A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 44
Desconfiança


Notas iniciais do capítulo

Talvez esse seja o capitulo mais curto de toda a fic. Escrevi demais e para não publicar muitas páginas resolvi dividi-lo.



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Cristiane entrou depressa na biblioteca fechando a porta atrás de si. Correu por entre as prateleiras, sentando num canto.

Mabel entrou logo atrás.

– Cris.

Não teve resposta, mas guiada pelo som de choro, a piauiense a encontrou.

– Cris. - sentou na frente dela. - não precisa ficar assim. Saga não vai colocar a mão em você.

– Eu sei...

Seguiu alguns minutos em silencio.

– Onde ele está agora?

– Atena está realizando uma reunião com todos. De certo que depois dela, Saga voltará para a clinica.

– Entendo...

– Diga Cris o que está sentindo nesse momento?

– Medo. Tenho um pouco de medo pelo que Ares possa fazer, mas o meu maior temor é que ele se aposse de Saga. Eu sei que não foi o Saga que fez isso. - mostrou os cortes. - ele jamais faria isso comigo.

– Mas Saga precisa de tratamento. Foi por muito pouco que não morreu.

– Precisa, é por isso que...

– Quem imaginaria que o cavaleiro de gêmeos fosse tão complicado? - disse em tom descontraído.

– É. - a mineira sorriu. - perfeição não existe. - a mineira sentiu uma forte dor na cabeça.

– O que foi?

– Nada. - tentou sorrir. - só uma dorzinha.

– E o que vai fazer? Numa situação como essa só tem duas alternativas.

– Ou a gente se separa de vez, ou tenta ficar junto, mesmo com os problemas. Isso se as pessoas permitirem. Se eu tentar aproximar, vão fazer de tudo para me manter longe dele.

– Isso é verdade.

– A barreira vai abrir Bel e Atena vai nos mandar de volta. Não quero ter mais um peso a suportar. Mesmo com a possibilidade de ... morrer... não quero me separar dele.

– E sua vida no Brasil?

– Vou tentar sobreviver até lá. Eu gosto dele. Posso estar iludida quanto a isso, mas quero ir até o final. Eu conheço o verdadeiro Saga, não posso entrega-lo de mão beijada para Ares.

– É assim que se fala!

Cris olhou para o anel da piauiense.

– Achou seu príncipe.

– Ricardo é perfeito. – abriu um grande sorriso. - Não imaginava que encontraria uma pessoa tão maravilhosa quanto ele. As vezes penso que estou sonhando e que a qualquer momento vou acordar.

– Deixa para pensar nisso depois. – pegou na mão dela. – vamos viver nosso sonho.

Escutaram a porta abrir, era Sheila e o restante.

– Como se sente?

– Melhor Helu.

– Atena está fazendo a reunião. Ela nos mandou subir, mas acho que devemos tentar ouvir. - disse Paula. - todos nós sabemos que quando os dourados estão reunidos é sinal de problema.

– A Paula tem razão. - disse Rodrigo, ainda com uma enorme vontade de acabar com Saga. - não é um simples roubo.

– Vou chamar o restante. - Gabe se prontificou.

O.o.O.o.O

Antes de reunir com os dourados Atena quis conversar com Shion as portas fechadas. Ali poderiam trocar opiniões mais a vontade e dizer o que realmente pensavam.

Saori deixou o corpo cair sobre a cadeira.

– Shion qual o seu verdadeiro parecer?

– Trabalhando com a hipótese mais perto de nós, Juliana está envolvida no roubo, consciente ou inconscientemente. Eu também suspeito de Cristiane.

– Me diga, como e por que suspeita das duas. - Atena não estranhou os questionamentos do ariano.

– É fato, - levantou passando a andar pelo recinto. - que as duas não têm cosmo, mas quem garante que não esteja oculto. Hades não ficou oculto em Shun? Quantas vezes ele ficou perto da senhorita? Com Alone foi do mesmo jeito.

Por mais surpreendente que fosse o que Shion disse tinha lógica.

– Mas se realmente estivessem cosmos, não teriam manifestado? Quando Juliana passasse pela barreira ela emitiria um sinal.

– Plausível. – dessa vez Atena tinha razão.

– Mais algum motivo?

– Nesse caso vale para a Cristiane. Apesar do relato, pode ter acontecido algo que passou despercebido a atenção dela. Ares poderia ter usado o satã imperial.

– Ela estaria presa ao efeito. Seu comportamento não mudou.

– A utilização de cosmo em pessoas "normais" não tem o mesmo efeito.

– Suspeita de Saga?

