A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 43
O roubo


Notas iniciais do capítulo

As coisas começam a complicar para Atena e seu santuário...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/462279/chapter/43

Rodrigo contava quantas gostas de liquido esbranquiçado estava colocando no copo com água. No quarto, Atena estava deitada sentindo muita dor. Desde a tarde, Saori reclamava das dores, mas com a chegada da noite, foram intensificadas. Para não preocupar ninguém, inventou que descansaria mais cedo, mas ele sabia que era mentira. Insistiu para acompanha-la e agora ministrava a medicação.

Depois de pronto, o baiano rumou para o aposento da deusa.

– Tome Saori... - a ajudou a erguer o corpo.

A grega bebeu todo o liquido fazendo uma careta. As dores eram intensas e o gosto do remédio não ajudava.

– Obrigada...

O brasileiro a ajudou a deitar. Foi até a janela para fechar as cortinas. Voltou à atenção para a jovem que parecia adormecida. O dia tinha sido duro para ela. Poderia ser uma deusa, mas não era imune ao desgaste físico e mental.

– Melhor assim?

– Sim. Obrigada.

– Procure descansar. Amanhã será um novo dia.

– Deita aqui comigo. - esboçou um sorriso.

O jovem acomodou-se ao lado dela, envolvendo-a nos braços.

– Me desculpe pelo meu comportamento mais cedo, mas é que estou com ódio do Saga.

– Não tem porque se desculpar, eu te entendo. Você só está querendo preserva-la.

– O que depender de mim, ele não chega nem perto dela.

Atena soltou um suspiro desanimado. Nem precisaria da intervenção de Rodrigo. Os dois não se veriam nunca mais. Apesar da dor, a grega abraçou mais forte o baiano. Ela sofreria muito na partida dele. Não apenas ela, mas seus santos. Todos tinham encontrando um sentido novo para a vida e não poderiam vivê-la. Era injusto, mas necessário.

– Pode ficar aqui essa noite?

– Claro. - acariciou o rosto alvo. - pode dormir sossegada, estarei aqui.

– Obrigada.

Saori aconchegou-se mais, pegando rapidamente no sono.

O.o.O.o.O

Assim que pode Suellen desceu para Gêmeos. Estava muito preocupada com Kanon.

Ao chegar a terceira casa, notou que a sala continuava na mesma desordem.

– Kanon?

Chamou, mas não teve retorno. Sem demoras foi para o quarto dele, ele não estava. Foi para o quarto de Saga, sentindo o coração partir ao ver a cena...

–----Flashback-----

Kanon subiu as escadas que conduziam a Gêmeos num total desanimo. Estava perdendo a guerra contra Ares. Abriu a porta da sala, vendo-a revirada. Andou com cautela, pois havia muitas coisas no chão e marcas de sangue. Teve sua atenção chamada por algo. Abaixou para pegar um porta-retratos. Era uma foto dele, de Saga e dos pais quando eram crianças. A única que tinha sobrado daquela época.

– Eu prometi não foi? - olhava o rosto da mãe. - mas eu não consigo mãe... estou tentando, mas não dou conta mais...

Os primeiros pingos de lágrimas caíram sobre o vidro quebrado. Enxugou- as, colocando o objeto sobre a mesa. Foi direto para o quarto de Saga. Tudo revirado. Quantas vezes pegou aquele local daquela forma?

– Que droga Saga! - deu um murro na porta.

Uma onda de revolta apoderou-se dele. O que ainda tinha sobrado, Kanon encarregou de acabar. Foi para seu quarto, agindo da mesma forma. Só parou quando viu que não havia mais nada para ser quebrado. Foi até o guarda roupa, abriu a ultima gaveta, vendo uma garrafa de liquido amarelado. Sem se importar, abriu-a passando a tomar o liquido.

–---- Fim do flashback-----

– Kanon...

O marina estava sentado no chão, com uma garrafa de uísque ao lado. Começou a beber em seu quarto, indo para o do irmão.

– Kanon... - Suellen foi até ele agachando na sua frente. - Kanon.

Ele a fitou. A brasileira notou que o liquido estava na metade, de certo Kanon tomara.

– Me dá a garrafa. Beber não vai resolver os problemas.

– Já resolveu... - a voz saiu alterada. - eu já tomei a minha decisão.

– Que decisão?

– Eu quero que o Saga vá para o inferno.

– Co-mo?

Apoiou-se na parede para levantar.

– Isso que es-cutou... eu quero que o Saga vá para o raio que o parta.

– Você bebeu demais.

– Não bebi. Eu cansei Su, cansei dessa droga de vida! Eu quero que todos se explodam!

– Kanon, por favor. - entendia que era o efeito do álcool e que teria que ter paciência.

– Eu vou embora desse lugar.... vou desaparecer no mundo! Nunca mais terão noticias minhas.

– Não pode fazer isso. - tentava pegar a garrafa.

– Posso. - levou o liquido a boca. - posso sim. Abro um por-tal dimensional e desapareço.

– E o Saga?

– QUE VÁ PARA PUTA QUE PARIU! Ele quer se matar? Que se mate e me deixe em paz!! Por mim Atena poderia joga-lo em Shounion!

– Kanon, não fale assim.

– Eu falo como eu quiser!!! - gritou. - sou eu que tenho segurado a barra desde que tínhamos quatro anos! Foi para mim que a mamãe pediu para que cuidasse do Saga! - ergueu o olhar para o teto. - eu não quero mais mãe! Eu cansei! Eu quero que o Saga morra! Que morra! - jogou a garrafa contra a parede, o cheiro de álcool subiu.

– Kanon! - a voz de Su saiu firme. - para de dizer coisas que vai se arrepender.

– Arrepender? Me arrependo de ter pisado aqui novamente em Hades. Deveria ter sumido do mundo! Logo que Poseidon foi derrotado deveria ter desaparecido!

Passou por ela, caminhando cambaleante até seu quarto, Su foi atrás.

– Fique aí!

A brasileira parou. Kanon continuou seu trajeto, indo novamente até o guarda roupa, dessa vez pegou uma garrafa de vinho. Abriu com a boca.

– Já chega de beber.

– Me deixe em paz Su! - a deteu. - Não me obrigue a desaparecer para você também.

– Kanon... sei que está sim por causa do Saga, mas ele vai melhorar.

– NAO VAI! - berrou. - foi assim das outras vezes! Saga só tem solução se morrer! Estou cansado de bancar a babá! Eu quero que ele se dane! Que vá para Hades e não saia mais de lá!

