A caminhada da Morte escrita por João Vitor


Capítulo 4
Capitulo 4




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— Estou com fome. –Disse Mylena dentro do apartamento que eles tinham ficado.

A barriga de João roncou. –Eu também...mas...não tem nada aqui. –Ele foi até a geladeira,a abrindo, mas estava vazia.

— Vamos ter que comer uns aos outros então. –Debochou Rafael.

Todos olharam atravessado para ele, pensando besteira, até que a inocente Mylena disse:

— Seu canibal!

— Achei alguns pães velhos aqui. –Disse Douglas no fundo da cozinha. –Parece que está aqui pelo menos um dia atrás.

— Talvez fosse esse o apartamento que estava ocupado, mas saíram hoje. –Disse João, abrindo a gaveta, encontrando algumas frutas: Maçã, Banana e Laranjas, ao abrir a gaveta, várias moscas saíram de dentro.

— Eca! –Tatiana fez uma careta.

— Frutas...seria uma pena se estivessem estragadas. –Murmurou João.

— Enquanto os famintos procuram por comida vou ver meu quarto. –Disse Bruna, saindo da cozinha.

— Aqui não é grande, só temos dois quartos, uma sala e um banheiro e uma cozinha. Um grupo de três dormem em um cômodo. –Ordenou Rafael. –Mylena, Bruna e Tatiana num quarto.

— Ah! Essa garota tem que ficar com a gente? –Tatiana apontou para Mylena.

— Fica reclamando que te coloco pra dormir na janela. Enfim...-Rafael apontou para João, Douglas e Renan. –Vocês ficam na sala.

Ninguém discutiu.

— E a gente? –Perguntaram Carol e Isabella ao mesmo tempo.

— As duas no banheiro, o líder aqui tem que ter seu quarto particular.

— Ei, ei , ei, quem é que disse que você é o líder? –Se intrometeu Renan.

— Ninguém. Mas todo mundo sabe que EU sou o mais forte com todos vocês juntos. –Se gabou Rafael.

— Que educado você...elas são garotas, além do mais tem duas camas lá. Um você sossega lá, e outro para a Isa e a Carol dorme no chão. –Disse Renan.

—Isso aí! Pera...eu o quê? –Perguntou Carol.

— Tanto faz. Não tenho tempo pra ficar discutindo com você. Vocês ouviram, uma de vocês vai dormir no chão. –Afirmou Rafael.

Isabella e Carol se olhavam.

***

O céu escureceu, já era de noite. A lua cheia já se encontrava no céu.

Eles usaram os pães que encontraram e um queijo velho para fazer um misto-quente. Colocaram numa frigideira no fogão, esquentando eles. O cheiro de queijo quente passava por todo o apartamento deles.

Isabella estava deitada em sua cama,com Carol junto na mesma cama, estando um pouco apertadas.

— Ah...que fome. –Resmungou Carol colocando a mão na barriga.

— Será que nossas famílias estão bem? –Perguntou Isabella rapidamente.

— O quê? Eu não sei...mas eu espero que sim. –Carol olhava Isabella, respirando fundo.

Rafael chamou todos para comer.

Isabella deu um pulo da cama correndo para cozinha, e Carol foi atrás tentando agarrar o braço da amiga.

— Ei me espera, esfomeada! –Gritou Carol.

Todos comeram o pão quente com queijo juntos na sala que era um pouco apertada com tantos adolescentes juntos.

Mylena tocou sua ferida no rosto, se sentindo enjoada.

— Ahn...acho que vou vomitar de novo.

— Mylena...você está pálida...-Disse Carol se aproximando da amiga.

— Já disse, estou passando mal. –Respondeu Mylena firmemente, agarrando a própria barriga.

— Parece dor de barriga...-Sussurrou João.

— Tá feio...pior do que sua cara normal. –Disse Tatiana. –Argh...

— Cala a boca...-Resmungou baixinho Mylena.

Mylena deitou em uma das camas do quarto aonde ela estava. Carol, Isabella, Renan, Douglas e João a seguiram.

Tatiana e Bruna vieram logo atrás.

Pode saindo da minha cama! Você dorme no chão! –Reclamou Tatiana.