– Suspeito de Ares. - frisou o nome. - Pode ter usado uma das duas ou as duas para rouba-la. Ares pode está manipulando todos. Ele é um suspeito muito relevante.

– E em Asgard? Inferno e no mundo submarino? Ares pode ser louco, mas não o suficiente de comprar uma briga com tantos deuses. Ele não teria vantagem alguma.

– São hipóteses Atena. Além do mais Hilda não soube precisar quando foi o roubo. Gustavv esteve lá em missão duas semanas atrás, nesse período de tempo pode ter acontecido o furto.

Atena respirou pesadamente, lembrava-se que o pisciano não havia encontrado nada de anormal. Eram várias peças de um quebra cabeça que parecia não ter solução.

– Antes da cerimônia, fui a Star Hill, as estrelas brilharam em vermelho para depois desaparecerem.

A deusa ouvia atentamente.

– E o que interpretou?

– Nada. Não teve eventos suficientes para poder deduzir algo, nem ao menos uma visão. Tinha pensando que era a barreira, mas ela não abriu.

– Vamos ouvir todos. - levantou. - faremos a reunião agora.

Enquanto isso na sala do trono, o clima era de apreensão. O sumiço das armas divinas e de Juliana povoavam o imaginário dos dourados.

Saga mais afastado estava num profundo silêncio. A cabeça doía.

– Como foi na clinica? - Aiolos sentou ao lado dele.

– Não tiveram tempo de fazer nada. Só me deram remédios e mais remédios.

– O que acha que está acontecendo?

– Estou esperando Atena me dar mais detalhes. - o fitou. - é provável que Shion vá pedir lhe que tome frente em alguma situação.

– Eu não tenho capacidade Saga.

– Tem sim. - disse firme. - pare de achar que não dá conta.

– Saga, eu...

– Você está nesse santuário a mais tempo do eu, conhece cada lugar, teve acesso aos registros antigos e tem caráter. Tem qualidades de grande mestre, pare de achar o contrário!

Quando Aiolos ia retrucar Atena apareceu. Os cavaleiros tomaram seus lugares. Shion estava sentado a sua direita, Marin um pouco mais a esquerda e os demais cavaleiros, devidamente trajados com suas armaduras, com exceção de Aiolos e Aldebaran, estavam a sua frente. A deusa contou rapidamente a história dos roubos para Saga.

– Como a Juliana passou pela barreira? - indagou o geminiano.

– Não sabemos Saga. - disse Shaka. - para passar pela barreira, só pessoas com cosmo, ou que passaram quando ela abre um vértice. Nas duas hipóteses iríamos saber.

– É estranho. - disse Dite, até então não tinham dado tanta importância a esse fato. - a Juliana não tem cosmo. Como ela sairia daqui?

– E sugere o que? - perguntou Dohko.

– A história não encaixa. - Kamus tinha entendido a linha de raciocínio de Gustavv. - na mesma noite roubam-se três artefatos, Juliana some e volta sem memória?

– Está querendo dizer o que Kamus? - Shaka o fitou frio.- que foi a Juliana que roubou?

– Eu não disse isso.

– Não estamos suspeitando da Juliana Shaka, - disse Mask. - mas precisamos levantar todas as possibilidades.

– A que Juliana tem cosmo? Se tivesse todos nós teríamos detectado. - exclamou. - agora vai achar que ela é inimiga?

– Todos são suspeitos Shaka. - disse Shura.

– Isso é ridículo! Se for assim qualquer uma das meninas pode ter roubado o báculo.

– Ou meninos. - disse Miro. - se for para acusar alguém acuse todos então. Todos tinham livre acesso ao santuário.

– Vocês estão ficando doidos? - Deba olhava-os revoltado. - eles não têm cosmo! E como saber se os roubos estão relacionados? Espada de Odin e espada de Hades? São mitologias diferentes.

– E como a Juliana foi parar em Shounion? - indagou Aioria.

Logo iniciou uma leve discussão. Atena ouvia tudo calada. Na qualidade de deusa, a menor suspeita tinha que ser levada em consideração.

Shion também calou-se ao se lembrar da estrelas em Star Hill. Tentava encontrar alguma lógica na sequencia que as estrelas se apagaram. A primeira delas foi Áries. Kiki, Mu e ele. Kiki estava no Japão. Não havia mais ninguém desse signo, a não ser os brasileiros.

– Shaka, qual o signo da Juliana?

– Áries. - estranhou a pergunta. Assim como todos que fitaram o grande mestre sem entender. - por quê?

– Por nada. - não quis render assunto, mas aquilo poderia ser um sinal.

– Asgard é desprotegido Atena? - indagou Mu, querendo que a conversa mudasse de rumo, suspeitar das meninas era algo ilógico...

