A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 46
Hell




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No capitulo anterior...

– Permita que eu me apresente filha de Zeus. - fez uma leve reverencia. - meu nome é Hell sou a deusa do submundo dos nórdicos.

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Tudo que existia mergulhado no Caos eram três reinos que coexistiam: o Ginnungagap (o Grande Vazio), abismo primitivo e vazio, situado entre Muspelheim (o Reino do Fogo) e Niflheim (a Terra da Neblina), terra da escuridão e das névoas geladas. Durante muito tempo um reino não influenciava o outro, até que as névoas emergiram das profundezas de Niftheim formando um grande bloco de gelo em Ginnungagap. O ar quente de Muspelheim desceu e do encontro dessas duas forças o bloco de gelo começou a derreter. Com o decorrer das Eras o derretimento do gelo foi formando um gigante, que recebeu o nome de Ymir. Do suor de Ymir, em conjunto com a água do gelo deram origem aos primeiros seres vivos. Dos membros do gigante surgiu Thrudgelmir que geraria Bergelmir dando origem a raça dos gigantes.

Ao mesmo tempo em que Thrudgelmir surgiu, apareceu também a vaca Audhumla que depois de alimentar-se do gelo salgado expeliu uma criatura de nome Buri que teve um filho chamado Bor. Bor se casou com a gigante Bestla e dessa união, surgiram três deuses: Vili, Ve e Odin que chegaria a ser o maior de todos os deuses.

Desde a Era de Buri, ele e seu filho lutaram para combater os gigantes. Vili, Ve e Odin se juntaram a eles e dessa união a raça de gigantes foi quase extinta. Apenas restou um casal que se refugiou nas terras Jotunheim onde procriaram. Loki, descendente do casal refugiado, gerou Hell.*

Milênios atrás...

Midgard...

A guerra contra os gigantes de Jotunheim** havia acabado com o saldo positivo para Odin, deus de Asgard. Loki que comandava o exercito de gigantes, tinha traído seu povo a favor de Asgard e Hell sua filha, havia assumido seu lugar. Seu maior desejo era obter o poder do selo de Kaya e para isso não mediu esforços para conseguir a cópia nórdica do livro que continha o ensinamento. Abrindo o selo, sua raça teria um lugar no mundo. Quando conseguiu a posse do livro, travou uma feroz batalha contra Odin e para que o volume não voltasse para as mãos dele jogou-o em Svartalfheim....

O ar continha o cheiro de sangue. Os campos outrora verdejantes estavam cobertos pelo liquido vermelho. Corpos sem vidas estavam espalhados pela relva. O céu estava acinzentado, como se partilhasse o sofrimento com aquele cenário de desolação. Não havia sobrado ninguém, com exceção de dois deuses. Os olhos azuis de Odin estavam na mulher jogada ao chão, humilhada. O lado esquerdo de seu corpo tinha sofrido graves ferimentos devido a batalha contra o deus. Mesmo assim, as íris azuis claras continuavam com o olhar de ódio para com o pai de todos.

– Por mil gerações eu te amaldiçoo Odin!

– Tuas palavras não significam nada Hell. - disse Odin, apontando sua espada para o peito dela. - foste recebida em Asgard com o status de deusa, mesmo sendo descendente da raça maldita e é assim que pagas? Serás punida por se atrever a conspirar contra mim. Serás condenada a viver nas profundezas de Niflheim. Será a deusa dos mortos. E teu reino irá se chamar Helheim.

– Não pode me condenar!

– Tuas ambições acabam agora Hell. - Odin ascendeu seu poderoso cosmo. - Se disser onde está o livro de Kaya, talvez eu possa ter misericórdia de ti.

– Jamais!

– Que sofra eternamente em Helheim!

– Não pode me condenar! - Hell teve seu corpo envolvido pelo cosmo azulado do deus.

– Serás banida até o dia de Ragnarok.

– Não!!!!!

Ela desapareceu...

Confins de Niflheim...

O frio intenso tornava aquele território inóspito. As montanhas que compunham aquele lugar estavam cobertas por gelo. Hell ergueu o olhar, não vendo ou ouvindo nada além do silencio e desolação.

– Você vai me pagar Odin. - deu um soco na neve. - pagar caro!

Levantou. O vento frio anestesiada os machucados provocados por Odin. Hell marchou por várias horas até encontrar o local onde seria sua morada. Utilizando seu cosmo, ergueu um enorme palácio, tomando assento num trono feito de gelo.

Olhou a mão esquerda, feita de ossos. Aquela afronta não ficaria barata. Com um leve arder de seu cosmo, surgiu a sua frente sete pessoas.

– Eu os nomeio como meus guerreiros e no momento oportuno iremos destruir a todos.

As sete pessoas sorriram.

– Serão chamados de guerreiros do Ragnarok. Pois eu trarei o juízo final a esse mundo.

Os guerreiros de Hell, eram humanos de Midgard, que ficaram ao lado dos gigantes na guerra. Seguiam sem questionar as ordens da deusa, mas por serem simples mortais foram mortos por Odin. Hell os dotou de novo corpo físico conferindo-lhes poderes.

Século XXI, 2001...

Da enorme varanda de seu palácio, Hell olhava seus domínios. Durante milênios observou os deuses de outros territórios perderem espaços, inclusive os próprios asgardianos, devido ao engrossamento da barreira. Os únicos deuses que ainda mantinham atividade na Terra, eram os gregos e eles poderiam ser um problema a sua ambição.

– Senhora. - uma figura de preto apareceu atrás dela, ajoelhando.

– Espero que tenha trago boas noticias.

– Trago sim. - o jovem rapaz a fitou. - os guerreiros deuses foram derrotados e os cavaleiros de Atena preparam-se para enfrentar o deus Poseidon.

– Isso é ótimo... - sorriu. - com uma guerra, um deles será destruído, abrindo as portas para mim. - fitou o rapaz. - continue com as observações Kalisha.

– Sim senhora.

Dias depois Kalisha trazia a informação que Hades, o imperador do inferno, havia sido derrotado por Atena.

– Isso é perfeito. - Hell levantou do trono. - agora só nos resta esperar meus poderes aumentarem para que eu possa ir até a superfície.

– Nossa guerra será quando senhora?

