A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 23
Jantar


Notas iniciais do capítulo

Capitulo na área. Se tiver erros de português, concordância a culpa é do jogo da Itália... ( enquanto formatava o capitulo estava vendo o jogo da Azzurra!)
Nesse capitulo tem a menção da copa do mundo ( esse clima de copa está me afetando...) mas lembrando que a fic se passa em agosto de 2013. Outro detalhe, escrevi a cena sobre a copa, antes da Fúria ser eliminada... tadinho do Shura....



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Aldebaran tomou o seu lugar a mesa em completo silêncio, assim como o geminiano que sentou ao lado esquerdo dele. Não demorou muito para Aioria e Marin entrarem.

– Boa noite. - disse a amazona, soltando a mão de Aioria ao vê-los.

– Boa. - apenas Deba respondeu e mesmo assim num tom seco.

Aioria e Marin trocaram olhares sem entender, tomando seus lugares. Pouco tempo depois o restante da turma chegou, falando alto, ainda discutindo o comportamento sexual de Mu. Jules que só ouvia segurava para não rir, era muito engraçado a discussão dos golds. Sentou ao lado de Marin.

– Oi Marin.

– Oi. Vou sentar aqui até tomar o meu lugar. - sorriu. - E o restante das meninas?

– Devem está chegando...

A amazona notou a camiseta.

– Você tem uma igualzinha do Dohko.

– Na verdade é dele... - disse sem jeito.

– Por acaso vocês dois...

– Estamos juntos. - ficou ainda mais sem graça.

– Parabéns. - sorriu levantando as sardas.

– Obrigada.

O clima antes descontraído fechou, pois era sentido a tensão entre Ricardo e Gustavv. A sorte é que sentaram em extremidades opostas.

– Cadê o Giovanni? - indagou Mu para tentar amenizar o clima.

– Está preso. - disse Dohko.

– Por quê? - Miro o fitou.

O libriano começou a contar toda a história dele e de Heluane.

– Atena não determinou um tempo, mas creio que será por dias.

– É inadmissível uma atitude assim de um cavaleiro. - Aiolos estava revoltado. - Shion e Atena fizeram muito bem.

– Pensei que ele tinha mudado... - comentou Marin.

– Ele não mudaria tanto assim. - disse Dite, não mostrando surpresa pelo acontecimento. - por tudo que aconteceu, é até milagre ele ter melhorado um pouco.

– Não passe a mão na cabeça dele. - Shura o fitou frio. - o que ele fez não justifica.

– Não estou passando a mão na cabeça dele, só disse que qualquer atitude vinda dele nessa parte é passível de acontecer. Só porque renasceu depois de Hades não virou um santo.

– Por isso ela o chamou de fracassado naquele dia. - disse Aioria.

– Mas a menina também foi bem leviana. - disse Shaka arrancando olhares arregalados.

– Shaka? - Mu o fitou pasmo.

– Kurumada retratou exatamente como o Giovanni é. Não é segredo para ninguém a personalidade dele, não estou certo Jules?

A brasileira apenas balançou a cabeça concordando.

– Você sabe que a pessoa foi um assassino cruel, que matou até crianças e ainda fica batendo de frente? Isso para mim é idiotice.

– Não justifica Shaka. - disse Saga abrindo a boca pela primeira vez. - com ela provocando ou não ele tinha que se comportar.

– Pedindo comportamento correto para o Mascara da Morte? Como Afrodite disse, não é porque voltou a vida que virou um santo. Não estou justificando a atitude dele alias condeno, tanto que acho que Atena deveria ter sido mais dura, como a perda temporária da armadura, mas se tratando de Giovanni tudo é possível.

– Se ele voltar a fazer, bem provável que Atena fará isso. - disse Kamus.

– Ela colocou uma barreira de proteção nela. - Dohko retomou a palavra. - quando ele for solto ele se aproximar de Heluane ele irá sofrer um desconforto físico.

– E quanto as outras meninas? - indagou Kanon.

– Ele não fará nada com elas. - disse Afrodite. - elas podem ficar despreocupadas. O problema era com a Heluane.

Jules apenas ouvia, essa história ainda renderia.

O.o.O.o.O

Shion terminava de ajeitar a gola da camisa polo branca na frente do espelho. Usava uma calça jeans preta e sapatos. Os cabelos estavam presos por uma fita. Olhava o cumprimento das madeixas verdes, pensando seriamente em corta-las. Todos os cavaleiros tinham aderido a cortes mais curtos e ele deveria seguir essa linha.

Examinou o reflexo do seu rosto, os olhos antes acobreados agora estavam roxeados, assim como os cabelos que eram loiros esverdeados, agora estavam completamente verdes. Prova dos muitos anos vividos. Era natural essa transformação com os lemurianos quando viviam muitos anos.