– Mais vulnerável do que aqui. Hilda é forte, mas não é uma deusa capaz de erguer uma barreira. Além do mais com o passar dos anos o poder de influência de Odin diminuiu naquela região.

– Não havia irregularidades em Asgard, Mu. - disse Shion. - tudo estava protegido, não é Gustavv?

– Sim senhor. Passei por todos os pontos, considerados vulneráveis de Asgard, Atena. - disse o pisciano. - Hilda queria assegurar-se que tudo estavam em ordem. E naquele momento estava. Espada e o anel estavam protegidos.

– Agora vão dizer que a Juliana roubou a espada de Odin. - ironizou o indiano.

– Afrodite. - a deusa o fitou. - chame Juliana, Cristiane, Isa e a Paula.

– E-las? - ficou surpreso. - cla-ro.

Os cavaleiros olharam entre si intrigados.

– Atena, não está pensando que a Ju... - Shaka estava estarrecido.

– Shaka.

O indiano calou-se.

– Desculpe.

Dite foi para a biblioteca, encontrando todo o grupo.

– Atena não mandou vocês para o quarto? - sorriu.

– Com tudo que está acontecendo não da, Dite. - disse Gabe.

– Juliana, Cris, Isa e Paula, Atena está chamando vocês.

– Para que? - indagou a paraense.

– Não faço ideia. - disse para não preocupa-las.

As quatro seguiram com o pisciano, ficando um pouco temerosas por serem o centro das atenções. Atena providenciou quatro cadeiras. A escolha das duas primeiras fora intencional e das duas ultimas, pois foram as únicas que passaram a noite no templo.

– Isabel. - a voz da deusa saiu firme. - diga o que fez ontem a noite.

– Eu... - a paulista olhou para Kamus. - jantei em Aquário e depois voltei, não queria deixar a Cris sozinha. - o que em parte era verdade.

– Notou algo estranho?

– Não.

Kamus suspirou aliviado, do jeito que o temor corria pelo templo, todos eram suspeitos.

– E você Paula?

– A tarde fui fazer caminhada, voltei com um pouco de dor de cabeça e fui deitar mais cedo.

– Não viu nada de estranho?

– Não... - Paula lembrou-se do anel, ainda não sabia de quem era, mas pelo local onde encontrou poderia ser de Heluane e para proteger a amiga... - "ela vai ficar brava ao saber que a Helu perdeu." - só que estava muito calor.

– Cris?

– Eu só fiquei no quarto. Depois a Isa chegou e fomos dormir.

Kamus queria sorrir, mais um ponto a favor de Isa. Apesar dos motivos que levaram a mineira ao quarto, Saga ficou aliviado. Cristiane tinha um bom álibi.

Juliana ouvia as respostas das amigas, ficando com medo por si. Não se lembrava de nada e o que parecia era que todos suspeitavam dela. Olhou para Shaka, o indiano não conseguia parar de olha-la, notava-se a aflição dele.

– Ju, se lembrou de mais alguma coisa?

– Não.... - a voz saiu num fiapo. - me desculpe.

– Não tem porque pedir desculpas, você não fez nada. - Atena sorriu para tranquiliza-la. - podem ir agora.

As quatro levantaram, voltando para a biblioteca.

Naquele cômodo estavam todos apreensivos e ficaram ainda mais quando viram Juliana chorando.

– Ju o que foi? - indagou Fernando.

– Eles... eles...

– Eles desconfiam de nós. - disse Isa.

– Co-mo??? - indagaram todos.

– Não é de todos... - a oriental tentava conter as lágrimas. - é de mim, eles acham que eu roubei o báculo.

– Estão tomando a droga do Saga? - berrou Marcela indignada. - desculpe Cris, mas só pode ser isso! Bateram com a cabeça? - rumava para a porta. - quero ver quando eles levarem umas voadoras!

– Calma Máh. - Paula segurou a amiga. - porrada não vai resolver.

– Ah vai sim! - exclamou Sheila. - se acham que nós temos cosmos, vamos testar agora.

Ninguém vai fazer nada!– o tablet de Ester foi ao ultimo volume. – Ju, você não é culpada de nada! Será que não veem que foi obra de alguém de fora?

– Mas até que se prove o contrário, eu sou culpada Ester.

Shaka acha isso?

– Não sei... acho que não.

Então pronto. A única opinião que deve se importar é a dele!

– Deveríamos escutar essa conversa. - disse Rodrigo.

– Como? - indagou Gabe.

– Escutando atrás da porta. - disse Mabel, abrindo a porta. - vamos.

Enquanto isso no salão...

