Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 33
Cap 32: O Teste de Ar


Notas iniciais do capítulo

O restinho do romance, e para quem pediu um pouco de ação + dobra...



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Se entreolharam por um instante, até que houve o encontro dos lábios dos dois.

Então nos beijamos. Avalon encostou os lábios aos meus com ternura, e aos poucos ambos abrimos espaço pra o outro, começando um beijo lento e censurado, sem exploração ou intimidade. Era como se fosse bom demais para ser verdade.

Não mexemos nenhuma outra parte do corpo a não ser os lábios, e os dele eram tão macios... Quando afastamos nossos rostos, Avalon tinha um brilho no olhar. Ele parecia mais bonito que antes, tinha os olhos semicerrados como se estivesse embargado em alguma melodia angelical. Eu soltei o seu pescoço e ele o meu, como se aquilo tivesse sido um erro.

– Zara... – Ele sussurrou, deixando-me nervosa. Meu coração parecia que ia saltar para fora da minha boca direto para aquela queda mortal. – Eu estou procurando por algo que não existe? – Perguntou com a voz rouca, embargada e... sensual. Eu sorri instintivamente.

– Algumas coisas somem porque simplesmente não existem... – Zara repetiu aquelas palavras com um sorriso abobalhado no rosto. – Alguma coisa sumiu para você? – Perguntou em seguida vendo Avalon sorrir.

O rapaz endireitou a postura, ficando mais alto que Zara, e a olhou intensamente nos olhos.

– Espero que só esteja aparecendo agora. – Ele falou num sussurro que arrepiou a garota.

– Eu também. – Ela disse com um sorriso tímido e satisfeito.

Avalon a beijou mais uma vez, segurando-a pela cintura e pelo pescoço enquanto explorava com delicadeza a boca da garota. Zara, por sua vez, mantinha as mãos pousadas no peito forte dele, apertando o tecido da dupatta masculina que ele usava.

Quando o beijo terminou, Zara endireitou-se para sentar lado-a-lado com Avalon e encostou seu corpo ao dele, que a abraçou com um braço e o manteve segurando uma mão da garota. Ambos tinham um sorriso imortal no rosto, e sempre que se entreolhavam aquele sorriso parecia conseguir crescer.

– A bela moça abençoada pela lua... Que sorri todos os dias ao luar... – Começou Zara a cantarolar uma velha cantiga de sua tribo, atraindo o olhar apreensivo e atencioso de Avalon. – Merece os carinhos do forte dobrador que mais dragões puder caçar. Merece a atenção do corajoso guerreiro da água que com mais bravura o fogo apagar. – Cantou e riu em seguida.

– Que cruel. – Comentou Avalon alisando o rosto dela com as costas do indicador da mão livre.

– Antigamente na minha tribo, a melhor curandeira e tecelã deveria casar com o melhor dobrador de água. – Ela explicou. – O melhor dobrador de água era aquele me derrotasse mais dobradores de fogo. – Disse por fim, e Avalon fez uma careta de insatisfação.

– Na nação do fogo os casamentos eram de acordo com o interesse de cada família. – Ele falou, dando de ombros.

– Quantos dobradores de fogo você já derrotou, Avalon? – Ela perguntou rindo e fazendo-o rir um pouco.

– Quantos dobradores de fogo você já conquistou, Zara? – Ele retrucou. Zara arregalou os olhos o ele riu da expressão dela, beijando-lhe os lábios rapidamente.

– Quantas dobradoras de água você já beijou, Avalon? – Perguntou brincando. Avalon fingiu pensar por algum tempo e a garota deu-lhe um tapa no braço que o fez rir um pouco.

– Quantos dobradores de fogo você já beijou, Zara? – Ele tentou retrucar.

– Um. – Respondeu Zara antes que ele pudesse até começar a rir. Avalon a encarou por algum tempo e logo abriu um sorriso.

