A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 63
O fim de tudo


Notas iniciais do capítulo

É provável que a fic finalize no capitulo 65. Mas após terá um capitulo extra, contando alguns fatos sobre os dourados. Boa leitura.



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Escadarias de Peixes...

O teletransporte de Kiki tinha sido um sucesso, levando-os até as escadarias de Peixes, contudo havia sido tarde demais. De onde estavam viram um símbolo no céu desaparecer e com ele os cosmos dos quatorze cavaleiros de Atena....

A luz de Libra se extinguiu em meio aos raios de sol que caminhava rumo ao oeste, indicando que o decimo quinto dia estava chegando ao fim....

– O que acon-teceu? – Seiya gaguejou incrédulo.

O silencio apoderou-se do grupo, os cosmos dos cavaleiros de ouro tinham se apagado.

– Vamos. – Ikki tomou a frente.

Apenas o som do choro era ouvido. Atena ajoelhada no chão chorava inconsolável.

– Saori... – Rodrigo a tomou nos braços.

– Meu cavaleiros.... eles... se foram...

– Saori!

Ela ergueu o rosto na hora, ao escutar a voz. Rodrigo olhou para trás, vendo um rapaz de cabelos negros e traços orientais se aproximar trajando uma armadura prateada.

– Seiya...

Saori saiu dos braços de Rodrigo correndo até o cavaleiro que a abraçou de forma terna.

– Seiya... os cavaleiros... eles...

– O que aconteceu aqui? O que houve com o meu mestre?

As meninas olharam para o dono da voz. O rapaz era alto, possuía os cabelos ruivos e olhos azulados. Tinha sardas, mas sua principal característica era as duas pintas sobre a sobrancelha.

– Kiki... – murmurou Marin.

O ariano voltou o olhar para a armadura de Aries indo até ela. Ester ao lado do objeto fitou o rapaz.

– “Esse deve ser o Kiki.”

Jules não tirava os olhos da armadura de Libra, quando sentiu alguém ajoelhar ao seu lado. A brasileira voltou o olhar, vendo um rapaz de longas madeixas negras, olhos ligeiramente puxados e num excêntrico verde. Ele olhava fixamente para a armadura, parecia conversar com ela.

– Você deve ser a Juliane. – voltou a face para ela.

Ela balançou a cabeça confirmando.

– Meu mestre me falou de você. – disse Shiryu.

A brasileira sentiu os olhos marejarem novamente.

– Hian... – cobriu o rosto com as mãos.

Isa teve a atenção chamada por um rapaz de cabelos loiros curtos e olhos azuis. Quando ele aproximou sentiu uma corrente gelada passar por ela.

– Hyoga...? – a voz saiu baixa.

Ele a fitou, vendo o colar de cisne que ela usava. Kamus só dava aquilo quando realmente se importava com a pessoa. Ele ergueu seu punho direito, mostrando o cisne que tinha.

– O que houve? – a voz saiu tão fria quanto a do seu mestre.

– Ele... ele... – começou a chorar.

– Atena o que houve? – indagou uma voz feminina.

As demais olharam para o trio restante. Quem perguntou era uma mulher de estatura mediana, de longos cabelos loiros e olhos verdes. Pela armadura julgaram ser Shina de Cobra. O rapaz ao seu lado tinha praticamente a mesma estatura. Trajava uma armadura cor de rosa. Os cabelos eram curtos e castanhos escuros, assim como seus olhos. Seus olhos puxados mostrava suas origens.

– Atena o que houve?

A voz saiu impaciente do rapaz alto, de cabelos bastante negros quase azuis, os olhos puxados tão escuros quanto suas madeixas.

– Ikki. – pediu Shun para que maneirasse na voz. – calma.

– O santuário está todo destruído. Os cosmos dos cavaleiros de ouro sumiram completamente, Atena está em prantos e pede calma?

– Vamos entrar. – Marin tomou partido, já que Atena estava sem condições.

O grupo foi para o que tinha restado do templo de Atena. Rodrigo manteve-se distante de Atena, pois ela ainda estava sendo amparada por Seiya e agora por Shun. A deusa ao se aproximar do trono, não segurou as lagrimas, o báculo, a Megas Depranon e as armaduras estavam ali. Diante da nova crise, Shina providenciou uma cadeira para ela, todos a esperaram se acalmar para ouvir a história.

As meninas no canto, também tentavam se acalmar, mas era impossível. Minutos atrás os dourados estavam com elas e agora...

Gabrielle voltou a atenção para o trono olhando a armadura de Leão...

Shun que tinha ido buscar um copo de água com açúcar entregou a deusa. A ação era acompanhada por todos num profundo silêncio.

– Pode nos contar Atena? – pediu Kiki visivelmente abatido.

– Tudo começou com o roubo dos artefatos divinos e dias depois a deusa nórdica Hell apareceu. Então... – recomeçou a chorar.

Marin tomou a palavra, relatando o resto da história até aquele momento.

– Então era por isso que não conseguíamos qualquer comunicação. – disse Shina. – era o selo que não permitia.

– Sim...

– Mas que droga! – Seiya deu um soco na parede. – se tivéssemos chegado mais rápido...

Ficaram em silêncio. Os brasileiros fitavam os bronzeados. Queriam ter conhecido os numa situação melhor, não naquela.

– Atena precisa descansar. – disse Shun de forma gentil.

– Eu não quero...

O virginiano fitou Rodrigo. Ele a fitava de forma extremamente preocupada, será que os dois... alias Shiryu tinha mencionado que seu mestre estava gostando de uma das garotas que passaram pelo portal... Ele as fitou. Eram em treze, exatamente o número... viu Marin e um outro rapaz de mãos dadas. Deu um sorriso triste, que final infeliz para eles.

– Qual o seu nome? – indagou ao baiano.

– Rodrigo. – o fitou, imaginava Shun de Andrômeda completamente diferente.

– E seus nomes... – olhou para o grupo. Um a um foram dizendo. – prazer, apesar do momento não ser propicio. Pode me ajudar? – voltou a atenção para o brasileiro.

– Sim.

Rodrigo deu um passo, mas parou ao ver os cavaleiros olhando para os lados, como a procura de algo. Diante deles apareceu uma figura feminina. Seu cosmo era grandioso, mas pacifico.

– Atena.

– Perséfone. – a deusa correu até ela, ajoelhando aos seus pés. – devolve meus cavaleiros, por favor.

