A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 51
Sonhos




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Mask e Heluane subiam as pressas pelas doze casas, estavam no maior clima quando a convocação de Shion apagou o “fogo”. Todos os convocados já estavam lá, faltando apenas eles. Entraram no templo de mãos dadas e Atena não escondeu a cara de espanto ao ver tal cena. Era certo que notara que o clima de animosidade entre eles tinha diminuído, mas não imaginava que fosse tanto. Afrodite deu um sorriso descarado, tinha certeza que os dois gostavam um do outro, mas orgulhosos do jeito que eram não dariam o braço a torcer. Até que o romance chegou rápido.

– Agradeço a presença de todos. - disse sorrindo. Estava muito feliz por seu cavaleiro. – o motivo da reunião...

Atena parou de falar, dirigindo o olhar para cima. Estava bem sutil, quase imperceptível.

– Algum problema Atena? - indagou Shion preocupado com o silêncio dela.

– Não... - olhou para Shaka, que fazia a mesma expressão do grande mestre. - nada. - Ficou intrigada e ao mesmo tempo surpresa. Kanon havia dito que Ares saiu do templo, o que ele fazia no telhado? Sem revelar seu cosmo a ninguém. Será que estava espionando?

– Atena? - foi a vez de Aiolos chamar.

Ela o fitou. Sheila estava ao seu lado e pouco atrás dela a mineira.

– "É minha imaginação... não poderia ser..." - balançou a cabeça negativamente. - desculpe, só estava pensando.

– Atena...

Olharam para o dono da voz, era Poseidon.

– Poseidon... – Kanon arrumou um assento para ele. – sente-se.

– Obrigado. Espero que não se importe que eu participe Atena.

– Claro que não. Bom... Hell fez mais uma vitima. Pode nos contar? – fitou o deus.

– Ela invadiu minha mansão junto com um guerreiro. Queria fazer um acordo para unirmos forças, como eu rejeitei ela sugou meu cosmo.

– Ao que parece ela necessita de poder para realizar seu objetivo. – disse Shaka.

– O selo de Kaya por ter sido feito pelos primordiais necessita de uma grande quantidade de energia. Ela disse que está à procura do seu tridente. – disse Adrian. – ao que parece ele está fragmentado mas já tem algumas partes. Portanto ainda temos tempo, já que teve que pegar o meu e seu cosmo Atena.

Atena sentiu alguém chama-la por cosmo.

– Atena.

– Perséfone?

– Estou tentando entrar em contato, mas algo me impedia. Fomos atacados. A deusa Hell sugou o meu cosmo e o de Hades. Ela está querendo abrir o selo, foi ela que roubou as armas.

– Ela me atacou. – disse Atena. – e a Poseidon também.

– Até ele??

– Sim. Como vocês estão?

– Hades está bem enfraquecido, assim como eu. Atena eu gostaria de ajudar, mas nossos espectros...

– Não se preocupe. Sabe de algo sobre o selo?

– Ele além de abrir a Arris, confere ao portador uma grande quantidade de poder. Imagina a força de cinco primordiais! Mas ao que parece ela ainda não abriu.

– Isso continha nos livros. – disse Kamus ajeitando os ósculos. – abrir o selo não é algo tão simples.

– Precisamos impedir que ela consiga seu tridente, assim poderemos retarda-la um pouco. – disse Aioria.

– Perséfone, - chamou Poseidon. – sabe se a cópia grega do livro foi realmente destruída?

– Foi sim Poseidon. Se tivéssemos poderíamos ter algo a nosso favor.

– E Hilda? – indagou Dite. – Hell disse que vai abrir o selo em Asgard.

– Asgard? – Perséfone estranhou. – não é um local com muita atividade divina.

– Mas o único relacionado ao panteão nórdico. – disse Atena.

As meninas ouviam tudo em silêncio, jamais imaginariam que participariam de uma reunião envolvendo três deuses. A situação era tensa, mas não podiam deixar de sentirem lisonjeadas.

– Shion. – a deusa o fitou. – o que acha?

– Quanto tempo acha senhora Perséfone, que leva para o selo abrir? Imaginando que há essa hora Hell já tenha conseguido o tridente?

Não sei muito bem Shion. Pelas minhas memórias os primordiais levaram cinco horas para completar o selo, acredito que Hell levará entorno de vint.

– Então temos até às três da tarde de amanha. – disse Mu.

– É uma estimativa, cavaleiro de Áries.

– O tal livro que contem o ensinamento possui outras coisas? – indagou Marin.

– Tem o ensinamento de absorver o cosmo de outros deuses. Pode haver outras coisas, mas eu não tenho conhecimento. – disse Poseidon.

Atena permanecia em silencio. Não podia contar que teria vinte horas para agir, pois o tempo poderia ser bem menos. Sorento não poderia lhe ajudar, assim como os seguidores de Hades. Teria que contar com sua elite dourada. Olhou o céu negro.

– Faremos o seguinte. – sua voz preencheu o ambiente. – como tinha destacado anteriormente Shion, Marin já avisou os moradores. Leve-os o quanto antes.

– Farei isso imediatamente.

– Shura e Miro.

– Sim senhora. – o escorpião bateu continências.

Uma serva surgiu no salão levando um telefone as pressas para Atena.

– Diz ser a senhorita Hilda.

Atena pegou o aparelho na hora, finalmente um contato depois de horas! Temia que algo tivesse acontecido a ela.

– Hilda. – colocou no viva voz.

Finalmente Atena. Tentei uma comunicação, mas não consegui.

– Está tudo bem?

Sim. Conseguiu descobrir quem foi o autor dos roubos?

– Hell e ela quer abrir o selo de Kaya.

A linha ficou muda por segundos.

– A Hell...?- notaram o tom de preocupação dela.

– Senhorita Hilda conte-nos tudo que sabe sobre ela. – Aiolos aproximou.

Na Era mitológica Hell liderou a guerra dos gigantes contra os asgardianos. Odin saiu vitorioso e como punição Hell foi banida. Um dos objetivos dela era abrir o selo.

– Qualquer pessoa tem acesso ao livro de Kaya? – indagou Poseidon.

– A história que chegou até a mim é que ela roubou o livro e antes que Odin a punisse jogou o livro em algum lugar. Seu tridente também foi partido em vários pedaços.

– Sabe onde as partes do tridente foram jogadas? – indagou Shaka.

Eu preciso pesquisar. Quase tudo sobre ela foi queimado. Odin queria riscar o nome dela de Asgard.

– E a localização do reino dela? – foi a vez de Atena perguntar.

Por conta do banimento a principal entrada de Hellhien foi fechada. Hell deve está usando outro local. Eu preciso pesquisar. Sabe em quanto tempo ela abrirá o selo?

