A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 3
Encontro de constelaçoes


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!
Primeiros encontros dos casais e fiz a seguinte divisão para facilitar a leitura: signo x signo sendo o primeiro dos personagens e o segundo dos dourados/deusa/amazona.



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No quarto Áries/Touro, Marcela estava dormindo.

– Como ela consegue dormir sabendo que está no santuário? – Helu aproximou da amiga, vendo que ela dormia profundamente.

– Cansaço. – disse Isabel. – eu vou beber água, você quer?

– Não. Eu vou ajeitar as coisas aqui.

– Ok. Até mais.

No quarto ao lado...

– Será que podemos andar por aí? – indagou Julia.

– Acho que não tem problema. – Sheila amarrava o cabelo.

– Vamos chamar as meninas?

– É melhor não Juliana. Quinze pessoas andando por aí, não vai dar certo e tenho certeza que os outros já estão por explorando o santuário.

Em Leão/Virgem...

– Xi... – Gabe revirava sua mala.

– O que foi? – indagou Suellen.

– Acho que esqueci meus brincos. Vou lá buscar. - aproveitou passando a mão no seu caderno de desenho.

– Eu vou com você. – disse Mabel.

– Não demorem viu? – disse Cris.

– Pode deixar. – Mabel mandou um beijo.

Ester, Jules e Paula conversavam, pelo menos Ester tentava, pois seu app não estava funcionando muito bem.

Assim não tem jeito... – o app parou de funcionar.

– Será que é alguma interferência? – indagou Jules.

Ester deu nos ombros.

– Vou ver se descubro alguma coisa. – Paula levantou. – algum aparelho, essas coisas.

Rodrigo e Fernando estavam na varanda conversando.

O.o.O.o.O

– Marin por favor.

– Agora não. – deu dois passos para trás. – além do mais já conversamos sobre isso. Nosso tempo passou.

– Como passou se nem tivemos?

A japonesa soltou um suspiro.

– Atena está mais relaxada com isso. – aproximou segurando o braço da amazona.

– As coisas não funcionam assim. – soltou-se dos braços masculinos.

– Você me ama. Eu sei que sim, assim como eu amo você. – sorriu.

Marin sorriu de volta, era difícil se manter firme diante daquela expressão do cavaleiro.

– Depois que os turistas forem embora, aí conversaremos com Atena.

– Não sabe como me deixa feliz Marin.

O.o.O.o.O

Isabel tomou rumo da cozinha. Vendo algumas mulheres realizando a limpeza.

– Boa tarde... – chegou à porta.

– Pois não minha jovem?

– Poderia me arranjar um copo de água?

– Claro.

A senhora arranjou um copo e uma jarra.

– Fique a vontade senhorita.

– Obrigada.

Ela pediu licença saindo. Isabel ficara só na cozinha. Depois de beber a agua, pensou em voltar para o quarto, contudo ficou curiosa.

– Por que não? – sorriu, saindo pela porta dos fundos.

Enquanto isso Julia, Sheila e Juliana estavam na sala de descanso.

– Que lugar mais agradável. – Juliana olhava o céu pela janela.

– E com essa decoração me sinto como na Grécia antiga.

– Vamos passear naquele jardim?

– Boa ideia Julia.

As três seguiam para o jardim, mas no meio do caminho...

– Eu vou tomar água. – disse Sheila. – eu alcanço vocês.

– Está bem.

Gabe e Mabel estavam paradas na porta do dormitório.

– Vou te esperar aqui. – disse Mabel.

– Não demoro.

Gabe entrou, contudo Mabel esperou pouco.

– “Vou aproveitar e conhecer outros lugares.” – pensou saindo.

Paula tinha ido à cozinha, a biblioteca e nada de encontrar alguém para pedir ajuda. Estranhou o fato de não ter ninguém no templo, mas achou que Atena e Shion haviam saído para resolver algum problema.

O.o.O.o.O

Seguindo os passos da mulher, Isa saiu atrás do templo. De onde estava viu a estátua, que ficava alguns metros acima do nível do templo, tendo como acesso uma escada. Olhou para o outro lado, vendo um pequeno templo e a tempo de ver a mulher fazendo a curva. De forma cautelosa a seguiu.

O.o.O.o.O

– Vamos andar por aí? - sugeriu o baiano. - Já que Atena não nos proibiu.

– Está certo. - Fernando levantou.

O.o.O.o.O

Na porta do templo Julia e Juliana olhavam admiradas para a vista da cidade, era a mesma que se tinha quando estavam no Parthenon destruído.

– E pensar que milhares de pessoas estão andando por esse local agora e nem nos veem.

– De certa forma é um plano paralelo. - disse Juliana. - nós vamos esperar a Sheila?

– Ela nos alcança.

Desceram as escadas tomando o rumo da direita. Viram ao longe o bosque e a construção que passaram a noite. Quase a beira da montanha, viram uma placa com uma seta indicando uma espécie de trilha.

– O que será que está escrito? - Juliana olhava os dizeres.

– Não entendo nada de grego. Mas deve ser um caminho.

– Parece mais uma trilha.

– Vamos?

– Será prudente? Atena nos pediu que ficássemos no templo.

– Não vamos até o final Juliana. Só até a metade.

A japonesa pensou. Não estava acostumada a desrespeitar regras, mas...

– Só até a metade?

– Sim.

– Então vamos.

Gêmeos x Áries

Paula voltava da cozinha quando ouviu vozes. Escondeu-se atrás de uma pilastra, pois não reconhecera as vozes e poderia ser algum guarda ou algo do tipo. Suspirou aliviada, ao ver que eram Atena e Shion. O grande mestre parou em frente a uma porta, enquanto a garota seguiu pelo corredor entrando em outra. A paraense só saiu de onde estava depois que Saori fechou a porta.

– Por pouco... - murmurou.

Passaria direto, mas lembrou-se do motivo de sua saída: o app de Ester. A passos mansos foi até a porta onde o ariano tinha entrado dando batidas de leve. Escutou um "entre".

– Boa tarde... - colocou só a cabeça para dentro.

– Ana Paula? - estranhou.

– Desculpe se estou interrompendo mas... está ocupado?

– Só vou terminar com esses papeis, mas sente-se. - mostrou a cadeira.

– Com licença.

Caminhou devagar até a cadeira indicada, que era de frente para a mesa que ele ocupava.

– Só um minuto.

Ela balançou a cabeça afirmando. Com Shion voltando a atenção para os papeis, Paula sentiu-se mais confortável em observar a sala. Não era muito grande, mas muito bem decorada com flores e quadros. Nos fundos uma estante com alguns livros, um sofá de dois lugares, uma mesinha de centro. A mesa do escritório era de madeira toda trabalhada, assim como as cadeiras que ele e ela ocupavam. Atrás da mesa, na parede, uma pintura enorme da estátua de Atena.