– Eles fizeram um ótimo trabalho. – ajoelhou diante dela. – a espada de Hades voltou ao meu domínio. Poseidon também me disse que o tridente está no mundo submarino.

– Eles... – murmurou Hyoga.

– Sim. As almas retornaram ao inferno. Pude sentir quando isso aconteceu.

– Eu dou todo meu sangue para Hades, todo meu cosmo, mas devolva-os, por favor.

A deusa do inferno fitou a deusa Atena com compaixão. Jamais vira a deusa mitológica naquele estado.

– Sinto muito.

– Por favor... devolve...

Atena levou o rosto ao chão, num choro alto e compulsivo.

– Por que me tiraram eles... por que....

As lágrimas prateadas molhavam o chão. Atena sentia muita dor, como se seu coração tivesse sido transpassado por uma faca. Como se tivesse arrancado parte de sua alma. Rodrigo derramou algumas lágrimas. Estava triste por Atena, por suas amigas e pelos cavaleiros. Por que aquele tinha que ser o fim deles? Salvaram tantas vezes a Terra e aquele era o pagamento? Quatorze jovens vidas ceifadas?

– Atena... – Perséfone a abraçou. – eu sinto muito. Realmente sinto muito...

– Eles...

Shun aproximou da deusa infernal.

– Venha Atena.

Rodrigo e Shun a levaram para o interior do templo.

– Irei me retirar. – disse a deusa. – se precisarem de alguma coisa me chamem.

– Obrigada Perséfone. – a voz de Marin saiu agradecida, mas melancólica. – Perséfone... realmente não há nada a se fazer?

– Eu sinto muito amazona.

– Tudo bem.

– Até breve cavaleiros.

A deusa sumiu.

– E agora? – indagou Kiki.

– Marin, vá cuidar dos seus ferimentos. – disse Shina. – eu vou até a vila saber como estão os moradores. – voltou a atenção para as meninas. – descansem também.

Em silêncio voltaram para o que tinham sobrado de seus quartos. Tinham esperanças que talvez Atena fizesse um novo acordo com Hades, mas pelas palavras de Perséfone, não havia mais jeito.

Rodrigo ajudou Atena a deitar no que havia sobrado de um sofá. O baiano ajoelhou ao lado, acariciando um rosto apático, até parecia que sua alma estava fora do corpo.

– Pode cuidar dela? – indagou Shun.

– Vou tentar. Mas nada que eu fizer vai fazê-la se sentir melhor.

– Atena ama todos os seus cavaleiros e a perda de um lhe trás muita dor. Ainda mais os cavaleiros de ouro. Shaka me contou o que ela fez para tê-los de volta.

– E agora eles se foram... isso não é justo Shun.

– Eu sei, mas eles escolheram esse destino. Nossa missão é proteger a Terra acima das nossas vidas. No caso deles, não apenas a Terra, mas também as meninas. Havia sentimentos entre eles não é?

– Sim.

– Foi por elas também.

Atena estava alheia a conversa, sua mente só repassava a imagem de Star Hill desaparecendo. Novamente falhara como deusa. Novamente havia perdido jovens vidas...

Marin recebia os cuidados de Fernando, na cozinha do templo. O mineiro limpava cuidadosamente os ferimentos e amazona estava em silencio. A todo momento a imagem do selo desaparecendo via a mente. Era amiga dos cavaleiros, mas sentia mais a perda de Aioria e Afrodite. O primeiro por ter sido seu companheiro por tantos anos, o segundo por ter si tornado um grande amigo.

– Terminei.

Ela não respondeu.

– Marin.

Ela o fitou, como seria o santuário sem eles? Como seria o santuário sem os dois? Os olhos marejaram. Desde criança foi treinada a encarar a morte e perdas de forma firme, mas estava no limite.

– Nan-do... – a voz embargou.

Ele apenas abriu os braços e ao ser acolhida ela chorou. Segurou as pontas na batalha das doze casas, na batalha de Hades, mas estava no limite.

– O Aioria... o Dite... eles nunca mais... eu os perdi para sempre...

– Vai ficar tudo bem. – disse para tranquiliza-la, mas sabia que não. Talvez o santuário nunca mais fosse o mesmo.

– Não é justo... não é justo...

– Eu sei... – acariciava os cabelos ruivos. – eu sei...

Na porta Seiya olhava penalizado para sua mestre. Era a primeira vez que a via naquele estado. Sentia-se culpado. Se tivesse chegado mais cedo...

– “Droga.” – saiu dali.

– Vai ficar tudo bem. – o mineiro a abraçou mais forte. – vai ficar tudo bem.

No andar acima, as meninas estavam em seus quartos.

Heluane sentou-se num canto abraçando as pernas. Fitou a mão, que Giovanni havia segurado com força. Lembrou-se também de Afrodite.

– “Seus idiotas...”

– Por que ele fez isso comigo? – gritava Marcela andando de um lado para o outro. – Miro seu filho da puta!

Paula ignorou os xingamentos de Marcela, só tinha os pensamentos em Shion.

– Shion... – murmurou voltando a chorar.

No quarto ao lado....

Jules não parava de chorar e Juliana tentava consola-la, tentava, pois toda vez que o rosto de Shaka vinha a mente, derramava algumas lágrimas. Mabel estava sentada num canto em silencio, fitando fixamente a aliança que usava. Ester olhava para seu tablete. Era quase um milagre ele não ter quebrado em meio as batalhas. Ligou-o para ver se funcionava. O painel mostrou as horas: três da tarde. As demais funções estavam funcionando normalmente. Ela desviou o olhar para o céu azul se lembrando do dia que conheceu o ariano.

Subitamente Jules levantou saindo correndo.

– Jules! – gritou Juliana.

– Eu vou atrás dela. – disse Mabel.

Eu preciso respirar. – Ester levantou, saindo.

Juliana apenas concordou. Shun que descia as escadas notou Ester saindo de um quarto. O virginiano dirigiu-se para lá. Juliana estava sentada perto da janela fitando o céu azul... azul como os olhos de Shaka.

– Posso entrar?

Assustou com a voz.

– Cla-ro.

Shun aproximou, parando ao lado dela. O olhar também estava no céu.

– Ele queria ir muito reencontrar a mãe adotiva dele. – disse, sem tirar o olhar do céu.

