressalto ao perceber a presença de dois pacificadores, cada um em uma das laterais do lugar. Eles carregavam armas em cintos na cintura, o que poderia até mesmo ser um problema se eu não fosse um filho de Hermes.

– Fred Weasley. Distrito... – eu disse parando de assobiar. – Distrito 5 eu acho.

– Pode começar. – disse um dos Idealizadores.

Me encaminhei até o pacificador mais próximo fingindo que me interessava pelas cordas ao seu lado. Em questão de instantes pensei em como roubar sua arma sem que percebesse. Peguei uma das cordas e fiz um nó rapidamente.

– Pode segurar para mim cara de branco? – perguntei estendendo-o para o pacificador que confuso o tomou nas mãos. “Perfeito” pensei. Peguei outra corda e a girei em cima de minha cabeça como um cowboy virado para os bonecos. Em um só movimento lacei o Pacificador, peguei suas armas e o derrubei no chão. Com uma arma apontada para o pacificador do lado contrário enrolei e amarrei o pacificador caído em questão de dois segundos.

Com algumas cordas amarradas em minha cintura e duas armas, uma apontada para os Idealizadores e a outra para o pacificador que não tivera tempo de sacar sua arma, eu me aproximei.

– OK, outro cara de branco, jogue as armas longe, todas elas. Eu tenho os olhos de um ladrão, sei que existe uma quarta atrás do cinto também. – ele lentamente deixou cair seu cinto com as armas e o chutou para longe. Ainda com ambas as armas em mãos, peguei uma corda e assim como fiz com o primeiro, eu o lacei e o arrastei para perto. Recordei-me de quando eu disse para Travis que aprender a usar cordas poderia ser útil e ele discordou, ri disso enquanto amarrava com vários nós o cara caído, ainda apontando uma arma para os idealizadores e segurando a outra com a mesma mão que trabalhava habilidosamente.

– Pronto. – eu disse me afastando do pacificador e agora apontando ambas as armas para os idealizadores. – Prazer, meu nome é Connor Stoll, irmão gêmeo de Travis Stoll ou, como vocês o chamam, Jorge Weasley. Olha, a verdade é que não gosto muito de armas de fogo, elas são ineficazes contra monstros e fazem uma barulheira desnecessária, por isso no Acampamento treinamos com espadas, adagas, lanças e arcos de bronze celestial. – eu me encaminhei até as lanças, não eram minhas armas favoritas, mas era o suficiente para o que eu queria fazer.

Sentei-me no meio da sala rindo dos pacificadores que se contorciam como peixes na tentativa de se soltarem. Era ridículo, combinava com eles.

– Desde que cheguei nesse futuro de merda não consegui deixar de notar que vocês falam tipo assim, como a Medusa deve falar. – eu disse pensativo. – Eu nunca conheci a Medusa se é o que estão perguntando, mas meu amigo Percy já. Lembrem-me de perguntar a ele como é que ela fala. Mas continuando, eu também estou curioso quanto à origem dessa modinha escrota da Capital. Imagino que algum dia o presidente assistiu uma maratona de vídeos da Lady Gaga e então bum! Nasceram todas as fantasias sinistras de vocês. Tipo, purpurina é o novo preto! Eu nunca levei as filhas de Afrodite a sério quando falavam sobre a importância da moda, mas depois de vir ao futuro e encontrar essa merda acho que devo desculpas a elas, não quero viver em um mundo onde todos cantam Bad Romance pelas roupas. Outra coisa, achar a morte de crianças uma coisa divertida significa que você tem problemas sérios, vocês são todos doentes e precisam urgentemente cometer suicídio. Eu voto para um Jogos Vorazes de gente velha e idiota da Capital!

Eu me levantei e alonguei as costas preguiçosamente antes de usar a lança para escalar o maldito palco dos Idealizadores. Os encarando de perto daquela forma percebi como estavam assustados. Deveria ter sido um longo dia para os pobres velhos. Quase senti pena, quase.

– Pobres velhos. Vou tentar adivinhar o que aconteceu hoje, me encarem como um psicólogo. Podem desabafar OK? – eu disse afastando com a lança os petiscos e sentando de pernas cruzadas em cima da mesa. – Primeiro Annabeth deve ter ameaçados os pobrezinhos com adagas. Estou certo?

Eles não responderam, embora suas bocas estivessem escancaradas em choque.