– Para Kanon! - não imaginava que o marina estivesse sofrendo tanto assim. - você não quer que o Saga morra.

– Quero sim! Estou de saco cheio Su. - andava pelo quarto. - cansado, eu cansei. - disse resaltando as ultimas palavras. - já chega. - olhou para o teto. - ouviu mãe? Eu desisto, eu desisto do Saga. Joguei a toalha. - levou à garrafa a boca, bebendo uma grande quantidade de uma vez.

– Já chega de beber. - A pernambucana conseguiu pegar a garrafa. Foi até o banheiro jogando o conteúdo escarlate pelo vaso.

– Minha bebida Su!

– Encher a cara não adianta.

– Então vou sumir. Ninguém vai me encontrar. Poderei ter a minha vida de volta e fazer o que eu quiser.

– Sumir não vai resolver nada.

– SE SAGA SE MATAR TUDO RESOLVE! - berrou. - eu vou fazer isso. - apontou para o peito. - e vai ser agora. - rumou para a porta. - eu mesmo vou mata-lo e ficar livre dele.

– Pare Kanon! - a voz de Suellen saiu enérgica. - já chega de dizer bobagens! Precisa de um banho frio. Vá para o banheiro agora!

– Quem é você para me dar ordens?

– Suellen. - o olhar ficou duro e Kanon ficou intimidado. - vá.

O cavaleiro obedeceu. Suellen o ajudou a entrar na banheira e colocou o chuveiro no frio.

– Frio.... - estremeceu.

– Fique aí, vou buscar uma toalha.

O marina sentou na banheira, recebendo o jato frio... queria sumir... queria desaparecer, não aguentava mais aquilo, não aguentava...

– Que-ro sumir...

– Aproveitei e peguei roupas. - disse voltando para o banheiro e... - Kanon... - murmurou penalizada.

O grego estava encolhido debaixo água, abraçado ao corpo chorando baixinho.

– Kanon...

– Me tira daqui... eu não quero mais essa vida Su... vamos para sua terra... a gente some e ninguém nos acha mais.

A brasileira fechou o chuveiro, entrou na banheira e pegando a toalha enrolou o geminiano.

– Vem cá.

Abriu os braços e Kanon aconchegou-se neles.

– Tudo vai ficar bem Kanon... - abraçou mais forte. - estou aqui com você.

– Su... - os olhos marejaram. - eu não quero que o Saga morra... eu não quero perde-lo.

– Sei que não.

– Su... - ele agarrou-se a ela.

– Amanha é um novo dia. Tenha fé.

O cavaleiro deixou-se levar pelo aconchego. As lágrimas logo vieram.

O.o.O.o.O

Afrodite estava em seu jardim olhando o céu. Um dia antes, o clima era de festa, em vinte e quatro horas de lamentação.

Soltou um suspiro desanimado. Queria acreditar que a situação fosse se resolver, mas sabiam que todos teriam um longo caminho para isso.

O.o.O.o.O

Isa subia correndo as escadas. Kamus tinha sido um estúpido em manda-la embora. Será que não entendia queria ficar junto dele? Mas como, com uma barreira entre os dois.

– Não entende...

Entrou no quarto pelo horário Cristiane já estaria dormindo, mas a cama estava vazia.

– Cris...?

Viu a luz do banheiro acesa. Rapidamente foi para lá. A mineira estava parada diante do espelho.

– Cris...

– Ares nunca vai permitir que Saga e eu... que nós... - começou a chorar. - Atena também não vai permitir... eu perdi o meu Saga...

– Fique calma. Vamos dormir, amanhã será um novo dia. Esqueça o que aconteceu hoje. - a conduzia para a cama. - procure descansar.

A mineira a fitou, percebendo os olhos marejados.

– O que foi Isa?

– Nada. - passou as mãos nos olhos. - não é nada.

– Como não é nada? Não deveria está em Aquário?

– Kamus me mandou embora.

– Como?

Isabel contou a conversa tida com o francês.

– Isa! É um sinal claro que ele quer juntar as escovas de dente!

– Menos Cris... não se esqueça da barreira. Não quero criar grandes expectativas e depois me decepcionar.

A mineira calou-se. Isa tinha razão.

– Não merecemos uma boa noite de sono? - a paulista brincou. - e a senhorita precisa descansar. Se a Helu ficar sabendo...

– Já estou deitada.

As duas riram.

O.o.O.o.O

Shion fez sua refeição em silêncio, queria a presença da brasileira, mas não quis atrapalhar a resolução dela ficar com as amigas. Depois de terminado, foi para o quarto descansar. Deitado na cama, olhava para o teto, pois estava sem sono. O dia tinha sido cheio e nada que uma boa noite de sono não resolvesse. No dia seguinte teria muitas coisas para resolver, dentre elas o destino de Saga. Com o propósito de Atena, em deixar o cavaleiro o máximo de tempo na clinica, precisava providenciar a proteção da terceira casa solicitando a Kanon essa tarefa, durante a ausência do irmão.

Fechou os olhos, mas uma sensação incomoda apossou-se de seu ser. Sua experiência de séculos, dizia que aquela sensação era prenuncio de algo ruim...

O.o.O.o.O

A noite seguia alta e tanto Giovanni e Helu acabaram dormindo. Na madrugada, o canceriano acordou incomodado com a mangueira. Desligava o aparelho, quando notou a brasileira dormindo na poltrona. O cavaleiro a pegou de forma delicada para não acorda-la colocando-a na cama. Pegou um travesseiro para si, indo para a sala.

... O dia amanheceu com um calor acima do normal. Completava o décimo terceiro dia em solo grego e o nono dia de viagem para o grupo de brasileiros. A barreira ao contato com os raios do sol emitia uma luz amarelada. Nas doze casas poucos tinham conseguido pregar os olhos.

Em Aquário, Kamus passou a noite toda acordado na biblioteca pensando em Isa, os olhos não melhoraram.

Em Capricórnio Shura passou a noite toda sentindo dor no ombro, em Sagitário, Sheila se desdobrou para abaixar a febre do braço do grego.

Miro passou a noite na frente da TV. Dohko só teve paz, no principio da manhã.

Mu acordou várias vezes a noite com os objetos da casa flutuando. Kanon, depois do banho foi conduzido por Suellen para cama, onde dormiu.

Shion, Shaka, Aioria, Giovanni e Aldebaran foram os únicos que dormiram bem.