Voltou o olhar para o homem sentado a sua frente. Os cabelos verdes desciam pelo ombro. Ele estava com a mesma túnica de horas antes. Não usava o elmo dourado. Os olhos violetas estavam concentrados na leitura, auxiliados por óculos de armação fina. Sua expressão séria transmitia autoridade. Olhando seu rosto, era visível que era novo, mas a "aura" que emanava dele, era certamente de alguém bem vivido. A verdade que sempre gostou de outro cavaleiro, mas vendo Shion, poderia dividir sua feição com ele. Tirando-a do estado de alienação, o ariano juntou os papeis pondo-os de lado. Tirou os ósculos, fitando-a diretamente. Paula levou um susto, não esperava que ele a olhasse tão fixamente, desviou um pouco o olhar para a fina sobrancelha dele e as pintas.

– Fale. - a voz saiu autoritária, não que ele quisesse passar esse sentimento, mas tantos anos como grande mestre, sua voz tinha moldurado ao cargo.

– Bem... como o senhor deve ter visto... - preferiu usar o senhor, apesar da pouca idade.

– Não me chame de senhor. - interrompeu-a dando um fino sorriso. - pode ser Shion.

– Como quiser Shion. - sorriu. - posso fazer uma pergunta antes?

– Fique a vontade.

– Quantos anos você tem?

– Fisicamente trinta. Mentalmente duzentos e oitenta e oito.

– Uau...

– Quando a guerra santa ocorreu no século XVIII tinha 18 anos.

– Deve ser bom viver por tantos anos.

Shion deu um meio sorriso.

– Nem sempre, mas precisa de algo? - mudou de assunto.

– Ah sim... é sobre o tablet que a Ester usa. Ele as vezes não funciona muito bem.

– É por causa da barreira. Ela costuma ficar instável e bloqueia os sinais. Por isso será melhor a Ester ficar dentro do templo, já que seu aparelho pode não funcionar e aí pode ser complicado.

– Entendo. Acha que ficaremos aqui por quanto tempo?

– Não sei precisar Paula. Podem ir a noite, como daqui a dias. A barreira...

Shion começou a explicar com mais detalhes sobre a barreira.

Gêmeos x Aquário

Estava se perguntando como tinha parado ali? Ainda sob os pedidos de Atena que não eram para sair do templo. Como explicaria que estava naquela parte do santuário, que sequer sabia onde era. Apenas seguiu a mulher, ficando curiosa para saber para onde estava indo, contudo distraiu-se com a paisagem e estava naquele lugar deserto. Deserto não era exatamente o termo, pois via na sua frente, uma construção alta de formato de meio circulo.

– "As meninas vão surtar, quando não me acharem..." - pensou Isa.

Já pensava numa maneira de voltar quando deu por si.

– "Estou diante de uma construção grega de meio circulo... um legitimo ginásio grego!"

Rapidamente correu para ver o interior, ficando maravilhada ao vê-lo por dentro. Era um teatro grego, na sua opulência e grandiosidade. Comprovou que era meio circulo, com a parte aberta voltada para a cidade. Subiu as escadas laterais que levavam até a parte mais alta da arquibancada, tendo uma vista privilegiada.

– "Antes de irmos embora, preciso tirar foto disso."

Teve a atenção chamada por um homem que acabava de chegar. Rapidamente Isa escondeu-se atrás de algumas pilastras que havia no topo. De longe não viu perfeitamente o rosto da pessoa, mas percebeu que seus cabelos eram alaranjados.

O homem treinava socos e chutes, num dado momento ele parou. Isa de longe começou a sentir uma brisa mais fresca, que aos poucos foi esfriando. O homem deu um soco no ar, claro que ela não viu nada demais, contudo no local que ele tinha mirado, viu parte da pedra que compunha uma mureta congelar. Ela arregalou os olhos. Como aquilo era possível? Gelo num sol de 40 graus! Seu espanto era tanto que saiu de trás da pilastra e claro, o homem a viu.

– Quem é você? - a voz saiu fria, o rosto contraiu. - desça.

Isa que não era de ficar intimidada, encolheu, agora estava enrascada e pior ela que estava errada. Desceu rapidamente as arquibancadas, temendo aborrecer a pessoa. Na certa era algum soldado.

– Desculpe, eu... - abaixou o rosto, nem querendo encarar o homem e encolheu ainda mais por sentir um vento frio vindo dele.

– Pelas suas roupas, é uma das pessoas que atravessou o vértice. - passou a mão pela testa.

Com o gesto Isa o fitou. Cabelos lisos, ate os ombros, acobreados puxado para o vermelho. Franja puxada para o lado. Olhos azuis, a face bem alva, vermelha apenas pelo efeito do sol. Sobrancelhas bifurcadas. Porte altivo, nobre e trabalhado.

Olhou para a cor dos cabelos e depois para o gelo, com essas características...

– Por Deus... - murmurou.

O corpo paralisou ficando atônica. Os olhos vidrados sequer piscavam, a mente estava em completa desordem, pois aquele a sua frente não poderia ser quem pensava que era... aquilo era loucura... ele não existiria....

– Você está bem? - indagou diante da palidez da moça e os olhos arregalados.

– Qual... o seu... nome....?

– Kamyu ou Kamus.

Agora sim entraria num estado catatônico e por dias!

– Você está bem? - repetiu diante do estado dela.

– Sim... - a voz saiu por enfim, mas antes de dizer alguma coisa respirou fundo, precisava ficar centrada. - estou bem. Desculpe por ter entrado aqui. Me chamo Isabel. - estendeu a mão.

– Prazer. - disse Kamus retribuindo.

O aquariano a observou. Era morena, os cabelos cacheados pouco abaixo dos ombros, os olhos castanhos, meio oblíquos. Nariz pequeno e que lembrava quem tinha ascendência grega. Era baixa, tinha busto grande e quadril largo. Era bonita, mas algo chamou mais sua atenção, o calor da mão dela.

– Kamus de Aquário. - disse com um sorriso dubio.

– Correto. Então realmente conhece a história publicada por Kurumada.

– Bastante.

O cavaleiro não gostou nada daquilo. Tantas pessoas sabendo sobre o santuário, o estrago feito pelo autor japonês pareceu ainda maior do que imaginaram.

– Bom senhorita Isabel, acho que sabe que não pode ficar aqui.

– Eu sei. - disse séria e firme. - mais uma vez me perdoe, vou voltar para o templo.

– Siga por aquele caminho. - apontou para o caminho ao lado do ginásio.

– Está certo. - era o mesmo que ela tinha passado, mas claro que não contaria a ele. - até mais Kamus.

Ele apenas acenou.

Saiu completamente dura e somente quando saiu das vistas dele é que relaxou o corpo.

Aquilo tinha sido surreal... deu um beliscão leve no braço.

