Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 32
Cap 31: "Sinto-me segura"


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora, boa leitura. Ese capítulo é, definitivamente, para Anne Olynpus que me mandou uma recomendação foférrima. *-* Anne, querida, depois do Livro Fogo ainda tem mais um, tá? ;D
Sem preocupação. ^^



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Zara se aproximou e logo reconheceu um Avalon adormecido, de cabelos soltos e corpo trêmulo. Um dobrador de fogo... com frio. Pensou com um sorriso travesso no rosto.

A jovem avatar entrou no quarto mais uma vez, pegou dois lençóis na cama, voltando rapidamente para perto de Avalon.

Ajoelhei-me atrás dele, lembrando-me da ultima vez que o fizera. Antes estava curando as queimaduras das costas dele, e agora estava ali, aquecendo-o. Sua respiração era lenta e profunda, parecia estar dormindo há muito tempo. Eu pousei um lençol no chão e segurei o outro com as duas mãos, cobrindo-o devagar com o cobertor dobrado, para esquentá-lo melhor. Pela segunda vez e pude notar os ombros largos de Avalon. Eu gostava deles, e flashes das costas nuas e queimadas dele me vieram à mente. Mal notara, eu passei mais tempo que o necessário com as mãos nos ombros dele.

Enrolei-me no meu próprio lençol e sentei ao lado dele, observando as estrelas que se perdiam em direção ao horizonte. Aquele lugar era realmente maravilhoso. Embora eu sentisse muita falta de minha família, eu não queria estar no Polo Norte naquele momento, eu queria poder trazer minha família para o Templo. Era incrível.

Eu olhava para Avalon pelo canto dos olhos, rindo um pouco. Ele me fazia rir daquele jeito. Estava com a testa encostada no corrimão e com o corpo inclinado para ficar naquela posição. Minha cabeça passava facilmente por entre duas das colunas de sustentação, e então eu fiquei daquele jeito. Eu gostava de ficar olhando para o rosto de Avalon sem que o olhar inquisidor dele ficasse me fazendo perguntas mudas.

Ele era muito bonito. E agora eu conseguia ver beleza por trás daquela máscara de durão e solitário que ele carregava.

Quando eu menos esperava ele abriu os olhos. Muito lentamente, desencostou a cabeça e piscou um pouco, acordando. Eu segurei o riso um pouco, desviando o olhar.

– Há quanto tempo está aqui...? – Ele perguntou com a voz sonolenta.

– Não muito. – Disse Zara rindo um pouco ao voltar a encará-lo.

– Do quê está rindo? – Perguntou Avalon franzindo o cenho, confuso e sonolento. Zara gestuou apontando para a própria testa, e soltou um riso infantil e alegre. Avalon estava com a marca do corrimão na testa, uma marca avermelhada que era basicamente um sulco na pele da testa inteira.

Ele esfregou a testa, rindo um pouco encabulado. Quando os dois pararam de rir e o silencio se estabeleceu, passaram a fitar o horizonte, as estrelas e tudo o que o maravilhoso céu poderia oferecer naquela altura.

– Feliz aniversário. – Ele sussurrou depois de algum tempo, olhando-a pelo canto dos olhos. Zara sorriu por um instante, logo ficando pensativa mais uma vez. Era confortável estar perto de Avalon, mas ela ainda sentia uma pontada de insegurança. O rapaz parecia emanar uma áurea superior em todos os sentidos, e pensar naquilo a fazia sentir tola, afinal, ela era a Avatar, enquanto ele era apenas um dobrador de fogo.

– Obrigada. – Agradeceu depois de algum tempo.

– Ainda não acredito que esqueceu o próprio aniversário... – Ele comentou casualmente, fazendo-a rir um pouco.

– E nem eu. – Ela falou com um sorriso distante, fitando o horizonte.

Avalon olhou melhor para aquela Zara distraída e pensadora diante dele. Era a mesma Zara de sempre, e ao mesmo tempo uma completamente diferente.

A verdade é que Zara já não sabia quem era, mas no fundo ainda tinha a insegurança de sempre por estar longe de seus primeiros tutores, mestres e quem sabe até amigos além da família: Tuí e Lá.