Vinte horas. – disse Perséfone. – precisamos dessas informações o quanto antes.

– Eu sei... ao que parece ela não quer abrir o selo daqui, deve está fazendo isso no castelo dela.

– Mas lá não é um lugar místico. – disse Mu.

Liberar o poder pode ser em qualquer lugar, abrir o selo só em um local místico. De certo ela não quer se expor. – disse Perséfone.

Gabrielle acompanhava o dialogo impressionada. Os principais deuses e representantes unidos contra outro deus. Aquilo era surreal.

Freya me ajudará nas pesquisas.

– Quanto temo vai levar?

Tentarei ser o mais breve possível. Espero que por volta de duas ou três horas, já que tenho que localizar os livros.

– Vamos ficar no aguardo. – disse Atena.

A deusa encerrou a ligação.

Me mantenha informada Atena. – disse Perséfone.

– Pode deixar. Qualquer problema me avise.

– Sim.

A deusa afundou no seu trono. A situação era bastante delicada, teriam algumas horas até o selo ser aberto, mas tinham que descobrir a localização de Hell primeiro e isso era ponto a favor dela. Tudo conspirava contra.

– Shion, Aioria e Deba levem os moradores. Os demais permaneçam aqui.

– Atena... – Isa deu um passo. – podemos ficar aqui só mais um pouco? Por favor.

A deusa soltou um suspiro.

– Sim, mas apenas pelo tempo do retorno de Hilda. Depois quero que todos sigam para o abrigo.

Os brasileiros sorriram.

O.o.O.o.O

Kalisha e Seren estavam na varanda, com o primeiro contato sobre a luta rápida que teve com o marina.

– Ele era muito fraco. – disse desapontado. – se os cavaleiros forem nesse nível será muito chato.

– Não crie grande expectativa. Pelo que pude notar apenas quarenta por cento deles dará uma luta empolgante.

– Vou morrer de tédio... – murmurou.

Seren sorriu, mas o rosto ficou sério ao começar a sentir um cosmo conhecido.

– Alfarr. – Kalisha também havia sentido.

Hell estava em seu quarto dedicando sua atenção ao livro. Aryeh e Andrasta estavam ao seu lado. O celta estava tenso, queria conversar a sós com sua senhora, mas Aryeh não arredava o pé.

– O que te aflige Andrasta?

– Apenas a demora de Alfarr. – mentiu. – se permite posso ir atrás dele.

– Não há necessidade. – ela o fitou. – ele chegou. Vá recepciona-lo. Verifique se o tridente está montado, já que é o único que o conhece perfeitamente.

– Sim senhora.

Andrasta sorriu com a observação, saindo. Quando ele fechou a porta, Aryeh caminhou em direção a sua deusa.

– Posso sugerir uma trança? - indagou pegando os fios prateados.

– A vontade.

Aryeh dividiu o cabelo em três, entrelaçando com cuidado cada madeixa. Ao final levou um espelho.

– Espero que tenha ficado do seu agrado.

– Sempre gostei das suas tranças.

Ele deu a volta parando em frente a ela. Os olhos amarelos fixaram nos azuis.

– A primeira coisa que farei é deformar o corpo de Odin. Ele pagará muito caro por ter destruído seu rosto. - acariciou a parte normal.

Ela sorriu.

– Foi uma afronta.

Usando seu poder, Hell fez a outra parte voltar ao "normal."

– Sente falta dele assim?

– Sua beleza fica insuperável. - olhou para os lábios rubros. Segundos depois a beijou. - sabe da minha lealdade não sabe?

– Sei... - as mãos frias percorriam o rosto alvo. - sei...

Alfarr depositou o tridente sobre um pedestal. Encontrar os últimos fragmentos tinha sido uma missão difícil e ainda sim, faltava uma única parte.

– Demorou.

Ele revirou os olhos ao escutar a voz de Andrasta.

– Onde está a Hell?

– Está descendo. - aproximou do objeto analisando-o. - parece que conseguiu. Para um imprestável como você.

Ele não respondeu.

Andrasta aproximou-se um pouco mais do objeto notando que faltava um pedaço.

– Está faltando um pedaço!

– Não consegui encontrar.

– Como tem coragem de voltar faltando um pedaço! - berrou. - que espécie de guerreiro é você? Mal consegue cumprir uma missão! E não vai me dizer que foi porque Kalisha teve que vir embora. Aquela peste não ajudaria muito.

– Peste? - Kalisha estava com a expressão fria.

– Isso o que ouviu! Não passa de um garoto mimado!

– Ora seu...

– Chega Kalisha. - para a surpresa dos presentes, Einlin surgiu no meio dos dois. Erda descia as escadas tranquilamente.

– Mas ele que começou!

– Kalisha. - disse Alfarr.

O garoto ficou emburrado.

– Eu ainda não sei o que Hell viu em você.

– Digo o mesmo. - devolveu a provocação.

– Eu não sei por que brigam tanto. - a voz de Hell preencheu o ambiente. Aryeh descia logo atrás.

– Alfarr não cumpriu a missão como deveria senhora. E Kalisha agiu desrespeitosa.

– O que? - berrou o próprio.

– Como não completou a missão Alfarr? – indagou Hell, ignorando todos.

– Ficou faltando uma parte senhora. - ajoelhou diante dela. - não consegui localizar, me perdoe.

Hell pegou seu tridente, o objeto emitiu uma luz negra.

– Há quanto tempo.... - sorriu. Ela o examinou. Realmente faltava um pedaço pequeno. - não se preocupe, isso é obra de Wotan.

Ficaram surpresos ao ouvir.

– Era claro que ele sumiria com um pedaço. Tudo para que não voltasse ser o mesmo.

– E agora? - indagou Andrasta.

– Isso só vai atrasar em alguns minutos. - segurando o tridente caminhou até o selo. Ele tomou seu lugar, o aumento da energia foi gigantesco. - quinze horas e então poderemos leva-lo para Asgard.

Logo após o ocorrido, Andrasta refugiou-se em seu quarto.

– Aqueles imprestáveis! - jogou um jarro no chão. - deve existir uma maneira de acelerar o processo. - andava de um lado para o outro. - Alguma arma...

Andrasta parou de andar. Se o santuário de Atena era o ultimo resquício dos deuses, com certeza teria algum artefato. Camuflou seu cosmo sumindo em meio a escuridão.

O.o.O.o.O

Heluane e Mask esperaram o pessoal dispersar para aproximar da deusa. Ela não deixou de sorrir.

– Acho que devo devolver isso. - Helu mostrou a ela o anel.

– O efeito se foi. - disse Mask. - acho que o cosmo da senhorita dispersou.

– Não foi isso aconteceu. - pegou o objeto.