– "Não estou sonhando..." - sentiu dor. - "como ele é lindo!"

Gêmeos x Virgem

Atena em seu escritório cuidava dos assuntos relacionados a sua empresa. Quando seu avô morreu e se viu herdeira de uns dos maiores grupos econômicos do mundo, sentia-se despreparada, ficando pior ao descobrir que era uma deusa. Levar os assuntos da empresa e do santuário era um fardo muito grande, ainda mais quando se é adolescente. Mas agora, aos vinte e cinco anos, conseguia conduzir os dois de forma suficiente.

– Entre. – disse quando ouviu batidas na porta.

– Com licença senhorita Atena. – era um dos guardas. – chegou isso.

Atena fitou o ramalhete de rosas vermelhas nas mãos do guarda.

– Para mim?

Levantou pegando as flores. Assim que o guarda a entregou fez uma leve reverência saindo. A deusa sentiu o aroma das flores dando um leve sorriso. Pegou o cartão.

– “Para a mulher mais linda do mundo – leu. – do sempre seu... Julian Solo." Só ele mesmo...

Logo após aquele pedido inusitado de casamento Atena e Poseidon entraram em guerra. Passado as diferenças, Saori e Julian se aproximaram por conta dos negócios. Por serem muitos jovens, os dois compartilhavam os mesmos anseios e dúvidas em relação a administração de suas empresas. Com o tempo Julian foi mostrando seu interesse pela grega, não apenas nas relações comerciais, mas também nas sentimentais. Por diversas vezes propôs algo mais séria a ela, mas Saori sempre se esquivava. Contudo, as investidas de Julian a faziam pensar que seria uma boa ideia uma possível união entre os dois.

Minutos antes, Rodrigo e Fernando desciam as escadas quando viram o guarda entrar em um cômodo com flores.

– Atena deve ser receber flores todos os dias. – disse o mineiro.

– Ela é uma deusa, mais do que normal.

– E você vai lá?

– Vou, não tenho nada a perder mesmo. E você deveria ir atrás da Marin.

– Ela nunca vai me dar bola, Rodrigo. Olha só para mim.

– Não custa tentar. Agora vai procurar sua amazona.

O mineiro deu nos ombros. Tomaria um copo de água e depois voltaria para o quarto, não procuraria por Marin.

O baiano caminhou pelo corredor pensando num assunto para conversar com Atena. Antes de bater na porta respirou fundo.

– "Entre". - escutou a voz da deusa.

O escritório da deusa, ao contrário do de Shion era espaçoso. O chão era coberto por madeira na cor clara impecavelmente polido. Duas grande janelas retangulares faziam a parte da iluminação e da ventilação. A mesa de Atena ficava a esquerda de quem entrava e era feita de madeira escura e ricamente trabalhada. Atrás dela um quadro que ocupava todo o comprimento da parede com a representação da deusa Atena. Do outro lado uma mesa com seis cadeiras. A decoração era por conta dos vários objetos e estátuas da arte grega. Uma estante repleta de livros, dois sofás de dois lugares em num estofado púrpura e no teto uma luminária feita em cristal.

– Oi Athena. - achou curioso não vê-la com o vestido branco e sim com uma blusa feminina polo na cor branca. Os cabelos estavam presos num rabo de cavalo.

– Rodrigo? - estranhou. - algum problema?

– Não exatamente... - mirou as flores. - são as rosas de Afrodite?

– Não. São do Julian. Poseidon.

– Ah... "Do Poseidon? Será que... eles estão juntos?"

– Rodrigo? - chamou diante do silêncio dele.

– Desculpe... é sobre o vértice.

– Infelizmente a barreira está fechada.

– Que pena. - fitou as rosas. - "Claro que ela e Julian... afinal de contas Poseidon está selado..."

A deusa olhava-o sem entender o silêncio dele.

– Bom.. vou voltar para o meu quarto. - esboçou um sorriso. - obrigado pela atenção.

– De nada... - disse sem entender.

– Até mais. - acenou, fechando a porta.

Atena ainda ficou um tempo olhando a porta, dando nos ombros.

Libra x Touro

Mabel andou por todo corredor que dava acesso a estátua de Atena. Usando uma escada lateral subiu, pois a base da estátua ficava três metros acima do chão. Ficaria olhando para ela se não tivesse a atenção chamada por um templo e um jardim ao fundo. Rapidamente rumou para lá, mas não foi para o templo e sim para o jardim.

Havia uma calçada de pedras brancas, tendo dos dois lados várias árvores de porte médio. O sol brilhava forte, mas o bater do vento nas folhas produzia uma enorme sensação de bem estar.

– Como aqui é lindo!

Mabel seguia reto pela calçada e ao final dobrou a direita. Seus olhos arregalaram-se ao avistar a paisagem.

– Por Deus! - exclamou.

A calçada se abria em seis metros de largura, tendo ao meio grama. As pedras brancas terminavam em duas escadas, separadas por estátua enorme de mármore de duas mulheres segurando um vaso. A água que saia do vaso escorria por uma escada de pedra escura, formando ao final um pequena fonte. Acima das mulheres, uma espécie de templo oval de colunas num rosa claro e cúpula dourada. No centro uma estátua de Atena num pedestal. O templo era cercado nas laterais por árvores maiores.

– As meninas precisam conhecer esse lugar.

Não contendo a curiosidade Mabel subiu as escadas laterais indo até o pequeno templo.

– Uau...- de onde estava via parte do teto do Parthenon e as costas da estátua.

Olhou para cima. O teto era todo trabalhado com rosas incrustadas e no centro a figura de um sol em de ouro. O chão era um capitulo a parte.

Atrás do templo ela tinha uma ótima visão da cidade de Athenas.

– E pensar que isso tudo está oculto a eles.

Mabel estava tão absorvida na paisagem que nem notou que alguém tinha lhe visto e caminhava em direção a fonte.

Ela deu meia volta parando em frente a estátua que trazia uma placa cravada no pedestal.

– Que beleza... em grego... - tocou na placa que na mesma hora soltou, indo ao chão. - Ops.. - abaixou para pegar quando...

– O que faz aqui?

A brasileira gelou.

– Eu não tive culpa. - virou-se. - eu apenas coloquei a mão, juro que não queria estragar, eu sinto muito. Eu conserto. - não o fitou diretamente.

– Pode deixar. Essa placa não é tão leve.

O homem aproximou pegando o objeto do chão encaixando no pedestal.

– Pronto.

– Muito obrigada. - suspirou aliviada. - juro que não queria estragar.

– Está tudo bem. - o homem sorriu. - essa coisa vive soltando. Mas quem é você?

– Eu me chamo Mabel. - o olhou.

– Ricardo. Prazer. - estendeu-lhe a mão.