–Em alguns anos. Para quem esperou por milênios, alguns anos não são nada. - gargalhou.

Doze anos depois...

A chuva incessante parecia não incomodar a deusa Hell. A passos lentos, mas firmes, caminhava por uma ponte estreita feita de pedra. Abaixo dela, um rio corria furioso, chocando-se violentamente nas rochas. Os olhos azuis fixaram no palácio que ser erguia num monte próximo dali. Atravessou uma densa floresta, até atingir os portões do castelo.

– Quem se atreve a bater nos portões de Kálfar? - uma voz ecoou.

– Hell.

Os portões abriram imediatamente, ao ouvirem o nome da visitante. Hell apenas sorriu continuando seu trajeto. O palácio assemelhava aos castelos góticos e por conta da chuva constante o poço que o cercava inundava o primeiro andar. A deusa tinha água na altura dos joelhos, mas aquilo não era nada, para quem vivia em Helheim. O segundo portão foi aberto e os anões e elfos negros que ali transitavam olhavam com surpresa a deusa.

Ela alcançou o terceiro portão, sendo conduzida ao salão principal do palácio. Não havia qualquer tipo de decoração, apenas um trono feito de ossos. Nele, um homem. Hell notou a pessoa que estava ao lado do rei.

– Não imaginei que viesse em pessoa. - disse o homem.

– Não imaginei que minha recepção fosse tão ruim, minhas vestes estão molhadas.

– Infelizmente vivo nesse mundo, cara Hell. Vê seu guerreiro? - o homem apontou para o lado.

– Pensei que apenas o envio de um mensageiro fosse o suficiente Nodor. Não tem ideia do tempo que me fez perder.

– Não me leve a mal Hell. - levantou do trono, passando a descer. - só não queria entregar algo tão importante nas mãos de um subalterno.

– Aryeh não é um subalterno. Deveria se sentir honrado com sua presença.

– É um humano. - disse com desprezo. - Que seja. - Nodor parou rente a ela, dando nos ombros. - ainda me pergunto como Odin teve coragem de estragar um rosto como seu. - fitou os lábios vermelhos. - um rosto tão perfeito.

– Grata pelo elogio, mas não me faça perder mais tempo. O meu livro. - a voz saiu fria.

– Eu o escondo a milhares de anos e é assim que me retribui?

– Fez mais do que a sua obrigação. É graças a mim que não foi morto, apenas banido para essas terras. O livro.

Nodor deu um sorriso desdenhoso. Caminhou até o trono e debaixo dele pegou um livro de capa de madeira. Grande e grosso.

– Eu deveria lucrar com isso.

– Não exija muito querido. - tocou o rosto esverdeado de Nodor. Ele tinha características de elfo, mas metade de seu sangue corria o sangue dos gigantes. - o preço pode ser alto demais.

– É apenas brincadeira. - gargalhou. - sei que terei meu pagamento quando o selo abrir.

– Bom menino. Aryeh.

O guerreiro apareceu ao lado da deusa.

– Vamos.

Os dois saíram em silêncio e assim permaneceram até atingir a ponte.

– Encontrou algo?

– Eles não guardam nenhum artefato de Asgard. Parece que o único que sobrou é a espada de Odin, que está em Midgard.

– Entendo...

– Deixará que ele suba até a superfície?

– Eu seria muito má se tirasse a esperança dele. - sorriu. - tipos como Nordor estão fadados a viverem em terras como esta. Pode ser que no futuro eu precise dele para algo mais, por enquanto não vou descarta-lo.

O.o.O.o.O

O silencio apossou-se do local. Os cavaleiros ficaram em alerta. O que uma deusa fazia ali no santuário? E principalmente como penetrou na barreira sem que eles percebessem? Não apenas ela, mas também os outros quatros que tinham cosmos grandiosos?

– E o que quer? - Shion tomou a dianteira.

– Imagino que não saibam sobre o acordo feito pelos deuses a época dos primordiais.

– Tenho ciência. - disse Atena. - e justamente por isso que sua entrada nesse templo sem permissão é uma afronta.

Hell deu um sorriso sarcástico.

– Você é muito corajosa Atena. Também, a única deusa que contem seguidores.... tem muita sorte, a única no mundo a ter defensores, enquanto o restante dos deuses foram esquecidos, tendo seus cultos abandonados. Parte da culpa é da Arris não é?

– Arris? - indagou Dite fitando a deusa.

– É o nome da barreira que separa os dois mundos. - Saori não tirou o olhar de Hell.

– Muito bem Atena. Anda entendida do assunto. Então também sabe que com o decorrer dos séculos a linha foi engrossando e apenas sobraram dois lugares místicos. Asgard e aqui.

As meninas escutavam assustadas. Estavam diante de uma deusa? E a julgar pelas expressões dos cavaleiros, aquela presença não era boa coisa.

Ester tentava acompanhar o diálogo, mas não estava conseguindo ler os lábios de Hell. A deusa notou o olhar dando um sorriso.

– Tellumar i eleni...– a frase saiu quase inteligível. A carioca sentiu seu corpo ficar quente, principalmente nos ouvidos e garganta. - É patético. - a voz saiu baixa. - não consegue ajudar um humano.

Atena e os demais não tinham ouvido, mas Ester sim. Por segundos ficou paralisada, tinha escutado com seus ouvidos ou a frase foi jogada na sua mente?

– Com a Arris engrossando meus poderes apenas podiam ser exercidos em meu reino, - disse Hell. - ao contrario de Hades que se tornou mais poderoso que qualquer outro deus do inferno.

– Qual o seu objetivo? Não veio aqui para me contar sobre a Arris.

Hell gargalhou.

– Língua afiada. Mas tem razão. - olhou para o céu escuro. - meu objetivo não é dar aula de história e sim realizar meus planos de fazer a Terra voltar aos tempos mitológicos e eu ser a única deusa, a dominar homens e deuses. - os olhos azuis brilharam. - subjulgarei tudo e a todos.

– Isso é impossível. Os deuses....

– Sabe muito bem que parte de nossa força vem dos cultos prestados a nós. A maioria está decadente, não farão objeção.

– Jamais permitirei que siga com esse plano!

– Não é atoa que estou diante da salvadora da humanidade! - a voz saiu com ironia. - a defensora dos fracos e oprimidos. Pois muito bem Atena, sinto informar que seus esforços para proteger a Terra foram em vão. - sorriu. - o selo de Kaya.