— Não tá vendo que ela tá doente? Colabora, garota. –Disse Carol, tocando o rosto de Mylena.

— Acho melhor ela ficar bem logo, que eu quero minha cama. –Disse Tatiana com os braços cruzados.

— Vem logo. –Bruna a puxou pelo braço saindo do quarto.

Isabella tocava a testa de Mylena. –Tá gelada!

— Você foi mordida? –Perguntou João.

—Não...por favor espaço, to com falta de ar! –Mylena abanava seu próprio rosto.

Os amigos se afastaram um pouco.

— E aquela hora que o zumbi te arranhou? –Perguntou Carol.

— Mas ele não mordeu...

— Contato...dá unha do zumbi na sua pele, não é bom. –Observou Carol o ferimento da amiga.

— Eu vou me transformar? –Perguntou Mylena, assustada. –Não! Eu preciso ver minha irmã...minha mãe, meu pai...não!!! –Mylena começava a gritar.

Todos ficaram em silêncio.

— Nunca devíamos ter vindo para cá! –Gritou Mylena.

— Calma...vai ficar tudo bem...-Carol tentava acalmar Mylena.

— Como alguém pode ficar bem sendo zumbi? –Perguntou Douglas, logo Carol o fuzilou com o olhar. –Ah...quer dizer...você vai ficar bem!

O rosto de Mylena piorava, ficava cada vez mais cinza, e aparecia suas veias escurecendo. Ela ia ficando fraca, parando de gritar. –N-não...

Rafael entrou no quarto. –Ela tá se transformando?

— Bem...-Tentou explicar Carol. –Ela foi arranhada por um zumbi...n-nada demais.

— Vou ter que mata-la.

— O que?!Pirou?

— Se ela se transformar, ela pode acabar matando alguém. –Rafael procurou por alguma arma.

— Não...por favor não...-Mylena se remexia na cama.

—Ninguém vai precisar morrer. –Renan foi até a porta, aproveitou que Rafael tinha saído para procurar alguma coisa para mata-la, fechou a porta, a trancando com a chave que estava por dentro.

Rafael bateu fortemente na porta. –Abre isso agora!

Todos ficaram em silêncio.

— Busca a minha irmã...cuida dela por mim, Carol, por favor, pelo menos isso. –Mylena segurou no braço da amiga.

— Pode deixar. –Carol afirmou com a cabeça, com lágrimas descendo em seu rosto.

— M-Mylena, não... -João se aproximou e segurou na mão da colega. - Ei, respira! Aguenta! Isso...nós nem sabemos se é como nos filmes, você não pode morrer, você... -O garoto já estava em desespero, abalado com sua segunda perda de alguém importante.

Isabella abaixou o olhar, não querendo observar a cena, chocada.

Carol alisou os cabelos da amiga, a olhando com tristeza.

— Eu vou te ver mais uma vez, Mylena...eu prometo, ok? -Carol deixou mais lágrimas escorrerem, enquanto via Mylena não responder mais suas perguntas.

— Ei...Ei!! -João gritava. 

Mylena fechou os olhos lentamente ao fitá-lo, parando de respirar.

Mylena se fora, a menina mais doida dali, a que tinha mais esperanças de encontrar a família, de proteger a irmã, morreu. Carol havia prometido que iria cuidar da irmã dela por ela, se não conseguisse, se sentiria a pior pessoa do mundo.

Renan abriu a Janela. Mylena abriu os olhos, agora gemia e seu rosto não era mais o mesmo, era comoo dos outros zumbis. Seus olhos agora estavam brancos, e sua pele cinzenta, com bolinhas médias pretas no rosto e em outras partes do corpo. Ela agarrou a primeira pessoa que estava na frente: Isabella.

Rafael arrombou a porta com um machado na mão. Isabella virou o corpo e jogou Mylena para cima de Rafael que acertou uma machadada na cabeça dela.

Não era mas a Mylena, mas Carol sentiu pena e virou o rosto,Isabella fez o mesmo. João fitou Rafael com ódio e com lágrimas nos olhos.