– Elas não têm nada a ver. - disse Dohko. - se for uma pessoa de fora, elas serão as primeiras vitimas.

– Precisamos checar todas as hipóteses Hian. - disse Shion.

– Atena, - Shaka aproximou, ajoelhando. - acha que a Ju é a culpada?

– Não temos certeza de nada Shaka. Seja quem for o culpado será punido.

O indiano desesperou. E se a deusa Atena achasse realmente que Ju era culpada? Ela teria uma grande punição.

– Atena, peço-lhe algo em nome dos anos de servidão. - abaixou o rosto. - se ela for culpada... aplique o castigo em mim. - a fitou. - e não nela. Eu assumo toda a responsabilidade. Pune a mim.

Todos ficaram surpresos, Atena mais ainda. Shaka estava disposto a sofrer as consequências no lugar da brasileira? O que ele sentia por ela era muito forte, a ponto de arriscar sua vida? Em poucos dias, o indiano tinha se transformado em outro homem.

– Não fique preocupado Shaka. Juliana é inocente. Você acredita nisso não é?

– Sim. Eu dou a minha vida se ela for a culpada.

– Sei disso. Agora sente-se.

Os dourados olhavam impressionados para Shaka. Não imaginavam que quando o amor surgisse para o homem mais próximo de deus, fosse algo tão forte.

– Atena, a senhorita suspeita de alguém? - indagou Miro.

– Poseidon, Perséfone e eu conversamos e não chegamos a um nome. Claro que a primeira suspeita vem dos olimpianos, mas não creio que algum deles tenha a audácia de roubar Poseidon e Hades.

– Ainda mais mexer com deuses de outro panteão. – disse Shion.

– Ainda existe o acordo Atena? – indagou Shaka, um pouco mais aliviado.

– Que acordo? – Kanon fitou o virginiano.

– Numa maneira mais simplificada cada região da Terra é “governada” por determinados deuses. É um acordo bastante antigo e em muitos lugares perdeu seu valor. Os únicos locais que ainda continuam são na Índia e alguns lugares da África e America Latina. Na maioria dos outros lugares isso se perdeu. (obs: teoria é apenas para a Alsa.)

– Então um deus não pode invadir o espaço de “outro”? – indagou Miro.

– Antigamente não podia, mas hoje... – disse Atena. – a maioria dos deuses está restrita ao seu paraíso. Olimpo, Asgard, Mundo dos Devas, etc. Os únicos ainda em atividade são Poseidon, Hades e eu.

– E o que vamos fazer Atena? – Aioria tomou a palavra.

Shion olhou para Aiolos, estava na hora dele começar a aprender. A oportunidade era ruim, mas extremamente útil para o aprendizado dele.

– O que acha Aiolos?

O grego quase caiu da cadeira. Estava prestando atenção na reunião, mas não como futuro patriarca e sim como um simples cavaleiro. Todos os olhares dirigiram-se para ele. O grego ficou em silêncio. Era nessas horas que dizia que não tinha estrutura para ser Grande Mestre. Mal participou da guerra santa, como poderia opinar? Somado a isso, o sonho, previsão, ou o que tenha sido aquelas imagens em Star Hill. O que aquilo significava?

Aioria aguardava a resposta do irmão. Notou que ele estava inseguro, o que era natural. Aiolos não esperava que sofreria tamanha pressão tão rapidamente.

O sagitariano buscou o olhar de Saga. O geminiano o fitou. Foi por poucos segundos, mas o suficiente para perceber o apoio dele.

– Não creio que Juliana tenha feito algo. A senhorita disse que Poseidon foi pessoalmente ao templo submarino e não encontrou nada.

– Isso mesmo.

– Então o inimigo não deixou pistas lá, mas pode ter deixado no Inferno e no templo de Odin, principalmente no extremo norte. Precisamos investigar.

Atena e Shion trocaram olhares. Quase deu para ver um sorrisinho por parte da deusa.

– Se Atena me permite, – o ariano levantou. – separarei dois grupos. Um para ir para o Inferno e outro para “Asgard”. Deixarei alguns cavaleiros aqui para a proteção da senhorita e das meninas.

– De acordo.

– Gustavv, Marin, Kanon e Aldebaran ficarão aqui comigo. Saga, Shura, Aiolos, Miro e Kamus para Asgard. O restante seguirá para o Inferno.

– Perséfone abrirá o caminho para vocês, não se preocupem. – Atena fitou o grupo que seguiria para o inferno. – quero que tenham o máximo de cuidado e em último caso lutem. Tenham em mente que o inimigo consegue transitar sem ser detectado. Isso é apenas uma investigação. - advertiu.