– Não? - indagaram surpresos.

– O objetivo era proteção e ele reagia sempre que você, - olhou para a fluminense. - sentia-se ameaçada ou pressentia algum sentimento hostil vindo de Giovanni. Mas ao que parece o clima mudou. - sorriu. - deixou de se sentir ameaçada e ele em ameaça-la. Os sentimentos mudaram e o anel se tornou nulo. Fico feliz que isso tenha acontecido. - pegou nas mãos dos dois.

– Obrigado. - disseram ao mesmo tempo.

– Vocês têm três horas. - disse saindo. - aproveitem.

xxxxxx

Shion, Aldebaran e Aioria seguiriam acompanhados de suas respectivas namoradas. O leonino era o único que estava com armadura. Quando chegaram a vila, os moradores já estavam na área central aguardando a evacuação.

– Devem está assustados. - disse Bel de mãos dadas como o taurino.

– Eles sabem o que acontece nessas situações.

– Vocês poderiam ajudar com as crianças? - indagou Shion. - as crianças daqui são um pouco travessas.

– Claro. - Bel sorriu.

Os seis de dividiram, conduzindo os moradores rumo as instalações feitas por Atena. As brasileiras ficaram surpresas ao verem o local.

– Acho que faz inveja a qualquer abrigo de um país em guerra. - disse Paula.

– Jamais imaginaria que tivesse algo assim dentro da montanha. Atena deve ter gastado uma fortuna! - exclamou a paulista.

– Atena não mede esforços. - disse Aioria aproximando.

– E nós vamos ficar aqui?

– Sim Gabe. É um dos lugares mais seguros do santuário. É provável que Atena mande um nós para cá, por precaução.

– Poderia ser você. - a paulista deu um sorriso.

– Seria uma péssima ideia. - sorriu. Ele não vigiaria ninguém.

– Viu o Shion Aioria? - indagou Paula.

– Nos fundos.

A paraense pediu licença indo atrás de seu mestre. Ele estava na cozinha conversando com alguns moradores. Paula parou na porta para não interrompe-lo. A pequena "reunião" durou apenas mais alguns minutos. Os moradores ao passarem pela brasileira

a cumprimentaram de modo respeitoso. Ela ficou surpresa.

– Por que eles fizeram isso? - aproximou do ariano.

– Digamos que... - a abraçou. - você é a primeira dama.

– Contou a eles???? - arregalou os olhos.

– As noticias correm nesse santuário.. - sorriu divertido. - é natural que lhe tratem com respeito.

– Gostei de saber disso.

– Vamos dar uma voltinha?

– Mas não estamos...

– Aldebaran toma conta de tudo. Vem.

Paula achou que passariam no meio de todos, contudo Shion usou uma saída escondida, conhecida apenas por ele. Os dois seguiram por um longo corredor iluminado. Ao final subiram uma escada e o mestre abriu uma portinhola. O lugar saia em meio a floresta.

– Uau... me senti como uma Bond girl.

– Bond Girl? O que é isso?

– Nunca ouviu falar no 007?

Shion pensou por alguns segundos.

– No agente secreto? - arriscou.

– Isso mesmo. Ele sempre tem uma bela mulher ao lado dele. - apontou para si.

– Concordo. - o mestre a puxou, envolvendo-a em seus braços. - tenho uma bela mulher. - acariciou lhe o rosto. - eu te amo Ana Paula. Nunca se esqueça disso.

– Não vou... mesmo que eu fique velhinha e você novo.

– Isso não vai acontecer. Nós vamos envelhecer juntos. Eu não tenho mais meu poder de lemuriano. A maldição o retirou.

Paula fitou as marcas lemurianas.

– Que seja pelo tempo que for determinado.

xxxxxx

Gabrielle ajudava uma jovem mãe com as roupas de seu bebê.

– Obrigada Gabrielle.

– As ordens. - olhou para o menininho. - você é muito fofo.

O garotinho sorriu.

– Ele sorriu para mim. - disse contente.

– Ele gosta de você.

– Senhor Aioria. - a moradora fez uma leve reverencia ao ver o cavaleiro.

– Não há necessidade disso. - disse sem graça. - pode vir comigo? - olhou para a paulista.

– Claro.

O grego a conduziu para fora do abrigo. Gabe sentiu uma brisa refrescante tocar o rosto.

– A temperatura está ótima.

– Venha.

Aioria pegou na mão dela, levando-a para o meio da floresta.

– Podemos nos afastar assim?

– Mestre Shion e Aldebaran cuidam de tudo.

– Para onde está me levando?

– Para passear.

Andaram cerca de cinco minutos até chegarem aos limites da vila. Era um local descampado. Os dois sentaram na grama.

– Podemos ficar aqui mesmo?

– Sim. - a tomou nos braços. - não sei quais serão as ordens de Atena então quero aproveitar o tempo.

– Está querendo é correr do serviço. – brincou.

– Na verdade quero ficar juntinho. – a abraçou mais forte. – de preferencia fazendo cafuné em mim.

– Leão manhoso....

xxxxxx

Aldebaran e Mabel terminavam de ajudar uma família a acomodar-se em um dos quartos.

– Não é fácil efetuar uma evacuação. - disse Bel.

– É difícil, mas me sinto muito mais seguro com eles aqui.

– E o que fazemos agora?

– Aioria sumiu... aposto que está com a Gabe em algum canto.

– Deixa os dois.

– Mestre Shion vai ficar uma fera.

– Vai mesmo.

– Nossa missão está pronta. - a fitou. - quer dar uma volta antes de irmos para o templo?

– Quero.

O taurino nem preocupou em ir atrás de Shion. De certo ele estaria dando ordens a alguém. O casal alcançou a floresta tomando o rumo da vila. Passariam pelo lago, a entrada da primeira casa, subindo por trás. A caminhada seria longa, mas era um momento a dois.

Deba segurava com firmeza a mão da noiva. Estava preocupado com o futuro dos dois.

– O que foi? – indagou Bel.

– Imaginando nossa vida no Brasil.

– Hum... onde iríamos morar?

– Tem muitos anos que sai do Brasil. Até minha cidade natal se perdeu em meio as minhas memórias. Pode ser em qualquer lugar.

– Deba. - parou na frente dele, segurando suas mãos. - quando essa guerra acabar vai mesmo pro Brasil comigo?

– Vou.

– E Atena? Eu sei o quanto ser cavaleiro é importante para você.

– O cenário perfeito seria você morando aqui e eu continuando na minha função, mas Atena jamais permitiria e entendo o lado dela. O santuário tem que permanecer oculto. Eu sempre serei um cavaleiro de Atena, mas meu lado homem quer ter uma vida nova. Com você.

– Atena vai nos processar. Estamos levando seus santos embora.