– Quem? – não se lembrava que um dos cavaleiros fosse adotado.

Juliana apontou para o céu. Shun acompanhou o movimento, a principio não sabia de quem ela falava, mas teve um insight.

– Shaka era adotado?

– Sim... ele demorou tanto tempo para aprender sobre sentimentos e agora que teria a chance de vivencia-los, ele se foi...

– Ele morreu cumprindo seu dever, Shaka sempre foi assim.

– Eu sei... – soltou um longo suspiro.

Shun aproximou um pouco mais abraçando a paulista.

– Tenho certeza que na hora, ele pensou muito em você.

– Eu sei... – as lágrimas vieram. – eu sei... mas agora... tudo acabou. Acabou Shun. Shaka se foi para sempre...

Ele não disse nada, apenas a amparou.

****

Jules desceu as escadas correndo, passando pela cozinha, indo para o pátio exterior. Correu até a fonte de Atena.

– Hian... Hian...

Voltou a chorar, mas parou ao sentir uma mão em seu ombro.

– Shiryu...

O chinês sorriu.

– Na última vez que conversamos, - iniciou o dragão. – ele disse para que eu e Shunrei marcássemos logo a data do nosso casamento. Ele sempre aprovou o nosso relacionamento... – caminhou até uma pedra sentando. Indicou para que Jules fizesse o mesmo. – ele sempre foi atencioso comigo e com ela, como um pai, sabe? – a fitou. – ele fez tanto por nós, e ficava pensando se um dia poderia devolver ao menos uma parte. Atena deu lhe uma nova vida e eu desejava sinceramente que ele fosse feliz. Aí você chegou... – sorriu. – eu não cheguei a vê-lo, depois que você chegou, mas eu pude notar pela sua voz ao telefone que ele estava muito feliz. Não duvido nada que ele estava planejando te levar para nosso casamento.

– Por que tinha que terminar assim?

– Porque acima de tudo ele era um cavaleiro de Atena. Shunrei tem ciência disso.

– Mas e agora?

– Tenho certeza que ele continuará a olhar por nós. Não pense que não estou triste com a morte dele, mas sinto orgulho também. Tive como mestre o cavaleiro de ouro de Libra.

Jules sorriu.

****

Mabel até tentou alcançar Jules, mas acabou perdendo-a de vista. Sem algum lugar para ir, foi para o jardim de rosas que ficava ao lado. Aquele lugar estava destruído e poucas rosas haviam sobrado. Bel fitou uma rosa branca. Não era justo Afrodite ter perdido sua vida, assim como Aldebaran. Seus pensamentos foram quebrados por uma voz.

– Droga! Droga! Droga! – Seiya dava socos no chão. Ergueu o rosto ao perceber que alguém o olhava. – oi.

– Desculpe... achei que estava sozinha...

– Não tem problema, Mabel. Mabel mesmo?

– Sim.

Seguiu alguns minutos de silêncio.

– Se não fosse pelos cavaleiros de ouro, não tínhamos avançado até Elísios. – disse, fitando um ponto qualquer. – eles morreram para nos dar uma chance de salvar Atena... eles combateram novamente e eu não tive a chance de ajuda-los. Isso é frustrante.

– Eles não queriam envolve-los. – Bel sentou ao lado dele. – queriam que Atena tivesse alguma proteção caso eles falhassem.

– Meu poder perto deles é insignificante, mas talvez eu pudesse ter evitado esse fim. Eles já carregavam o fardo da maldição de Hades, não tinham o porquê de assumir mais essa responsabilidade, não com a nova vida que ganharam.

Mabel pensou em Deba. Seiya a fitou, abaixando o olhar para a mão dela. Aquele anel era feito de Oricalco.

– Foi o Mu que fez?

– Sim. O Deba que pediu. – sorriu.

Da expressão surpresa, a face de Seiya entristeceu. Certamente o taurino tinha feito planos, planos esses destruídos. Sentiu mal, pois poderia ter feito a diferença e talvez agora Aldebaran estivesse ao lado dela.

– Eu sinto muito Mabel.

– Não se preocupe. Eu sei que seria capaz de tudo para evitar.

– Aldebaran era uma grande pessoa. E não apenas no tamanho.

Os dois sorriram.

– Eu aprendi muito com ele.

– Ele sempre falava de você.

– Era um bom amigo. Tenho algumas histórias dele, quer ouvir?

– Claro. – ela sorriu. – conte-me tudo.

****

Isabel segurava firmemente o pingente dado por Kamus. Não acreditava que ele tinha ido. Suellen e Cristiane estavam sentadas lado a lado.

– E agora? – indagou Suellen. – o que a gente faz?

Nenhuma das duas respondeu, pois não tinham respostas.

– Eu vou andar um pouco. – disse Isa saindo.

– Também queria sair. – disse Suellen. – vamos andar?

– Tudo bem. – respondeu a mineira. Ficar naquele templo estava insuportável.

Isabel já tinha rumo certo quando saiu do templo.

****

Ester andava sem rumo. Não queria ficar dentro do templo, pois sentia-se sufocada. Acabou parando nas escadarias de Peixes, ou o que restou delas.

Lembrou-se do primeiro dia que viu o complexo das doze casas. Eram construções imponentes e que agora estavam resumidas a ruinas.

– É triste ver tudo destruído não é?

A garota assustou-se. Rapidamente ligou seu aparelho.

– Desculpe se a assustei.

Tudo bem Kiki.

O garoto estranhou o som, mas usando seu poder entendeu na hora.

– Mestre Mu sempre foi uma pessoa fechada. Era calmo, tinha um perfil pacificador, mas sempre muito fechado. Era muito centrado nas coisas que fazia e pegava muito no meu pé, já que eu sou o oposto. – sorriu.

– Ele gostava muito de você.

– Sei que sim.

– Mu é uma pessoa muito especial.

– O mesmo vale para você. – a fitou. – o mestre nunca desejou algo. Ele sempre foi resignado com sua missão de servir Atena. Sua vida era resumida nisso, mesmo depois de voltar a vida, mas aí você apareceu... ele estava pensando seriamente em reformar o castelo de Jamir.

Sério?

– Sim. Ele começou a ter sonhos. Depois que você chegou, meu mestre começou a viver de verdade.

Pena que tudo acabou.

– Se eu pudesse trocaria de lugar com ele. Não me importaria de perder a minha vida em prol da dele.