Mabel retribuiu fitando-o diretamente. Teve que erguer o rosto pois seu "salvador" era alto, bem alto. O corpo era musculoso, mas sem parecer um guarda roupa. Usava uma calça preta, com sandálias de tiras à moda grega e regata branca, as duas mãos estavam enfaixadas com apenas os dedos a mostra. A pele era negra, os cabelos negros em estilo black power, os traços finos, sobrancelhas grossas, quase unidas e olhos azuis, ainda mais evidentes sobre o tom da pele. Rosto sem barba e os dentes alvos e certinhos.

– Desculpe... mais uma vez.... – murmurou Mabel completamente encantada.

– Tudo bem.

Ele sorriu, passando a olha-la com mais detalhe. Era baixa, a pele morena clara, com os cabelos castanhos ondulados presos num rabo de cavalo. Os olhos eram castanhos e a boca carnuda, com uma pintinha sobre ela. Era gordinha, não que ligasse para isso, afinal gostava de ter onde apalpar. E o sorriso era cativante.

– Você deve ser do grupo que entrou no santuário.

– Isso mesmo. Aqui é um local proibido?

– Um pouco. Já deve ter ouvido sobre a fonte de Atena.

– Sim.

– Pois então é aqui.

– Oh meu Deus, por favor não conte a ela, eu prometo que não venho mais aqui!

Ricardo sorriu.

– Também não precisa exagerar Mabel. Atena não é intransigente, bom as vezes.

– Ah... você é cavaleiro?

– Sim.

– E como é a vida de um?

– Cansativa, mas gratificante.

– Eu adoraria conhecer os cavaleiros de ouro. – tratou de consertar. – não que os outros não sejam importantes, - disse para não magoa-lo, afinal se ele fosse um dourado, ou de prata certamente estaria de armadura. - mas os dourados... principalmente o representante do meu país.

– Quem?

– Aldebaran.

Ricardo começou a rir.

– Eu disse alguma coisa errada? Por acaso Kurumada inventou um cavaleiro brasileiro?

– Não, aquele idiota, estupido, não mentiu. – disse com raiva. – entre a elite de Atena tem um cavaleiro do Brasil.

– Pois então, eu adoraria conhece-lo.

– Isso está fácil.

– Vai apresenta-lo? – os olhos brilharam.

– Só se for agora. – pegou a mão dela. – muito prazer Mabel. Aldebaran de Touro. – deu um leve beijo.

Arregalou os olhos.

– Co-mo??

– Sou o cavaleiro de Touro. – sorriu.

Mabel ficou calada, totalmente abismada pelo que acabara de ouvir. Aquele homem lindo, era o taurino? Não poderia ser, estava sonhando.

– Mas me disse que se chamava Ricardo?!

– Ricardo é meu verdadeiro nome, adotei Aldebaran por conta da minha constelação guia. Assim como Hasgard. Leu TLC?

– Sim... – foi a única coisa que conseguiu falar.

– Aldebaran! – alguém gritou.

O taurino voltou a atenção para trás vendo um guarda.

– Mabel eu preciso ir. Volte o quanto antes para o templo, vai ser melhor do que alguém te encontrar aqui.

Ela apenas balançou a cabeça afirmando.

– Ainda teremos tempo para conversar. Você é de qual estado?

– Piaui... – simplesmente saiu.

– Eu sou de Mato Grosso do Sul. Campo Grande. Bom, vou indo. Prazer em conhece-la. – disse saindo.

Ela sequer acenou, tamanho estado de choque que estava.

– É de Campo Grande....

Gêmeos x Leão

Gabe achou seus brincos embaixo da cama. Deu mais uma olhada pelo quarto, para ver se alguma das meninas havia esquecido algo, mas tudo estava em ordem. Desceu as escadas parando na porta do dormitório.

– Cadê a Mabel?

Estranhou o fato da amiga ter sumido, mas achou que ela tinha voltado para o templo.

– Bom.. - deu um passo mas parou. - já que estou aqui fora.... - sorriu.

A paulista tomou rumo do templo, entretanto parou diante da construção que ficava ao lado do dormitório. Olhou para o alto, vendo um pedaço do telhado do templo de Atena.

– Tenho que desenhar.

Sentou no chão, abrindo o caderno numa folha limpa. Olhou novamente para cima. Via a copa das árvores e no meio delas partes do telhado do templo.

– Potencial para um grande desenho. - disse pegando o lápis.

A construção que ficava ao lado do dormitório era um pequeno escritório, usado as vezes, como centro de comando do santuário. Minutos atrás, antes mesmo de Gabe e Mabel se dirigirem para lá, Marin cuidava de assuntos relacionados ao santuário. Acabou por ser interrompida por um cavaleiro e depois de prometer que conversaria com Atena sobre a situação dos dois, pôde terminar o serviço e cuidar de outros de sua alçada. O cavaleiro ainda ficou um bom tempo, depois que ela foi embora, meditando. Vendo que a hora avançava, resolveu voltar para sua casa. Andava tranquilamente pela calçada quando avistou uma menina sentada no chão. Estranhou e a passos lentos aproximou, ficando atrás dela. Gabe estava tão concentrada que nem notou um par de olhos verdes fitando o desenho. O homem deu um sorriso agachando lentamente.

– Bu!!

Tudo que se viu foi caderno para um lado, lápis para o outro e Gabe de pé em fração de segundos.

O homem começou a rir.

– Que paia! - levou a mão ao coração. - quer me matar de susto!

– Desculpe, eu não resistir.

– Vá assustar a sua avó! - o corpo todo tremia. - idiota! - foi atrás do lápis.

– Desculpa. - o homem pegou o caderno no chão.

– Idiota.

Ele não se importou com os xingamentos, afinal de contas, faria o mesmo se tivesse levado o susto. De posse do caderno fitou o desenho.

– Você desenha bem.

– Obrigada. - pegou a borracha.

– Pelas suas roupas é do grupo que entrou aqui.

– Sim. - aos poucos o coração voltava ao normal. - estou aproveitando a paisagem para desenhar.

– Como se chama?

– Gabrielle.

– Nome bonito. - ele a fitou. Deveria medir 1,65, branquinha, de bochechas rosadas. Não tinha muito peito, mas o quadril era na medida certa. O cabelo era cor de mel, liso, na altura do queixo e com as pontas roxas, achando bem incomum. Lábios grossos, olhos castanhos escondidos por óculos retangular.

– Seu caderno. - a entregou. - desculpe pelo susto, acho que estou andando muito com o Miro.

– Miro de Escorpião??

– Sim.

Só então Gabe "prestou" atenção nele. Ele era alto, usava uma calça branca com uma regata marrom, por cima dos ombros duas ombreiras de metal, sandálias gregas. A pele era morena, os olhos verdes, cabelos castanhos claros, quase loiros, num corte moderno, com a franja arrepiada. Corpo musculoso na medida certa.

– "Nossa, que homem lindo." - pensou. - qual o seu nome?