Fernando e Marin acordaram cedo, mas não levantaram de imediato aproveitando a presença um do outro.

Isabel só conseguiu dormir com o dia amanhecendo, contudo seu sono não demorou muito acordando com o grito da mineira.

– O que foi Cris? - aproximou-se da cama.

– Nada... só um péssimo sonho.

– Ares?

– É, mas já passou.

– Gente o que foi? - Paula abriu a porta. - eu ouvi um grito.

– Foi só um pesadelo. - Isa deu um meio sorriso.

– Tudo bem. Se precisarem de mim sabem onde estou... - sorriu.

– Pode deixar.

Paula rumou para o quarto de Shion. Bateu duas vezes na porta.

– Paula. - sorriu.

– Bom dia. - deu um selinho nele.

– Passou bem a noite?

– Minha cabeça doeu, mas me sinto melhor.

– Senti sua falta a noite. - disse um pouco encabulado.

– Eu não me esqueci do nosso hentai.

– Não vai escrever isso vai? - a fitou incrédulo.

– Por que não? - sorriu.

Shion soltou um suspiro, nem queria imaginar no que aquilo daria.

No andar debaixo a mineira contava a Isa sobre o sonho, quando ouviram batidas a porta. A paulista foi atender.

– Kamus?

– Bom dia Isa.

– Bom dia..

– Bom dia Cris. - esticou o pescoço. - sente-se melhor?

– Sim. - abafou o sorriso.

– Podemos conversar? - indagou o francês a Isa.

– Pensei que não queria mais me ver.

– Tem algum lugar que podemos ir?

– Venha.

Seguiram para o quarto ao lado que estava vazio.

– Fale. - disse a paulista.

O cavaleiro não disse nada, procurando as melhores palavras para se expressar. Nunca foi de demonstrar seus sentimentos, mas ontem precisou desabafar. Aquilo o torturava.

– Isa, eu só disse aquilo porque você significa muito para mim. - fitou o colar que ela usava. - muito. Quero acreditar que teremos algo além da barreira.

– Eu também quero isso Kamus, mas não quero me iludir. Não quero me decepcionar e voltar para o Brasil, achando que você é apenas um personagem.

Kamus odiava se sentir assim. Não ter o controle da situação, tampouco de seus sentimentos. Gostava de ter o domínio de tudo, mas sua vida com Isa era algo imprevisível. Imprevisível e tendencioso ao sofrimento. A barreira abriria. Ela ia embora. Perderia Isabel para sempre.

– Eu gostaria muito de ir a Marselha com você. - disse a paulista. - muito mesmo, mas eu sou realista. Assim como você.

Ele sorriu. Os dois eram muito parecidos. Ele aproximou tomando os lábios dela.

– Sei da nossa situação.

– Mesmo com tudo contra, quero que saiba que eu queria ter algo duradouro com você.

– Eu sei senhora Saunierre. - acariciou o rosto. - eu sei...

O.o.O.O

Heluane espreguiçou, mas voltou a se enrolar no lençol macio. Aquele colchão era divino e convidava a mais alguns minutos de sono, contudo... levantou num rompante. Aquele não era seu quarto.

– Onde eu estou...? - passou a mão pelos cabelos. Só então reparou onde estava. No quarto de Giovanni. - passei a noite aqui... perdi minha dignidade...

Voltou a deitar. Apesar de tudo tinha que reconhecer que aquela cama era uma delicia. Abraçou o lençol e o travesseiro, o cheiro delicioso do italiano estava impregnado.

– Isso não me pertence! - exclamou jogando os objetos longe. - Heluane, não perca o juízo. - deu tapinhas de leve nas bochechas. - nosso relacionamento é apenas profissional.

Ajeitou a roupa e pôs a procura-lo, o que por si só era estranho. Ele não tentara nada?

Olhou na cozinha, pois já poderia ter levantado, mas ficou surpresa por ver a cozinha vazia. Dirigiu-se então para a sala.

O cavaleiro estava deitado de qualquer jeito sobre o sofá. Parte do lençol que o envolvia estava caída sobre o tapete. A cabeça descansava sobre um travesseiro. Dormia profundamente, com a expressão suave.

– "Nem parece o sanguinário...com essa cara de anjo." - sorriu.

A brasileira olhou para os lábios dele e a lembrança do beijo no dia da cerimônia de Aiolos veio a mente. Tinha sido tão diferente... e por que? Ele não tinha agredido-a antes, porque beijou daquela forma? Tão carinhosa...

– "Pare de pensar nisso!" - brigou consigo mesma. - Giovanni.

– Hum...

– Acorda. Vá deitar na sua cama.

No madre. Lasciami dormire un po'di più...

– Não sou sua mãe.

Ele abriu os olhos, levantando de uma vez.

– Ah... é você... - esfregava os olhos.

– Bom dia.

Buongiorno.

– Já que acordou, vou indo. - deu meia volta.

– Vamos tomar café, depois você sobe. - disse ainda meio sonolento. -bella...

Helu arqueou a sobrancelha.

– O que você disse? - soltou um suspiro desanimado, ele ainda dormia. - alô, ta na hora de acordar.

– Vamos. - nem respondeu. Ainda estava com sono.

Ela se sentou a mesa, enquanto ele preparava o café expresso e alguns paes e biscoitos. Fazia tudo no modo automático, pois ainda estava com sono.

– Se sente-se melhor?

– Estou respirando bem. - colocou as xícaras sobre a mesa.

– Mais uma sessão e estará recuperado.

– Ok... - colocou a comida. - sirva-se. - apoiou a cabeça na mão, fechando os olhos. Que sono sentia.

– Não vai comer?

– Depois...

Helu o fitou. Os cabelos estavam completamente despenteados e lindos. O cavaleiro usava apenas um short, deixando o dorso nu. Viu as inúmeras cicatrizes que ele tinha e outras que pareciam pequenos cortes. Já tinha reparado nelas, mas nunca teve oportunidade de perguntar.

– O que são esses cortes?

– Uso da súplice. Somos cavaleiros de Atena, não espectros de Hades. Toda vez que pensávamos em Atena, a súplice reagia.

– Ah....

Não perguntou mais nada, pois queria ir embora logo. Por segundos via o cavaleiro, como um homem comum e tomando café daquela forma, até pareciam um casal.... e aquilo não era boa coisa. Rapidamente terminou, indo embora.

O.o.O.o.O

Quando Mu e Ester acordaram, viram o estrago que a telecinese do ariano fez durante a noite.