Ao ouvir aquele nome o corpo de Atena travou. A garganta ficou seca e um suor frio percorreu sua espinha. Shion lembrava vagamente desse nome... de que era?

– Ficou preocupada. - abriu o sorriso. - eu ficaria se estivesse no seu lugar. Estou sendo sincera. - levou a mão no peito. - Abrir o selo de Kaya... - levou a mão esquerda ao capuz, abaixando-o lentamente. - é sentenciar os humanos a morte.

A visão provocou uma onda de choque em todos os presentes. Algumas meninas fecharam os olhos, outras viraram o rosto, a visão era desagradável.

O.o.O.o.O

Helhiem, dias atrás...

De posse do livro, Hell voltou aos seus domínios. Sentada em seu trono, alisava a capa do livro.

– Feita com a madeira de Yggdrasil... - passou a mão pela capa, como se acariciasse um ser amado. - finalmente em minhas mãos. - sorriu.

Hell abriu-o. Aquele livro continha todo o segredo para que o selo de Kaya fosse aberto. Leu avidamente as páginas amareladas.

– Necessita de nós senhora?

– Sim Alfarr. - não retirou o olhar do livro. - Quero que vá ao último templo de Odin e descubra onde Hilda guardou a espada.

– Sim.

O.o.O.o.O

Se do lado direito, Hell era uma bela mulher, do esquerdo não passava de um cadáver. A outra metade não era um corpo e sim um esqueleto, nos olhos, o globo ocular saltava. Não tinha cabelo algum.

– Desculpe pela minha aparência... mas Odin destruiu essa metade do meu corpo. - fingiu preocupação. - vou resolver.

Hell elevou seu cosmo, sua aparência jovem e bela tomou conta de todo rosto.

– Estão mais a vontade?

– O que pretende abrindo o selo? - Atena a cortou.

– Não é obvio? - sorriu com desdém. - unir o mundo dos mortais com o dos deuses, aumentando em consequência meus poderes. Conseguirei o poder dos primordiais e poderei subjulgar qualquer deus.

– O que é esse selo? - indagou Aldebaran. - o que ele faz Atena?

– No inicio dos tempos, os dois mundos eram unidos. Humanos e primordiais dividiam o mesmo espaço, entretanto o número de humanos e deuses foi aumentando gerando muitas guerras. Os cinco principais primordiais, Caos, Brahma, Bor, Amon e Pan Ku, reuniram-se e estudaram uma forma de dividir o mundo entre todos. Tiveram a ideia de criar a Arris, uma barreira. Uniram seus poderes fechando toda a extensão da barreira com um selo chamado Kaya. Mesmo com a Arris, os deuses conseguiam transitar entre os dois mundos, através dos pontos místicos, normalmente templos de orações. Nessa época também foi criado o acordo demarcando cada porção de terra para determinados grupos de deuses. Com o tempo, a Arris foi engrossando, a ponto de só conseguir abri-la rompendo o selo.

– Muito bem Atena, faz jus ao titulo de deusa da sabedoria.

– Seu plano é incabível Hell, precisa de armas divinas para abrir o portal e um local sagrado.

– Aí que se engana minha querida. - sorriu. - não restou muitas armas, mas o suficiente. Como mesmo disse o selo é aberto com cinco.

Hell olhou para seus companheiros. Eles não descobriram seus rostos, mas mostraram as mãos.

– Não é possível??!!! - Afrodite ficou pálido.

– Co-mo? - Atena não acreditava.

No salão os rostos empalideceram.

O.o.O.o.O

Svalbard , dias atrás

Hell sentia a claridade do mundo superior sob seus olhos claros. O vento frio do extremo da Europa parecia uma brisa numa tarde de primavera. O olhar estava fixo na construção que se erguia no alto da montanha. O templo de Odin na Terra. Finalmente depois de milhares de anos teria a oportunidade de se vingar dos deuses asgardianos e assumir o controle da Terra. Deixou seus guerreiros em seu palácio em Helheim, pois para aquela missão, nada poderia detê-la. A barreira feita por Odin para proteger Valhalla havia enfraquecido devido a falta de atividade e a imposta por Hilda não tinha poder de deter uma deusa. Usando seus poderes, parou diante da grande estátua de Odin.

– Não pensava que eu voltaria, não é? - sorriu. - vai assistir de Asgard a destruição do mundo.

A deusa tomou o rumo da esquerda, descendo a enorme escadaria que levava aos pés da estátua. Não teve dificuldade em destruir as duas barreiras, mesmo feitas há apenas vinte e quatro horas por Hilda de Polaris.

Hell fitou o objeto com um brilho nos olhos. A tão poderosa espada de Odin seria dela. Aproximou-se tocando o cabo da espada. Lentamente a retirou do pedestal.

– Como é bela... - passou a mão pela lamina. - e minha...

A mulher apontou o dedo para uma parte do pedestal. Ele brilhou, mas não houve danos e diante dela apareceu o anel de Nibelungo.

– Que poder... - sorriu. - será muito útil.

De posse dos dois objetos, Hell caminhou até a saída, sumindo....

Helheim...

Hell depositou a espada num pedestal de gelo.

– A primeira arma divina. - disse olhando maldosamente para a lamina.

– Quais são as outras armas senhora?

– São necessárias cinco armas divinas Erda, - fitou a única mulher do grupo. - na Era mitológica o número de armas era bem superior, mas com o engrossamento da Arris, apenas restou quatro. A espada de Odin, o báculo de Atena, o tridente de Poseidon e a espada de Hades. Eu preciso de uma quinta para abrir o selo completamente.

– E o seu tridente? - indagou Kalisha.

– Odin fez questão de despedaça-lo... moverei céus e terras para juntar os fragmentos.

– E as demais? Como fará para pega-las?

– Muito simples Einlin. - fitou o guerreiro. - através disso. - mostrou o anel de Nibelungo.

O.o.O.o.O

O primeiro encapuzado trazia nas mãos a espada de Odin, o próximo o Tridente de Poseidon. seguido pela Espada de Hades e o último o Báculo de Atena.

– Tenho quatro armas, que foram fácies de serem pegas. - Hell olhou para Juliana e Paula. - obrigada pela cooperação.