Um sorriso feliz tão largo que o fez ficar com os olhinhos mais finos ainda, quase fechados, antes de me beijar mais uma vez. Eu gostava daquilo, eu estava me sentindo estranhamente querida.

Os dois ficaram em torno de duas horas conversando um pouco mais sobre assuntos banais, quando resolveram voltar para a cabana.

Zara não sabia se aquilo era algo, mas sabia que não era nada. Muraoka e Gumo já estavam adormecidos quando entraram na cabana, e logo deitaram e suas respectivas redes para dormir.

A jovem avatar não conseguia conter um sorriso abobalhado, e muito menos a palpitação de seu coração. Era um sentimento que jamais sentira, e lhe parecia estranhamente agradável e viciante. Mas a preocupação também florescia na mente de Zara, fazendo-a perguntar-se aquilo estava certo, na hora certa... e a pessoa certa.

– Muraoka, ela está pronta! – Disse Gumo saindo do templo antes de Zara, para a área externa onde a nômade estava.

– Ótimo, vamos acabar logo com isso. – Resmungou a mulher com um sorriso terno e um mau humor falso.

Era o último teste de Zara, teórico e prático, de dobra de ar. Ela havia aprendido muita coisa, mas ainda não sentia-se totalmente segura sobre aquela dobra tão majestosamente leve.

A jovem avatar saiu do templo e encontrou apenas sua tutora. Gumo e Avalon foram aconselhados a ficar fora daquela área para que distrações fossem evitadas.

Muraoka abriu um pergaminho no chão, diante de Zara. Era um pergaminho muito velho, amarelado e quase rasgado, maior que os pergaminhos normais. Nele haviam inscritas diversas técnicas de dobra de ar para as quais Zara olhou com atenção.

– Eu gostaria de fazer este teste em outro lugar, mas três meses longos se passaram e eu quero que siga, Zara, pois não posso absorver tanto de seu tempo. – Falou Muraoka sentando-se no chão diante da garota.

Sentindo-se preparada, Zara respirou fundo sentindo o ar adentrar seus pulmões, logo soltando-o. Era uma sensação incrível poder, finalmente, dobrar aquele elemento que a mantinha viva.

Com uma abertura de perna, Zara trouxe o pé esquerdo para trás de seu corpo enquanto dobrava aquela mesma perna para fixar o peso de seu corpo nela, enquanto virava o tronco para olhar para o templo atrás de si e erguer as duas mãos na direção do mesmo.

Era a base para o primeiro movimento.

Ela quase podia ver as marcações, como Roen lhe ensinara, fugirem de si. Não havia marcação na dobra de ar, havia a alma.

Num movimento rápido Zara voltou-se para frente abaixando o tronco, quase encostando-o no joelho, enquanto colocava as duas mãos para trás. No mesmo instante, naquele gesto de frações de segundo, duas lâminas de vento pareciam ter se libertado das mãos dela e rasgado o ar ao redor, com um golpe poderoso para trás.

Com o final daquele movimento, ficou na mesma posição que já serviria de base para o segundo, mesmo não estando no pergaminho.

O pé direito, que estava adiante e sem peso algum, foi levado para trás e Zara iniciou uma série de cortadas com as mãos em lâminas, de dentro para fora do corpo e diante de si. Cortadas bem dispostas onde lâminas de vento mais compridas eram criadas e jogadas para frente, quase atingindo Muraoka.

Para concluir o segundo movimento, Zara jogou duas lâminas ao mesmo tempo depois de cruzar os braços diante do corpo e usar as duas mãos para aquele final poderoso. E dali, a base para o terceiro movimento já estava formada.

Zara fez um arco com a mão esquerda, da frente para trás, e seguiu repedindo o movimento com as duas mãos criando uma espécie de escudo ao redor de seu próprio corpo ainda encolhido no chão, até que o explodiu de dentro para fora num salto. Antes que caísse no chão, uma bolha de puro vento que fluía em círculos surgiu embaixo de seu corpo e Zara pôs-se em pé na mesma.