– Desse jeito não terei mais moveis ou objetos na minha casa. - disse.

– "Nós compramos tudo de novo." - Ester brincava com os fios lilases. - "o importante é que você esteja bem."

– Obrigado. - beijou a namorada. - obrigado por ainda confiar em mim.

– "Que espécie de amor seria o meu se te abandonasse na primeira dificuldade?"

Mu a fitou surpreso.

– "Sou surda Mu, - iniciou diante da expressão dele. - nada para mim foi fácil, já estou acostumada. E desistir de você por conta da sua telecinese? Perder um homem como você? Jamais."

– É muito bom ouvir isso. - acariciou-lhe o rosto.

– "Vamos enfrentar isso juntos."

O.o.O.o.O

Kanon sentiu uma forte dor na cabeça. Tentou levantar, mas seus músculos estavam duros.

– "Maldita bebida..."

Ergueu a cabeça, percebendo que não tinha descansando no travesseiro e sim no colo de Suellen, que dormia de qualquer jeito.

– "Ela tem todos os motivos se resolver me chutar. Nem Poseidon seria tão complicado." Suellen. Su.

A brasileira despertou.

– Bom dia Kanon.

O marina a fitou. Suellen deveria gostar muito dele, para suportar as crises de Saga e as dele. Outra mulher no lugar dela, teria abandonado-o, no entanto ela continuava ao seu lado. Não teria como devolver, tudo que ela tinha feito a ele. Tudo o que fizesse seria pouco para agradecer a dedicação e o carinho.

Saga ficaria bem na clinica, estava na hora de viver a sua vida, antes que a brasileira fosse tirada dele.

– Su. - segurou o rosto dela entre as mãos. O olhar estava fixo no dela. - eu te amo.

A pernambucana piscou os olhos.

– Por que está dizendo isso? O que vai aprontar Kanon?

– Estou dizendo por que eu amo você. E não vou aprontar nada. Só quero que saiba que eu a amo muito.

Ficou surpresa. Uma declaração logo de manhã?

– A partir de hoje, vamos cuidar da nossa vida. Quando a barreira abrir eu vou com você para o Brasil.

– E o Saga? - indagou receosa. Kanon não estava bem.

– Eu vou ajuda-lo, mas não posso anular minha vida por conta dele. Estou deixando de viver uma vida com você por causa dele.

Suellen não sabia se sorria ou ficava preocupada. Na noite anterior, Kanon tinha dito que não queria saber mais de Saga.

– Já planejei tudo. Deve ter clinicas na sua cidade. Saga vai continuar o tratamento lá, enquanto levamos nossa vida. É uma cidade litorânea, posso tentar arranjar relacionado ao mar.

– Está falando sério?

– Nunca estive tão certo. Vamos viver juntos.

– Eu...

Nem terminou a frase, Kanon a beijou. Havia decidido: estava na hora de colocar Suellen em primeiro lugar.

O.o.O.o.O

Os olhos estavam vermelhos e ardendo, devido a falta do descanso. Saga olhava estático para o teto branco. Só agora de manhã é que sua mente tinha serenado. Durante toda a noite andou de um lado para o outro como um zumbi, quando não estava num canto chorando, ou com medo de Ares manifestar. Pensou na brasileira e aquilo não lhe deu paz.

O.o.O.O

Atena olhava para o teto, a noite tinha sido difícil devido as dores. Alias, o dia anterior havia sido complicado para todos. A internação de Saga mexera com seus nervos. Sentiu um braço sobre si. A deusa não pode deixar de sorrir ao ver o baiano ao lado dela. Graças a ele, todos os acontecimentos ruins desses últimos dias, eram amenizados com a presença dele. Ergueu um pouco o rosto, dando-lhe um beijo na testa. Levantou, pois faria uma visita a Saga. Precisava vê-lo. Talvez por isso sentia uma angustia no peito. Seu lado deusa estava apreensivo, como se esperasse algo acontecer, algo ruim.

– “O dia hoje será de paz. Preciso ter fé nisso.”

Atena se agarrava a isso, contudo seu desejo não seria realizado. Foi para o closet, atrás de um armário de roupas, havia uma porta secreta. Não tinha código ou algo parecido, pois o leve cosmo de alguém, o cosmo de Atena era alertado.

A deusa abriu a porta... os olhos arregalaram. No mesmo instante, o cosmo dela ascendeu requisitando a presença de todos no salão do templo.

Em meia hora todos estavam no salão.

– Atena? – Shion ficou preocupado diante da expressão da deusa.

– Shion... – aproximou. – o báculo... o báculo...

– O que houve Atena? – Aiolos temeu o pior.

– Desapareceu... – a voz sumiu.

– O QUE?! - exclamaram todos.

– Desapareceu como Atena?

– Ele não está no lugar que sempre guardo.

– Não pode ter deixado em outro local? – indagou Sheila.

– Não...

– Vamos encontra-lo... – disse Shion.

Shaka olhava para a porta. Todas as meninas tinham decido de menos Juliana.

– Viu a Juliana? - indagou a Jules.

– Não está com você? – a paulista devolveu a pergunta.

– Não. Ela disse que ficaria com a Cristiane...

– Mas eu não a vi. – respondeu a própria.

– Ela disse que ia para Virgem. - disse Paula. - encontrei com ela antes.

– Vá chama-la Paula. – pediu Heluane. – talvez ela viu alguma coisa.

A paraense saiu em disparada, enquanto isso Shion organizava os cavaleiros para iniciarem as buscas ao objeto sagrado. Shaka tentava permanecer sereno, mas algo dentro dele indicava que alguma coisa tinha acontecido.

Paula subiu as escadas correndo, indo para o quarto da paulista. Abriu a porta de uma vez, não vendo-a de imediato.

– Juliana? – foi até o banheiro. – Ju?

O recinto estava vazio. A brasileira olhou nos outros quartos, estavam vazios.

– Onde você se meteu?

No salão as meninas viam o movimentar dos dourados. Paula apareceu na porta.

– Cadê a Juliana? – indagou Mabel.

– Sumiu.

– Como sumiu? Olhou nos outros quartos? – Helu estranhou.

– Olhei. Passei na cozinha e nada. A Ju evaporou.

– Não foi fazer caminhada? – Gabe deu a sugestão.

– Ju sempre foi muito responsável. - disse Sheila. - teria deixado um bilhete.

– Cadê a Juliana? – Shaka aproximou delas.

– Shaka, não sabemos. – disse Jules.