– Avalon, eu posso te contar uma coisa que aconteceu comigo depois que descobri que era o Avatar? – Zara perguntou com um sorriso parcial no rosto. Durante as meditações que estava fazendo sempre com Muraoka, Zara aprendeu a exercitar a memória, e lembrava-se agora muito claramente de tudo, desde os ensinamentos de Tuí e La.

– Claro. – Respondeu Avalon virando-se para ela e apoiando mais uma vez a cabeça no corrimão, desta vez encarando a jovem Avatar.

– Então, algumas semanas depois de descobrir, Yue me mandou, junto com Gumo e Airon, para o Templo do Ar do Norte. – Começou a contar. – Lá nós salvamos algumas pessoas, inclusive o monge Kiriku, que assim como Muraoka, era capaz de dobrar o ar.

– O quê? Tem outro? – Perguntou Avalon confuso e surpreso.

– Sim, foi o que eu acabei de falar. – Zara respondeu, arrependendo-se pelo modo quase rude que havia usado. – Desculpe. – Ele assentiu em resposta, demonstrando estar tudo bem. – Bem, lá no Templo do Ar do Norte eu falei com Seth, o espírito do bisão. Não sei se você sabe, Avalon, mas assim como a dobra de fogo foi ensinada pelos dragões, os outros elementos também tiveram seus tutores.

“A dobra d’água foi ensinada pela lua, a dobra de terra pelas toupeiras gigantes e a de ar pelos bizões voadores. Quando eu conversei com Seth, ele me aconselhou a partir e procurar pelo elemento da terra. Ele disse: Não está em tempo de ar. É tempo de terra para você, o ar virá em seu tempo. Eu lembro bem da voz dele.”

Zara falou a ultima frase com um sorriso melancólico.

– Depois ele disse algo que agora acho que estou começando a entender. – Continuou a garota, recebendo total atenção de Avalon. – Ele disse que pessoas mentem para si mesmas, achando que estão mentindo para os outros, e que as pessoas mudam o tempo todo, como a água. Mas sempre são as mesmas... Como a água. – Logo Zara calou por alguns segundos, deixando que a estranha lição do espirito do ar pudesse ser digerida.

– Você entende? – Perguntou Zara para o rapaz, sem sorrir ou demonstrar nenhuma emoção em especial.

– Talvez. – Foi a resposta de Avalon. – Talvez... Pessoas passam por situações que as obrigam a tomar certas decisões, mas no fundo são sempre as mesmas? – Ele arriscou, hesitante.

– Talvez. – Foi a resposta de Zara, agora com um pequeno sorriso. Ela achava errado contar-lhe sua própria interpretação daquele ensinamento. Temia que a sua versão pudesse influenciar à de Avalon. – Depois ele disse que... bem, disse que algumas coisas somem porque simplesmente não existem. Falou que eu não procurasse pelo que não existe. – Continuou, calando mais uma vez para que a lição pudesse ser absorvida.

Avalon a encarava, mas parecia estar vagando mentalmente por outros caminhos.

– Você estava procurando pelo que não existe? – Perguntou Avalon depois de algum tempo. Zara sorriu pensativa, e até um pouco nostálgica.

– Espero que não. – Ela sussurrou. Um silencio tenro se fez entre os dois, que apenas encaravam o horizonte e tremiam, cada um em seu próprio frio.

De súbito, Avalon levantou-se e caminhou até o outro lado de Zara, sentando-se encostado a uma das barras e surpreendendo um pouco a menina. Ele sorria de canto, de modo que Zara não tirava os olhos daquele pequeno cantinho levantado na boca dele, ver Avalon sorrir era algo raro e agradável para ela.

Ele me encarava sutilmente e sem me deixar constrangida. Tinha os olhos semicerrados e a expressão tão calma que parecia estar dormindo de olhos abertos. E aquele sorrisinho. O lábio era uma linha reta, exceto pelo canto esquerdo que parecia ser rebelde, ou apenas corajoso o suficiente para se mostrar.

Estavam com os corpos relativamente próximos, de modo que as coxas se encostavam suavemente, transmitindo calor uma para a outra e esquentando os dois.

