Royals escrita por Brave


Capítulo 9
07 - Alforria




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Seu cansaço físico não chegava nem aos pés do mental. Ainda assim, não se lembrava exatamente do que acontecera naquela noite. Valentina se esticou na cama - era grande o bastante para não acordar o rapaz ao seu lado, que deveria ter adormecido alguns minutos -, flashes iam e vinham, cada um trazendo um sentimento diferente.

Via os irmãos, sentia o abraço da mãe, mas não se lembrava da conversa que tivera com eles. O ódio que sentia toda vez que olhava se esguelha e via o príncipe e a família conversando com outra selecionada, mesmo sabendo que o plano era deixar os Leger por último.

E principalmente, via o olhar de sua mãe ao ver o Rei. Queria entender o porquê de tanta dor naqueles olhos, entender a razão pela qual eles evitam se olhar, se falar. Queria conhecer sua mãe.

Pensar nisto trouxe lágrimas aos seus olhos, mas estava muito cansada para chorar, então apenas as deixou escorrer pela lateral do rosto.

Sentiu Zachary se remexer, continuou calada e estendida, ele se espreguiçou e se sentou, estalando os músculos.

– Ainda acordada? - Perguntou num tom baixo.

Mesmo sem obter uma resposta, ele sabia que sim. Tornou a se deitar e puxou a garota contra seu peito.

– Quer uma notícia boa? - Ela fez que sim com a cabeça. - Não precisei falar nada, minha mãe que comentou sobre a forma que Lorenzo ficou olhando para Aurora.

– Impossível não notar. - Não expressou nenhuma reação na voz. - Ele quase babou.

– Assim como o meu pai. - Suspirou.

– Eles quase não se olharam. - Tentou convencê-lo.

– Mas você viu quando o fizeram.

Valentina ser calou, tentou se concentrar no momento, aninhou-se ao peito de Zachary e aproveitando seu toque, seu cheiro, sua carícia.

– Se der certo... - O loiro começou. - Não vai ficar estranho? Nossos irmãos, nós e ainda tem essa história dos nossos pais.

– Nós não temos nada a ver com isso. - Resmungou, temendo a conversa que viria a seguir.

Contudo, esta não veio. Zachary optou por permanecer em silêncio.

– Não vamos brigar? – Ela perguntou depois de um tempo.

– Estou cansado para isso.

– Eu também.

Passaram um tempo apenas ao som da respiração um do outro, considerando quanto tempo ainda tinha juntos. Há muito não se davam ao luxo de tamanha intimidade. Além de todas as provocações e orgulho de ambos, ainda havia todo o espetáculo ao seu redor.

Contudo, estavam sozinhos. No escuro. Longe de qualquer faísca ou flash. Cada um de sua forma repassou mentalmente a última vez que desfrutara tanta privacidade. Afinal, esta não tem ligação com quem o que está observando, e sim com o que o observado estava fazendo.

Sabendo que estavam compartilhando pensamentos, Valentina tornou a falar.

– Seu pai disse alguma coisa?

– Por que diria? – A voz saiu mais triste do que intendida. – Em compensação, minha mãe disse umas coisas sobre o verdadeiro amor dele ser a sua mãe, mas resolvi não pensar nisso. – Suspirou. – Tenta dormir um pouco.

O sono veio mais rápido do que se imaginou, talvez fosse o conforto proporcionado pelo corpo de Zachary, ou seu cérebro já havia explodido e ela não percebeu.

O casal pensou que o mundo estava acabando. Ao serem acordados por um grito, sentiram tudo ao seu redor desabar e o coração saltar à boca. Quase esqueceram-se de que estavam nus, tão perdidos que ficaram. Levaram, aproximadamente, três segundos para se situarem e depararem com o Rei a sua frente.

O primeiro impulso de Zachary foi cobrir Valentina, mas esta já havia puxado os lençóis sob o corpo. Ela olhava assustada para o homem a sua frente, a cor resolveu abandonar seu rosto, dando-a uma aparência mórbida.