Rafael empurrou ela para perto da janela, logo a chutando para fora do condomínio. O zumbi caiu de toda aquela altura (do quinto andar) e se espatifou todo no chão.

— Aonde vocês estavam com a cabeça?! Alguém poderia ter morrido! –Gritava Rafael, olhando todos naquele quarto, fuzilando cada um com seu olhar.

— E você se importaria? –Perguntou Isabella com um grito raivoso.

— Somos um grupo, quanto menos pessoas nós tivermos, mais fracos ficaremos, precisamos um do outro para sobreviver.

— Oh...agora virou bonzinho. –Murmurou Tatiana atrás dele, mesmo se sentindo ameaçada pela cena.

— Ah, que seja. Temos menos uma chata no grupo.

Carol e João pensaram ao mesmo tempo em avançar em Rafael, mas ainda estavam abalados demais para fazer alguma coisa.

Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, Rafael saiu do quarto.

— Idiota. –Disse Carol, cerrando os punhos. –Vou dormir...chega por hoje. –Ela saiu do quarto e foi para o seu logo ao lado, limpando suas lágrimas dos olhos.

Isabella foi atrás dela.

João observou a janela com um olhar distante e sem esperanças.

Apavorado.

***

No dia seguinte...

Alguém batia na porta do apartamento deles, Rafael olhou pelo olho-mágico da porta, vendo Cris.

Rafael abriu a porta.

— Olá?

— Bom dia. Encontramos o corpo da amiga do grupo de vocês jogado do lado de fora, e era um zumbi. Eu disse que não permitiria infectados aqui, vocês desobedeceram nossas regras. Peço que saiam daqui imediatamente se não querem causar mais problemas. Não confiamos mas em vocês.

— O quê? Não! Foi um acidente, ninguém sabia que ela estava infectada, ninguém sabia o que o arranhão no rosto dela era! -Exclamou Rafael.

— Desculpe, não posso mais fazer nada para vocês. Caiam. Fora. Do. Meu. Condomínio. –Ele fez uma pausa em cada palavra que dizia. –Ou terei que tirar vocês de uma maneira não muito agradável.

— Nos dê um minuto. –Rafael fechou a porta.

— VIU O QUE VOCÊS FIZERAM?! –Começou a gritar com Carol, Isabella, Renan e João. –Agora temos que sair por causa da amiguinha de vocês! Eu digo uma coisa...se vocês causarem mais problemas para nós, se nenhum um zumbi morderem vocês, eu faço questão de mata-los!

Depois de pegarem suas mochilas, saíram do apartamento. João voltou e pegou alguns pães velhos e colocou na mochila para entregar a Anna e Mariana que deviam estar famintas. O dono, Cris, acompanhavam os jovens até a saída. Um caderninho caiu da mochila de Carol, mas ela nem percebeu.

Um garoto o viu cair, e o pegou. Tinha uma pele um pouco morena, com olhos pretos. Tinha um cabelo um pouco liso um pouco encaracolado ,castanhos. Usava uma blusa vermelha de manga comprida até os pulsos, calça jeans rasgada e um tênis branco um pouco sujo. Ele se sentiu um pouco atraído por Carol, ao observar sua beleza.

Olhou para o caderninho, o folheando, vendo algumas coisas escritas, com alguns desenhos.

— Um diário? –Perguntou para si mesmo baixinho. –Não. –Ele fechou o caderninho, não querendo bisbilhotar sobre ela.

Sua curiosidade falou mais alto, queria conhecer mais sobre a garota.

Ele leu algumas coisas, sobre algumas bandas, show’s de rock que ela já tinha ido, um coisa em comum.

— Meu deus...ela curte misfits! É o destino. –Ele abriu um largo sorriso, olhando o caderno. Quando se deu conta que ela já tinha sumido de vista, correu em direção a ela que já estava saindo do condomínio junto com seus amigos. –Ei ,você!

Todos se viraram para trás, no meio da rua, fora do condomínio.

— A garota do...-Isabella, Bruna, Tatiana e Carol olharam. – Você...-Ele apontou para a Carol.

— Eu? –Ela franziu a testa, o olhando atravessado.

— Deixou cair isso. –Disse ele se aproximando, e devolvendo o caderninho para ela.