Os dois riram.

– Seremos felizes Bel. - a abraçou. - onde quer que estejamos.

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Jules andava pelo templo atrás de Dohko. O namorado havia dito que mataria a sede, mas tinha sumido.

O chinês estava trancado no banheiro. Sentado no vaso, trazia a cabeça entre as mãos. A dor começara de repente e forte.

– "Justo agora." - pensou. Precisava disfarçar para não preocupar Jules e Atena.

Lavou o rosto, respirando fundo. Ao abrir a porta deu de cara com a paulista.

– Dohko?

– Oi.

– Está tudo bem? - estranhou.

– Está. Shion já voltou?

– Ainda não... está tudo bem mesmo?

– Sim. - deu um beijo na testa dela. - vou até a minha casa pegar alguns mapas do santuário, caso Atena necessite.

– Vou com você.

– Não. - disse rápido. - até tudo estiver devidamente esclarecido quero que fique aqui. Eu não demoro.

Ele saiu deixando Jules ressabiada.

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Giovanni e Heluane estavam sentados na frente do templo. Conversavam sobre assuntos banais.

– Eu sempre acerto as minhas previsões.

Voltaram a atenção para trás era Afrodite.

– Chegou o intrometido.

– Se sente melhor Dite?

– Sim, querida. - sentou ao lado de Heluane. - ele está te tratando bem?

– Está. Ele não é tão grosseiro assim.

– As vezes é um ogro, mas eu relevo.

– Ei! - reclamou. - eu não sou assim.

– Ah não... - zombou o pisciano. - Heluane é uma santa por te aguentar.

– Eu mereço ir para o céu. - entrou na brincadeira.

– Querem que eu vá embora? - fechou a cara.

– Que gracinha com essa cara fechada. - apertou as bochechas dele, deixando os dois surpresos. - fofo.

– Para com isso. - virou a cara envergonhado.

Gustavv sorriu. Mask tinha encontrado alguém capaz de curar o coração dele.

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Marcela e Miro estavam debaixo dos lençóis em Escorpião.

– O mundo acabando e você querendo sexo. - disse a brasileira.

– Sei lá se não é a ultima vez. - brincava com uma mecha negra. - tenho que aproveitar.

– Mesmo em guerra continua um safado.

– Você me deixa assim. - a beijou.

– Enquanto estiver no abrigo vai me visitar?

– Eu não sei... - murmurou. - vai depender das ordens de Atena, mas acredito que não. Pode ser arriscado.

– Promete que vai encher aquela caveira de agulhadas? Ela acabou com a nossa estadia! Vou ficar privada do meu escravo. - sorriu.

Miro gargalhou.

– Não vejo graça.

O grego subiu em cima dela, mas sem pressionar seu corpo.

– Lembra-se do que te falei naquele dia na casa da Elsa?

– Disse tanta sacanagem...

– Não estou falando disso. - a olhou fixamente. - eu sei que fui mulherengo, peguei muita mulher mesmo, mas você foi a única que chegou aqui. - apontou para o coração. - te disse que serei fiel eternamente e qual seja o nosso destino isso não mudará. - disse sério.

– Não estou gostando do seu tom de voz. Até parece que não vamos ficar juntos...

– Eu queria muito. Acordar todos os dias do seu lado.

Marcela sentiu um aperto no peito. Miro falava de um jeito tão sério que nem condizia com a personalidade dele e aquilo a deixou apreensiva.

– Por que está falando assim?

– Porque quero que saiba que é muito importante para mim. Aconteça o que acontecer serei fiel para sempre.

– Miro... - acariciou o rosto dele. - não imaginava que diria isso, mas... - sorriu, não era mais a mesma Marcela, mas amava aquele homem. - fiel para sempre.

Ele deu um meio sorriso.

– Não quero que seja para sempre. O sempre para você é muito tempo. Não quero que fique presa a mim.

Arregalou os olhos ao ouvir.

– Quero que conheça uma pessoa legal e que construa uma vida com ele.

– Pera aí. Eu não ouvi direito. Acabei de dizer que te amo e... - ele a calou com um beijo.

– Ou vou morrer nessa batalha, ou seremos separados pela barreira. Eu quero que seja feliz, independente se é comigo ou não.

– Caralho Miro! Para de dizer isso. Quando Atena der um pé na bunda da loira aguada, tudo vai se resolver. E não me venha com fiel para sempre sem provar. Nós vamos ficar juntos.

– Está bem. - sorriu. - farei do seu jeito.

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Aiolos estava sentado no sofá com a cara fechada. Na verdade estava puto! Se não fosse a situação da guerra, tinha terminado o serviço de Kalisha.

Sorento recebia os cuidados de Sheila num profundo silêncio. Estava adorando, mas a aura maligna que emanava do futuro mestre era assustadora. A brasileira também não cooperava com excesso de gentileza.

– Como tiveram coragem de deixar esse rosto lindo assim.

– É... - engoliu a seco, ao sentir o olhar de Aiolos. - já estou bem Sheila. - sorriu sem graça. - não precisa mais...

– Claro que precisa, não é Aiolos? - Ela o fitou, segurando a enorme vontade de rir da expressão do grego. - algum problema Aiolos? - indagou tentando aparentar estranhamento.

– Nenhum... - virou a cara.

– Sheila. - Sorento pegou nas mãos dela, para logo soltar ao sentir o cosmo do sagitariano. - estou bem mesmo. Obrigado.

– Tem certeza?

– Absoluta. - respondeu rápido.

– Não quer uma massagem para relaxar?

– Massa-gem? - indagaram os dois ao mesmo tempo.

– É. Sou boa nisso. - sorriu. Perder a oportunidade de passar as mãos por aquele corpo? Jamais!

– Obrigado. - gaguejou. - não precisa mesmo.

– Ele não quer Sheila. - aproximou com a expressão gélida.

– Mas...

– Mas nada. - pegou na mão dela. - Sorento precisa descansar, não é?

– Sim! Sim! Eu preciso descansar... Poseidon pode precisar e .... é melhor eu descansar.

– Que pena. - murmurou. - mas se precisar é só me chamar.

– Cla-ro.

– Vamos. - Aiolos disse duro.

– Melhoras Sorento.

O singelo beijo na testa dado pela paulista provocou um arrepio na espinha por parte de Sorento, pois o cosmo de Aiolos elevou-se perigosamente. O cavaleiro praticamente arrastou Sheila para fora.

– O que foi Aiolos? - como queria gargalhar, ao mesmo tempo dizer que ele estava lindo com aquela cara fechada.

– Às vezes dá vontade de te despachar para o Brasil.

– Por quê?

– Nada. - saiu pisando duro.