O rosto do indiano ficou pálido. Era claro que o sumiço do báculo mais de Juliana tinham a ver.

– Atena, - foi até a deusa. – a Juliana sumiu.

– Como?

– Será que tem a ver? - Aiolos ficou preocupado.

– Formem duplas, quero uma varredura miniciosa no santuário. - a voz de Shion saiu forte. - o santuário está sitiado, ninguém sai ou entra sem a minha autorização. - olhou para Marin. - quero que cuide disso.

– Sim senhor.

Os dourados partiram para as buscas. Rodrigo e Fernando prontificaram em ajudar a procurar, assim como as meninas. Shion permaneceu ao lado da deusa.

O.o.O.o.O

Acordou com uma goteira sobre si. Estava meio zonza demorando um pouco para abrir os olhos. Mexeu com os dedos, percebendo que a mão estava mergulhada em algum líquido. Alias, sentia as roupas molhadas. Abriu os olhos, achando estranho o teto. Era rochoso. Ergueu a cabeça, percebendo que o corpo estava sobre uma poça d’água.

– Que lugar é esse...?

Olhou ao redor. Parecia uma gruta, com pouco mais de dois metros quadrados. Várias goteiras caiam do teto e que com o passar do tempo elas se tornavam mais grossas. A entrada da gruta possuía uma grade de hastes grossas que iam do chão até o teto. O céu estava fechado e uma chuva impetuosa com rajada de ventos castigava o entorno. O local era próximo ao mar, pois as ondas estimuladas pelo vento, batiam cada vez com mais força contra a grade.

– Que lugar é esse? – Juliana foi até a grade, desesperando, pois tudo que via na sua frente era o mar. – socorro!!! – grudou na grade. – alguém me tira daqui!!!

Uma onda bateu violentamente contra a grade, derrubando a brasileira e inundando a gruta.

– Socorro!!!! – gritou Juliana vendo a água tomar o local. – Shaka!!! Shaka!!! – as primeiras lágrimas começaram a cair. - alguém me tira daqui...

O.o.O.o.O

Shaka andava de um lado para o outro. Até aquele momento não tinha noticias nem do báculo, muito menos de Juliana. Na qualidade de cavaleiro, a segurança do báculo de Atena teria que ser prioridade, mas o sumiço da brasileira tolhia qualquer preocupação quanto ao sumiço do objeto sagrado. Estava agoniado.

Atena, sentada em seu trono, estava angustiada. Saga internado, Juliana e o báculo desaparecidos, o que mais faltava acontecer?

As buscas continuavam e sem qualquer sinal deles.

– Já olhamos em todos os lugares. - disse Sheila.

– Eu juro que vou xingar muito quando ela aparecer. - disse Marcela. - como some desse jeito??

– Mas será que o sumiço dela tem haver com o do báculo? - indagou Bel. - o santuário...

– Conosco aqui dentro? - Gabe apavorou.

– Calma gente. - disse Isa. - sem alarmes antes da hora. Vamos nos preocupar em achar a Ju, só nisso.

Saga não pode ter fugido da clinica?– Ester fitou a mineira, para depois calar-se.

– Saga não fugiria, ele nem sabe sobre o báculo. - disse Cristiane.

Trocaram olhares.

– Vamos continuar a procurar. - Sheila tomou a frente.

O.o.O.o.O

A forte chuva contribuía para a subida mais rápida da água na gruta. Juliana estava desesperada. Gritou novamente por Shaka, mas era inútil.

– Socorro!! - segurou na grade. - alguém me tira daqui.... por favor...

Uma onda mais forte, não apenas a derrubou como também subiu o nível da água chegando ao pescoço da brasileira.

– Shaka...

Juliana tenta manter a cabeça no pequeno bolsão de ar, mas estava ficando difícil e numa onda mais forte a gruta foi tomada completamente...

O.o.O.o.O

No salão todos tinham voltado sem noticias. Ester sugeriu o nome de Saga, de forma discreta para não magoar Cristiane, contudo a ideia foi descartada, pois Atena ligara para a clinica há poucos minutos.

Shaka sentia um aperto no peito. Havia acontecido algo com Juliana.

– Calma Shaka, vamos acha-la. - disse Mu querendo ajudar o amigo.

– Ela sumiu Mu!!! - berrou. - como quer que eu fique calmo???

Atena abaixou o rosto. Aquele era o seu maior medo. Shaka estava completamente apaixonado pela brasileira que questões do santuário estavam em segundo plano.

– A barreira. - sugeriu Deba. - será que ela abriu e a Juliana...

Todos o fitaram na hora. Não tinham pensado nessa possibilidade.

– Marin. - Atena a chamou. – faça contato com os seguranças da Mitsui. Se ela tiver passado pela barreira eles vão encontra-la.

– Sim senhorita.

Mal Marin deu um passo, sentiram um poderoso e conhecido cosmo. Poseidon surgiu, trajando sua armadura e trazendo alguém nos braços.

– Julia-na...? - Shaka sentiu o coração falhar. - Juliana!

Correu até o deus que a entregou.

– Juliana! Juliana!

– Ela só está desmaiada. - disse o deus, com a expressão séria e a voz imponente. - podem me dizer o que ela fazia no cabo Shounion?

– Como?? - indagaram todos.

– Ela estava lá? - Atena aproximou do deus.

– Sim Atena. Tiveram sorte. Está caindo uma chuva muito forte e a gruta foi inundada.

Kanon lembrou-se do tempo que permaneceu lá. Quase morrera afogado várias vezes.

– Como a achou? - a deusa fitou a brasileira nos braços de Shaka.

– Estava no meu templo, quando um cardume de peixe me avisou.

Suellen fitou Kanon.

– Ele é o deus dos mares, tem a faculdade de conversar com os animais marinhos. - disse baixinho para apenas ela escutar.

– Fui para o cabo e ela estava quase sucumbido. - o olhar ficou frio. - por acaso está usando mortais para me roubar?

– O que? - não acreditou no que ouviu.

– Meu tridente desapareceu.

– Desapareceu? Mas como? - Atena alarmou.

– Ele fica no templo submarino. Somente eu e meus marinas temos acesso. Como disse estava lá, quando fui procura-lo tinha desaparecido.

– Levaram o meu báculo também.

A expressão do deus suavizou.

– Roubaram seu báculo?

– Sim. Dei falta dele hoje de manhã. Sem arrombamentos, sem cosmos...