– Olha, não fiquem de boca aberta por tanto tempo! Alguém pode enfiar coisas nojentas nelas. – eu disse rindo. – Continuando. Depois de Annabeth, Clarisse escalou a parede como eu fiz e os ameaçou com a lança e sua voz encantadora. Depois disso Thalia deve ter dito o quanto se sente enojada em olhar para seus rostos de gente velha recalcada. E depois de dizer isso ela deve ter explodido um monte de coisas com raios e ido embora revoltada. Aí meu irmão zoou com vocês, riu de vocês e lhes disse: “Acho melhor ficarem espertos, porque mesmo que vocês considerem os Jogos Vorazes a última palavra em entretenimento eu lhes digo que EU sou a última palavra em entretenimento.” – eu disse e sorri triunfante quando pareceram ainda mais chocados. – Não eu não ouvi nada, só estou adivinhando. E também vou deixar minha marca aqui.

Desci da mesa e virei às costas para os idealizadores, peguei a última corda de minha cintura. Com ela lacei a tinta azul e a puxei ao meu encontro. Com a tinta em mãos e voltei a me sentar sobre mesa.

– Gosto de ser original, vou fazer algo que nenhum deles fez ainda. – eu disse molhando meus dedos com a tinta e escrevendo na mesa “Connor para presidente”, “Gente da Capital precisa conhecer o significado de se foder!”, “Zeus vai explodir todos vocês!”, “Que apodreçam no Tártaro!” e outras frases que prefiro não repetir. – Olha, sobrou tinta. – eu disse sorrindo diabolicamente. – Para você chefão! – e joguei toda a tinta na cara do idealizador pulando do palco logo em seguida. – Tchau pessoal escroto!

– Ponto de Vista de Nico –

Quando entrei percebi uma certa inquietação entre os Idealizadores. Eles estavam tão nervosos que o ar parecia mais pesado. Na parede atrás da mesa onde estavam havia uma adaga fincada, me perguntei por que motivo não a haviam tirado dali. Fora provavelmente jogada por Annabeth, e não fora a única arma atirada contra a parede. Havia uma marca bem ao lado da adaga, causada por algo maior, uma espada ou uma lança. No chão haviam marcas de tinta e cinco pacificadores posicionados em cantos da sala. Chaff havia dito que os únicos presentes durante a demonstração seriam os idealizadores e alguns avoxes. A presença dos pacificadores indicava que algo havia acontecido anteriormente. Algo sério o suficiente para deixa-los preocupados àquele ponto. Annabeth, Clarisse, Thalia, Travis e Connor deveriam ter demonstrado algo inesperado.

– Nicholas Dangelo, Distrito 11. – eu disse sem alterar meu tom de voz.

– Pode começar. – disse Seneca Crane alarmado. Ele provavelmente supôs que eu também fosse tentar algo, pois durante os treinamentos havia me visto treinar com frequência ao lado de Thalia que sem dúvida deveria ter eletrocutado algumas coisas por aí. Mesmo assim ele não parecia com medo, pois julgava ter Pacificadores o suficiente para me deter. Uma doce ilusão.

Não saí do lugar em que estava, levantei minhas mãos e senti um conhecido calafrio subir por minhas costas. Antes que os Idealizadores pudessem notar algo de estranho, guerreiros esqueletos do mundo inferior se ergueram por trás dos pacificadores e os atacaram. Completamente aterrorizados, a maioria deles não conseguiu fazer absolutamente nada. Um deles chegou a atirar contra os que o que o atacavam, mas não se pode matar os mortos. Quando estavam todos desacordados ou feridos demais para se mover mandei os guerreiros de volta ao mundo dos mortos. Haviam feito um bom trabalho.

– Não consigo entender a necessidade de Pacificadores aqui. – eu disse calmamente. – Meu mentor disse que só os Idealizadores estariam aqui. – eu calmamente me dirigi às espadas e escolhi a que me pareceu mais adequada. Não era como minha espada de ferro estígio,Stygian, mas iria servir bem.

Com o canto do olho analisei o palco em que estavam os Idealizadores. Eu não sabia se haviam posto também um campo de força ali como haviam feito nas janelas para que os Tributos não se matassem, mas a adaga de Annabeth e a arma de outra pessoa havia chegado até a parede. Eles poderiam ter posto um campo de força depois das outras demonstrações assim como haviam trazido pacificadores. “Pouco importa.” pensei. Vi sombras passarem por meu olhos quando na verdade eu passava por elas, meus pés tocaram o chão e eu me vi diante de um bando de homens perplexos recuando em direção da parede.