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Kamus aproveitou o momento de "descanso" e levou Isa para a varanda de Aquário. A brasileira chegou ao parapeito, respirando o ar fresco daquela hora. Tudo estava num profundo silêncio, como se aguardasse que algo grave acontecesse.

– O clima está diferente... - murmurou.

– Tudo aqui sente quando há tensão no ar. - chegou à porta parando bem atrás dela. - você é claustrofóbica. Por que não me disse?

– Achei melhor omitir.

– Atena as levará para o abrigo.

– Eu não consigo Kamus, ainda mais com tantas pessoas.

– Mas vai ter que conseguir. É para sua própria segurança.

– Sinto muito, mas não consigo.

– Prefere morrer? E se eu não conseguir te defender? Quer que seja devolvida para o Brasil num caixão? Alias, vai ser enterrada como uma indigente aqui na Grécia, já que o santuário está oculto.

Isa ficou calada. Entendia os argumentos do francês, mas só de imaginar presa sentia-se mal. O aquariano enfiou a mão no bolso.

– Fiz outro. - mostrou o pingente de cisne.

– Obrigada. - virou-se para ele colocar.

Depois de colocar ele a abraçou. Ficaram por alguns minutos em silêncio.

– Não pode nem tentar por uma hora? Eu peço a Heluane para tomar conta de você.

– Vou tentar Kamus. - disse para não render. - eu vou tentar.

– Obrigado. - a envolveu mais, sentir-se-ia mais seguro com ela protegida.

– Atena não deveria chamar os Bronze? - indagou fitando-o.

– Não. - disse seco.

Isa arqueou as sobrancelhas. Que resposta seca foi aquela? Aquele assunto era tabu?

– Por quê? - insistiu.

– Como ela disse, precisamos ter uma carta na manga caso algo dê errado.

– Não vai dar errado. Hilda vai encontrar uma maneira de para-la.

Kamus a virou, olhando-a fixamente.

– Isabel.

– Sim?

– Não quero te dar falsas esperanças, quanto ao final dessa guerra. Você vai sobreviver, farei de tudo para que nada te aconteça, mas...

– Mas...

– Pode me fazer um favor?

– Claro. - não estava gostando nada das palavras do aquariano.

– Aconteça o que acontecer vai visitar Marselha.

– É claro que vou e você vai comigo. Me prometeu.

O cavaleiro soltou um profundo suspiro, não deveria ter prometido algo que talvez não pudesse cumprir.

– Kamus.

O chamado dela o fez olha-la. Ficaram por segundos com os olhos grudados um no outro.

– Um pouco de otimismo faz bem.

Ele sorriu. Passou a mão pelo rosto dela, aproximando, dando-lhe um beijo.

– Não sabe o quanto agradeço a instabilidade da barreira naquele dia.

– Você ficou bravo. - fez biquinho.

– É porque não tinha dado conta da dádiva de você ter entrado na minha vida. Seja o destino ou as Moiras, eles têm a minha eterna gratidão.

O.o.O.o.O

Freya observava atentamente a irmã olhar para as prateleiras. Hilda estava a mais de dez minutos olhando fixamente para elas. Seu deus fizera questão de destruir todos os registros de Hell para risca-la da memória, mas deveria ter sobrado alguma coisa. Ao menos um livro que poderia ajuda-los a descobrir a localização de Hellheim e os fragmentos da arma dela. Os olhos azuis param num livro grosso.

– Freya a escada.

Rapidamente a loira trouxe o objeto. Hilda subiu pegando o livro de capa negra.

– Encontrou?

– Acho que sim. - foi para a mesa. - traga um dicionário, a linguagem é bem arcaica.

Devidamente acomodada e portada com um dicionário, Hilda abriu o livro. Freya sentou ao seu lado.

Houve um tempo em que alguns gigantes gozavam do status de asgardianos...– Hilda leu a primeira linha.

– Parece que é esse livro. - disse Freya animada.

– Espero que sim irmã.

O.o.O.o.O

Já tinha meia hora que Shaka estava ali, com a pretensão de descobrir algo sobre a deusa nórdica.

A oriental andava de um lado para o outro, angustiada, em frente à porta do salão das árvores gêmeas. Seus pensamentos foram interrompidos pela abertura da porta. Juliana não cansava de admirar aquele local. E com o cair da noite parecia ficar ainda mais encantador.

As flores de sais bailavam com vento suave que soprava. O indiano estava na sua posição tradicional e Ju não deixou de suspirar por ele. Shaka era lindo, ainda mais naquele cenário.

Aproximou lentamente, pois ele continuava com os olhos fechados e não queria interrompe-lo. Sentou ao lado. Vez ou outra o fitava, ele parecia não ter percebido a presença dela.

– Lembra-se do nosso chá? - a voz saiu baixa e os olhos permaneceram fechados.

– Lembro. - sorriu. - aquele dia foi inusitado.

– Inusitado? - a fitou sorrindo, achando graça no comentário.

– E não foi? Primeiro uma singela cerimônia e depois... depois...

– Foi algo que em sã consciência eu não faria, mas você turva meu raciocínio. Aquele dia eu estava completamente confuso quanto aos meus sentimentos. Para mim era algo assustador ao mesmo tempo me deixava feliz.

– Você estava irreconhecível.

– Culpa do DVD. - riu ao lembrar. - tenho que agradecer ao Giovanni por isso. - pensou alto.

– Que DVD?

– Nada. - respondeu rápido ficando vermelho. - nada não.

– Shaka de Virgem... - disse fingido ficar nervosa.

– Juro que não é nada Ju. - ficou encabulado. - é... é...

– No que está metido com o Mask? Boa coisa não é.

Shaka ficou roxo. Não poderia contar sobre o Dvd.

– Na-da. - até engasgou. - juro que não é na-da.

– Estou brincando. - riu, Shaka encabulado era algo inédito. - também gostei muito daquele dia.

Surpreendendo-a, Shaka a puxou colocando-a no colo. Além do gesto, prendeu a respiração quando ele abriu os olhos. Como eram lindos!

– Seus olhos são tão lindos... - murmurou, acariciando o rosto dele. - não me canso de olhar para eles.

– Então não se canse... - tomou o rosto dela entre as mãos. - eles são seus.

Eles se beijaram longamente.

– A viagem ainda está de pé? - sorriu divertida.

– Está. - brincava com as mechas negras. - vai adorar a minha terra.

– E vou conhecer a minha sogra?

O indiano arqueou as sobrancelhas. Não tinha pensado por esse lado. Alias, tinha os pais dela. Como o receberiam?

– Seus pais não vão se importar por eu não ser oriental?

– Claro que não. Eles vão te adorar. Você quer conhecê-los? - indagou surpresa. Havia apenas brincado com a ideia de sogra.