Todos os olhares foram para as duas.

– Eu?? - exclamaram.

– Não fiquem com raiva delas. - disse Hell. - principalmente da oriental... gostou de usar o anel de Nibelungo?

Hell mostrou o anel. Paula e Juliana ficaram pálidas.

– Paula... o anel que você me deu... - Ju a fitou.

– Você viu esse anel? - indagou Shion fitando a namorada.

– Sim... ontem quando fui fazer caminhada... eu pensei que fosse seu. - olhou para Helu.

– Esse? - a fluminense mostrou o dela.

– Então foi você que roubou as armas? - indagou Atena, preocupadíssima. Hell tinha se infiltrado no santuário a ponto de dominar Juliana.

– Sim.

– Como atravessou a barreira e teve acesso...

– Deveria ser mais cuidadosa com sua barreira Atena.

O.o.O.o.O

Hellheim...

Hell olhava orgulhosa para a espada de Odin, no pedestal feito exclusivamente para ela. Logo as outras armas fariam parte de seu acervo. Contemplava quando foi interrompida pela chegada de um rapaz.

– Senhora. - ele curvou-se.

– Sim, Andrasta. - respondeu sem retirar o olhar da espada.

– A barreira imposta pelo santuário é muito forte, quase impenetrável. Qualquer cosmo desconhecido é detectado.

– Andrasta, tudo tem um ponto fraco. - a voz saiu fria.

– Mas ela tem. - queria sorrir, a deusa ficaria grata a ele. - existem dois pontos onde ela é mais fraca. São espaços mínimos, mas eu consegui penetrar.

– Agora sim uma boa informação.

– Devido as sucessivas guerras, o santuário está debilitado. Os cavaleiros de bronze se encontram no oriente e os de ouro ficaram debilitados por conta da luta contra Hades. A defesa de Atena está fraca.

– Pelo menos Hades serviu para alguma coisa.

– Ah... senhora.... - temia uma retaliação quando ela soubesse. - houve um incidente.

– Que tipo de incidente? - pegou a espada, ela era fascinante.

– Um pequeno incêndio quando atravessei a barreira, mas todos pensam que foi acidental.

– Atravessou a barreira sem a minha autorização? - Hell apontou a ponta da espada para o coração dele. - passou por cima das minhas ordens?

– Eu não tive intenção. - temeu por sua vida.

– Espero que sua inconsequência não atrapalhe meus planos, pois irá se arrepender por atrapalhar a filha de Loki.

– Peço perdão. - abaixou o rosto.

– Espero que não falhe da próxima vez. - Hell recolocou a espada, se afastando de Andrasta que não teve coragem de erguer o olhar. - Aryeh.

– Sim. - um jovem surgiu ao lado dela.

– Dentre de alguns dias pegue o restante dos artefatos, mas tome cuidado. - a deusa entregou o anel. - não admito erros!

O plano para o roubo das armas gregas estava arquitetado. Hell não queria correr o risco de ser descoberta, por isso usaria alguém do santuário. Entretanto teria que escolher alguém que fosse facilmente influenciado pelo anel e que não levantasse suspeita. Aryeh observou o santuário pelos dias subseguintes, até encontrar a brecha para a ação.

O olhar frio observava o santuário do alto de um prédio. Tinha a habilidade de atravessar barreiras, sumir com o cosmo e caminhar pelas sombras, mas uma vez dentro da barreira o menor erro seria fatal. Seguindo as orientações de Hell, esperou por um mortal que pudesse executar o serviço. Um sorriso maldoso formou-se no rosto do guerreiro ao ver uma mortal.

Desapareceu do alto do prédio para aparecer sobre o telhado destruído do alojamento. O guerreiro deixou o anel "cair."

Paula caminhava distraidamente, quando notou algo brilhando no chão.

– Atena deve ter muitos para ficar perdendo desse jeito. - pegou o anel. - eu merecia ficar com ele por ter perdido. - pôs no dedo. - ficou certinho. - sorriu. - na volta entrego para ela.

Paula seguiu seu trajeto.

– Humanos...

Aryeh voltou para o alto do prédio, a espera do anoitecer...

A noite seguia alto, no templo de Atena todos dormiam, de menos Juliana que não parava olhar do anel. Desde que tinha voltado da cozinha, não conseguia parar de olha-lo. Os olhos estavam vidrados e rapidamente ficaram opacos. Humanos comuns não tinham resistência a influencia do anel, pois ele agia como hipnose e por não terem cosmo, não faziam a energia maligna propagar-se a ponto de ser sentida, muito menos fazer os artefatos reagirem a mãos estranhas. A brasileira colocou-o no dedo anelar. Levantou de onde estava saindo do quarto.

Sem emitir som algum a oriental subiu as escadas que conduziam aos aposentos de Shion, não se deteve ali, subindo o ultimo jogo de escadas que levam ao quarto da deusa. Juliana não encontrou dificuldade em entrar no quarto. Sabendo exatamente onde ficava a localização do que procurava, entrou na área intima vendo Rodrigo e Atena deitados na cama. Deu um sorriso. Ela continuou seu trajeto entrando no closet. Seguindo os dizeres de Shaka, abriu o compartimento. Entrou e saiu, segundos depois com posse do báculo.

Juliana voltou pelo mesmo caminho, alcançando a cozinha, o pátio externo. Desceu, passando pela fonte, pela Arena Dourada, enfermaria, chegando ao alojamento. Aryeh passou pela barreira, parando na frente dela.

– Hum...o anel mudou de dono. Trouxe o báculo?

Juliana estendeu os braços.

– Boa menina... - acariciou o rosto dela. - tenho mais dois serviços.

Os dois foram encobertos pela escuridão.

O olhar de Juliana não transmitia nada, nem mesmo por estar a porta do inferno. Ali seria o lugar mais fácil para as ações do guerreiro. Por ser um guerreiro do submundo, as energias que portava eram bastante semelhantes como de qualquer espectro de Hades.

– A espada... - Aryeh soprou no ouvido dela.

O anel brilhou. A brasileira deu um passo, mas parou, um filete de sangue desceu pela boca dela.

– Esqueci-me da regrinha básica. - disse irônico. - cosmos funcionam de maneira diferente em mortais... preciso agir mais rapidamente.