– Sim Atena. – responderam os dez.

– A reunião....

A frase foi interrompida pelo barulho de um vaso espatifando no chão. Sheila ficou vermelha.

– Por que não controla suas mãos? – Julia a fitou incrédula.

– Foi mal...

– Saiam. – a voz de Atena saiu autoritária.

– Você primeiro. – Jules empurrou Rodrigo. – para garantir nossa sobrevivência.

– Jules!

O grupo saiu de trás da porta envergonhados. Alguns cavaleiros seguraram o riso. Shion balançou a cabeça negativamente.

– Creio que escutaram tudo. – disse a deusa.

– Inclusive a suspeita sobre nós. - disse Marcela. - acha que fizemos algo? Acham que a Ju fez algo?

Os cavaleiros ficaram em silêncio. Claro que a ideia era absurda, mas que o sumiço de Juliana era no mínimo estranho isso era.

– Ela não fez nada. - disse Shaka.

– Entendam que não poderão sair do templo até segunda ordem.

Perfeitamente Atena. – disse Ester.

– Tenham cuidado. - disse Saori olhando para seus guerreiros tentando passar tranquilidade, mas por dentro estava apreensiva. Estava empurrando seus santos para algo desconhecido.

– Voltaremos o mais rápido possível. - disse Dohko.

As meninas num canto olhavam preocupadas, eles iriam para uma batalha, mesmo Atena dizendo era apenas uma investigação. A deusa percebeu a aflição delas, entretanto não queria dizer "despeçam-se deles", pois parecia algo forte que nem ela própria queria fazer, mas queria que eles se despedissem, pois o fator barreira ainda era uma constante. Deu um suspiro resignado, infelizmente teria que ser dura.

– Não querem se despedir? - as olhou. - desculpe, mas lembrem-se que tem o fator vértice. Provavelmente ele não abrirá, pois o santuário está em estado de guerra e quando isso acontece o próprio vértice se fecha, mas...

Não precisou repetir. As meninas dirigiram-se para os seus cavaleiros.

Ester parou diante de Mu.

– Fique apenas no templo, por favor. – o ariano acariciou o rosto dela. – será mais seguro.

– “Está bem. Você também se cuide.”

– Vou me cuidar.

Ester aproximou-se um pouco mais colando seus lábios. O beijo foi terno.

– Adeus Ester. - o ariano a enlaçou mais forte, depositando o rosto na curva do pescoço dela. Queria aspirar o perfume dela para guarda-lo na memória. Numa guerra a morte era uma companheira.

– "Adeus não, até logo. Volte rápido." - o fitou. - "ainda não me deu meu anel."

Mu sorriu.

O.o.O.o.O

Gabe sentiu os olhos marejarem.

– Aioria...

– Essas lágrimas porque está achando que vai ficar viúva? – sorriu.

– Eu me preocupo... - limpava o rosto.

– É só um reconhecimento. – a abraçou. – não tenho planos de te deixar viúva. Te deixar para outro? Basta ter que dividir a atenção com um morto... – rolou os olhos.

– Não brinque...

– Vou voltar para você continuar a fazer cafuné em mim. – disse ao pé do ouvido. – obedeça a Atena e não saia do templo, não queira pesquisar nada.

– Tudo bem. - sorriu.

– Se cuida. - deu-lhe um beijo na testa. - e juízo.

– Você também. Não vá se exibir. Não é hora para ego inflado.

– Pode deixar. - deu um beijo nela.

O.o.O.o.O

Saga deu um passo para trás e virou-se dirigindo-se para a porta do templo. Não queria contato com a mineira e era melhor assim. Tinha tomado a decisão de se entregar por inteiro nessa missão. E que salvar Atena e ela custasse sua vida. Não mediria esforços para isso.

A brasileira o via afastar. O coração estava na mão, pois poderia ser a última vez que o via. Sentiu os olhos lacrimejarem, porque tinha que ser assim? Por que eles não poderiam ser felizes? Mesmo com o problema psicológico, não seria nada se pudessem viver juntos, mas não desse jeito.

– Saga...

O tom não foi alto, mas o suficiente para ele ouvir, mas não parou de andar.

– Saga. - tentava engolir o choro.

Ele parou, mas não a olhou. Se fizesse isso perderia a resolução de deixar seu envolvimento com ela no fundo da sua mente. Cristiane saiu de onde estava passando pelos demais cavaleiros parando a cerca de um metro do cavaleiro.

– Tome cuidado e volte logo.

O cavaleiro sentiu o coração disparar e uma vontade enorme de virar e dizer tudo que sentia por ela, mas não podia. Se ela ficasse perto dele, com certeza Ares a mataria e isso seria a pior das culpas. Continuou a andar.