– Sim, não é o correto a se fazer nesses casos? Pelo menos foi o que disse o Ricardo. " Meu compromisso é sério, por isso quero conhecer os pais da Bel."

– Ele disse isso? - arregalou os olhos.

– Sim. Creio que o anel que ele deu a ela seja para firmar esse compromisso. Não é assim que as coisas acontecem?

– É... "Mabel tem muita sorte." - pensou sorrindo.

– Você também quer isso?

– Isso o que?

– Firmar um compromisso comigo? No estilo deles?

Juliana ficou pálida. Shaka falava sério?

– Você sabe exatamente do que está falando? - Shaka não deveria ter noção do que estava dizendo.

– Sei. - respondeu sem entender a colocação.

– Ricardo propôs casamento para a Bel.

– Eu sei. Por isso estou te perguntando. Quer que eu te proponha casamento?

A brasileira sorriu. Realmente Shaka não sabia o que estava dizendo.

– Shaka. - saiu do colo sentando na frente dele. - casamento não é algo tão simples sabe... - pensava como explicaria para ele. - não é algo "banal". É quando o casal tem a certeza que quer ficar junto, na teoria para sempre, na prática, depende... mas basicamente os dois querem ficar juntos, dividir uma vida.

O indiano ficou calado pensando.

– É aprender a conviver com as qualidades e defeitos do outro e mesmo assim querer dividir a vida. É um passo muito importante.

Continuou em silêncio e Juliana interpretou que Shaka havia entendido o real significado do casamento, percebendo que falara demais.

– "Também para quem era virgem de boca ate os trinta e dois anos, não poderia esperar muita coisa." Não é melhor voltarmos para o templo? - levantou. - Atena pode precisar de você.

Shaka segurou a mão dela, fitando-a intensamente. Gostava da presença dela e queria que ela ficasse ao seu lado por muitos anos. Já não imaginava seguir sozinho.

– Se dividir uma vida é um casamento, eu quero ter isso com você.

Foi a vez dela ficar em silêncio.

– Eu não quero me separar de você. Há não ser que você não me queira. Eu quero dividir minha vida com você.

Juliana não tinha palavras. Era aquilo mesmo que estava escutando? Shaka queria casar com ela?

– Para isso acontecer ou você tem que ir para o Brasil ou eu viver aqui... Atena não vai deixar. - tinha que ser realista.

– Depois dessa guerra, se sobrevivermos, Shun tomará conta de Virgem. Ele é meu sucessor. Se não se importar podemos viver na Índia também. Eu quero dar um passo importante com você.

– Sério?

– Sim. Estou falando sério. - aquilo era obvio, ou não era? - eu pareço está brincando? Usei alguma palavra engraçada?

– Não Shaka... - ajoelhou. - é porque fiquei surpreendida... - tocou o rosto dele. - é isso mesmo que quer?

– Sim. - disse firme. - você não quer isso?

– Quero. - sorriu. - quero sim.

– Assim que puder pedirei para o Mu fazer aqueles anéis para nós. Importa-se de esperar um pouco?

– Não. Sem pressa nenhuma. - Shaka fez um pedido de casamento e acharia ruim por causa das alianças? Jamais!

– Vai gostar da Kajra. - sorriu. - ela vai aprovar nosso casamento.

– Tenho certeza que sim.

xxxxxxx

Adrian rendia e rendia muitos elogios a Suellen, deixando Kanon com ódio. Faltava pouco para o marina descer o braço no deus.

– Você que é muito gentil Adrian.

– Só digo a verdade. Essas mãos fazem milagres. - pegou na mão dela.

– Obrigada... - disse sem graça, pois sentia o olhar assassino de Kanon sobre ela. - não sente mais nada?

– Não. Felizmente você cuidou muito bem de mim. - sorriu. - ao final disso deixe-me presentea-la.

– Presente? - indagou ligeiramente interessada.

– Sim. Tenho casas de verão no Caribe e Indonésia. Meu jato pode te levar a hora que quiser. Se preferir as montanhas, tenho chalé nos Alpes suíços. Ou se quiser pode comprar quantas joias quiser.

– Sério? - deu um sorrisinho animado, o que deixou Kanon puto!

– Sim.

– Tenho vontade de conhecer a Europa toda.

– Posso organizar nossa viagem passando por todos os países que quiser. Tudo por minha conta.

– Eu vou amar!

A expressão do geminiano era gélida, a vontade que tinha era manda-los para Outra Dimensão. Estava toda derretida porque o principezinho tinha dinheiro.

– "Idiota..."

– Por onde quer começar, Sue?

Kanon revirou os olhos ao escutar o apelido. Quem era ele para chama-la assim??

– Hum... Eu tinha vontade de fazer um cruzeiro pelo Mediterrâneo.

– Eu tenho um iate.

– Tem um iate? - quanto dinheiro ele tinha?

– Na verdade três. - sentou, já se sentindo bem melhor. - todos de alto luxo.

– Eu quero! E...

A frase foi interrompida pelo som forte da porta batendo. Kanon tinha saído.

– O que deu nele? - Suellen ficou surpresa.

– Não faço a menor ideia.... – fez de surpreso.

– Vou ver o que aconteceu. Licença.

– Toda.

Ao se ver sozinho Adrian deu um sorriso.

"Ainda está interessada na mortal?"– indagou Poseidon. - só joguei a isca se ela pescasse... " O marina não gostou muito." Percebi. "Fez de propósito..." Uma brincadeirinha inocente. - deu nos ombros. - não tenho culpa por ele ser tão ciumento. "Adrian..."

Queria matar um! Controlou-se para não soltar a Explosão Galáctica dentro do templo. A passos duros rumou para entrada do templo. Esperaria as ordens de Atena em Gêmeos!

– Kanon!

Escutou a voz de Suellen, mas ignorou. Era uma pena que não tinha condições de usar a velocidade da luz.

– Me espera!

Ignorou novamente. Ela teve que correr para alcança-lo.

– Kanon. - segurou o braço dele.

– Me solta Suellen. - a voz saiu fria.

– O que houve?

– Nada. Volta, Poseidon pode está precisando de você. - a frase foi carregada de sarcasmo.

– Ele já está bem. - disse sem entender. - não vai me dizer o que foi? É pelo Saga?

Revirou os olhos.

– Vá planejar sua viagem. Vai ser divertido. - deu as costas, saindo.

Suellen arregalou os olhos. O que tinha dado nele?

No telhado do templo, Ares acompanhava a discussão do marina.

– "Como ele é estúpido. E ela idiota por ficar com ele e não com Poseidon."

xxxxxxxx

Sem dúvida aquele local era o favorito deles. As rosas exalavam um perfume delicado enviado através da brisa suave. As luzes de Athenas brilhavam intensamente, mal imaginando que o mundo estava ameaçado. Ester terminava de fazer uma trança nas mechas lilases.