Usando seus poderes o guerreiro levou Juliana a Guidecca. Ganharam o salão, parando diante do Muro das Lamentações. Pegou os dois colares dados por Hell, assim protegendo-os quando entrasse na hiper dimensão. Por ser uma deusa infernal, seu cosmo era parecido com o de Hades.

Passaram pelo Muro ganhando a hiper dimensão chegando ao Elíseos. Caminharam até o templo de Hades. A espada estava guardada num templo menor. O guerreiro de Hell retirou o colar de Juliana, fazendo-a voltar ser uma "simples mortal" e ela não teve dificuldades em retirar a espada. Minutos depois estava diante de Aryeh.

– A espada de Hades... - sorriu. - agora só falta um. - a fitou, vendo mais sinais da rejeição do cosmo pelo corpo: o nariz sangrava.

Num piscar de olhos, os dois estavam sob o rochedo do cabo Shounion. Com as orientações de Hell, Juliana e Aryeh mergulharam. Uma corrente marinha os levou ao fundo do mar.

– Agora é com você querida.

Antes de manda-la seguir, teve o cuidado de retirar o colar, transformando novamente Juliana numa mera mortal.

A brasileira caminhou até o templo de Poseidon, adentrou até chegar ao salão, onde as armaduras marinhas mais o tridente estavam expostos. Assim como no báculo e na espada não teve dificuldades de retira-lo, pois a barreira imposta por Poseidon não afetava humanos. Minutos depois juntou-se a Aryeh.

A aparência de Juliana estava pálida, mostrando claramente os sinais do uso de cosmo em pessoas normais. Aryeh a pegou, voltando para a superfície. Se a deixasse morrer ali, poderiam descobrir sobre o roubo.

As estrelas que pouco antes brilhavam foram encobertas por densas nuvens. No rochedo, o guerreiro de Hell contemplava as três armas.

– Sua ajuda foi primordial, pena que terei que desfazer de você.

Aryeh tocou a fronte de Juliana, que perdeu os sentidos. Ele retirou o anel do dedo dela e a levou até a prisão de Shounion. Juliana foi deixada no chão.

O.o.O.o.O

De posse das armas Aryeh voltou para o Helheim. Ele atravessou o longo salão repleto de estátuas de gelo. Trazia um sorriso garboso no rosto, pois seria o único a receber elogios da rainha do inferno.

Parou diante do enorme portão de ferro, com figuras em alto relevo. O portão abriu ao sinal dele.

O salão era duas vezes maior que o primeiro. A cor predominante era cinza com dezenas de colunas que sustentavam o teto. O chão era feito de cristal de gelo. Aryeh levou o olhar para o final do local, onde erguia a metros de altura e ligado por escadas o trono de Hell.

– Minha senhora. - reverenciou.

– Espero que a missão tenha sido um sucesso.

– Eu não cometo erros. - Aryeh olhou para Andrasta que cerrou o punho. - foi ligeiramente fácil pegar os artefatos. - endireitou o corpo. - Hades está dormindo. Poseidon não fica em seu templo e Atena está com a guarda baixa.

Andou até o lance de escadas. Hell levantou de seu trono, descendo vagarosamente.

Em cada lado da escada, havia três guerreiros.

– Eleni vardo tellumar... - a voz de Hell saiu baixa e seus olhos brilharam ao entoar um antigo cântico.

Os guerreiros sentiram o palácio tremer. No centro do salão, apareceu no chão uma imagem, uma inscrição. Uma luz azulada subiu até o teto.

– Andúné rastra un..

A luz azulada se extinguiu, dando lugar, no alto, a um pentagrama dourado. As armas que Aryeh segurava voaram até a estrela posicionando em cada uma das pontas. Hell elevou seu cosmo, fazendo a espada de Odin aparecer. O objeto ocupou seu lugar. Ao reunirem brilharam fortemente.

– Erda.

A guerreira, que segurava o livro antigo, saiu do seu posto aproximando da deusa.

– Chegou o momento. - Hell sorriu. - Luini yassen pella Wotan... - a espada de Odin brilhou em azul. - Luini yassen pella Hades. - a espada de Hades em vermelho. - Nynoo yassen pella Pallas. - o báculo emitiu um brilho dourado. - Derend yassen pella Posídon.

Quando o ultimo artefato brilhou, em dourado, um circulo circundou o pentagrama, faltando apenas o pedaço onde a quinta ponta que estava vazia.

– As armas tiveram poder suficiente para ativar o selo.

– Mas não são quaisquer armas?

– Não exatamente Erda. Quando o selo foi feito, usaram as armas dos primordiais. Artefatos divinos com imenso poder. - voltou a atenção para a estrela. - Seren.

– Consegui localizar cinco fragmentos senhora. - ajoelhou ao lado dela.

– Muito bom. Enquanto procuram as outras cinco partes, estou pensando em buscar uma fonte extra de energia.

– O que pretende senhora?

– Fazer uma visitinha as terras ensolaradas.

O.o.O.o.O

– Desgraçada. - Kanon cerrou o punho.

Juliana estava assustada. Agora que tinha ouvido a história se lembrou de tudo. Então aquele anel era o lendário Nibelungo? E ela roubou as armas divinas?

Atena fitou a deusa friamente. Seus guerreiros tinham a capacidade esconder seus cosmos para poderem transitar entre o inferno, santuário e reino marítimo sem despertar atenção.

– Qual é a quinta arma? - indagou Shion de maneira fria. Lembrava que seu mestre Hakurei mencionara certa vez sobre a barreira que dividia os dois mundos. Se seu poder era tão poderoso tinha que impedir as ambições de Hell.

– Não é da sua conta patriarca, mas como vão morrer, a última arma é o meu tridente.

– Não permitirei que abra o selo e coloque a humanidade em perigo.

– É uma piada? O que pode fazer no seu estado Atena? Seu corpo mortal sofre pelas consequências de Hades, a minha frente o único que poderia, por segundos, protege-la é ele. - apontou para Afrodite. - os demais... não passam de lixo.

– Ora sua... - Kanon cerrou o punho.

– Cavaleiros! - ordenou Shion.

– Esses rugidos só vão apressar a suas mortes, mas se é o que querem... - Hell olhou para os brasileiros, eram simples mortais. - não vai ter graça se não puderem ver e sentir, todo o horror de uma guerra. - Tellumar i eleni...