Quando Liz o conheceu disse que se apaixonou pelos fios loiros. Shion soltou um suspiro, nem o seu cabelo remetia mais a aquela época. As palavras de Dohko não saíram da mente e agora vendo sua expressão refletida no espelho ganharam ainda mais força. Ele era novo, apesar dos problemas físicos, tinha uma boa aparência, isso ouvira várias vezes de Atena, por que então não tentar novamente?

– Porque a aparência é de um jovem, mas não o coração... - respondeu a si mesmo. - sabe melhor do que ninguém que ela vai passar por aquela barreira. Não se iluda Shion...

O grande mestre deu um passo para trás, já tinha aceitado o seu destino que era isolar-se em Jamiel.

O.o.O.o.O

Tentou e tentou, mas em seu guarda-roupa não tinha uma única peça que fosse curta, como dissera Afrodite. O máximo que encontrou foi uma mini saia azul e que nem era tão mini, pois não se sentia confortável com esse tipo de roupa. Deu um suspiro, pegando a saia. Rapidamente compôs seu look: uma sapatilha preta, saia azul royal, blusa branca de gola canoa. Prendeu os cabelos num coque frouxo e tacou um batom vermelho.

– Estou parecendo uma adolescente... - emburrou. - isso que dá escutar os conselhos de Afrodite... - respirou fundo. - que Niké esteja comigo.

Disse saindo do quarto.

O.o.O.o.O

As meninas e os meninos já estavam prontos já algum tempo, tomando rumo da sala de jantar. Juliana seguia de cabeça baixa, pois estava morrendo de vergonha.

– Você está linda Ju. - disse Fernando.

– Estou ridícula.

– Pois digo que está bonita. - Rodrigo reforçou o elogio.

– Ridícula a situação... Estou num templo grego!!!!

– Pois Shaka vai amar. - Paula tocou nos ombros dela. - é hoje que o buda te agarra. - deu uma piscadinha.

– Deveria ter passado mais pó compacto branco para esconder o vermelho.... como eu gostaria que o vértice abrisse agora.

– Naaaooo! - gritou Suellen, Gabe e Sheila.

– Vira essa boca para lá! - disse Marcela.

O.o.O.o.O

A discussão sobre a atitude de Mask continuou até a chegada de Shion. Todos deram opiniões a respeito do ocorrido, Marin e Jules apenas ouviam, pois não queriam se meter. Shion pediu a palavra quando notou o rosto do pisciano.

– O que houve com você?

A sala ficou em silêncio com olhares tanto para Deba quanto para o sueco.

– Não foi nada Shion.

– Como nada? Seu rosto está roxo!

Deba não conteve o sorriso.

– Não se preocupe, mestre.

– Pois trate de contar o que aconteceu! Pelas marcas foram socos!

– Não houve nada Shion. - disse Dohko, querendo não aumentar ainda mais a confusão. - está tudo resolvido. Já cuidei de tudo.

O ariano o fitou não muito convencido, mas preferiu acatar, teria tempo para descobrir o que tinha acontecido. O assunto foi encerrado por vozes femininas. Quem abriu a porta foi Paula, intitulada primeira dama.

– Boa noite. - disse a todos.

– Boa noite. - responderam todos e Shion com um sorriso nos lábios que não passou despercebido por ela.

Paula fitou Jules, sem entender o que ela estava fazendo ali. A paraense não teve dúvidas ao sentar ao lado de Shion. Ele estava lindo com os cabelos presos.

– Oi. - disse baixinho.

– Oi. - sorriu. Dohko só bicava a troca de sorrisos.

As próximas a entrarem foram Marcela e Heluane. A fluminense olhou todo recinto, certificando-se que Mask não estava lá. Suspirou aliviada, mas diante dos olhares dos golds preferiu sentar perto da cadeira destinada a Saori, Marcela sentou do lado, pois não queria ver a cara de Miro, que por sua vez a fitou ferino.

Em seguida entraram Sheila, Fernando e Julia. Os três deram boa noite, continuando o assunto. Sheila sentou de frente para Miro, Fernando de frente para Aiolos e Julia de frente para Shura.

O sagitariano trazia um olhar sério, ao ver Sheila e o brasileiro num animado papo, outra que ficou incomodada foi Marin, não imaginou que ele pudesse ser tão amigo de Sheila. A paulista sequer olhou para Aiolos e Fernando queria cumprimentar Marin, mas achou melhor não, pois Aioria estava presente. Ao sentar Julia deu um grande sorriso para Afrodite ficando com dó pelo rosto machucado. Ele retribuiu com uma piscadinha. Shura a encarava fixamente, mas a paulista simplesmente o ignorou.