– "Às vezes penso em cortar". - disse o ariano curtindo o momento. - "é muito trabalhoso mantê-lo."

– "Nem pense nisso. Não vou deixar que corte um fio sequer. Eu amo seu cabelo."

– "Gosta tanto assim?"

– "Muito." - aspirou o cheiro de lavanda. - "terminei."

– "Acho que gosta mais do cabelo do que do dono." - virou-se para ela.

– "O cabelo é bônus." - acariciou o rosto dele. - "assim como essas pintas sexy."

– "Hum..."

– "Realmente teremos que ficar no abrigo?"

– "É o local mais seguro Ester. Vou me sentir mais tranquilo sabendo que está lá."

– "Se pensa assim... tudo bem."

– "Eu não me perdoaria se algo te acontecesse. É sério."

– "Tem algumas meninas que não pensam assim."

– "Escuta." - pegou na mão dela. - "vocês não tem noção do perigo que correm estando perto da gente. O ataque de hoje foi uma pequena amostra do que pode acontecer. As coisas podem piorar muito."

– "Eu sei..."

– "Não temos mais a mesma força e isso nos deixa bastante inseguros. Cavaleiros também têm medo, ainda mais nas nossa condições."

– "Não deveriam." - Ester o beijou. - "são a elite de Atena."

– "Estão nos olhando com a visão de fãs". - a abraçou. - "Ester," - a fitou. - "não sei o que pode acontecer, mas lembre-se sempre: eu amo você. Muito. Conhecê-la foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida."

– "Digo o mesmo." - sorriu. - "eu também te amo."

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Atena em seu escritório cuidava dos últimos detalhes da evacuação. O telefone estava ao lado aguardando a ligação de Hilda. Desviou o olhar para a janela. Precisava fortificar a barreira, mas sem cosmo, não conseguiria mantê-la firme por muito tempo.

Olhou no calendário, já tinha treze dias que os brasileiros estavam no santuário e o vértice não parecia que iria abrir para eles.

– "Não tinha pior momento dela permanecer fechada." - pensou.

– Saori? - Rodrigo apareceu na porta. - posso entrar?

– Claro.

O baiano aproximou beijando-lhe os cabelos.

– Está tudo bem?

– Por enquanto... sabe se Shion já voltou?

– Ainda não. E Hilda? - puxou uma cadeira para si.

– Sem noticias.

– Eu tenho que ir mesmo para o abrigo?

– Tem. É uma ordem. - Atena se fez presente.

– Não me conformo! Num momento como esse ficar longe de você.

– Já discutimos isso Rô. É o melhor para você.

– Por quanto tempo vamos ficar?

– Pelo tempo que for necessário. Não sairão enquanto Hell não for derrotada.

O baiano fechou a cara. Não concordava com isso. Saori sorriu diante do bico que ele fazia.

– Não faz essa cara... - segurou o braço dele. - tente entender.

– Não consigo.

– Eu não sabia que os mortais eram tão teimosos. - disse Atena. - fica uma graça fazendo bico. - apertou as bochechas dele.

O mau humor passou na hora com a brincadeira da deusa. Caricias, brincadeiras e falas mais carinhosas sempre partiam de Saori. Ainda mais num momento tão tenso como aquele.

– Nada vai te fazer mudar de ideia não é?

– Não. - a deusa sorria.

– Está bem. Me convenceu, mas vai me prometer que não vai fazer nenhuma gracinha. Nada de sacrifícios ou vou ficar muito puto com você!

– Prometo. - disse sapeca, deixando o surpreso. - quando tudo acabar, te tiro da "prisão."

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Julia estava na única varanda do templo que havia sobrado do ataque. Shura estava ao seu lado, mas ambos em silêncio.

– A noite está bonita não está? - indagou querendo quebrar o silêncio, não gostava dela calada por mais de cinco minutos.

– Está... - respondeu sem olha-lo.

– Eu sei que tudo que me disse foi com as melhores intenções, mas Julia eu não quero me iludir. Eu sei das minhas limitações.

Ela o fitou.

– A limitação está aqui. - apontou para a cabeça dele. - pare de achar que não consegue. Você é um cavaleiro de ouro. De ouro. - frisou a ultima frase. - vocês vão conseguir. - ela o abraçou. - tenho certeza disso.

– Vou me apoiar no seu otimismo. - a aconchegou. - e farei de tudo para corresponder as suas expectativas.

– A nossa única preocupação tem que ser com a barreira. Não poderemos ficar aqui.

– Qual é sua cidade?

– Campinas.

– Eu poderia fazer o quê? Eu não tenho uma profissão.

Julia o fitou imediatamente.

– Se pudesse queria morar na minha cidade?

– Sim. Mas teria que arrumar algo para fazer.

– Dar aulas de espanhol ou até mesmo grego.

– Professor? – não gostou muito da ideia, não levava jeito com publico.

– Por que não?

– Nunca tinha pensado nisso... mas talvez seja uma boa ideia. Seria uma forma de nos sustentar.

Ela arqueou a sobrancelha. "Nos"?

– Como assim nos sustentar?

– Não vamos morar juntos? - a fitou surpreso. - eu pensei que nós... sei lá... neh...

– Está me propondo casamento?

– É... - ficou sem graça. - já te disse que não tenho bom exemplo de família, mas... pensei que nós dois...

– Está falando sério mesmo?

– Estou.

– Sério? - arregalou os olhos.

– Sim.

– Mesmo? - não estava acreditando naquilo.

– Sim Julia. Por quê?

– Você, eu e nossa filha? - sorriu de orelha a orelha.

– Sim. - nunca teve isso como projeto de vida, até conhecer a paulista. - seriamos felizes.

– Como é bom ouvir isso. - o abraçou bem forte. - eu preciso fazer meus contatos. - a mente começou a trabalhar. - conheço alguns professores que poderiam te indicar. Minha mãe conhece corretores de imóveis, já estou imaginando a decoração da casa e ...

Shura sorriu. Julia já estava esquematizando tudo, ela tinha uma imaginação... mas estava adorando fazer parte daquele sonho de pai de família dedicado, chegando em casa depois de um dia de trabalho, recebendo um abraço da filha e um beijo carinhoso da filha. Era assim na sua casa antes do ocorrido. Mas no intimo, algo dizia que aquilo seria apenas um sonho. Um lindo sonho que guardaria quando voltasse para o Inferno... mas por horas se permitiria sonhar.

– Posso escolher o nome?

– Que nome? - Julia saiu dos seus projetos.

– Da nossa filha.

– Já tem um nome? - indagou surpresa.