– Desculpa, nem me apresentei. Sou Aioria.

O corpo de Gabe paralisou.

– "Aioria???? Não pode ser... ele está brincando comigo, só pode! Aioria não seria assim tão lindo, ou seria? Claro que seria... eu tive fantasias com ele??? Não é possível! Mas ele é real! E está tão perto de mim! Até falou que eu desenho bem!" - a mente dela pipocava.

A medida que a mente dela fazia uma enxurrada de perguntas, seu rosto foi ficando escarlate.

– Você está bem? - indagou diante do rosto vermelho dela.

– AHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! - berrou a pleno pulmões.

Aioria assustou afastando dois passos dela.

– Ta louca???

– Aioria!!!!!!!!!!!!!!!!

Sem que ele esperasse Gabe pulou no pescoço dele.

– Você existe!!!!

– É... existo.. - disse sem saber o que fazer com ela.

– O cavaleiro mais foda e lindo!!!

– Modéstia parte sou mesmo, mas... poderia me soltar?

– Desculpe... - afastou. - é porque é muita emoção. Jamais imaginei que você existiria e é tão lindo!

– Obrigado. - deu um sorriso de satisfação.

– Mas... - ficou em silêncio olhando para o cabelo dele. - seu cabelo está diferente.

– Eu usava aquele tipo de cabelo quando tinha 20 anos e quando o japonês esteve aqui eu ainda usava. Mas já estou com trinta anos, precisava de um corte mais moderno. Ficou bom?

– Você fica lindo de qualquer jeito...

– Desse jeito você me deixa sem graça.- sorriu ainda mais convencido.

– Verdade tem que ser dita.

– Agradeço os elogios, mas eu preciso ir. Foi um prazer conhece-la.

– O prazer foi todinho meu.

Ele sorriu.

– Até mais. - disse saindo, a certa distância... - pode fazer um desenho meu?

– Claro.

– Eu te procuro depois. - deu uma piscadinha, voltando a andar.

Gabe segurava o caderno firmemente, o olhar estava contemplativo e até soltou um suspiro.

– Como ele é lindo...

O.o.O.o.O

A trilha que Julia e Juliana seguiam era um pouco íngreme. E a primeira já estava arrependida por está de rasteirinha.

– Daqui a pouco eu caio. - disse Julia. - nunca pensei que fosse dizer isso, mas que falta faz um tênis.

– Julia, não é melhor voltarmos? Nem sabemos onde essa caminho vai dá. E se for num local proibido?

As duas pararam.

– Nisso você tem razão, mas a minha curiosidade é maior. Pode voltar, se alguém se encrencar que seja eu.

– Tem certeza?

– Absoluta. Se alguém perguntar você não me viu.

– Mas se acontecer algo?

– Se eu não voltar dentro de duas horas, fale com os meninos.

Sagitário x Peixes

Estava sentado, tranquilamente na cozinha. Daria só mais um tempinho para voltar para o quarto. Mesmo sabendo que estava no santuário de Atena, não queria desrespeitar as ordens da deusa. Estava tão distraído que levou um susto quando a porta dos fundos abriu.

– Oi. - disse Marin, assim que o viu.

– Oi.

– Espero que me perdoe pela forma que os tratei ontem. - puxou uma cadeira, sentando de frente para ele.

– Nos tratou muito bem Marin. Na sua posição faria a mesma coisa.

– Em onze anos, ninguém tinha passado pela barreira, então fiquei um pouco assustada quando passaram, ainda mais por saberem sobre Saint Seiya.

– Prólogo do Céu tem alguma parte de verdade?

– Não, nem nenhum dos filmes que surgiram. Tudo foi criado.

– E seu irmão?

– Mora em Tokyo e trabalha para Mitsui. Ele nunca entrou nesse meio de cavaleiros.

– Entendi...

Seguiu alguns minutos em silêncio. Fernando queria fazer muitas perguntas, mas temia ser inconveniente, preferindo ficar na dele.

– Desculpe ter que deixa-lo, mas tenho muita coisa para fazer.

– Sem problema Marin.

– Como Atena disse, o templo e seu entorno é livre.

– Agradeço. - forçou um sorriso.

– Até mais tarde.

– Até... - o olhar se perdeu num ponto qualquer. - "Sei que é muito areia para o nosso caminhão..." - lembrou-se das palavras de Rodrigo. - bota areia nisso...

Libra x Sagitário

Sheila que tinha ido ao banheiro lavar o rosto, passou pelo corredor, sem imaginar que Rodrigo, Fernando e Paula conversavam com Atena, Marin e Shion. A garota chegou a porta principal, se perguntando onde estaria Julia e Juliana.

– Vou ter que procurar...

Andou em linha reta, como se estivesse indo para a entrada principal do Parthenon, o Propileos. Entretanto no lugar da construção havia uma enorme escadaria.

– Se o templo de Atena está atrás, significa que essas escadas levam a casa de Peixes...

Sheila olhou para os lados para ver se ninguém a via e depois de certificado que não estava sendo vigiada, começou a descer.

Em certos pontos da escada tudo que podia ver eram montanhas rochosas, em outros pontos a floresta que cercava o santuário, mas quando a escada deslocou-se um pouco para a esquerda, viu no alto de uma montanha, uma construção em formato retangular, que se erguia verticalmente por dez metros, lembrando um obelisco.

– Aquilo se parece com.... - forçou as vistas. - o relógio de fogo?? As meninas não vão nem acreditar. Como será vê-lo aceso?

Ficou ainda um bom tempo olhando o relógio, continuando seu trajeto. A escada virou a direita e então viu. Em forma de quadrado, com dezenas de colunas que sustentavam o teto.

A brasileira terminou de descer parando no meio do pátio.

– Que imponência... - fitou a entrada. - "e agora? Será que tenho que pedir permissão para entrar? Mas se eu pedir, Atena vai descobrir que estou aqui... e ela pediu para não sairmos do templo. Fora que as meninas vão querer me matar!" - recuou alguns passos, mas a curiosidade foi um pouco maior e caminhou ate a entrada. - "e então entro ou não? Chamo ou não? E se o Afrodite não estiver? E pior, como ele vai reagir? Vai me botar para fora!"

Enquanto Sheila considerava todas possibilidades, uma pessoa se aproximava. Voltava de uma missão e depois de deixar sua armadura em sua casa, estava dirigindo-se para o templo para reporta-la e para saber com mais detalhe sobre os turistas que passaram pela barreira, já que soube por alto. O homem parou na porta ao ver uma jovem.

– O que faz aqui?

Sheila tomou um susto.

– Eu... - gaguejou.

– Tem mais alguém aqui?

– N-ao... eu só.. eu só...