O.o.O.o.O

Sheila aproximou sem graça de Aiolos.

– Vou ter que colocar o vaso na conta. – ele brincou. – desse jeito vai me levar a falência.

– Foi sem querer...

– Fique dentro do templo. - depositou as mãos nos ombros dela. - E não quebre mais nada, por favor.

– Está bem. – sorriu. – tome cuidado e não dê um de herói, está sem armadura.

– Pode deixar lind... Sheila. – corrigiu em tempo. – fique com isso. – tirou a faixa vermelha. – me entregue quando eu voltar.

– Sim. – a paulista amarrou a faixa no braço. - Não demora muito.

Surpreendendo-o Sheila o beijou.

– Temos que estrear nossa piscina. - disse no ouvido.

Ele sorriu.

O.o.O.o.O

Julia não disse nada, apenas abraçou o espanhol.

– Promete que vai voltar?

– Claro, meu lugar não é aqui ao seu lado? – acariciou o rosto.

– Cuidado com o seu ombro.

– Pode deixar. - deslizou os dedos por entre os fios ruivos. - fique só dentro do templo.

– Mais alguma recomendação sr. Esdras?

– Falo sério. Fique só dentro do templo. Não é o momento de ficar passeando por aí.

– Ficarei.

Shura tomou os lábios dela num beijo ardente.

– Se cuida.

O.o.O.o.O

Jules aproximou bastante preocupada com Hian.

– Que cara é essa? - passou a mão pelo rosto dela.

– Sua cabeça realmente melhorou? E se tiver uma crise no meio da missão? E se um inimigo aparecer?

– Fique calma Juliane. Eu estou bem e nada vai acontecer.

– Se cuida.

– Você também. - aproximou do ouvido dela. - Shion pode ser bem mandão, mas obedeça-o. Ficarei sossegado sabendo que vai ouvi-lo.

– Sim. Vou obedecê-lo.

O.o.O.o.O

Isabel estava com receio quanto a ida dele. E se...

– Me desculpe por ontem... - disse o francês. - eu...

Foi calado por um beijo.

– Volte, por favor. - o abraçou bem forte. E se ele...

– Pode deixar.

– Quero conhecer Marselha com você. Só nós dois.

O francês abriu um sorriso. Um grande sorriso. Isa o fitou encantada, era a primeira vez que via Kamus sorrir tão abertamente. E era lindo.

– Voltarei rápido. - beijou-lhe as mãos. - tome cuidado.

– Tomarei.

O.o.O.o.O

Shaka via Juliana aproximar com um aperto no peito. Não queria deixa-la, ainda mais depois de tudo que aconteceu. Por algumas horas, viveu seu maior medo, perde-la.

– Não acha que eu... - murmurou a oriental.

O indiano abriu os olhos, para vê-la melhor.

– Claro que não. - acariciou o rosto dela. - Fique só dentro do templo está bem? Não saia para nada.

– Pode deixar. - sorriu.

Surpreendendo-a, Shaka a puxou para um beijo.

– Fique com isso. - o indiano desenrolou das mãos seu rosário, colocando-o no pescoço dela. - vai te proteger.

– Obrigada.

Ele a envolveu num abraço.

– Tome muito cuidado. – a envolveu mais.

– Você também. - acariciou o rosto alvo. - se cuida.

O.o.O.o.O

Cristiane não deu meia volta, ao contrário foi atrás do geminiano.

– Crist...

Shura deu um passo, mas foi impedido por Kamus.

– Deixe. Ninguém vai conseguir mantê-la longe dele, se a iniciativa não partir dela.

Do lado de fora do templo, Saga levava as mãos ao rosto, desde que chegara ao santuário sentia a cabeça doer e naquele momento sentiu uma fincada nela.

– Saga. - era a mineira.

Ele não virou, mas os lábios dobraram num sorriso vil, os olhos ficaram frios. Quando giraria o corpo, Cris o pegou pelo braço, arrastando- o para entre algumas pilastras. O ato deixou Ares sem ação.

– O que...

Não terminou a frase. A mineira colara seus lábios aos dele. O cavaleiro arregalou os olhos.

– Eu não me importo que Ares habite em você. - disse abaixando o rosto. - nem tenho magoa ou rancor pelo que me fez... sei que não foi você. Sei também que assim que puder Atena vai nos mandar de volta, mas... - o fitou. - você realmente me ama?

Ficou em silêncio, tentando manter a expressão neutra.

– Eu me sinto protegida com voce, como se nada pudesse me atingir....

Ares ouvia calado incapaz de dizer alguma coisa. Ela não tinha percebido que era ele e não Saga?