– Eu sempre achei Nina um nome legal. Curto e meigo.

– Nina...- disse pensativa. - bonito. Pode ser sim. - sorriu. - o quarto da Nina então...

Começou a projetar. Shura a abraçou fortemente a pessoa que lhe deu a chance de sonhar.

– Em vez de rosa não pode ser branco? - opinou.

– Branco?

– Sim... eu acho....

O assunto renderia.

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Fernando alisava os fios ruivos e Marin apreciava o gesto, acomodada no sofá da sua casa. O certo seria permanecer no templo, mas queria aquele tempo só para curtir o namorado. Não sabia se teria outra chance.

– Que tipo de livro pretende lançar? – indagou lembrando-se do sonho dele.

O mineiro ficou surpreso com a pergunta repentina.

– Gosto de aventura e fantasia.

– Tipo aquele cara que escreveu sobre o anel? - o fitou.

– Sim... já viu o filme ou leu o livro?

– Ouvi falar. Não sei da última vez que fui ao cinema. Deve ter sido com meu irmão quando fui visita-lo. Anos atrás. Esse tipo de história faz sucesso.

– Tem vários livros sobre essa temática.

– Quando pretende lançar?

Ele riu.

– Não tenho nada escrito, muito menos dinheiro então... é um sonho.

– Que deve ser realizado. Eu li aquelas histórias... - torceu o nariz. - eu não sou critica de livros, mas eu gostei do que li, as meninas gostam das suas histórias... Apesar da Yuzi... - torceu a cara, sentando. - mas... - fez biquinho. - só vou te apoiar com duas condições.

– Quais? - afastou a franja, para ver melhor os olhos azuis.

– Dedicatória a mim e o primeiro exemplar é meu.

– Só?

– Eu não disse a outra condição.

– Lá vem...

– Se colocar um personagem "inspirado" em você e eu sentir que o par romântico não sou eu, vai ver a ira de uma amazona. Se acha que a Shina é terrível, não queria me ver nervosa.

– Diante de uma ameaça dessa, você será a musa inspiradora de todas as histórias. Eu prometo. - levantou a mão.

– Como diz o Deba: promessa é divida. Deixa eu imaginar que tem outra garota... torço seu pescoço.

– Não existirá. - a puxou para um beijo. - sempre será a minha ruivinha invocada.

– Invocada?

– Minha ruivinha temperamental. Tudo que pediu será devidamente cumprido.

– Ótimo! - levantou. - agora vamos, Atena...

Fernando a puxou de repente, fazendo Marin cair em cima dele.

– Por que a pressa...? - deu um sorrisinho.

– Não podemos ficar aqui Nando.

– Só mais um pouco.... um pouquinho só.

– Nando...

– Atena não vai se importar... - passou a mão pela nuca dela.

– Não é hora. - respirou fundo.

– Miro não diz que toda hora é hora? Ninguém vai saber que estamos aqui. - ergueu o corpo, levantando. - vem.

Em outras épocas estaria concentrada para guerra, não se dirigindo para o quarto.

– "Que bela amazona estou me saindo..." - pensou sorrindo.

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Cristiane viu que estava sobrando, indo para fora do templo. Resolveu sentar perto do templo atrás da fonte. Olhou na direção de Star Hill. Agora só havia um espaço vazio e as luzes de Athenas que ficavam encobertas agora apareciam.

Respirou fundo, não tinha ideia de como traria Saga de volta e o tempo estava acabando. Olhou para os lados, parecia que estava sendo observada. Ficou com medo e se fosse um guerreiro de Hell? Levantou depressa, mas não teve tempo de gritar, alguém tampara sua boca.

– Com uma guerra e fica andando sozinha.

Cristiane virou-se vendo o olhar frio de Ares.

– Me disseram que tinha ido embora.

Ficou em silêncio. Ela aproximou um pouco mais olhando o fixamente. Precisava saber se Saga ainda estava ali. Havia se passado muito tempo desde que Ares assumira o controle e ela não tinha mais o remédio para aplicar nele. Ares não desviou o olhar, mas sentia na sua mente as emoções de Saga. O cavaleiro de Atena estava atordoado, “andando” de um lado para o outro. Sentia-se culpado por não ter impedido a manifestação de Ares, por não estar ao lado de Atena quando ela mais precisava, por não ter força para proteger a mineira... estava preso e não poderia fazer nada...

– Saga.

O cavaleiro escutou o chamado, Cristiane estava bem a sua frente, ao alcance de suas mãos, mas Ares estava no comando.

Cristiane tentava encontrar o olhar gentil do grego, mas as íris verdes estavam frias. O tempo se esgotava para ela. Os olhos marejaram.

Saga sentiu um aperto no peito, como poderia salvá-la de si próprio e dos outros? Ares continuava com a postura rígida e com ódio crescendo dentro de si. Sempre teve tudo o que quis, roubava tudo de Saga, pois não o achava merecedor das coisas. Ele tinha o poder, então tudo deveria ser somente dele! O comando do corpo seria questão de tempo. Mas tinha uma coisa que não era dele...

As mulheres se aproximavam por medo ou por interesse, mas não ela. Ela só enxergava o imprestável! O ódio cresceu quando sentiu os olhos marejarem, era o maldito tentando assumir o controle.

– Saga...

Foi para tocar o rosto dele, mas Ares segurou com força o pulso dela.

– “Solte-a Ares”. – Saga pediu. – ”por favor, solta ela.” - A expressão de Ares endureceu ainda mais. Ele aproximou seu rosto. – vocês dois não vão me atrapalhar. – a voz saiu gélida. – eu vou extermina-los. Vou conseguir o que eu quero e passarei por cima dos dois. Pena que "Saga" não poderá acompanha-la ao inferno...

Ares ergueu o olhar de repente. A expressão tencionou e antes que Cristiane pudesse dizer algo o geminiano passou a frente dela, como se a protegesse de algo.

– O que foi? - indagou sem entender a atitude.

Ele não respondeu olhando fixamente para o templo de Atena.

– "Não acredito que aqueles idiotas não estão sentindo essa presença. São um bando de trouxas."

Cris olhava para Ares, o que estava acontecendo?

A presença durou mais alguns minutos antes de sumir completamente.

– Não saia do templo.

– O que?

– Venha.

O geminiano a pegou pelo braço arrastando-a sem qualquer constrangimento se ia machuca-la ou não, na porta que conduzia ao interior a empurrou, foi por pouco que ela não caiu.

– Não saia. - disse frio.

A brasileira não disse nada.

Atena que estava nos braços de Rodrigo, ficou tensa. Ele notou.

– O que foi?

– Nada... – o olhar estava concentrado no teto, tinha sentido de leve um cosmo hostil.

– Tem certeza?

– Sim, não é nada...


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