Poseidon ficou em silêncio, olhando para a oriental. Será que tinha algo a ver?

Para o alivio de Shaka, Juliana acordou.

– Juliana

– Shaka... eu...

– Calma, está segura agora. - acariciava o rosto dela. - como eu fiquei preocupado. - a abraçou.

– O que eu fazia naquele local? As águas subiram rapidamente e... e...

– Juliana. - Atena tocou nas mãos dela. - está tudo bem agora. Pode nos contar o que aconteceu?

– Eu não sei... lembro de ter ido dormir e acordar lá... eu não sei...

Os deuses trocaram olhares. Atena voltou a atenção para ela, tocando em sua testa.

– Feche os olhos e relaxe.

– Para que...?

– Não vai acontecer nada Ju. - disse Shaka. - pode confiar.

A brasileira fechou os olhos, Atena entrou em sua mente e realmente não havia nada. Juliana deitou mais cedo e quando despertou estava em Shounion. Não tinha nada de anormal em sua mente.

– Está dizendo a verdade. Shaka leve-a. - Atena sabia que Shaka não teria cabeça para pensar em nada. Era melhor ele se retirar.

– Sim. - e olhando para o deus. - obrigado.

– Não foi nada.

Shaka saiu sob os olhares de todos.

– O que acha Poseidon? - o lado imortal assumiu.

– Se trata de um inimigo. Pessoas comuns não tem acesso ao templo.

– O inimigo entrar no templo? - indagou Shion.

– Sim. Alguém que consegue mascarar o cosmo.

O.o.O.o.O

Shaka deitou a brasileira com cuidado, na banheira com água quente.

– Sente-se melhor?

– Sim...

– Agora me conte o fez ontem.

– Depois que voltei da sua casa, fiquei fazendo companhia para a Cris. Pensei em voltar para sua casa, mas me senti um pouco mal.

– Sentiu-se mal?

– Sim. Desculpe por mentir. Eu não queria preocupá-lo. Foi só uma indisposição. Fui dormir mais cedo e acordei naquele lugar.

– Deveria ter me falado.

– Eu sinto muito. O que acha que aconteceu?

– Não sei, mas vou descobrir. - acariciou o rosto. - senti tanto medo de ter acontecido algo a você... tanto medo... - a fitava de forma agoniada.

– Então se importa comigo. - Ju ficou surpresa.

– Muito. Muito. Não sei o que faria se algo tivesse acontecido a você.

– Fico feliz em ouvir isso. - sorriu.

– Você é muito importante para mim Juliana.

Shaka a tomou nos braços, beijando-a. Se algo tivesse acontecido a ela, não saberia conduzir sua vida.

O.o.O.o.O

No salão do templo os cavaleiros estavam em torno de Atena e Poseidon. As meninas ficaram mais afastadas.

– Isso tudo é muito estranho. - disse Jules.

– Quem será que roubou o báculo, o tridente e sumiu com a Juliana? - indagou Gabe.

– Não quero nem pensar se for um deus. - disse Julia. - já imaginaram?

Trocaram olhares assustados.

Cavaleiros estavam sugerindo nomes para o autor dos roubos, mas Atena e Poseidon não manifestaram concretamente sobre um.

– Eu voltarei para o meu templo para descobrir alguma coisa. - disse o deus. - me mantenha informado.

– Sim. Obrigada pela Juliana.

Poseidon olhou para Kanon.

– Vou precisar dos meus marinas, fique de prontidão.

– Sim senhor.

Despediu polidamente e partiu.

Atena deixou o corpo cair sobre o trono.

– O que está acontecendo...?

Nem tinha dado dois minutos da partida de Poseidon, Atena sentiu um cosmo também conhecido chamando-a.

– Atena.

– Perséfone?

– Pode me ouvir?– a voz ecoou pelo salão.

– Posso. O que houve?

– A espada de Hades sumiu.

– O que? - sentiu o coração falhar. - como assim sumiu?

– Quando fui averiguar os pertences do meu marido, a espada não estava. Desapareceu.– a voz saia angustiada.

– Mais um... - murmurou Kamus.

– Mais um?

– Perséfone, meu báculo e o tridente de Poseidon também sumiram.

– O santuário foi atacado? – indagou alarmada.

– Não. De certo a espada sumiu do mesmo modo que o meu báculo. Sem batalhas, sem pistas...

– O que eu devo fazer?

– Permaneça aí. Tentarei descobrir o que aconteceu e te mantenho informada.

– Está bem. Fico no aguardo.

A comunicação cessou.

– Até a espada. - disse Aioria. - em uma única noite roubaram as armas de três deuses.

Atena ficou em silêncio. Como isso era possível? O báculo ficava ao seu lado, sentiria se alguém o pegasse. O tridente no templo submarino onde somente Poseidon, Sorento e Kanon tem acesso. A espada de Hades ficava em Elíseos!

Depois de deixar Juliana descansando, Shaka voltava para junto dos companheiros. No meio do caminho uma serva lhe entregou o telefone dizendo ser uma ligação para Atena.

– Alô.

– "Quem fala?"

– Cavaleiro de Virgem.

– "Virgem. É a Hilda de Polaris."

– Como vai senhorita? - ficou surpreso com o telefonema.

– "Eu estou bem, mas... preciso falar com Atena é urgente."

– Está bem.

Shaka caminhou até o salão.

– Senhorita Hilda, disse ser urgente.

Atena sentiu um arrepio. Tinha a sensação que Hilda não trazia boas noticias.

– Hilda. - Atena colocou-a no viva voz.

Senhorita Atena como vai?

– Bem na medida do possível. - notou o tom de voz nervoso da amiga. - Aconteceu alguma coisa?

Sim. A Espada de Odin foi roubada e se não bastasse isso, o anel de Nibelungo também.

No recinto levaram um susto. Até o anel?

– Seiya não o quebrou? - indagou Mask.

– Coloquei no viva voz Hilda. - disse a deusa.

– Entendi... realmente o cavaleiro de Pegasus o quebrou, mas o anel tem poderes fortíssimos e se reconstituiu. Para que ele não caísse em mãos erradas, guardei-o embaixo da estátua de Odin, junto com a espada. Hoje de manhã quando fui averiguar os dois tinham sumido.

– Desconfia de quem seja?

– Não... Atena temo pelo pior.

– Fique calma Hilda. Decidirei o que fazer e te aviso.

– Sim... sim...

Atena desligou o telefone, com a expressão séria.