Alguns guardas – assustados com o grito – também invadiram o quarto e petrificaram ao ver a cena a sua frente. E foi apenas por estes homens que Maxon conseguiu manter a calma, ainda era o Rei e deveria se comportar como tal. Ele dispensou os soldados, que acataram a ordem ainda sem saber direito o que fazer ou pensar, e voltou ao filho.

– Meu escritório. – As únicas palavras que conseguiu dizer sem se descontrolar. – Agora.

Assim que Maxon bateu a porta atrás de si, Valentina se recuperou do choque. As lágrimas desceram naturalmente por seu rosto, sua boca se abriu assustada e o ar parecia estar sendo bloqueado.

– Ei, olha para mim. – Zachary se sentou à sua frente e segurou seu rosto com as duas mãos, só falou quando os olhos dela estavam focados nos seus. – Está tudo bem, não vai acontecer nada. Ele não pode fazer nada. – Puxou-a para um abraço. – Me espera aqui. – Ela tentou objetar, mas ele a cortou. – Não vou demorar, toma um banho, volta a dormir. Só... Fica aqui.

Ele não diria em voz alta que apenas não a queria circulando sob o olhar daqueles guardas que acabaram de vê-la nua, isto não ajudaria muito no estado da garota. Assim que teve certeza de que ela ficaria bem sozinha, vestiu-se rapidamente e foi ao encontro do pai. Não sem antes lançar um olhar ameaçador aos soldados à sua porta.

Bateu duas vezes e esperou até ter permissão para entrar. Normalmente não o fazia, mas não estava interessado em irritar o pai. Abriu a porta com receio e encontrou o mais velho de costas, perto da janela. Zachary achou melhor começar a falar, mesmo não sabendo o que o outro queria ouvir.

– Pai, eu- Foi calado com um aceno. Prendeu a respiração, o Rei não estava disposto a ouvir.

– Acredito que conversou recentemente com a sua mãe sobre a minha Seleção. – Abaixou a cabeça, ainda virado, mas logo se recuperou e olhou para o filho. – Não quero que sinta o que eu senti ontem. Não quero que olhe a sua vida e veja que não a viveu. Eu o amo, e amo a sua irmã, são o resquício de felicidade que me permiti cultivar. E mesmo assim, eu falhei. Estou disposto a deixar ambos infelizes em prol do Reino, tal como meu pai fez comigo. – Falava mais como desabafo pessoal do que uma conversa.

– Se de fato quisesse nos ver tristes, não estaria compartilhando nossa tristeza. – Arriscou alguns passos em direção ao Rei. – Você não é ele, pai. Deixe-me casar com Valentina. Deixe Aurora ter o bebê sem se casar. – Tomou coragem para terminar. – Deixe a minha mãe livre.

Por um momento, achou que fosse apanhar, mas Maxon apenas se apoiou ao utensilio mais perto, como se já não possuísse forças para se manter.

– Vou renunciar. – Anunciou com certeza. – Quando você estiver com a coroa, poderá fazer o que achar melhor.

– Não pode- Foi cortado outra vez.

– Prefere que sua irmã seja a rainha? - Sem obter resposta, continuou. - Nunca quis esta coroa e nunca soube usá-la. Só... Só me garanta que vai se casar com ela. Garanta que vai ser feliz.


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Notas finais do capítulo

Voltei galerinha.
Peço que ignorem o titulo bostinha, gastei toda a criatividade.
Vou aproveitar o meu momento sob os holofotes e fazer uma propagandinha.
Deem uma olhada no meu blog: http://marcando-paginas.blogspot.com.br/ e digam o que acharam ;)
Só isso, já vou começar o próximo porque estou me sentido um monstro por deixá-las esperando por tanto tempo.
Beijos, mamãe ama vocês



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