– Eu amo você. Não apenas pelo "personagem", mas pelo homem que é... - sorriu timidamente. - então me diga. Tudo que vivemos não significou nada?

Continuou em silêncio.

– Não fique preocupado se sua resposta for negativa, mas eu preciso saber. - o fitou, apesar de temer a resposta. Temia que ele dissesse que estava tudo acabado entre eles.

O geminiano tocou-lhe o queixo, erguendo-lhe o rosto.

– Ares quer ter matar. - disse sério. - e ele vai te matar. – a voz saiu sombria.

Cris engoliu seco.

– Eu sei, - olhou os cortes. - mas... não quero ficar longe de você. Você me alertou várias vezes sobre o Ares. Eu sei dos perigos, - mostrou o braço. - mas não quero deixa-lo.

– Tem certeza disso? - Ares ficou surpreso pela confissão dela. Mesmo com tudo que aconteceu ela ainda gostava de Saga? Por quê? - Por quê? - não entendia. - por que gosta de mim...? Eu tentei te matar...

– Eu não sei... só gosto de você.

Aquilo o perturbou e muito.

– Volte para o templo. - virou o rosto, com raiva de si mesmo por ter ficado perturbado com aquilo. Sentimentalismo sempre foi para os fracos, por isso Saga era um fraco.

– Saga...

O rosto dele ficou tenso, ao sentir o toque dela em sua face. Ficou ainda mais quando sentiu os lábios dela sobre os seus. O que ela estava fazendo? Era doida? E que sensação era aquela? A mineira aprofundou o contato, pois poderia ser o último. Saga estava indo para uma guerra e poderia perdê-lo.

Cedendo a uma vontade sua, Ares a enlaçou nos braços sem aperta-la.

– Volta para mim.

Ares ainda gravou a sensação do beijo e as palavras, antes que a consciência de Saga sucedesse. O cavaleiro piscou algumas vezes até cair em si.

– Cris? - afastou na hora. - o que...? - não se lembrava dos últimos minutos. O que tinha acontecido? Por Atena! O que tinha acontecido??

– Boa sorte. - sorriu. - e volte. - depositou um beijo na testa e entrou no templo.

O cavaleiro ficou preocupado, esse apagão da memória de forma temporária era efeito dos remédios?

O.o.O.o.O

Marcela aproximou-se de Miro.

– Vai sentir minha falta? - a enlaçou nos braços.

– De maneira alguma. E olha só. - apontou o dedo para ele. - se eu sonhar que está dando bola para a Hilda ou a Freya, eu castro você.

– Isso é uma ameaça? - roçou os lábios nos dela.

– É uma ameaça. - olhou para Kamus. - quero um relatório completo!

– Pode deixar. - o aquariano balançou a cabeça.

– Não demore a voltar. - voltou a atenção para o grego.

– Pode deixar senhorita Marcela. - bateu continência. - serei um rapaz casto na missão.

O.o.O.o.O

Heluane ficou sem saber o que fazer. Iria até Giovanni para deseja-lo boa sorte ou ficaria na dela?

Sua dúvida foi respondida pelo próprio que aproximou da brasileira.

– Não vá andar por aí... - disse sem jeito. - vai que acontece alguma coisa e eu não possa te ajudar.

– Tomarei cuidado e você faça valer o meu esforço com o tratamento. Volte inteiro.

– Tá...

Os dois trocaram um sorriso.

– Boa sorte.

– Obrigado. Se cuida.

– Você também.

– Fique sossegado Mask, vou ficar de olho nela. - Dite aproximou da fluminense com um sorrisinho bobo.

– Estará mais seguro comigo do que com você.

– Relaxa, só tenho boas intenções.

Os dois grupos reuniram na porta do templo, as meninas na porta os viam se afastar. Estavam com o coração na mão.

A situação correta era de a barreira abrir, contudo ocorria o contrário, eram eles que estavam partindo.

– Ao fim da missão entre em contato comigo. - o cosmo de Atena envolveu seus santos.

Shion olhou para Kamus.

– "Fique de olho no Saga."

– "Acha que o Saga..." - seria ele o culpado?

– "Ares."

O aquariano entendeu. Realmente Ares era um suspeito. Não tinha vinte e quatro horas da sua aparição e logo após objetos divinos somem?

A energia de Atena brilhou e segundos depois eles sumiram.

– Todos para o templo. – disse Shion. – e não saiam sem a minha permissão.

O.o.O.o.O

Se com o imperador Hades aquele lugar era inóspito, depois da “morte” dele, o inferno se tornou um lugar desolado. Com o auxilio de Perséfone, os cavaleiros passaram pelo portão do inferno indo para Giudecca ou o que tinha sobrado do palácio.