Os brasileiros sentiram um estranho calor propagar pelo corpo.

– Desapareçam. - o olhar ficou maligno.

O.o.O.o.O

Antes estavam num clarão, agora imersos numa escuridão total.

– Onde estamos? – indagou Jules.

– No local onde serão enterrados. – disse uma voz masculina.

As tochas que haviam no lugar foram acessas e Shion e Deba perceberam que estavam nas masmorras do santuário. No grande pátio oval, onde as celas eram dispostas.

– Aldebaran cuide das meninas.

O taurino concordou, levando as três para mais fundo. Shion tomou posição, olhando fixamente para o corredor que dava acesso a aquele local. Paula estava temerosa, Shion não tinha armadura como ele iria lutar?

– É uma honra conhecer o patriarca do santuário.

– Quem é você?

Das sombras surgiu um homem trajando uma capa negra.

– O meu nome é Andrasta, sou o guerreiro Ragnarok da Inanição.

O rapaz retirou a capa. Ele era alto de quase dois metros de altura, a pele era pálida, com os cabelos curtos e negros como as sombras. Os olhos eram verdes, brilhantes e revelavam que era uma alma corrompida. Pela aparência, não parecia ter mais que vinte e cinco anos. Sua armadura era bem elaborada, na cor negra e verde lodo, muito parecida com as surplices de Hades. Shion estranhou que quase não sentia o cosmo dele e o que sentia parecia com o nível de um cavaleiro de bronze. Teria que tomar muito cuidado.

Deba analisava o inimigo, só pela aparência notou que ele era forte.

– Meninas não saiam de perto de mim.

As três estavam assustadíssimas. Uma coisa era ver as batalhas no anime, outra era presenciar. Se os dois começassem a usar o cosmo, elas poderiam se machucar gravemente. E o que era aquilo que sentia vindo de Shion e dele? Mabel segurou firme no braço do namorado.

– Vai ficar tudo bem Bel. – disse tentando tranquiliza-la. – os outros não devem demorar a chegar.

– Posso começar? – indagou Andrasta com um sorriso sarcástico.

Nem esperou a resposta de Shion, quando o grande mestre percebeu Andrasta estava na frente dele. Tudo que sentiu foi o punho dele ir de encontro ao seu rosto. A força foi tanta que arrastou o ariano.

–Shion! – gritou Paula, prestes a ir para onde ele estava.

– Fique aqui. – Deba a segurou.

Shion sentiu o gosto de sangue na boca. O rapaz era forte e em fração de segundos seu nível subiu de um bronze para o um de ouro. Livrou-se das roupas de patriarca para lutar com mais liberdade.

– Não tem armadura?

– Eu não preciso. – disse voltando para o centro. Novamente o cosmo de Andrasta havia diminuído. – prepare-se.

O ariano se teleportou, Andrasta foi atingido no rosto e no estomago. Contudo revidou na hora, com um chute. A luta passou a ser no mano a mano. Aldebaran apenas ouvia o som do embate.

– “Droga, não consigo ver.”

Paula trazia os olhos arregalados, não conseguia acompanhar, mas via flashs em vários pontos. E não apenas ela, Mabel e Jules também viam. Quando a paulista ia indagar, Andrasta e Shion apareceram.

– Mesmo com a idade continua muito bem mestre Shion. Posso lhe chamar assim? Mal posso esperar para ver seu real poder.

– Vamos lutar fora daqui.

– Está com medo de machuca-los? – fitou o grupo. – medo disso?

O cosmo do guerreiro elevou-se rapidamente, Andrasta disparou contra eles uma bola de energia.

– Muralha de cristal!

A energia negra chocou-se com força contra a muralha. Aldebaran ficou agoniado, pois não via nada, só sentia os deslocamentos do ar. Já as garotas, de pé, traziam os olhos arregalados. O que era aquilo negro chocando-se contra uma parede feita de um material parecendo vidro que em algumas partes resplandecia em dourado?

–Deba... – chamou Bel sem fita-lo. – como é a muralha de cristal?

– O que?

– A descrição. - disse Paula. – descreve-a!

– Uma parede de vidro. Por quê?

– Estamos vendo. – Jules o fitou. – e estamos vendo algo negro sair do corpo do Andrasta.

O taurino ficou assustado. Aquilo só poderia ser visto por alguém que...

Andrasta não recuou com seu ataque e Shion mostrava sinais de fraqueza. As sequelas de Hades o deixaram mais fraco.

– Se não fizer nada, a proteção vai se romper e eles vão morrer. – sorriu.

– Patife... revolução estelar. – não pensou duas vezes em atacar.

Paula ficou chocada ao ver vários pontos luminosos brilharem perto de Shion e depois em Andrasta.

– Fraco. – esticou o braço direito parando completamente o ataque de Shion. – pensei que fosse mais forte.

O.o.O.o.O

A escuridão não durou mais que segundos. Quando a claridade voltou, Heluane, Fernando, Rodrigo, Marcela, Gabe, Afrodite e Marin perceberam que continuavam no templo, sem o restante.

– Para onde Atena foi levada? - indagou Marin temerosa.

– Precisamos encontra-la. - disse Dite, prestes a dar um passo. - Marin proteja-os! - gritou.

Um poderoso cosmo tomou conta de todo o salão. Os brasileiros reuniram-se ao sentir aquela energia. O que era aquilo? Marin passou a frente deles em posição de ataque. Gustavv olhava atentamente para a entrada do salão. Uma figura negra apareceu diante todos. Com gestos lentos retirou a capa e o capuz.

Deveria ser tão alto quanto Aldebaran. Os cabelos desciam lisos e loiros até a altura dos ombros. A pele era pálida e os olhos azuis, duros e frios. Sua armadura semelhava-se a de Radamanthys, mas sem as asas. A cor era num azul petróleo.

– Quem é você? - indagou o sueco.

– Meu nome é Seren, sou o guerreiro Ragnarok da Vagareza. E você?

– Afrodite de Peixes. Onde está Atena e os demais?

– Estão espalhados.

Foi a conta de ouvir, Marin deu meia volta, contudo não chegou a porta. Ela parecia protegida por uma barreira.