Ester e Mabel entraram e a tensão na sala aumentou. A carioca sentou de frente para Mu dando-lhe um sorriso, o cavaleiro retribuiu. Mabel franziu a testa ao ver Deba ao lado do ariano, não sentaria ali, procurou com os olhos onde estava Afrodite, para também não sentar perto. Sentou de frente para Aioria e aquilo foi um balde de água fria para o taurino, era um sinal claro que Mabel ainda estava com raiva dele e possivelmente nem o perdoaria. Afrodite também ficou ressabiado por ela não sentar perto dele, mas estava disposto a tentar mais uma vez. Mabel era uma mulher que valia a pena investir.

Rodrigo e Cris entraram e só por ver os dois juntos o olhar de Saga estreitou. O baiano procurou por um lugar que fosse próximo a Atena e o único disponível era entre Marin e Mu. A mineira sentou de frente para Aldebaran causando estranheza em todos, já que era meio declarado - declaração esta feita por Jules. - que ela gostava do geminiano. Kanon franziu o cenho, prevendo um novo surto de humor do irmão, ele por sua vez trazia o olhar frio.

A base de risos Isa entrou, na companhia de Gabe, Suellen e Juliana. E os olhares foram inevitáveis. Juliana ficou roxa de vergonha, ao ser vista com um kimono rosa com estampa floral, um obi preto também com estampas e o cabelo preso por um bonito prendedor feito de flores.

Shaka trazia os olhos abertos e a bochecha levemente corada, pois estava admirado pelo jeito que ela estava vestida.

– Minha sakura está linda! - disse Dite.

– Obrigada...

– Não sei o que apostaram com você, mas foi uma boa aposta. - disse Miro. - está bonita.

– Obrigada... - ficou ainda mais vermelha.

Um sorriso brotou nos lábios de Shaka, acabara de ter uma boa ideia.

– Está linda Ju, - disse Dohko. - mas se fosse com roupas chinesas estaria ainda mais. Vou providenciar uma.

O sorriso de Shaka morreu, ao escutar o comentário do vizinho libriano. Ele não estava com Jules? Por que ficava tecendo elogios a ela? Será que ele queria ficar com as duas??

– Vou adorar Dohko. - puxou a cadeira de frente ao virginiano, mas não ousou olha-lo.

Isa sentou-se de frente para Kamus, os dois apenas sorriram.

Gabe olhou para Mabel sentada em seu "lugar" e Cris no "lugar" de Mabel. Suellen rapidamente pegou o seu de frente para o marina. Sem opção sentou ao lado de Cris. Ela não olhou para Aioria que por sua vez acompanhou todos os seus movimentos.

– Não quer trocar de lugar? - cochichou a mineira.

– Não.

– Está bem... - murmurou percebendo que era briguinha de casal, pois o lugar vago era de frente para Saga.

– Desculpem o atraso. - Saori surgiu na porta. - tive que atender uma ligação.

– Tudo bem Atena. - respondeu Mu por todos.

Rodrigo a fitou de cima abaixo. Saori estava linda. E os lábios vermelhos estavam tentadores. Será que ela ia sair depois do jantar?

A deusa tomou o seu lugar, lançando um pequeno sorriso para o baiano, contudo sua atenção foi chamada pelos hematomas no rosto de Afrodite.

– O que houve com o seu rosto??

– Nada Atena. - deu um sorriso amarelo. - não se preocupe.

– Ok... - disse não muito convencida. - podem servir o jantar.

E ele iniciou em silêncio por parte dos cavaleiros, até que Dohko pediu a atenção.

– Só um minuto de atenção. - todos olharam para ele. - Heluane, - a brasileira o fitou. - espero que aceite o pedido de desculpas de nós cavaleiros de ouro pelo comportamento do Giovanni. Não foi uma atitude digna. Peço desculpas em nome de todos.

Todos os olhares foram para a fluminense que ficou corada.

– Tudo bem Dohko. Já passou... águas passadas.

O libriano sorriu.

Voltaram a comer num profundo silêncio, Rodrigo resolveu quebra-lo.

– Vai ao Brasil ano que vem Deba? - inclinou o rosto para frente. - ver a copa?

– Claro! - a cara amarrada sumiu. - não perderia de jeito nenhum, já até pedi minhas férias.

– Vai para ver a Fúria atropelar vocês. - Shura deu um sorrisinho.

– Vai achando! - disse o brasileiro. - vocês ganharam aquela vez por sorte.

– A França que será campeã. - Kamus sorriu.

– Tenho pena de vocês. - Deba fitou os dois. - seremos hexa!

– Eu vou torcer pelo Brasil. - disse Dohko.

– Obrigado pelo apoio.

– A Grécia que será campeã. - disse Miro.

Shura, Kamus e Deba começaram a rir.

– Gostei da piada. - disse o espanhol. - será milagre se passarem pelas eliminatórias. A seleção grega não chega aos pés da minha Fúria!