– Realmente não há mais a ser feito?

– Se a Perséfone disse que não...

Entendo...– os olhos marejaram.

– Tome.

O ariano ofereceu um lenço, Ester o fitou diretamente. Kiki tinha um olhar gentil como Mu.

– Obrigada.

****

Isabel estava parada em frente ao templo de Aquário. Parte do teto estava no chão, assim como as paredes. Queria entrar, mas devido ao estado da construção, poderia ocorrer um desmoronamento. Ficou imaginando como estaria a biblioteca de Kamus. Ele amava tanto aquele local e agora.... os olhos encheram de agua.

– Está pensando na biblioteca?

A paulista olhou para o lado na hora.

– Hyoga...

O cavaleiro de cisne estava de pé, olhando fixamente para o templo.

– Para muitos Kamus deveria ser uma pessoa completamente fria e desprovida de sentimentos, mas... – fitou o pingente que carregava no pulso. – tudo que sou devo a ele.

A brasileira saiu de onde estava indo até o aquariano.

– Apesar da frieza, seu coração era nobre. Também sentia isso não é? – a fitou.

– Sim...

– Eu sei que no tempo em que vocês ficaram juntos, ele deve ter vivido intensamente.

Isa sentiu os olhos marejarem ao se lembrar das situações vividas com ele e os planos para irem a Marselha.

Não olhe para trás Hyoga, quando um homem decide fazer alguma coisa não deve hesitar... permaneça sempre calmo. Ele me disse isso quando o muro estava prestes a ser destruído.

O russo pegou a mão de Isa, colocando entre as dele. A brasileira sentiu o toque gélido.

– Ele cumpriu o dever dele. Nos resta seguir em frente, não é senhora Saunierre.

– Sim... – rompeu em lágrimas.

Hyoga a acolheu num abraço.

****

Cristiane e Suellen não tinham um rumo certo, mas acabaram parando no pátio da estátua. A magnifica peça já não existia mais, apenas o pedestal e o cômodo onde a Megas era guardada. Suellen permaneceu de pé fitando a cidade, enquanto a mineira sentou, apoiando as costas nas rochas. Quantas vezes tinha ido ali com Saga?

– Saga... Saga...

A pernambucana voltou a atenção para a amiga, agachando na frente dela.

– Cris...

– Eu não importava ficar separada dele por causa da barreira, mas agora... ele está morto... nunca mais vou vê-lo. O Kanon...

– Eu sei... – disse tristemente.

Elas não tinham percebido que alguém as observava. Já tinha algum tempo que Ikki estava sentado no pedestal da estátua. Não demonstrava, mas por dentro estava triste pela morte dos dourados. Quando as viu, começou a escutar a conversa.

– Por que eles tiveram que morrer? Não bastou as doze casas, depois Hades...

– Também me faço a mesma pergunta.

A voz grossa do japonês assustou as duas. Ikki deu um salto parando a pouco delas, mas sem olha-las.

– Depois de tudo que passaram mereciam levar uma vida normal. – completou. – pelo jeito vocês devem ser as mulheres de Kanon e Saga. – as fitou.

Não disseram nada, Ikki era uma pessoa intimidadora, já era no anime, pessoalmente ainda mais.

– Eu conheci Saga e Kanon nas suas piores fases, mas também tive o prazer de conviver com eles depois de Hades. – voltou a atenção para a cidade. – depois de tudo que passaram eles mereciam ter suas vidas reconstruídas.

– Mas agora... – murmurou a mineira.

– Eles fariam exatamente o que fizeram. – fitou-a. – você conviveu com o Saga, sabe que ele cumpriria sua missão, mesmo que custasse sua vida.

– A gente sabe. – disse Suellen.

– Nós testemunhamos o alcance que a história “criada” pelo japonês chegou. Sintam-se honradas por terem convido com eles e acima de tudo por ter sido amadas por eles. Saga e Kanon não fizeram apenas pela Terra e por Atena. Foi por vocês também.

****

Julia jogou-se na cama, voltando a chorar. Nunca mais veria seu espanhol. Por que as pessoas eram arrancadas dela?

– “Shura.”

Sheila sentou ao seu lado, mas sem dizer nada. Nenhuma palavra ou frase seria capaz de aliviar a dor da amiga, muito menos a sua. Aquele sorriso gentil ficaria apenas em sua memória. Seu herói alado, ficaria apenas no seu coração.

– Shura... Shura...

– Julia. – Sheila a fitou.

– A gente iria construir uma família... ele queria ir para o Brasil... por que tem que ser assim....?

Gabe ouvia tudo em silêncio. Entendia os questionamentos de Julia, já que eram os mesmos seus. Ser cavaleiro de Atena significava vida de sacrifícios? Caminhou até a sua mala, ou o que tinha restado dela, pois muitas coisas estavam espalhadas. Um papel com tarjas vermelhas chamou sua atenção. Os olhos arregalaram ao ler: OlimpiksAir – Name: Vizcaino, Gabrielle - Departure: Aug... 07:00 pm – From: ATH Athens International – To: ... – Gate: 15A...

– É hoje... – murmurou.

– O que é hoje Gabe? – a voz de Sheila saiu bem baixa.

Ela mostrou o bilhete aéreo.

– Nossa volta para o Brasil. É hoje.

****

Rodrigo achou melhor levar Atena para o que tinha restado da varanda. Talvez o ar fresco a faria bem. A deusa fitava o horizonte, antigamente ela via sua estátua e o templo de Star Hill, mas agora sua visão estava limpa. Rodrigo estava ao seu lado em silêncio.

– Há milênios venho enfrentando batalhas mortais... – a voz saiu baixa. – deveria está acostumada a elas...

– Guerra é guerra Saori, não tem como acostumar.

– Eu falhei como deusa. Dei meus cavaleiros a chance de terem uma vida normal e agora eles estão mortos novamente. E não há nada que eu possa fazer.... – voltou a chorar.

– Não fique assim. – ele a abraçou.

– Eu não fui capaz de protegê-los... que espécie de deusa eu sou, se não consigo salvar meus próprios cavaleiros...

Atena sentiu seu cosmo ressoar com algo, ela olhou imediatamente para o alto, vendo a barreira emitir brilhos dourados. Saindo dos braços do baiano levantou.

– O que foi Saori?

