P.O.V Sam Winchester, 1995

– Quem é você- falou a menina ruiva. Parei e tentei raciocinar, eu conhecia aquela cena.

– Sou Sam e você?

– Não é da sua conta!- gritou raivosa, ela deveria ter uns 5 anos.

– Então como posso chama-la?

– Bianca- respondeu. Será que eu já conhecia Mary Monstom e não sabia?

– Não! Eu sei que você se chama Mary- retruquei, é claro que na verdadeira época eu não disse isso, afinal eu estava em um sonho e aquela também era uma lembrança minha de quando conheci a menina ruiva que Bobby escondia no sótão.

FLASH BACK ON***

– Bianca- respondeu

– Então o que você faz aqui?- perguntei

– Não é da sua conta estranho.

– Mas porque Bobby esconde você aqui? Porque ele não disse nada a ninguém?

– Já disse que não é da sua conta, por Hades Sam, vá embora e não diga que me viu ou que sabe sobre mim.

– E se eu não fizer isso?

– As coisas não vão ficar tão boas pra você se isso ocorrer. - ela respondeu caminhando em minha direção e sentando-se na cama ao meu lado.

– Você não tem muitos amigos não é?- falei sentando-me ao seu lado. Ela negou com a cabeça.

– Meus pais morreram, Bobby era amigo deles e agora esta cuidando de mim. - falou ela com tristeza por lembrar-se dos pais.

– Porque ele nunca falou de você?

– Eu não sei- ela se abraçou, parecia que estava com frio, olhei para a pequena janela do sótão e vi as nuvens negras espalhadas pelo céu.

– Quer meu casaco?- falei meio com vergonha

– Você é muito gentil, obrigada. – entreguei o casaco, ela colocou-o e vi seu pequeno sorriso.

– Sabe de uma coisa Bianca, diferente de você eu perdi minha mãe ainda quando era um bebê. E hoje viajo muito com meu pai e meu irmão também não tenho amigos, estou com 12 anos e você?

– Perdi meus pais ano passado e agora tenho 5 anos.

– Você é bem inteligente- elogiei

– Obrigada Sam, quando a vida te machuca, às vezes é necessário seguir em frente e encara-la como uma velha amiga, alguns desastres mudam as pessoas, sua mentalidade e coração, por isso estou assim. - fiquei impressionado, para alguém como ela estava bem forte.

– Quer ser minha amiga?

– Mas Bobby vai saber que você me descobriu.

– Eu dou um jeito.

FLASH BACK OFF***

Lembro também de te lá abandonado, quando fugi de casa para estudar em Stanford. Depois quando voltei à casa do Bobby ela havia sumido, nunca me questionei para onde teria ido, ou se estava viva. Quem diria que nos íamos nos encontrar depois de tantos anos? Observei e vi que estava em outro lugar, talvez em uma época diferente, olhei ao redor e vi Mary só que com seus 15 anos, ela estava sentada lendo um livro, sua expressão era de confusão, aproximei-me e notei que pra ela eu era invisível, olhei para o livro que estava lendo e... não... não podia ser... observei melhor para ver se eu não estava sonhando.. sim reconheci aquilo... era o diário de um caçador...

Mary Monstom, 02 de Abril de 2005

Finalmente tinha chegado o tão esperado dia do meu aniversário, acordei pela manha fria e chuvosa daquele sábado, Bobby deveria ter saído para fazer compras. Levantei-me e sentei na beirada da cama fria... olhei para a pequena janela do sótão e lembrei me do dia em que conheci Sam, com o passar dos anos senti que ele se tornou um irmão mais velho pra mim, um companheiro que mesmo em um sótão pequeno e cheio de pó me fazia rir, agora depois de um messes ele parou de aparecer, ate que nunca mais veio... pensei em abandono, ele prometeu não me abandonar, mas o fez mesmo assim...

Eu finalmente estava com 15 anos, à idade em que meu pai alarmou para eu ler seu diário. Peguei-o atrás do armário, observei a capa de couro velha e surrada, o que será que tinha ali? Desci as escadas e sentei-me na mesa da cozinha, abri aquele diário, a velha lembrança de meu pai...