– Vou me apresentar a vocês. – eu disse me apoiando na espada que finquei no chão. – Meu nome é Nico di Angelo, eu sou um filho de Hades, o deus dos mortos, do mundo inferior e das riquezas. Vocês são as criaturas mais desprezíveis que já vi. – eu disse apontando a espada para Seneca Crane, contendo minha vontade de enterra-la em sua garganta. – É melhor se esforçarem para me matar nos Jogos, porque aqui fora isso será impossível. – eu disse, seria melhor que pensassem que sua melhor chance de acabar com todos nós era durante os Jogos, assim não iriamos ter estragado nossa missão de levar os Distritos à rebelião, o que seria praticamente impossível se não aparecêssemos durante os Jogos Vorazes. – Escutem bem, nós levaremos cada um de vocês ao mundo inferior, onde eu terei prazer de joga-los no Tártaro. Assim cada criança que vocês mataram terá sua vingança. A Capital cairá, os Distritos irão triunfar e talvez nós façamos Jogos Vorazes com todos os idiotas que se divertiram com mortes de jovens inocentes.

Atravessei a mesa com a espada e ali a deixei, não me dei o trabalho de andar até a porta, novamente viajei pelas sombras e parei em frente à porta. Eu não deveria fazer aquilo, me cansaria mais rápido do que o normal, mesmo se tratando de curtas distancias, mas eu gostava de como aparecer e desaparecer do nada perturbava os Idealizadores. Saí devagar sentindo olhos arregalados em terror me encararem à medida que eu sumia por trás da porta.

–Ponto de vista de Percy-

A garotinha do Distrito 11 foi chamada e eu fiquei pensando em como ela se sairia, como ela conseguiria impressionar os idealizadores para não acabar com uma pontuação baixa demais. Acabei me esquecendo de pensar no que eu deveria fazer lá dentro e só me dei conta disso quando o nome “John Snow” foi chamado para apresentar-se. Eu olhei para Katniss enquanto me levantava.

– Boa sorte na sua vez... – falei meio receoso, pois ela ainda estava com raiva de mim.

Katniss não me respondeu e eu adentrei o lugar sem ouvir nenhuma palavra vinda dela. Fui andando calmamente até o centro e peguei a caneta Contracorrente em meu bolso.

– Eu sou John Snow, Distrito 12. – anunciei, eles pareciam meio estressados, mas não me davam muita atenção, pareciam muito distraídos.

Imaginei que ver tantas crianças fazendo coisas com armas o dia inteiro não fosse muito legal e então vi a situação da sala em que treinamos pelos dois dias, haviam várias coisas destruídas, o chão manchado de tinta, bonecos destruídos, marcas de lança nas paredes, bem atrás dos idealizadores uma adaga cremada e ao seu lado a marca de uma espada... Imaginei que todos tivessem feito a festa com os pobres homens desgraçados. Abri o bocal da caneta que se transformou em uma espada, isso chamou a atenção dos idealizadores, eles pareciam aterrorizados, acho que viram coisas demais naquele dia.

– Calma pessoal, eu sou pacífico. – falei sorrindo – Annabeth só estava tentando fazer algo revoltante provavelmente, Clarisse só queria assustar vocês, não liguem, filhos de Ares costumam ser assim. Thalia e Nico são meio sombrios, sabe? Mas são gente boa, eles têm bom coração, mas vocês brincaram com a paciência dos dois. Não pode fazer isso. Filhos dos três grandes é algo realmente... Ham... Grande? Perigoso? Podem escolher a forma como quiserem chamar. Eu me apresento a vocês. Sou Percy Jackson, e sou filho de Poseidon, também um dos três grandes. O terceiro se analisarmos na ordem do dia de hoje. – olhei para o chão e vi manchas de tinta que alguém tentara limpar mais cedo – Permitam que eu dê um jeito nisso para vocês. – falei fazendo com que toda a água de cima daquele palco saísse de onde quer que estivesse para limpar a mancha no chão.

Os homens arregalaram os olhos em pânico e pacificadores chegaram correndo tentando alcançar-me.