– Eu já disse que seus olhos são bonitos? – Perguntou Avalon num sussurro rouco fazendo-a sorrir.

– Não. – Respondeu e ele deixou-se sorrir um pouco mais.

– Ainda bem... – Disse aliviado e encarando-a.

– Por quê? – Perguntou Zara um tanto confusa e fazendo-o sorrir brincalhão.

– Porque seria clichê demais. Todos devem dizer isso. – Explicou Avalon.

– Então você quer ser original? – Ela perguntou rindo um pouco das razões do rapaz, e o viu assentir com a cabeça. – Como? – Continuava perguntando, curiosa.

– Tenho alguns elogios melhores do que: “você tem belos olhos, Zara”. – Ele respondeu vendo-a erguer apenas uma sobrancelha. – Vejamos... Seus olhos são mais bonitos fechados. – Ele falou, surpreendendo-a um pouco.

– Por que? – Ela perguntou.

– Porque você só os fecha quando se sente segura para isso. – Ele explicou. – Então eu me senti honrado quando dormiu deitada no meu colo, pois se o fez era porque sentia-se segura para isso. – Ele respondeu deixando-a sem palavras por um bom tempo. – Mas seus olhos são lindos de qualquer forma. – Ele concluiu fazendo-a rir um pouco.

– Obrigada... Os seus também são. – Elogiou vendo-o parecer um pouco confuso. – São dourados, Avalon. Todos devem elogiar. – Ela explicou.

– Não... São olhos de dobrador de fogo. Todos temem. – Corrigiu um pouco cabisbaixo. Zara se pôs de joelhos e se aproximou dele, surpreendendo-o um pouco.

– Repete isso olhando nos meus olhos se acredita que as pessoas têm medo do seu olhar. – Ela ordenou, séria. Avalon encarou as orbes azuladas por algum tempo e suspirou.

– As pessoas temem quando eu as encaro. – Ele falou com todas as palavras.

– Não temem. – Ela negou com firmeza.

– Temem. – Contrariou Avalon poucos milésimos de segundo antes de ser pego de surpresa. Zara enfiara as mãos pelo pescoço dele e puxara a sua cabeça, encostando sua própria testa à dele. A ponta dos nariz quase roçavam e Zara o encarava fixamente.

Ela fechou os olhos e ficou daquele jeito.

Eu não entendia. O toque frio da testa dela contra a minha era confortável, mas não tanto quando suas duas mãos segurando o meu pescoço. Eu dei um pequeno salto involuntário e coloquei as mãos sobre os cotovelos dela, pronto para empurrá-la, como instinto de defesa. Mas ela ficou ali, de olhos fechados e respirando firmemente.

No mesmo segundo eu imaginei se deveria beijá-la, e no segundo seguinte eu me censurei por pensar aquilo.

– Está me encarando? – Ela perguntou num sussurro agradável para meus ouvidos.

– Estou. – Confirmei e logo a vi sorrir.

– Sinto-me segura. – Falou por fim.

Avalon ficou sem palavras, mas Zara não se afastou, sentia-se realmente segura ali. Os fios do cabelo de Avalon pareciam macios o suficiente, e a respiração calma dele era confiante.

Ele relaxou as mãos sobre os cotovelos da garota e a flagrou abrindo os olhos devagar. Ela fitava os lábios finos de Avalon, aquela pontinha rebelde já não estava mais lá. Percebendo o foco do olhar da garota, ele o seguiu até os lábios delineados da mesma. Estavam entreabertos e convidativos, e Avalon não poderia deixar aquele momento passar.

Ele subiu a mão até o ombro da mesma e a colocou em seu pescoço, enquanto a outra ficava repousando ainda no cotovelo. Os dois puxavam com delicadeza e quase imperceptivelmente a cabeça do outro enquanto inclinavam-se.

Quando os lábios estavam a poucos milímetros Avalon desceu a mão livre para a cintura dela e alisou-lhe a face macia.

Se entreolharam por um instante.


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Notas finais do capítulo

Críticas? Dúvidas? Elogios? Elogios?



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