O homem notou as roupas dela, pelo vestuário certamente era do grupo, mas o que estava fazendo ali? Atena não permitiria que eles andassem livremente pelo santuário. A observou. Os cabelos eram castanhos escuros, retos, na altura dos ombros. Bem branquinha, com olhos meio rasgadinhos. Boca pequena e na bochecha sardas. Media 1,60, quadril e seios no tamanho proporcional.

– Você faz parte do grupo, não é?

– Sim. - ela não tinha coragem de olha-lo. - peço desculpas por ter vindo até aqui.

– Vou leva-la de volta.

Ela fitou-o. Era alto. Os cabelos castanhos médios eram encaracolados nas pontas. Olhos verdes e a pele morena. Tinha músculos, mas bem distribuídos. O rosto bastante jovial. Trajava uma calça branca e regata marrom, tendo por cima dos ombros, ombreiras. O braço direito estava coberto por faixas.

– Está certo... - estava com tanto medo que nem notou a bandana vermelha na testa.

Os dois seguiram em profundo silêncio, até que no último degrau da escadaria de Peixes, Sheila, de tanto medo que sentia, tropeçou.

Achou que daria de cara no chão, porém sentiu um braço segura-la, como se ela não tivesse peso algum.

– Obrigada. - disse vermelha de vergonha. - sou um pouco estabanada. - o fitou.

– Tudo bem. - deu um leve sorriso.

Sheila estava prestes a retribuir o sorriso quando arregalou os olhos ao ver a bandana vermelha.

– AIOLOS????

– Sim. - respondeu sem entender.

Ela ainda não acreditava precisando toca-lo. Ao ver que era real, começou a chorar.

– Você está bem? - ficou preocupado. - se machucou? Eu usei muita força?

– Não... - as lagrimas caiam. - é que... é que... - começou a rir.

O sagitariano arqueou a sobrancelha.

– Tem certeza que não sente nada?

– Não.... é só... é só...

– Só...?

– Eu te acho um máximo! E nunca pensei que você existiria, ainda mais.... - começou a falar.

Aiolos ouvia pacientemente, temendo faze-la chorar novamente se a interrompesse. Só quando ela perdeu fôlego é que se calou.

– Desculpe... - notou que falara muito. - é porque...

– Tudo bem. Qual é o seu nome?

– Sheila! - berrou. - desculpe... Sheila... - disse mais baixo.

– Prazer em conhecê-la Sheila.

– Igualmente...

– Volte para o templo. É melhor seguir as ordens de Atena.

– Claro! Eu vou para o quarto e nunca mais saio de lá.

Ele riu. Só então notou que ainda a segurava.

– Desculpe. - a soltou.

– "Pode continuar me segurando pela eternidade." - pensou sorrindo.

– Agora vá.

– Sim. Até mais.

Andou em direção ao templo durinha, pois temia, tropeçar novamente e pior na frente de Aiolos, mas não obteve muito sucesso, tropeçando novamente num degrau, pelo menos não indo ao chão. De longe Aiolos a observava e sorriu quando ela acenou entrando.

– "Ela tem problema."

Escorpião x Capricórnio

Julia arrependia-se amargamente por não ter voltado com Juliana. Os pés doíam por causa do terreno pedregulho e a pele vermelha por causa do sol, fora a sede que sentia.

Estava quase voltando para trás, quando avistou alguns telhados. Ignorando as dores, apertou o passo, arregalando os olhos ao ver dezenas de casas ao estilo antigo. Aquele lugar parecia ter parado no tempo.

– Que lindo... - murmurou.

Apressou-se para terminar o caminho que culminava num pequeno jardim. Atravessou, saindo numa espécie de rua principal.

– "São feitas de pedras..." - tocou numa fachada.

Dezenas de pessoas iam e vinham, algumas usando roupas modernas, outras roupas que remetiam ao passado. Ergueu o olhar para ver uma placa pendurada no alto de uma torre de pedras, mas não conseguiu ler, pois estava em grego.

Completamente maravilhada andava lentamente por entre os trausentes, reparando na arquitetura.

– "Parece que viajei no tempo..." - pensou.

– Quem é você?

Julia assustou ao ver uma sombra sobre si. Lentamente ela virou. Um homem de expressão séria a fitava fixamente.

– Eu... - a voz saiu num sussurro.

O homem olhou para as vestes dela, percebendo que ela não era moradora.

– Venha comigo.

Sem dizer mais nada, o homem a pegou pelo braço.

– Ei, me solta. Eu não fiz nada.

Ele não disse nada.

– Alguém me ajude....

Os trausentes não disseram nada, apenas faziam uma leve reverência para o homem.

– "Ele deve ser alguém importante... estou ferrada!"

Andaram alguns metros, ate uma casa de dois andares. Dois homens que estavam na porta, endireitaram o corpo ao ver o tal homem importante. Ainda sem dizer uma palavra, levou Julia para o interior.

– Ficará aqui até segunda ordem.

– Mas eu não fiz nada...

– Veremos. - disse trancando a porta.

– Ei, me tira daqui!! - Julia batia na porta. - eu não fiz nada!!

Ficou por dez minutos, sem saber o que estava acontecendo e o que aconteceria quando Atena soubesse que ela estava naquele local. Já estava angustiada, quando a porta abriu de repente. Era o homem.

Ele a fitou de cima abaixo. Era baixa, bem clara, demonstrando pela vermelhidão da pele. Os olhos eram verdes acastanhados e um pouco puxados. Os cabelos castanho-avermelhados eram ondulados e estavam presos num coque. Percebeu que ela deveria fazer natação devido as costas largas. Nariz pequeno, lábios carnudos e róseos. Seios grandes, assim como o quadril.

– Muito bem senhorita. Atena restringiu lugares a vocês então o que fazia aqui? - sentou numa cadeira de frente para ela.

Ela engoliu a seco. De certo a deusa já estava sabendo.

– Eu sinto muito. Não quis desobedece-la.

– Qual o seu nome?

– Julia.

O homem abaixou o rosto, abrindo um pedaço de papel.

" Quinze turistas passaram pela barreira e estão no templo a espera do vértice. Atena solicita atenção neles. Ass. Grande Mestre

obs: conhecem Saint Seiya"

A paulista observava o rapaz. Ele não parecia velho, e era alto bem alto em comparação ao seu tamanho. A pele era clara, olhos pequenos e negros, assim como seus cabelos, que eram curtos e repicados. O corpo todo malhado estava coberto por uma calça preta e regata branca. Por cima do peito uma tira de couro na transversal que prendia a ombreira esquerda.

– Então conhece Saint Seiya. - dobrou o papel.

– Sim...

– Sabem de tudo? - a fitou diretamente.

– Sim... estou enrascada não estou?

– Não totalmente. Eu estava fora do santuário e soube só agora... - mostrou o papel. - que temos visitantes. Atena não sabe que está aqui.

Ela suspirou aliviada.

– Por outro lado desobedeceu as ordens.

– Eu sinto muito.