– Não vai a lugar algum.

– Pelo jeito terei que derrota-lo para passar.

– Isso mesmo. - a voz sempre saia num tom calmo.

Afrodite partiu para cima dele, disparando socos e chutes. Seren desviava sem qualquer dificuldade. Revidou com um soco, sendo parado pelo sueco.

– Você é muito bom. - usando sua força o pisciano abaixava o punho do inimigo.

– Digo o mesmo. - a expressão de Seren não se alterou. - não foi afetado por Hades?

– Não.

O cavaleiro abriu a outra palma da mão, disparando uma rajada de cosmo. Seren foi atingido em cheio, caindo a metros. Os brasileiros traziam os olhos arregalados, o que eram aqueles pontos brilhantes saindo do corpo do sueco?

– Eu vi aquilo mesmo? - Gabe esfregou os olhos.

– Visão coletiva Gabe. - disse Fernando perplexo. - eu também vi.

– Viu o que? - Marin os fitou.

– Pontos brilhantes saindo de Afrodite. - disse o baiano. - não apenas a luz, mas eu sinto algo vindo deles.

Marin estranhou, o que poderia ser?

Afrodite não abaixou a guarda, mesmo vendo Seren no chão. E como previu, o guerreiro levantou sem nenhum ferimento.

– Creio que seja mais forte que isso. - disse.

– Só estou me aquecendo. - Dite sorriu.

– Minha vez...

O cosmo negro preencheu o ambiente.

– Fiquem atrás de mim. - pediu Marin.

Seren concentrou sua energia no punho direito. Deu um soco no chão...

A terra começou a tremer, Afrodite em alerta esperava pelo ataque, que não veio primeiro para ele.... a primeira a ser atingida foi Marin ao ter o corpo transpassado por rajadas de cosmo negro que brotaram no chão.

– Marin!

Gritou Fernando, não tendo tempo de dizer mais nada, pois o grupo foi acertado em menor grau pelo ataque. Os seis foram ao chão.

– Gabe!!!

Afrodite sentiu o chão abaixo de si tremer e não teve tempo de se defender. Foi o que recebeu o ataque com maior intensidade.

O.o.O.o.O

Por alguns segundos a visão ficou escura, quando clareou notaram a construção.

– Que lugar é esse? - indagou Julia.

– A Arena menor. - disse Kanon, tomando posição.

Não era apenas os dois que estavam lá, mas também Isabel, Sheila e Suellen.

– Não sabia que entre os defensores de Atena tem um marina de Poseidon. - uma voz ecoou.

– Apareça.

Da entrada da arena um homem encapuzado caminhava na direção deles. A certo ponto ele retirou sua capa. Os cabelos desciam longos e negros. A face era alva dando destaque aos olhos na cor violeta. Sua armadura era nas cores negra e rubra, muito semelhante com a armadura de Sylphid de Basilisco. Trazia um fino sorriso.

– Pela história você deve ser Kanon Dragão Marinho.

– Anda bem informado. - o geminiano deu um sorriso cínico. - e você?

– Meu nome é Alfarr, sou o guerreiro Ragnarok do Sofrimento. E como tal prometo tornar a vida de vocês um inferno.

– Se escondam. - Kanon não olhou para as meninas.

– Acha que elas vão sair vivas?

Alfarr bateu suas asas, uma forte rajada de vento tomou a direção do grupo, sendo acertados, as meninas caíram longe, machucadas, mas ainda despertas.

– Su! - Kanon foi até ela, a brasileira estava ferida. - Su.

– Ka-non...

– Desgraçado! - levantou, cerrando o punho.

– Está desse jeito por que machuquei simples humanas?

– Você vai pagar caro por isso!

– Venha. - sorriu provocante.

Kanon partiu para cima dele desferindo chutes e socos. Alfarr defendia com bastante tranquilidade.

– É esse o nível dos marinas? Patético.

O guerreiro golpeou Kanon no estomago, jogando-o longe.

– Kanon! - gritou a pernambucana.

– Preocupada com ele?

Alfarr apareceu diante da brasileira segurando-a pelo pescoço.

– Su! - gritou Julia.

– O que Atena tem na cabeça deixando simples mortais andarem por aí. - apontou o dedo para elas. - merecem....

Alfarr sentiu uma poderosa energia aproximar-se dele, soltou Suellen pulando, a energia o seguiu, atingindo-o. A luz cegou as meninas por segundos, que estavam paralisadas por verem aquela luz brilhante.

– Suellen... - Isa aproximou. - você está bem?

– Sim... e o Kanon?

Julia e Sheila olharam para onde sentiam algo diferente. Arregalaram os olhos ao verem uma luz dourada envolver o grego.

– Mas o que...? - Ju não terminou a frase.

– Também está vendo?? - indagou Sheila.

– Sim e...

Não tiveram tempo de terminar a frase, viram no alto uma grande bola negra.

– Isso será muito divertido! - Alfarr estava intacto. - quero ver sair dessa.

Começou a soltar várias bolas de energia como se fosse uma metralhadora, toda a área central da arena estava sendo bombardeada, levantando uma grande quantidade de poeira e pedras. Kanon desviava, mas os golpes vinham a velocidade da luz e ele estava impossibilitado de usar. As bolas de energia seguia para rumo das meninas.

Kanon correu até elas.

– Fiquem atrás de mim.

Obedeceram, Kanon elevou seu cosmo.

– Triangulo Dourado!

O grego disparou sua técnica que não tinha o objetivo de atingir o inimigo e se puxar as bolas de energias, levando-as para outra dimensão.

– Ora... - Alfarr suspendeu o ataque. - gostei dessa técnica. Que tal experimentar uma das minhas? llafnau o Ddioddefaint!

Diante do guerreiro surgiram bolas de energias que foram tomando forma de laminas de uma espada curvada. Eram várias e partiram em direção a Kanon.

– Explosão Galáctica!

Kanon achou que seu golpe fosse capaz de parar o ataque de Alfarr, contudo com um cosmo de um cavaleiro de prata, a explosão perdeu seu efeito rapidamente. O cavaleiro recebeu diretamente o ataque, tendo o corpo completamente cortado pelas laminas. Foi lançado longe. As meninas também sofreram com o impacto.

O.o.O.o.O

Cristiane, Juliana e Ester sentiram o vento no rosto.