Não respondeu, olhando fixamente para a barreira. Aos poucos os brilhos dourados sumiram e a imagem do Pathernon visto pelos humanos surgiu.

– Saori o que foi?

A deusa segurou a mão do baiano. Se não bastasse perde seus santos, ainda perderia...

– Pode chamar as meninas e me encontrar no salão principal? – indagou sem fita-lo.

– Aconteceu alguma coisa?

– Faz isso, por favor.

Ele estranhou o tom de voz, mas acatou. Ao se ver sozinha, Atena levou as mãos ao rosto, voltando a chorar.

O brasileiro passou nos quartos, chamando as que ali estavam. As demais demorou certo tempo para encontra-las. Ao final todos estavam no salão, inclusive Shina, Marin e Fernando.

– Aconteceu alguma coisa? – indagou Shun a Rodrigo.

– Atena pediu para nos reunir aqui.

Os bronze trocaram olhares, será que tinha a ver com o brilho dourado da barreira. Minutos depois Atena surgiu, com a expressão bem abatida.

– Não há motivos para não ser direta, principalmente depois de tudo que aconteceu. – disse sem fitar ninguém diretamente. – Marin e Shina providencie que as malas deles, ou o que restou, sejam entregues no hotel.

– Como assim Atena? – indagou Heluane.

– A barreira... – deu uma pequena pausa. - ela abriu.

A frase deixou todos atônicos.

– Como assim abriu? – Rodrigo a fitou na hora.

– Ela está do mesmo jeito de quando vocês passaram. – a voz saiu fria. - Isso quer dizer que está na hora de voltarem.

– Mas eu não quero. – disse Gabe.

– Não há nada que te prenda aqui Gabrielle. – Atena respondeu de forma séria e fria. Era a deusa. – Aioria está morto.

Marin fitou Fernando. Ele ia embora?

– Atena tem razão Gabe. – disse Isa. – não temos motivos para ficarmos aqui.

– Mas eu não quero perder as memorias do Aioria! – gritou. – não pode me tirar isso também... por favor Atena, ao menos as lembranças do que vivemos...

– Não se preocupe. – disse a mesma. – não vou retira-las, não faz sentido, pois não há nada aqui. Sei que guardarão segredo.

– Então é esse o fim de tudo? – indagou Mabel.

– Sim. O desaparecimento de Star Hill marcou o fim de tudo. A barreira ficará aberta por alguns minutos, usem os banheiros que estiverem funcionando e troquem de roupa. – ela saiu em silencio.

Os brasileiros olharam entre si. Sheila tomou a dianteira, seguida de Paula e Marcela, as demais foram atrás. Rodrigo foi atrás de Atena.

– Saori. – abriu a porta da biblioteca de uma vez. Um vento suave tocou sua face, pois aquele cômodo estava sem parte do teto e das paredes. – Saori. – a viu em meio as estantes.

– Vá se arrumar. – a voz saiu autoritária.

– Tudo vai acabar assim? – foi até ela. – isso é o fim?

– Sim é o fim.

– Não pode ser o nosso fim.

– Mas é! – gritou. – o sonho acabou Rodrigo! O sonho acabou.... – começou a chorar.

O baiano soltou um longo suspiro, indo até ela.

– Saori.

– Não me toque. – afastou. – Não torne as coisas mais difíceis. Eu não consigo suportar duas perdas.

– Saori...

Mesmo contra a vontade dela, o brasileiro a tomou nos braços. Ela deu vazão as lágrimas.

– Por que tem que ser assim... porque nós não podíamos viver todos felizes...? Será que nunca poderemos ser felizes?

– Gostaria de te dar a resposta. – acariciava as madeixas. – mas a única certeza que eu tenho é que eu te amo.

– Rodrigo...

– Eu te amo minha deusa.

– Eu também... – o fitou. – muito...

Ele tomou o rosto alvo nas mãos, beijando-a demoradamente...

****

Fernando arrumava suas coisas, Marin o observava da porta. Primeiro Aioria, Afrodite, agora ele?

– Você vai me deixar? – a voz saiu fraca, não condizente com a resoluta amazona de Águia.

– Eu não tenho opção Marin. – respondeu sem olha-la. – uma hora isso iria acontecer.

Ela sabia disso. Tinha a total consciência que a barreira abriria qualquer dia e que Fernando teria que partir. Só não imaginava que fosse naquelas circunstancias. O que faria a partir de agora?

– Sem Shion, creio que a administração do santuário ficará na suas mãos. Pelo menos até Kiki assumir.

Só agora se deu conta. O santuário havia perdido seus lideres. Shion, Aiolos, Dohko e até mesmo Saga. Como em oito horas, a vida de todos tinha virado de ponta cabeça?

– Escute.

O toque nos ombros do mineiro a trouxe de volta a realidade.

– Será sempre a minha musa inspiradora. A garota valente e perseverante. Sei que fará um bom trabalho.

– Eu não vou conseguir sozinha... não vou conseguir sem você.

– Claro que vai. – a abraçou. – eu amo você.

– Nan-do... – os olhos lacrimejaram. – não me deixe sozinha...

– Não estará sozinha. – a fitou. – meus pensamentos sempre estarão com você. Sempre.

A amazona tocou no rosto dele.

– Eu também amo você. Sempre.

Os dois sorriram.

Cerca de meia hora depois, o grupo estava reunido no salão.

– Estão prontos? – Atena tentava permanecer impassível, mas sofria tanto quanto eles. Seu coração estava despedaçado.

– Sim. – respondeu Juliana por todos.

Shiryu saiu de onde estava parando na frente de Jules.

– Obrigado por ter feito a vida do meu mestre mais feliz.

Ela sorriu.

Hyoga aproximou de Isabel.

– Faço das palavras dele as minha. Sempre carregue isso. – apontou para o cisne.

– Também faço. – Kiki tomou a palavra, olhando para Ester. – tenho certeza que meu mestre, também fez tudo isso por você.

– Adeus meninas, jamais vou esquecê-las. – disse Marin tentando permanecer firme. – se cuidem.

– Você também Marin. – Sheila disse por todas.

– Paula. – a amazona de cobra aproximou trazendo um envelope. – em meio a confusão achei esse envelope com o seu nome. Pela caligrafia era de Shion.

Paula segurou as lágrimas, sabia o que tinha naquele envelope.

– Obrigada...