– Não vou entrega-la. - levantou. - desde que volte imediatamente para o templo.

– Nem precisa pedir de novo. - levantou. - obrigada.

– Passe pelo mesmo caminho.

– Está certo. Obrigada... o seu nome...

– Esdras.

Disse seco, alias Julia notou que ele era de poucas palavras, bem objetivo.

– Nome diferente.

– Por causa disso me chamam pelo meu sobrenome. - dirigiu-se para a porta. - Shura. - a fitou.

Julia arregalou os olhos.

– Você é o Shura?

– Sim.

Tinha que tirar a prova, não era possível que estava diante do cavaleiro de capricórnio. A passos lentos caminhou até ele, que a olhava com espanto e sem dizer nada tocou no braço dele, sentindo a textura da pele. Shura arqueou a sobrancelha.

– É de verdade... - ergueu o rosto. - e é lindo... - murmurou.

– Como?

– Eu sou sua fã...

– O que? Fã? Minha? - achou muito esquisito.

– Sim... ai meu Deus!!! - começou a ficar agitada. - é o Shura! É o Shura!!! - foi para toca-lo.

– Sim sou eu. - recuou, bem no estilo: não me toque.

Com o recuo dele, Julia segurou a agitação.

– Desculpe...

– É melhor você ir. Siga pela rua principal.

– Certo... até mais. - disse constrangida.

Ele limitou-se a acenar.

Julia saiu da casa surpresa. Não imaginava que o encontro com seu cavaleiro fosse... tão frio.

– "Ele é realmente arredio." - pensou, tomando rumo da trilha.

Áries x Virgem

Juliana rendeu graças quando chegou ao pátio do templo. A subida era bastante íngreme e o sol escaldante também não ajudava. Ao invés de entrar pela porta principal, preferiu entrar pelos fundos, para não chamar a atenção. A passos apressados, para não ser pega, deu a volta pela lateral, contrária a do bosque e das instalações onde tinha ficado no dia anterior. Felizmente a brasileira não esbarrou com ninguém...

... Passara a manhã toda e parte da tarde, mantendo seu cosmo elevado para auxiliar sua deusa, contudo pelos problemas ocasionados pela luta contra Hades e a idade avançada, estava esgotado. Aos vinte anos estava em pleno vigor físico e com cosmo a níveis altíssimos. Levantou, respirando devagar. Infelizmente não levaria boas noticias a Atena.

Juliana estava prestes a entrar, quando reparou que do lado oposto onde "chegaram" ao santuário havia um pequeno templo e um bosque. Movida pela curiosidade, ela deu meia volta, indo para o bosque, entretanto ao passar pelo pequeno templo resolveu entrar.

Ele era quadrado, com quatro colunas na frente sustentando o teto. Em uma das paredes frontais, a estátua de Atena esculpida na pedra. A passos lentos Juliana entrou, estava um pouco escuro, exceto por uma claridade que vinha do fundo. Ainda com medo de ser pega, andava perto das pilastras, caso fosse necessário se esconder. Quando chegou a certa distância, viu de onde vinha a luz. Dois holofotes no chão iluminavam uma estátua de Atena que segurava outra estátua: a de uma mulher com asas e sem cabeça.

– Que lindo... - murmurou.

– Quem é você?

A brasileira levou um susto.

– Esse local é proibido. Retire-se.

Ela nem pensou duas vezes, saindo do templo. A pessoa que a interceptou a acompanhou.

– Não pode entrar nesse templo sem a devida autorização.

– Desculpe... eu não tive a intenção de descumprir uma ordem. - estava tão assustada que sequer olhou para pessoa, que no caso era um homem.

– Por suas vestes, pertence ao grupo que atravessou a barreira.

– Sim... - era incapaz de erguer o rosto.

– Olhe para mim quando estou falando. - a voz saiu fria.

Juliana ergueu o rosto, ficando surpresa. O homem era alto, corpo esguio, mas não menos musculosos. Trajava um sari branco que deixava um dos ombros e parte do peito desnudo. Os olhos eram azuis claros e pouco acima deles uma pinta vermelha, bem no meio da testa. Os cabelos eram loiros claros e estavam totalmente presos por um coque no alto da cabeça.

O homem fitou a garota. Ela trazia traços orientais. A pele era bem clara, olhos castanhos escuros, cabelo na altura dos ombros repicados e com franja. Era baixa e pela expressão do rosto julgou-a bem novinha.

– Como se chama?

– Ju-liana... - abaixou o rosto novamente.

– Pois muito bem Juliana, não sei quais lugares Atena permitiu que andassem, mas de certo que esse templo, não está na permissão.

– Desculpe...

– Não se preocupe, é irrelevante.

– Você trabalha aqui? Algum empregado? - indagou ainda sem erguer a cabeça e querendo saber o grau de autoridade do homem.

– Empregado? Eu? - fechou o cenho. - tenha mais respeito garota. Sou um cavaleiro de ouro, Shaka de virgem.

Ela ergueu o rosto na hora, arregalando os olhos. Ainda pensando que poderia ser um engano coçou os olhos várias vezes. Não era possível que aquele homem era...

– Sha-ka??

– Sim.

Não se contentou em apenas olhar, tinha que tirar a dúvida. Timidamente, tocou o no braço, sentindo a pele. Ficou pálida.

– É de verdade... - murmurou estarrecida.

– Claro que sou real. - disse impaciente. - agora volte para o templo, ou contarei a Atena que entrou em local proibido.

– Sim... - respondeu no automático. O cavaleiro mais forte entre os doze estava bem diante dela?

– Vá logo. - ordenou, não gostando nem um pouco da forma como ela o olhava.

Juliana apenas balançou a cabeça afirmando. Ainda em estado de choque, a brasileira deu meia volta tomando rumo do templo principal. Shaka a esperou entrar para voltar para sua casa.

– "Jovenzinha petulante. Eu empregado..."

O.o.O.o.O

Estava a vários minutos tentando fazer o app funcionar, mas sem sucesso. Bufou de raiva, pois como poderia se comunicar sem ele. Claro que em outras situações não teria tanta dificuldade, mas estando num lugar onde ninguém sabia a linguagem de sinais seria um problema.

– Nada ainda Ester? - indagou Jules.

A americana balançou a cabeça de forma negativa.

– A Paula foi para resolver o problema e até agora nada. Eu vou atrás dela, fique aqui.

Ela concordou.

Passou-se alguns minutos e nada de nenhuma das duas aparecerem. Querendo resolver por conta própria, Ester passou a mão tablet saindo. Em algum lugar do santuário seu aparelho haveria de funcionar.

Enquanto isso, Jules andava por todo templo, não encontrando ninguém. A paulista entrou num extenso corredor que tinha apenas uma porta no final. Bateu na porta, mas ninguém abriu. Então na cara dura a abriu ficando surpresa, pois a porta dava para a lateral oposto ao dormitório que tinham ficado.