– Que lugar é esse? – indagou a oriental.

A mineira olhou ao redor, conhecia aquela vista.

– Star Hill...

As três voltaram a atenção para o templo atrás delas. Juliana e Ester que nunca tinham pisado ali ficaram encantadas com o templo.

Cadê Atena? – indagou pensando....

– Ester?!! – as outras duas olharam para ela assustadas. – você está... sua voz...

A carioca ficou pálida. Tinha escutado a voz de Juliana. Tinha escutado?!

– Como...?

– Sua voz... - a brasileira aproximou. - estou ouvindo sua voz...

– Eu escutando vocês, perfeitamente. Aquela mulher fez algo em mim.

– Por falar nela...

Escutaram um forte barulho vindo do templo.

– Atena!

As três correram em direção ao templo, nem tiveram prazo de contemplar a decoração singular daquele salão.

– Onde fica as escadas? - indagou Ju.

Não será naquela porta dourada?

Foram para lá, Ester tentou abrir, mas não conseguiu.

É muito pesada.

– Vamos tentar. - Cris e Ju aproximaram.

X.x.X

Atena sentiu uma forte claridade em seus olhos, abriu-os lentamente, percebendo que estava no chão. Ergueu um pouco o corpo, vendo o desenho da deusa Niké esculpida no piso do salão das estrelas. O frio do mármore não era tão percebido devido o jeans e a camiseta de malha que usava.

– Não pensei que estava tão integrada aos humanos, Atena.

A deusa dirigiu o olhar para onde ouvira a voz. Hell estava de pé, tendo ao seu lado uma das pessoas encapuzadas.

– Você é louca Hell. – levantou. – abrir o selo pode trazer consequências graves.

– Eu sei disso. – passou a caminhar. – imagine as criaturas mitológicas andando em meio aos mortais.

– Não vou deixar que faça isso.

– É mesmo? – sorriu. – eu já tenho todas as armas, não há nada que possa fazer.

– Meus cavaleiros vão te impedir.

– Aqueles trastes? – gargalhou. – a maioria não passa de mortais defeituosos. – fechou os olhos. – nesse momento estão tentando voltar para o santuário, mas não estão conseguindo. Os que permaneceram aqui estão perdendo para os meus guerreiros.

Atena fitou a pessoa que estava ao lado de Hell, sentiu uma poderosa cosmo energia emanando dele. Tão forte quanto a de Shaka de, doze anos atrás. Se todos tiverem semelhante poder, seus santos estariam em desvantagem. Teria que agir agora e impedir o combate entre eles. A grega começou a elevar seu cosmo, destruiria Hell ali mesmo.

– Vai lutar? Mas antes...

Hell elevou seu cosmo, o templo foi tomado por uma energia negra, depois voltou ao normal.

– O que fez? - Atena viu algo translucido circundar o templo

– Uma barreira para que não sejamos incomodadas.

Ester, Juliana e Cristiane chegaram naquele momento, ficando pasmas ao verem um brilho dourado envolvendo Atena e um vermelho envolvendo Hell.

– O que é isso? – indagou Ju.

Estão sentindo algo cálido vindo de Atena? – Ester as fitou.

– Será que é... cosmo?

As três arregaçaram os olhos.

– Temos visitas Atena. – disse a deusa infernal.

A deusa virou-se para trás vendo as meninas.

– Saiam daqui, é perigoso!

– Muito perigoso... – Hell olhou para a pessoa encapuzada.

A pessoa caminhou em direção as meninas.

– Pare! – o cosmo de Atena o envolveu.

– Esqueceu-se de mim Atena? – o cosmo vermelho aumentou, englobando a energia dourada. A pessoa continuou o trajeto. As meninas encolheram diante da aproximação dele.

– Pare. - Atena tentou se mexer, mas o cosmo de Hell a paralisava.

Juliana encolheu, segurando firmemente o rosário dado por Shaka. Cris a abraçou enquanto Ester estava a frente de todas.

– Não deveriam ter vindo até aqui. – a voz era fria. A pessoa retirou o capuz revelando-se. Os cabelos desciam longos num azul turquesa, os olhos eram amarelados e frios. No rosto um sorriso vil. Sua armadura era na cor azul marinho com preto, a semelhança com a armadura de Faraó de Esfinge, mas sem as asas. – adeus... – o cosmo elevou.

– Não!!!! – berrou Atena.

As meninas viram um brilho negro em seguida o choque de baterem em algo.

– Não!!!

– Que deusa patética é você Atena, - Hell aproximou-se dela. – não consegue nem proteger reles humanas.

– Vai pagar por isso.

– Eu não, você.

A energia vermelha envolveu todo o corpo de Atena.


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Notas finais do capítulo

*Franchini, A.S; Seganfredo, Carmen. As melhores histórias da Mitologia Nórdica.

* Hell: Deusa do submundo, filha de Loki. Seus irmãos são o lobo Fenris e a serpente Midgard, monstros inimigos dos deuses. O mundo inferior é chamado de Helheim. Segundo o mito Hel foi enviada para esse local por Odin. Para seu reino iam as pessoas que morriam por doença ou velhice.
Tinha como companheiros a Fome, a Inanição, o Atraso, a Vagareza, o Precipício, a Preocupação e o Sofrimento. Era representada metade de seu corpo como de uma linda mulher, e a outra parte de um corpo terrível em decomposição.

** Na mitologia nórdica, Yggdrasil é uma árvore colossal que é o eixo do mundo. Ela contém nove mundos: Mannheim (Midgard), o mundo dos homens; Godheim (Asgard), o mundo dos deuses; Vanaheim, o mundo dos Vanir; Helheim, o mundo dos mortos; Svartalfheim, o mundo dos anões ou elfos escuros; Ljusalfheim, o mundo dos elfos de claros; Jotunheim, o mundo dos gigantes de rocha e de gelo; Niflheim, o mundo de gelo eterno; Muspelheim, o mundo de fogo.

*Pan Ku foi o primeiro ser vivo e o criador de tudo que existe segundo a versão mais conhecida do mito da criação na mitologia chinesa.
Amon: foi um deus da mitologia egípcia, visto como rei dos deuses e como força criadora de vida.

* Livro de Kaya: inventado para essa fic.



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