– É uma pena que não pudemos conviver por mais tempo. – disse Shun por todos.

– Estão prontos? – indagou Atena lançando um ultimo olhar para Rodrigo.

– Estamos. – ele respondeu.

– Venham comigo.

Todos seguiram em silencio, em direção ao pátio da estatua. Os brasileiros não podiam ver, mas os demais viam a barreira emitir inúmeros brilhos dourados.

Marcela se lembrou da primeira vez que estiveram ali, Miro apareceu no ultimo instante e a barreira não abriu. Aquilo poderia voltar a acontecer?

– Me prometam que o santuário ficará em segredo.

Não se preocupe Atena. – disse Ester. – tem a nossa palavra.

– Obrigada e adeus.

A barreira emitiu um brilho dourado e quando a luz dissipou puderam ver treze pontos dourados. Os pontos desceram parando diante de cada menina. A armadura de Aries parou entre Ester e Paula. Não precisavam de palavras para entender o significado daquilo. Era a ultima despedida.

Eles foram envolvidos pela luz dourada, Rodrigo e Atena, Marin e Fernando trocaram um ultimo olhar antes de serem envolvidos. Shun aproximou-se da deusa envolvendo-a.

– Acabou. Tudo acabou...

Atena voltou a chorar...

Primeiro uma luz muito forte ofuscou a visão deles, seguida de uma escuridão e um ponto luminoso ao final. Jules foi a primeira a sair e assim um por um, sendo Fernando por ultimo.

Os olhares percorreram todo o local, os guindastes, as lonas de proteção... estavam de volta ao Pathernon real. Em silencio foram para o caminho que haviam percorrido dias atrás. Já fora do templo olharam para os guindastes e toda a destruição do templo provocada pelas guerras e pelo tempo.

– Marcela... – chamou Gabe, ainda olhando para as colunas.

– Sim...

– Obrigada por fazer a gente entrar... – os olhos marejaram. – apesar de tudo... de tudo... – começou a chorar. – eu conheci o Aioria...

A paulista aproximou abraçando-a.

– Valeu a pena não foi? – tentava conter as próprias lágrimas.

– Sim... – sorriu. - sim...

– Tivemos a sorte de ter conhecido os santos dourados de Atena. – disse Rodrigo. – e saber que foram homens valorosos.

Se abraçaram sorrindo.

Na entrada principal da Acrópole, uma van os aguardava. Não fizeram perguntas, pois sabiam a quem ela pertencia.

Os brasileiros foram conduzidos ao hotel, onde apenas fizeram o check out, pois o voo, era para aquele mesmo dia.

A medida que a van tomava o rumo do aeroporto, a imagem do Pathernon ficava para trás. Gabe trazia os olhos pregados no vidro, absorvendo os últimos instantes da visão. A van parou num sinal. Os brasileiros olharam para trás onde ainda podiam ver uma ponta do templo de Atena. Foram trinta segundos que pareceram horas, os corações bateram fortes e aqueles dias no santuário passaram como um filme na mente deles. O sinal abriu... lentamente a van dobrava a esquina e a imagem das colunas ficavam para trás... trás... até desaparecerem... algumas não seguraram as lágrimas...

O silencio entre eles permaneceu até a fila de embarque, ao contrário do salão, onde vozes e risos podiam ser ouvidos. Eles se olhavam com olhares confidentes. Era estranho pensar que apenas eles sabiam de toda a verdade. Se aquelas pessoas estavam ali, era porque outras tinham dado a vida por isso.

– É a vida que segue. – disse Fernando.

Tomaram seus lugares, por sorte sentariam juntos. Minutos depois, sentiram o avião se movimentar. Sheila olhou pela janela, o sol estava se pondo, formando uma faixa dourada no horizonte...

A faixa foi diminuindo... diminuindo... diminuindo...até desaparecer...

– Adeus Aiolos...

Vinte e quatro horas depois estavam aterrissando no Brasil...

****

Atena olhava o sol se pôr no horizonte. Tinha ficado ali desde a partida deles.

– Vamos entrar Saori? – Seiya parou ao seu lado.

– Sim...

O cavaleiro de Pégaso pegou na mão dela conduzindo-a para o interior do templo. A noite demorou a passar para eles e mal conseguiram pregar o olho. Assim que amanheceu, Shina tomou as rédeas do funeral, inclusive avisar a irmã de Kamus e a avó de Afrodite. Não havia corpos, mas os dourados de Atena mereciam ser enterrados dignamente.

Seiya e Shun ficaram com Atena no quarto, já que a deusa só sabia chorar.

Às dez da manhã, os cavaleiros de bronze, Kiki, Shina, Marin e os moradores de Rodorio estavam no cemitério do santuário.

As quatorze lápides estavam dispostas na ordem de seus signos guardiões. Atena estava amparada por Shun. Seiya e Shina estavam ao lado de Marin. Ikki, Hyoga e Shiryu estavam mais atrás num profundo silêncio. Kiki trazia duas rosas brancas na mão. Depositou uma na lápide de Shion e depois na outra onde se lia “Mu Slaviero, cavaleiro de ouro de Aries”. Ao fitar o nome, o jovem lemuriano derramou lágrimas, num choro silencioso. Deixou-se ir de joelhos, havia perdido amigos, havia perdido um mestre, havia perdido um pai.

Shiryu caminhou lentamente até o tumulo de Hian Hohko. Agachou, colocando uma rosa branca.

– Descanse em paz mestre.

Hyoga fez o mesmo, assim como Seiya que depositou rosas nos túmulos de Aioria e Aldebaran e Marin no de Afrodite.

Atena trazia o olhar perdido nas lápides. Doze anos atrás ela fazia o mesmo, mas naquela época tinha condições de ajuda-los, agora... eles estavam perdidos para sempre... Saiu de onde estava, parando a certa distancia.

– Shion, Mu, Aldebaran, Saga, Kanon, Giovanni, Aioria, Shaka, Dohko, Miro, Aiolos, Shura, Kamus e Afrodite... vocês honraram seus títulos até o fim. Não temeram perder suas vidas em nome do amor e da justiça na Terra. Seus nomes serão gravados na história como os grandes cavaleiros de Palas Atenea. – a voz saia imponente, era a deusa. – meus cavaleiros... – a voz embargou, um filete prateado escorreu pelo rosto dela. – meus valorosos cavaleiros... – a voz saiu suave, indicando que era o lado mortal. – obrigada... muito obrigada...