— Ah...obrigada. Você não leu né? –Ela o olhou desconfiada, guardando o caderninho dentro da mochila.

— Mais ou menos...juro que só li que você gostava de misfits. Minha banda favorita. –Disse ele, um pouco tímido, olhando para baixo.

— Ah...você gosta? -Carol se animaria se não fosse pela cena que acontecera no dia passado. - ... Legal. 

Eles conversaram por alguns minutos sobre a tal banda, até que Carol parou.

— Eu não estou muito animada pra conversar sobre essas coisas, então é melhor eu indo. -Carol sorriu ironicamente.

— Desculpe, pombinhos, mas a gente já vai. Se quiser ficar com ele, fica aqui, adeus!

— Eu acabei de me despedir dele, chatice em pessoa. -Resmungou Carolina.

— Para onde vocês estão indo? –Perguntou o garoto que acabaram de conhecer.

— Estamos...indo para trás do Shopping. Buscar alguém. –Respondeu Carol, sem animação.

— Ei, ei, ninguém vai para lá. –Se intrometeu Rafael.

— Eu tenho minhas próprias pernas, não preciso da ajuda de você pra fazer o que eu quero. –Disparou Carol.–Então, qual seu nome? –Ela olhou para o garoto moreno.

— Sou Lucas. Posso ir com vocês? Meus pais me deixaram aqui...e foram pra casa da minha avó busca-la. Eles disseram que iria voltar para me buscar, mas já faz cinco dias que não voltaram. Se por acaso eles tiverem lá, temos um carro, podemos ajudar em algo. –Disse o garoto. - É perto do Shopping também.

Carol ficou com um pouco de pena, os pais teriam o abandonado? De qualquer forma, Carol queria que ele fosse, mesmo com os outros discordando, ninguém precisava ficar seguindo regras de ninguém, principalmente Rafael. –Prazer, Lucas, sou Carol. E sim, você vem com a gente.

— Eu não deixei. –Disse Rafael.

— Desculpe, mas ninguém te perguntou nada, ele vem. –Disse João. – Ah, meu nome é João. –Ele estendeu a mão para o garoto e a apertou, o cumprimentando. –Esse Renan, esse Douglas, Isabella...Bruna, Tatiana e Rafael. –Ele apontou para cada um.

— Claro, quanto mais gente no grupo melhor... –Disse Rafael para si mesmo.

— Pessoal, a Mariana e Anna estão naquela garagem daquela casa. –Isabella apontou.

Isabella, Carol, João, Renan, Douglas e Lucas correram para lá.

João bateu na garagem. –Ei, Mariana, Anna Paula, somos nós. –Ele gritou para que elas ouvissem de lá de dentro.

Mariana e Anna já estavam acordadas, sentadas em cima da cama improvisada conversando.

— Estou bem melhor assim, obrigada por cuidar de mim. –Disse Anna Paula colocando a mão no estomago. –Só estou morrendo de fome e...-Elas ouviram João chamar do lado de fora.

— É...hora de colocar o pé na estrada de novo...-Mariana se levantou, e ergueu a mão para Anna Paula que a segurou, e Mariana a ajudou a se levantar. –Já vai!

Anna Paula colocou um de seus braços no pescoço de Mariana, para não cair. Andar com um pé só não dava muito, nem muletas tinha. Passaram a andar assim. Com Anna Paula apoiada em Mariana para não cair.

João entregou os pães para as duas, que comeram rapidamente.

— Então...a caminhada continua. Vamos para a casa da Mylena. –Disse Carol.

— E pegar o carro dos meus pais emprestado. –Disse Lucas, animado. –Espero que eles estejam lá...ou que ainda estejam vivos.

— Cara, onde tá a Mylena? -Perguntou Mariana, olhando ao redor, procurando.

Ninguém respondeu.

— Ela foi mordida. Fim. -Disse Rafael curto e rápido.

Rafael queria protestar a ida de Lucas com eles, mas eles podiam arranjar um carro novo se encontrassem a casa da avó desse menino novo. Não podia perder a chance, seria mais seguro e menos cansativo andar de carro. –De qualquer forma...vamos.


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