Muraoka fitava os movimentos com atenção, procurando o quê corrigir, mas estava mais impressionada e parecia ser suspeita para falar. Zara aprendera depressa, o que deixara a sua tutora bastante orgulhosa. Numa espécie de combo, Zara havia feito o terceiro e o quarto movimento, o escudo e a base de vento que a salvou da queda.

Quando a garota voltou ao chão, a respiração não estava ofegante, mas o suor escorria-lhe a testa. Muraoka se levantou e entregou um planador para Zara, para que pudesse fazer os dois últimos movimentos do pergaminho. Ela nunca havia dobrado o ar com ajuda de um planador, sequer sabia usar um, mas sentia que já conhecia muito bem aquele bastão tão peculiar.

Segurou-o com as duas mãos diante de seu corpo e o bateu no chão. O impacto da madeira com a rocha foi marcado por uma ventania que saia exatamente daquele ponto, e Zara logo entendeu.

O bastão é para mim como uma espada é para um guerreiro: é uma extensão do meu corpo.

Concluiu fascinada.

Ela manteve a ponta do planador encostada no chão e o girou ao redor do próprio corpo, aumentando cada vez mais aquela ventania que Avalon e Gumo, que estavam na cabana, conseguiam sentir.

De supetão Zara parou de girar e lançou o seu corpo na direção do planador, pousando no chão quase sem som algum e abaixando-se segurando nas extremidades do mesmo como se o oferecesse para alguém invisível diante de si. Então ela começou a gira-lo com as duas mãos numa velocidade insana que causou uma ventania direcionada apenas para uma pequena região.

Parando de repente, Zara usou o planador para pegar impulso e voltar para o centro do pátio, onde estava antes, onde começaria, finalmente, a fazer o último movimento. Olhou para o pergaminho, mas não conseguia entender as escrituras.

Faria do seu jeito.

Ela fechou as duas mãos em concha e segurou a extremidade superior do planador entre elas. Muraoka não entendia o que a garota estava fazendo, mas mesmo assim esperou. Era quase visível o ar entrando nas mãos da garota por entre seus dedos. Num movimento rápido e repentino Zara abaixou-se e logo estava segurando o planador, com as mãos na mesma posição, em sua base. Havia percorrido toda a extensão da madeira, assim criando uma camada de ar que envolveu toda a madeira e lá ficou.

Aquela camada era tão forte e densa que Zara já não segurava o planador, sequer tocava na madeira, ela segurava o ar. Então abriu o planador e posicionou-o nas costas, pegando um impulso potente que a arrancou do chão.

Mal percebera e Zara planava. Estava há quase trinta metros do chão, e planou ao redor da torre principal. Gumo a viu pela janela e correu para fora da cabana para que pudesse ver melhor.

Quando a jovem Avatar voltou ao chão encontrou Muraoka orgulhosa, e o Gumo sorridente ao lado de Avalon que parecia vibrar por dentro. Zara pousou com certa dificuldade, mas o sorriso não saía de seu rosto.

– Isso foi... Demais! – Ela disse animada.

– Antes que pense em descansar... – Anunciou Avalon com a voz grave e séria, mas sem conseguir prender um pequeno sorriso. – Aconselho que volte para lá com isso. – Falou entregando um pergaminho fechado para Zara, que quase reclamou, mas logo obedeceu.

Ela lhe sorriu quase maliciosamente enquanto abria o pergaminho e o estendia em cima do que lá já estava. Ao encarar as escrituras, um sorriso desafiador lhe surgiu no rosto.

– Vamos, Avatar. Eu quero uma sequencia de 5553881 barra 10. – Ele ordenou. Não havia intimidade, apenas um tutor e sua pupila. Muraoka e Gumo presenciariam, pela primeira vez, um treino de Zara. Desta vez, o seu teste de dobra de fogo.


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Notas finais do capítulo

Estou meio enferrujada quanto à narrar sobre a dobra... Mas espero que tenha ficado satisfatório. :D



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