Saori inclinou o corpo, na tradicional postura de agradecimento japonesa.

– Muito obrigada. – disse em meio ao pranto.

Uma semana depois...

O sol brilhava no céu de Athenas. Poseidon ao pisar no pátio do templo, teve as narinas invadidas pelo vento fresco do verão. Sorento o acompanhava. O marina ficou assustado com o estado do santuário, ele ainda estava com as marcas da batalha contra Hell.

– Senhor, o que houve?

– Nós deuses temos a capacidade de reconstruir nossos templos, mas apenas quando queremos. Atena deve está sem condições para isso. – tomou rumo do templo. – pelo que eu soube pelo cavaleiro de Andrômeda, Atena está num profundo estado de tristeza.

Andando pela construção, constataram que o estado dela deveria ser mesmo delicado, estava tudo destruído.

– Senhor Poseidon. – disse Shun, vindo recepciona-los.

– Há quanto tempo Andrômeda.

– Digo mesmo.

– Como está Atena?

A expressão de Shun entristeceu.

– Está muito abatida. É com dificuldade que a fazemos alimentar. Passa horas e horas trancada em seu quarto. Ela não está bem. Olhe o santuário. Está destruído. Só a vila foi reformada.

– Gostaria de ter vindo assim que Hell foi derrotada, mas ainda sofria pelos efeitos da retirada do meu cosmo.

– E o grupo de brasileiros, Shun? – indagou Sorento.

– Voltaram naquele mesmo dia. A barreira abriu.

– Que pena. – ele pensou em Sheila e Poseidon em Suellen.

– Posso subir? – indagou o deus.

– Fique a vontade.

Sorento preferiu aguardar junto com Shun. Adrian subia as escadarias rumo aos aposentos de Atena desviando do entulho. O estado do templo era lamentável.

Bateu duas vezes antes de entrar. Viu que ela estava sentada na varanda. Quando aproximou viu o real estado dela. A face estava pálida, os olhos vermelhos e com olheiras profundas e negras. Vestia uma calça de moletom e blusa branca, os cabelos estavam presos num coque mal feito. Nem parecia a deusa Atena tampouco a bilionária Saori Mitsui. Até Poseidon ficou impressionado com o estado dela.

– Atena.

Ela não o fitou.

– Gostaria de ter vindo antes. – disse sem se importar com a indiferença. – meu tridente retornou aos meus domínios.

– Assim como meu báculo e a Megas Depranon. – a voz saiu fria.

– Eu sinto muito pelo seus cavaleiros.

– Sente mesmo? – o fitou ferina. – não passa de um ser egoísta Poseidon.

– Eu perdi o Kanon.

– Até parece que você se importava. – virou o rosto. – se importasse tinha ido comigo busca-lo no Tártaro. Não venha com falsos sentimentalismos.

– Saori. – a voz saiu mais suave.

– Eu não quero brigar com você Adrian. Vá embora.

O grego soltou um longo suspiro.

– Se precisar de mim, pode me chamar.

Ela não respondeu.

Enquanto isso no salão, Shun dava detalhes de como tudo acabou.

– Eles salvaram a Terra novamente. – disse o marina.

– E não pudemos ajuda-los. Isso é frustrante.

– Posso entendê-lo. Apesar de ter minhas diferenças com o Kanon queria ter ajudado.

– Como vai Sorento?

Ele virou-se deparando com Ikki.

– Bem e você?

– Na medida do possível. – respondeu o japonês. – Poseidon está aqui?

– Veio conversar com Atena.

– Ou tentar. – disse olhando para o final do corredor.

Shun e Sorento também olharam.

– Como foi Poseidon? – indagou o japonês mais novo.

– Saori está fechada na sua dor. – disse. – assim como Atena.

– Ela está desolada. – Seiya surgiu, acompanhado de Marin.

– Isso me preocupa. – disse o deus. – o cosmo dela está vibrando de uma maneira diferente.

– Também notei isso. – disse ikki.

– Isso pode ser um problema? - Marin não gostou do tom de voz do deus.

– Espero que não, mas ela está muito machucada, tanto o lado mortal quanto o divino e essa dor pode transformar-se em revolta, ódio.

Ficaram preocupados.

– Fiquem de olho nela.

Poseidon foi embora no mesmo dia. Depois da luta final, os cavaleiros de bronze resolveram ficar no santuário para sua reconstrução e também porque não queriam deixar Atena sozinha. Cada um assumiu uma tarefa e a de Marin era cuidar da parte burocrática do santuário e da fundação Mitsui, já que Saori não voltara para a empresa.

Logo a noite caiu na morada de Atena. O jantar tinha sido servido na cozinha.

– Será que a Saori se alimentou? – indagou o cisne.

– A resposta é não. – Shina trazia a bandeja intacta. – desse jeito ela vai adoecer.

– Mas o que podemos fazer? – Kiki estava muito preocupado. – não podemos amarra-la.

– Enquanto ela não superar a perda, nada que fizermos vai resolver. – disse Ikki.

– Se ao menos o Rodrigo estivesse aqui... – disse Shun.

Marin pensou em Fernando.

– Mas não está. – Seiya tomou a palavra. – temos que tentar fazer algo sem ele.

Atena em seu quarto olhava o céu estrelado, usando seus poderes sumiu dali, reaparecendo num outro ponto do santuário. O vento fresco da noite balançava os cabelos lilases. Os olhos verdes olhavam entristecidos para as lápides.

Quantas vidas já tinham sido ceifadas em nome dela? Desde a era mitológica, jovens morriam em nome dela. Até quando isso continuaria? Os olhos encheram de água ao se lembrar do choro compulsivo da irmã de Kamus.

– Me perdoem... eu prometo que isso vai acabar. Não haverá mais mortes.

Seiya tinha decidido falar com Saori, ela precisava se alimentar. Bateu duas vezes e não obteve resposta. Entrou.

– Saori. Saori.

Olhou em todo o quarto e nada.

– Saori??

Desceu as escadas desesperado, abrindo num rompante a porta da cozinha.

– O que foi Seiya? – Hyoga ficou preocupado com a expressão do nipônico.

– A Saori sumiu.

O santuário ficou em alerta. Eles se dividiram para procura-la. Não temiam o sequestro dela, pois sabiam que o santuário estavam em paz, mesmo sem proteção, mas seus maiores temores era com o estado dela. Saori estava as portas de uma depressão.