– Não. Não podem machucar um tributo antes dos Jogos. – falei puxando ainda mais água de onde quer que ela estive vindo e usando-a para capturar todos os pacificadores em uma grande bolha d’água – Não vou afogar vocês, mas se resolverem me atacar novamente, os idealizadores todos morrem. – ameacei, mas é claro que eu jamais faria aquilo.

Os soltei fazendo com que a água se espalhasse e os corpos encharcados se estatelassem no chão tossindo para tirar a água de seus pulmões.

– Isso, fiquem quietos enquanto eu converso com os imbecis ali de cima. – falei – Sabem, - me sentei – meu pai nunca foi um bom pai, mas eu aprendi a amá-lo. Afinal ele amou minha mãe e me ama, além de ter me dado um irmão realmente incrível, mas é claro que meu irmão é um ciclope, não julguem, não sejamos preconceituosos, ele é um cara bom, melhor do que vocês idiotas jamais serão.

Levantei-me e fui andando calmamente até o pé do palco e então usei a água para me erguer, observei a adaga queimada e a marca de espada ao lado.

– O dia foi cheio hoje, não é mesmo? – ri enquanto fazia com que a água me deixasse no chão do altar dos idealizadores, olhei para a mesa onde havia uma marca de espada – Aposto que isso foi Nico. – ri novamente – Aquele carinha é ótimo. – olhei para os rostos assustados dos Idealizadores – Meus caros idealizadores. – falei rodeando a mesa rodando minha espada até chegar à ponta do outro lado, o lado em que a parede acidentada pairava, coloquei minha espada em cima da mesa e pus as mãos sobre ela – Bem vindos ao Inferno. – falei sorrindo – Essa não será a última vez em que ficaremos frente a frente, mas da próxima minha espada estará fincada na garganta de cada um sentado nessa mesa, a não ser é claro, que Thalia ou Clarisse cheguem primeiro. – eu não tenho costume de falar esse tipo de coisa, mas naquele momento eu precisava assustar, causar revolta.

Peguei novamente a espada e então a finquei na mesa assim como Nico fizera, usei a água para ir até a porta de saída deixando Contracorrente lá sabendo que ela voltaria para o meu bolso mais tarde.

– Muito obrigado. – falei sorrindo – Foi um prazer.

–Ponto de vista de Katniss-

– Katniss Everdeen. – chamaram e então eu me levantei respirando fundo.

Entrei no local silencio percebendo que os idealizadores estavam tensos, nervosos, conversavam entre si com cautela. O lugar estava meio destruído, cheio de indícios de armas e fogo. Eu não sabia o que tinha acontecido ali, mas parecia não ter sido nada bom no ponto de vista dos homens da Capital, de certa forma pensei que alguns dos tributos desse ano fossem um pouco mais revoltados do que aqueles que vinham dos Distritos apenas para morrer sem dizer uma única palavra.

Reparei que o chão estava encharcado e que havia várias marcas de armas perto dos idealizadores que não me davam nenhuma atenção. Peguei o arco e flecha em silêncio e então elevei minha voz:

– Katniss Everdeen! Distrito 12.

Alguns deles olhavam para mim, mas a maioria parecia distraída demais. Mirei em um dos bonecos, mas aquele arco me era estranho demais e eu errei o primeiro alvo, fazendo com que os poucos que prestavam atenção em mim olhando-me meio aflitos voltassem a seus colegas como se estivessem aliviados. Respirei fundo nervosa e então comecei a acertar todos os alvos ao redor acertei todos os pontos vitais dos bonecos de treinamento e então voltei-me para os idealizadores com a expectativa de ter chamado a atenção dos homens, mas todos os olhos se voltavam para um porco assado com uma maçã na boca bem no centro da mesa. Cerrei meus olhos com raiva daqueles idealizadores que não davam atenção para a minha demonstração como se não fosse valer o suficiente. Armei novamente o arco com a flecha apontando para a maça na boca daquele maldito porco e então atirei, acertando bem no alvo fazendo com que os olhos se voltassem para mim em choque. Eu me curvei enquanto todas as atenções ainda estavam concentradas em mim em mim e disse:

– Obrigada pela consideração. – e então saí andando para fora com atitude esquecendo-me de devolver o arco e flecha, tive de voltar um pouco e devolvê-lo, isso cortou minha saída revoltada, mas ainda assim a mensagem pairou no ar e o que eu quis dizer ficou subentendido.


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