– Já que não tem ninguém... - deu um sorriso. - explorar.

Câncer x Áries

Ester não imaginava que o templo de Atena pudesse ser tão grande. Acabou indo parar atrás do templo, ao passar por uma porta.

– "Quantas entradas esse lugar tem?" - pensou.

Ligou o app, testando, mas nada dele funcionar.

– "Deve ser a barreira, como Atena falou."

Começou a andar sem rumo pelo pátio na tentativa de fazer o aap funcionar, não conseguindo. Ela parou perto de um pequeno templo, perto de um bosque, notando que havia uma espécie de escada feita de pedras, com árvores cercando.

– "Quem sabe a barreira aqui é mais fraca."

Sem hesitar começou a descer. A cada degrau abria o app, mas ele continuava inoperante. Desligou o aparelho para poupar bateria. Iria religa-lo apenas quando encontrasse um lugar propício. A caminhada durou por cerca de dez minutos, quando seus olhos testemunharam algo belíssimo. A escada terminava numa grande fonte, no meio dela estátuas de ninfas segurando jarros que despejavam água.

– "Que lindo".

Ester aproximou da fonte, sentando na beirada.

– "Que delicia de água." - colocou a mão dentro. - "nesse calor seria bem vindo um banho."

Depois de brincar, limpou a mão na roupa e ligou o tablet. O app? Indisponível e não era só o programa, todos os aplicativos não queriam funcionar. A garota estava tão entretida para fazer o programa funcionar que nem notou que alguém que subia por uma escada lateral a fitava. Percebeu pelas roupas, que ela não se tratava de nenhuma serva do santuário. Ele aproximou, sem ela perceber.

– Quem é você?

Ester levou um susto ao sentir uma sombra sobre si, erguendo a cabeça imediatamente. Era um homem alto, musculoso, mas sem exagero. Trajava uma calça verde, com sandálias gregas. A camisa era amarela presa por uma fita branca e indo até o meio das coxas. Um pano marrom fazia a vez de um cachecol. Os antebraços estavam envolvidos por faixas. A pele bem branquinha. Os cabelos desciam lisos até o meio das costas, presos por uma fita branca, a franja descia partida ao meio até a altura dos olhos, que eram verdes. Acima deles uma leve sobrancelha quase imperceptível por causa de duas pintas roxas.

Ela não disse nada levantando.

– Quem é você? - indagou novamente, passando a fita-la. A pele era bem branquinha, os cabelos cacheados negros desciam até o meio das costas. Tinha o corpo esquio. Ela era tão alta quanto ele, o que fazia que olhasse diretamente para os olhos verdes dela. Os lábios estavam com um tom rosado.

– "Que bonita." - pensou o homem.

Ester o fitava intensamente, passando a observar melhor o homem.

– "Esse cara é muito parecido com... - arregalou os olhos. - Mu??? Não é possível!"

– Você está bem? - notou o olhar espantado dela, como se estivesse vendo um fantasma na frente.

Ester abriu a boca, mas apenas emitiu um som incompreensível.

– Me desculpe não entendi. Qual o seu nome?

Ela abria a boca, para fecha-la e aquilo era agoniante. Com certeza estava diante do cavaleiro de Aries, mas não conseguia se comunicar. Claro que ele pensaria que ela era uma louca, ou que estava ignorando-o.

– Meu nome é Mu. - disse, por pensar que ela não queria se apresentar. - o seu nome...?

De forma desesperada por não conseguir se comunicar, Ester pegou seu aparelho, mas por causa do nervosismo acabou derrubando-o.

– "Oh meu Deus, me tablet!"

Abaixou, temendo que o aparelho tivesse quebrado e aí sim teria sérios problemas. Mu também agachou.

– Sinto muito por ter te deixado nervosa. - disse.

Ela não olhou, apenas pensava no seu principal meio de comunicação. Felizmente externamente não parecia está quebrado, mas internamente...

– Quebrou? - indagou o cavaleiro realmente preocupado.

Ela deu nos ombros. Mu não entendia porque ela não falava nada.

– " O que ela tem?" Por que não quer me dizer seu nome? E por que está nesse lugar? É uma nova serva?

Ester teve vontade de chorar.

– Não quero te fazer mal...

Silêncio por parte dela.

O cavaleiro franziu o cenho. Só tinha um jeito. Não gostava de fazer isso, mas era necessário. De forma cautelosa, Mu aproximou. Ester sequer se mexeu. O ariano tocou com as duas mãos os ombros dela, aproximando com a cabeça. Ester corou na hora por conta da aproximação.

– "Ele vai me beijar?????!!!!"

Ela fechou os olhos, para reabri-los quando sentiu o toque da testa do cavaleiro na sua.

– "Não vou te fazer mal." - disse dentro da mente dela.

Ester recuou assustada, em vinte e cinco anos jamais ouvira um som, mas pela primeira vez "ouviu" o som da voz dele. Aquilo que era o som da voz humana? O primeiro som da vida era a suposta voz de Mu?

– "Qual o seu nome?" - retornou o contato.

– "Es-ter..." - encarava aqueles olhos verdes sobre os seus.

– "Seu nome é muito bonito." - sorriu.

– "Obri-gada.."

Mu ficou calado por alguns minutos, a mente de homens comuns era fácil de serem invadidas, mas no caso dela, teve o cuidado ao acessar. Apenas acessou que ela e um grupo de pessoas tinham passado pela barreira, que estavam hospedados no templo, que sabiam sobre Saint Seiya, o que dava embasamento ao recado que recebeu de Shion e que ela era surda.

– "Agora entendo por não me respondia..." - deu um sorriso. - "sou Mu, muito prazer."

– "Igualmente."

– "Não deveria está aqui Ester, Atena foi taxativa nas ordens."

– "Eu sei... me desculpe... - como era estranho conversar sem usar as mãos ou tablet. - é porque uso um aplicativo para falar e ele não está funcionando..."

– "A barreira as vezes interrompe o funcionamento de coisas eletrônicas."

– "Percebi. Sempre achei que poderes telecineticos eram fantasias, no entanto..."

– " São reais."

– "Somado a isso, nossa conversa. É a primeira vez que "escuto" a voz de alguém."

– "Vamos nos comunicar sempre assim. Agora, você precisa ir."

– "Está bem."

Mu afastou-se. Ester sorriu acenando.

Ele sorriu de volta. As mentes humanas eram simples de acessar, desde que a distancia fosse nenhuma. Conforme aumentava tornava-se mais difícil pela ausência de cosmo de uma das partes.

Ela estranhou não escuta-lo mais, mas não se importou aquilo tinha sido uma experiência única. Havia encontrado uma nova forma de conversar, além de ter conhecido seu cavaleiro dos sonhos.

–-----

Continua...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo o restante das meninas e seus respectivos cavaleiros.



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