Vasculharam em todos os cantos sem sinal. Ikki do alto da Arena dourada olhava em todas as direções.

– Onde você está Atena... – murmurou. Subitamente teve uma ideia.

O cavaleiro de Fênix foi para o cemitério. Sentiu um nó na garganta quando a viu deitada no chão.

– Atena...- a passos lentos caminhou até ela. – Atena...

Ela estava acordada, mas os olhos não fitavam nada, estavam opacos. O cavaleiro olhou para as estelas em mármore. Hell não tinha conseguido seus objetivos, mas derrotou Atena.

– Atena. – agachou ao lado dela. – venha comigo.

– Diga-me Ikki, - falou, mas sem se mexer. – se nada disso existisse, todos estariam vivos, não estariam?

– Como assim?

– Eu deveria resolver os problemas e não envolver pessoas neles.

– Do que está falando?

– Se eu não tivesse cavaleiros, nada disso estaria acontecendo. – o fitou, sentando. – vocês não teriam enfrentado batalhas tão ferozes e eles não teriam morrido.

Ikki a fitou preocupado. Do que ela estava falando?

– Vamos para o templo. Tenho um comunicado a fazer.

O japonês obedeceu sem questionar. Quando Ikki comunicou por cosmo que havia encontrado a, respiraram aliviados.

– Onde esteve Saori? – indagou Seiya.

Ela não respondeu. Esperou que todos acomodassem.

– Tenho um comunicado a fazer. São ordens e não estão passiveis de serem revogadas.

– E o que seria? – indagou Shina, não gostando do tom de voz dela.

– A partir de hoje o santuário será desativado.

– COMO?? – exclamaram todos.

– Como assim Atena? – indagou Kiki.

– Não teremos mais atividade aqui. Vocês serão os últimos e ultimas servidores de Atena.

– Mas Atena... – Shiryu estava em choque. – não pode fazer isso...

– Posso e farei. Vocês ainda continuarão com seus postos por mais alguns anos, até se “aposentarem.” Todas as armaduras serão guardadas sobre a minha responsabilidade.

– Isso é loucura Saori! – exclamou o sagitariano. – e se algum deus...

– Está na hora de eu assumir a total responsabilidade pela Terra.

– Está nos dispensando? – Ikki a fitou incrédulo.

– Eu quero que vocês vivam. Eles foram os últimos a morrerem em meu nome.

– E Rodorio? – indagou Shun. Estava tão perplexo quanto os demais, mas questionar as ordens de Atena naquele momento era bobagem. Ela estava fazendo aquilo, pois ainda sentia a dor da perda. Atena precisava de tempo para absorver tudo.

– Continua normal. Não serão prejudicados.

– Mas Atena... – murmurou Marin.

– Está decidido. Estão dispensados. Boa noite.

Deu as costas indo para o seu quarto. No salão olhavam uns para os outros atônicos.

– Ela não pode está falando sério. – disse Seiya.

– Mas está. – respondeu Hyoga. – nunca vi Atena tão decidida.

– Fechar o santuário?

– Sim Kiki. – disse Shun. – Atena está inconsolável pela morte dos dourados. Ela está pensando que sem o santuário não haverá mais mortes. Enquanto ela permanecer nesse estado, o santuário ficará fechado.

– Não mesmo. – Seiya saiu correndo atrás dela.

– Seiya!

Marin foi atrás assim como Ikki.

– Pessoal... – murmurou o virginiano.

– Não podemos permitir isso Shun. – disse Shina. – não podemos deixar Atena entregar os pontos.

No andar de cima.

– Atena. – Seiya abriu a porta de uma vez. – não pode fazer isso.

– Entrou sem bater?

– Entrei. - disse seco. - Não pode fechar o santuário.

– Posso e vou. – a voz saiu imperativa. – isso é uma ordem e deve acata-la.

– Uma ordem absurda!

– Não tem nada de absurda. Eu enfrentava os deuses antes de ter cavaleiros, tudo voltará como era antes.

– Então é assim? Acabou? Séculos de história acabaram agora?

– Não quero perder mais nenhuma vida, cavaleiro de Pégaso.

Marin entrou logo em seguida.

– E o melhor a se fazer é fechar o santuário.

– Desculpe a minha petulância Atena, - disse Marin. - mas está sendo precipitada. Sabemos o quanto está sofrendo pelos dourados e pela separação do Rodrigo, mas precisa continuar.

– Não a sentido em continuar. Esse lugar não tem mais sentido.

– Está dando a deixa para outros deuses quererem a Terra. – disse Ikki entrando seguido dos demais. – o sacrifício deles foi em vão? Está sendo egoísta Atena. – o cavaleiro não mediu as palavras. – se fechar o santuário Shion e os outros desperdiçaram suas vidas.

– Vocês não entendem... – os olhos marejaram. – eles estão mortos... mortos...

– Mortos para permitir que a senhorita siga em frente. – disse o aquariano. – não pode se entregar assim.

Marin aproximou-se da deusa.

– Eu sinto muito falta do Aioria e dos outros... mas sei que eles fizeram o que fizeram para que pudéssemos ter uma vida tranquila. – pegou nas mãos dela. – sinto falta do Fernando, mas sei que ele está bem e que quem sabe um dia nós poderemos ficar juntos de novo. – sorriu. – Rodrigo e os santos dourados não gostariam de vê-la assim.

Atena fitou a todos, eles traziam um sorriso amável.

– Não está sozinha Atena. – disse Shiryu. – não se culpe pelo que aconteceu. Quando decidimos virar cavaleiros foi porque queremos. Meu mestre e os outros se tornaram cavaleiros por opção.

– Estamos aqui com a senhorita. – completou Kiki.

– Eu... Eu...

– Vamos erguer o santuário para as próximas gerações. – disse Shina.

Brasil...

Logo após chegarem a São Paulo, cada um pegou seu avião rumo a sua cidade natal. A única exceção foi Ester, que a partir da conexão em Paris foi para os Estados Unidos.

Durante os primeiros dias, o assunto entre eles era sobre o santuário e tudo que tinha acontecido naquela viagem. A morte dos dourados era uma ferida que demoraria a cicatrizar, mas as meninas estavam dispostas a continuar em frente... E assim um mês se passou...


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