– A situação se complicou... - olhou para todos. - meninas, Fernando e Rodrigo quero que fiquem no seus quartos e não saiam por nada do templo.

– Está bem. - Helu disse por todas.

– Preciso que subam.

Entenderam a gravidade do assunto.

– Kanon, Shura e Afrodite vão até a clinica buscar o Saga.

– Mas Atena, o meu irmão ainda...

– A situação é outra Kanon. - a voz saiu séria. - e preciso de todos os meus cavaleiros. Shion, - fitou o mestre. - coloque o santuário em estado de sítio.

– Estado de sítio... - murmurou Marcela preocupada.

– O que é isso? - Gabe indagou baixinho

– É um alerta que se faz quando um Estado entra em situações de guerra, no caso o santuário.

As meninas retiraram-se apreensivas. Kanon, Dite e Shura foram buscar Saga, os demais voltaram para suas casas. Quando Saga chegasse, eles seriam convocados para uma reunião dourada.

O.o.O.o.O

Mantinha-se acordado, não tinha muita noção das horas, mas percebera que era de manhã, pois seu café da manhã estava numa bandeja. Não tinha fome, alias não sentia nada. Sua mente estava num profundo vazio. Era como se estivesse envolto pela escuridão, onde ninguém conseguia transpor. Estava tão alheio de si, que Saga não escutou a porta sendo aberta.

– Saga. - Kanon sentiu um aperto, ao vê-lo deitado de qualquer jeito na cama branca. - Saga.

O geminiano mais velho, virou a cabeça de lado, mas o olhar continuava opaco. Shura e Dite ficaram temerosos pelo estado dele.

– O que fazem aqui?

– Deveria dizer bom dia primeiro. - disse o espanhol sentando na beirada da cama.

– Não esperava visitas tão cedo. - a voz saiu sem emoção alguma.

– Como passou? - indagou o Dite.

– Bem. - esboçou um sorriso, para aparentar que estava tudo bem. - tudo tranquilo.

– Está tudo bem mesmo Saga? - Kanon o fitou seriamente.

– Só insônia.... - desconversou. - como estão todos?

– Bem. - disse Shura com cuidado.

– Saga, - Kanon parou a frente dele. - roubaram o báculo de Atena.

– O QUE??? - sentou na hora. - como roubaram? - o olhar voltou a ficar vivo. - Entraram no santuário?

– Sim. - o marina contou tudo a ele.

– Mas quem seria capaz disso?

– Mestre Shion ainda não descobriu. - disse Shura.

– E diante disso Atena requisitou a presença de todos os cavaleiros de ouro. - disse Afrodite.

– Entendo...

– Tem mais uma coisa...

– O que?

– Não foi só o báculo que sumiu. O tridente de Poseidon, a espada de Hades, a espada de Odin e o anel Nibelungo.

– E Juliana foi encontrada pelo deus dos mares desacordada em Shounion.

– Como que é? - indagou incrédulo.

– Isso que ouviu. - disse Shura.

– Mas quem faria isso? Ainda mais com a Juliana - lembrou-se de Shaka. - quem faria isso? E por faria isso? Ela é uma simples humana.

– Não sabemos Saga.

– E... - lembrou-se imediatamente de Cris, ficando temeroso. - e... e...

– Ela está bem Saga. - disse o dragão marinho. - todos estão bem.

– Atena já entrou em contato com a administração. - disse Shura. - viemos te buscar.

O.o.O.o.O

O grupo de brasileiros estava reunido num quarto. O silêncio imperava sobre eles.

O que a gente faz agora?– indagou Ester.

– Só nos resta esperar Gabe, - disse Fernando. - até descobrirem o que está acontecendo.

– Ju, o que realmente aconteceu? - indagou Suellen.

A oriental começou a narrar toda história. Num canto Helu ouvia tudo. Não queria aparentar mais estava nervosa. Instintivamente levou a mão esquerda ao dedo do anel, mas não estava usando.

– "Cadê?" - ficou temerosa. - "será que eu perdi?"

– E foi isso. - abaixou o rosto. - não sei como fui parar lá.

– Muito estranho. - disse Rodrigo.

– Mais ainda por um detalhe. - Juliane caminhou até a janela, tendo a atenção de todos.

– Que detalhe, Jules?

– A Ju foi levada para fora do santuário, portanto ela atravessou a barreira.

Arregalaram os olhos.

– E é aí que está a questão. - Jules continuou. - se Juliana atravessou, ou se algo a fez atravessar, nós também estamos sujeitos a passar. Sendo assim, Atena poderia ter nos mandado de volta, sem a necessidade de esperar o vértice.

– Mas ela disse Ju, - iniciou Bel. - que só podemos sair se a barreira abrir.

– Será porque não temos cosmos? - observou Paula. - logo não temos "poder" para atravessar, sem que o vértice "permita."

– Isso explicaria o fato da Juliana sair. - Sheila a fitou. - alguém com cosmo a colocou para fora.

– São só teorias. - disse Fernando. - mas se tratando de CDZ tudo é possível.

– Inclusive uma guerra. - aquilo preocupava Julia. - não estou com bom pressentimento...

Cristiane pensou em Saga. Naquele momento ele estava fora da proteção da barreira.

O.o.O.o.O

Atena estava com os nervos a flor da pele. Sua intuição indicava que algo grave aconteceria, mas não tinha noção do que era.

– Atena. - Marin apareceu na porta. - todos os soldados já estão em prontidão.

– Obrigada Marin. Aproveite e deixe os moradores de sobre aviso, inclusive os que estão fora da barreira.

– Sim.

– Depois volte. Na qualidade de aprendiz de Peixes, deve participar da reunião.

O.o.O.o.O

Poseidon olhava para o local, onde horas antes seu tridente repousava. Sorento ao seu lado permanecia em silencio. Aquele roubo, era um aviso de que a paz do mundo estava ameaçada e o deus tinha noção disso. O tridente e os demais artefatos divinos, em mãos desconhecidas eram prenuncio de uma catástrofe.

– Sorento. - a voz do deus saiu fria.

– Sim senhor.

– Feche o templo marinho e diga a Tétis para nos acompanhar. Ficaremos na nossa residência em Athenas. Lá poderei seguir de mais perto essa situação.

– Estamos em guerra?

– Sim, só não sabemos contra quem. - o fitou. - e isso é um péssimo sinal.

O marina engoliu a seco ao notar o olhar temeroso do deus. Se Poseidon estava receoso era porque a situação era realmente grave.