– Pensei que não pisaria nesse lugar mais. – disse o italiano.

– Digo o mesmo. - Dohko concordou. - Vamos cumprir nossa missão e ir embora o mais rápido possível.

Subiram as escadas que davam acesso ao salão principal. Não se ouvia som algum, exceto o som dos passos. O portão que separava a área externa do interior era apenas pedaços de pedras espalhados. Desviaram de alguns entulhos seguindo em silêncio. Aioria, Mu e Dohko iam à frente.

Shaka estava alheio a tudo. Não reparou no portal, muito menos na situação que Guidecca se encontrava. Seus pensamentos estavam exclusivamente em Juliana. Ela não tinha cosmo, era uma pessoa comum, logo não poderia ser autora do roubo. Era um absurdo Atena e Shion levantarem essa suspeita. A oriental era incapaz de machucar uma formiga quanto mais roubar algo de Atena. Acreditava nisso... somado a isso a barreira. E se ela abrisse? Nunca mais voltaria a vê-la!

Mask notou a expressão preocupada.

– A Juliana estará protegida Buda.

O indiano o fitou.

– Não é apenas esse o meu maior temor. Tem a barreira... também deve está se sentindo assim.

– Por que diz isso? – estranhou.

– Mudou a forma como olha para a Heluane. Está gostando dela? – agora poderia perguntar, pois já sabia como as pessoas se comportavam quando estavam enamoradas.

– Fi-cou doi-do? – engasgou. - Claro que não! Aquela doida e eu? Perdeu o juízo Shaka?

O virginiano ergueu as sobrancelhas. Jurava que algo havia mudado em relação aos dois, não se notava aquela atmosfera de animosidade entre eles. Ela até desejou boa sorte a ele!

– Pensei que tinham superado as diferenças. – disse ainda surpreso.

– Não significa que tenhamos algo. - o fitou.

– Mas vocês se aproximaram. Ela não está usando mais o anel?

Mask parou de andar. Não tinha prestado atenção nisso. Heluane passou a noite com ele e não sentiu uma única dor. Ela tinha tirado o anel?

– Ela ficou comigo e não senti nada... – lembrou-se da aproximação devido aos espíritos.

– Ela estava em câncer? – o indiano abriu os olhos surpreendido.

– Não... quer dizer... sim... – ficou vermelho, algo que Shaka achou graça. – ela me ajudou com um remédio.

– Passou a noite em Câncer?

Giovanni ficou ainda mais vermelho.

– Não do jei-to que es-tá pensan-do!

Os outros três que seguiam na frente, apenas escutavam completamente surpresos.

– Não fizeram sexo? – foi bem objetivo, alias Shaka era objetivo.

– Está sendo bem indiscreto Shaka. - o italiano já estava roxo.

– Não sou que fica contando as intimidades para os outros. Muito menos emprestando filme pornô.

– Pornô? - Aioria os fitou com os olhos arregalados. - que filme pornô?

– Nada leão. Fique na sua. - a voz de Giovanni saiu dura. – fica falando de mim, - o italiano voltou a atenção para o indiano. – mas não me devolveu o DVD.

– Eu não tive tempo de devolver.... – disse sem graça.

– Andou emprestando filme pornô para o Shaka? - Aioria estava pasmo.

Mu balançou a cabeça negativamente, com o mundo prestes a acabar e os três falando de filme pornô... o que a elite de Atena tinha se transformado...

– Aioria fique calado. - disse Shaka.

– Eu quero saber dessa história.

– Chegamos. - disse Dohko, cortando o assunto.

Estavam diante da escadaria que levava ao Muro das Lamentações. O buraco feito por eles ainda continuava lá.

– E agora? - indagou o leonino.

– Atena nos disse que a senhora Perséfone vai nos receber. - disse o libriano.

Não demorou muito para eles sentirem um forte cosmo aproximando deles. Foram para perto do Muro, vendo materializar uma mulher.

– Bom dia cavaleiros de Atena. - disse a mulher de longos cabelos loiros e olhos amarelados.

– Senhora Perséfone.

Fizeram uma leve reverencia.

– Agradeço a presença de vocês. - ela abriu a palma da mão direita. Apareceram quatro pulseiras feitas de algo negro. - coloque nos seus braços, meu cosmo está impregnado. Só assim poderão chegar ao Elíseos.

– Agradecemos a confiança. - Shaka disse por todos.

Colocaram as pulseiras. Perséfone elevou seu cosmo, que os envolveu. Segundos mais tarde, tinham sumido.


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