(...)

Vampiros, fantasmas, lobisomens.... seriously? Cara isso não existe, meu pai tinha problema e eu não sabia? Fechei o livro inconformada. Meu pai.. um caçador de seres sobrenaturais? Dá um tempo vida! Fiquei tão indignada que não notei um homem ao meu lado, alto, cabelo comprido, barba pra fazer, não pensei duas vezes e logo chutei suas joias reais. Ele caiu no chão gritando de dor, corri para a cozinha e tratei de pegar uma faca para me defender (semideusa com estilo).

– Quem é você estranho.

– Graa.. Ma.. quer dizer Bianca, você não mudou nada.

– Sammy?- perguntei ainda com desconfiança, ele estava muito velho para ser o Sam (meio irmão mais velho de 22 anos, era assim que eu o considerava).

– Olá pra você semideusa filha de Afrodite. - Ri e caminhei para perto dele, ajudando-o a se levantar.

– Sou filha de Hades, idiota.

– Afrodite- resmungou ele, sim... como nos velhos tempos.

– Você sumiu! Achei que tinha morrido- falei com magoa na voz, ele tinha sido meu único amigo.

– Desculpe... te todos você era que a menos que eu deveria abandonar.

– Ta bem acabado hein?- perguntei olhando seu estado.

– Pra você de certa forma sim

Ouvi um barulho, era de um carro, provavelmente era Bobby chegando do mercado, ele não poderia ver Sam.

– Rápido! Esconda-se!

– Perai calma...

– Para de reclamar- respondi bufando e empurrando ele para as escadas- Primeiro quarto a direita.

Ele subiu e depois de alguns segundos Bobby entrou pela porta.

– Oi Bobby...- Ele não respondeu, apenas ficou me encarando- Então comprou algo de bom e ...

Dor. Uma dor forte e aguda em meu rosto foi tão inesperado que cambaleei para trás, Bobby me olhava com fúria, a luz bateu em seus olhos e eu podia jurar que tinham ficados totalmente negros. Nem tive tempo para gritar. Ele me agarrou pelos cabelos e começou a me bater por todo o corpo. Senti meus ossos sendo trincados, partes do meu corpo continham cortes e sangravam. Quase inconsciente ele me jogou contar a parede, caminhou para a cozinha, mais ou menos previ no que ele iria fazer... me matar. Com dificuldade levantei- me e corri para escadas, subindo-as e entrando no meu quarto, logo trancando a porta.

– Sam?- chamei, esperava que ele estivesse em meu quarto, pelo visto tinha sumido, como? Eu o vi, bati, falei... to ficando louca? Ok... tem coisa mais estranha acontecendo Bobby quer me matar.

O que eu devo fazer? Sam desapareceu, surgiu do nada, estava mais velho que o normal, o diário do meu pai falava de monstros, Bobby com olhos pretos querendo me matar, ha qual é? O que ta acontecendo aqui? Ouvi muros na porta, com certeza era Bobby, parecia que eu não tinha muita opção. Peguei uma pequena mala e coloquei algumas roupas, um pouco de dinheiro da mesada e o diário de meu pai. Abri a janela, eu poderia sofrer com a queda, mas resolvi arriscar, já estava toda machucada mesmo. Minutos depois eu corria com dificuldade no ferro velho, tinha que ter algum carro que presta se para fugir (aprendendo a dirigir na manha). Corri, corri ate que avistei o Mustang Cobra 65 preto do Bobby (acho que ele não se importaria se eu pegasse emprestado né?). Juntei os fios, o que fez o carro ligar e pisei no acelerador. No começo foi difícil de me acostumar a ficar mudando as marchas e me concentrando na estrada, teve algumas vezes em que eu quase bati em postes, mas ok. E agora para onde eu iria? Olhei para a janela e vi passando ao meu lado um Chevrolet Impala, modelo de 67. Dei uma olhada na placa KAZ- 2Y5, “belo carro”– pensei, assim voltei a dirigir, sem destino... sem rumo...