O.o.O.o.O

Saga não imaginava que pisaria tão cedo naquele lugar. Solicitou ao irmão que entrassem pelos fundos do templo, pois não se sentia digno de entrar naquele local pela porta da frente. Shura foi à frente, para tentar evitar um possível encontro entre o amigo e a brasileira. Saga era seu companheiro, mas ao ver os ferimentos que ele tinha provocado na mineira, a protegeria de Ares.

Passaram pela cozinha, ganhando o corredor largo que ligava ao salão do templo.

No andar de cima, os brasileiros organizaram um grupo para irem buscar algo para comer e beber. Devido a confusão da manhã, muitos não tinham comido o desjejum.

Rodrigo, Gabe, Sheila, Paula, Mabel, Cristiane e Helu foram incumbidos de tal tarefa. Caso desse errado a ex, a atual e a futura primeira dama, poderiam interceder. Rodrigo e Gabe faziam a função de proteger a retaguarda. Ganharam o corredor ... o encontro dos olhares foi inevitável...

A brasileira esboçou um sorriso ao ver o grego, enquanto ele sentiu o coração falhar, ainda mais quando viu as marcas dos cortes. Muitos! Os demais ficaram em silêncio.

Cristiane deu um passo, mas parou, arregalando os olhos. As imagens do dia anterior voltaram com força. O olhar cruel, o sorriso sádico... as dores, as lágrimas... Pelo olhar dela, Saga percebeu que ela revivia o dia anterior.

Ela sentiu o corpo todo arrepiar, suas pernas bambearam, seu corpo queria fugir para longe, num puro instinto de sobrevivência. Deu um passo para trás e mais outro e quando deu por si estava correndo em direção a biblioteca.

– Cris! – Mabel foi atrás.

Aquilo para Saga foi o fim. Todo o amor que ela sentia por ele, havia se transformado em medo e até mesmo ódio. Ela jamais chegaria perto dele novamente, muito menos o perdoaria. Seu sonho de uma vida feliz tinha acabado naquela hora. No recinto todos estavam em silêncio, até...

– SEU CRETINO!

Tudo foi muito rápido e Saga só sentiu um punho indo de encontro a sua face.

Rodrigo que vinha logo atrás viu a amiga sair correndo, deduzindo que ela vira o geminiano. O ódio ganhou força e quando percebeu havia socado o cavaleiro.

– SEU CRAPULA! - deu outro soco, dessa vez derrubando o grego no chão. – eu vou acabar com você.

O baiano dava lhe várias sequencias de socos e Saga recebia todos sem revidar. Rodrigo tinha razão, ele merecia aquilo. As meninas e os dourados estavam em choque.

– REAJE SEU PORRA! OU SO GOSTA DE BATER EM MULHER? ME ENFRENTE AGORA! – Rodrigo descarregava toda raiva.

Afrodite entrou no meio, puxando o baiano, que preso pelos braços usava as pernas para chutar o geminiano caído no chão.

– Calma Rodrigo.

– Vá para a p#%&! Eu vou fazer nesse desgraçado tudo que fez a ela!

– Rodrigo. – Gabe tentava acalma-lo.

– Me solta Gustavv! Eu vou acabar com ele!

– Precisamos fazer alguma coisa. - disse Helu.

– Por mim, - Sheila deu nos ombros. - tudo que apanhar vai ser pouco, pelo o que ele fez.

Devido aos gritos, Atena e os demais dourados que estavam no salão do templo, foram para o local, a tempo de verem o cenário.

– Rodrigo. – Atena aproximou. – calma.

– Ela jamais vai chegar perto de você, seu covarde! Eu não vou deixar!

– Rodrigo. – a voz de Saori saiu mais firme. – contenha-se.

Ele parou de se debater. Saori olhou para Afrodite para que ele soltasse o baiano.

– Cadê a Cristiane? – a deusa fitou Heluane.

– Saiu correndo.

– Ache-a e subam todos para os quartos. Não saiam de lá. Isso é uma ordem.

Rodrigo e Atena trocaram um olhar antes que ele seguisse com as meninas. Saga continuava no chão. O lábio superior e o supercílio esquerdo estavam sangrando. O rosto estava baixo. Não se perdoaria nunca pelo que fez a brasileira e a reação do baiano, fora a mais correta. Considerava-se o pior dos homens, sua vida era apenas manchada por atos vis. Se antes, não merecia compaixão, agora pior ainda. Só queria morrer... o sofrimento que empunha as pessoas só acabaria com sua morte. Sentiu os olhos marejarem, mas não chorou. Chorar e lamentar pelos cantos não resolveria seu problema. A única solução era a morte.

No recinto os cavaleiros estavam em silencio, Atena lentamente aproximou-se, ajoelhando na frente dele.

– Saga.

O geminiano a fitou. Atena sentiu um nó na garganta, ao olha-lo. Saga estava com semblante péssimo, pálido, a íris dos olhos sem o verde brilhante e um olhar longe.

– Tudo vai se resolver. – queria transmitir confiança.

– Atena... se ainda me resta um pouco da sua compaixão, posso pedir algo?

– Claro Saga. – esboçou um simples sorriso, pelo pedido dele. Se pudesse ajuda-lo faria o possível.

– Me mate... ou me deixe cometer suicídio... por favor...

Kanon soltou um suspiro.

A deusa engoliu a seco e teve que manter a calma para não abalar diante do pedido tão sincero. Nunca sentiu alguém com tanto desejo de eliminar sua vida.

– Saga. – pegou as mãos dele. – sabe que não posso permitir isso. Não vou desistir de você. Conheço seu caráter bondoso e em nome disso não vou desistir de você. Vamos passar por isso juntos. A Cristiane ainda está em choque, mas ela não tem magoa sua. Ela sabe melhor do que ninguém, diferenciar seus atos com os de Ares. Eu vou te ajudar a superar Ares e você vai me ajudar nessa nova situação. Estamos caminhando para uma guerra e preciso de sua força. Eu conto com você.

Ficou calado por alguns segundos.

– Se eu puder ajuda-la farei com agrado.

A resposta surpreendeu a todos, mal sabiam o que se passava na mente dele. Se, se matar não seria possível, então a única forma de morrer seria em batalha. Que pelo menos fosse útil antes de morrer.

– Agradeço Saga. Agora vamos, precisamos começar a reunião.

Ele concordou. Kanon acompanhou-o até o banheiro para limpar o rosto e depois seguiram para o salão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lenda dos Santos de Atena" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.