Julia não deixou de ficar surpresa, o Shura que estava na sua frente estava bem diferente.

– Quer apostar? - fitou Miro.

– Não, sei que vou perder mesmo.

– Pois eu aposto. - disse Deba. - se a Fúria levar visto a camisa e saio gritando "Espanha" pelo santuário todo. Agora se a Canarinho levar você que vai vestir.

– Combinado. - Shura levantou indo para perto do taurino. - aceito o desafio.

Deram as mãos.

– Já começou perdendo nessa mesa. Dezessete pessoas torcem pelo Brasil.

– Dezoito. - disse Aiolos.

– Dezenove. - Mu manifestou.

– Vinte. - disse Atena, causando surpresa pela manifestação. - Apesar de ser grega e criada no Japão, convenhamos que o Brasil é melhor...

– Não se esqueçam da Itália. - disse Dite. - Mask vai querer apostar com vocês.

– Só tem ele para torcer pela Itália.

– Bom... - disse Cris. - eu também torço pela Itália, claro que entre Brasil e Itália, o Brasil ganha, mas...

– Eu também! - Julia levantou a mão.

– Idem. - Isa nem olhou para Kamus.

– Posso saber qual motivo? - Deba as fitou. – vira folha.

– Motivos femininos. - disse Marcela. - acho que não vai querer saber. - sorriu.

As meninas concordaram.

– É porque elas acham os jogadores bonitos Deba. - disse Fernando. - tudo vendidas por causa de um par de pernas.

– Belos pares de pernas Fernando. - Sheila o fitou de rabo de olho.

– Seleção italiana é sem comentários. - disse Cris, sem perceber o olhar assassino que Saga lhe dirigia.

– Completamente sem comentários. - Helu deu um sorrisinho.

– Podíamos arrumar uns telões para assistir. - disse Dohko. - como fizemos em 2002.

– Pode deixar que providenciarei Dohko. - Atena sorriu lembrando-se das copas de 2002, 2006 e a de 2010, nunca vira Deba, Giovanni e Shura gritarem tanto. - concorda Shion?

O ariano franziu o cenho, já estava imaginando a algazarra...

– Sem problema. - só restava aceitar.

– Podem montar na minha casa. - Miro manifestou. - como foi a de 2002. Aquela foi boa... - sorriu ao se lembrar.

– Foi a primeira com todo mundo junto, depois que fomos revividos. - disse Dite. - todo mundo mesmo.

– Sei que o assunto não tem nada haver, mas aproveitando que falavam sobre a guerra de Hades e antes que a barreira abra...

Tudo que se viu foram as meninas, Fernando, Mu e Deba baterem na madeira. A cena chegou a ser cômica. Os demais fitaram sem entender nada.

– No Brasil, quando se diz algo que não quer que aconteça batemos três vezes na madeira para isolar. - Deba explicou para os amigos. - superstição.

– E por que você bateu? - indagou Aioria olhando para Mu.

– Mania adquirida. - respondeu o ariano.

– Bom... então, já devo ter falado isso várias vezes, o quanto admiro vocês, todos. - olhou para Saga. - mas tem uma passagem que me fez admirar ainda mais, principalmente você Dohko.

– Eu? - o chinês o fitou intrigado.

– Sim, sua fala no muro. Encorajando os bronze a continuarem e sem temer a morte e o Aiolos quando diz "vão cavaleiros da esperança, deixamos Atena em suas mãos."

– A música que colocaram me fez abrir a boca para chorar. - disse Gabe.

– Atena, ainda bem que os trouxe de volta, - Su a fitou. - seria muita sacanagem eles morrerem.

– Eu sei. - a deusa os fitou sorrindo. - como eu sei.

– Pelo menos uma vez - iniciou Fernando.

– ...pelo menos uma vez... - disse Helu.

– ... deixe me dizer... - foi a vez de Paula.

– ... ouçam com atenção... - a vez passou para Juliana.

– ... jovens cavaleiros de bronze... - disse Sheila.

– ... pelo amor na Terra...– a voz do tablet de Ester ecoou.

– ... e pela justiça... - Isabel.

– ... estamos indo... - Cris.

– ... concentrando toda nossa vida... - Jules

– ... e espírito. - Mabel.

– ...queime agora nossos cosmos dourados. - Gabe.

– ... Atena! - Sheila

–... mostre-nos um raio de luz... - Julia

– ... nesse mundo de trevas. - Marcela.

Atena e Marin traziam os olhos arregalados. Com os cavaleiros mais Shion não era diferente.

– Sabem nossa fala de cor? - Shaka franziu o cenho.

– Para verem se tocam quando dissemos que gostamos de vocês. - disse Helu dando uma olhada para Shura, compartilhando o pensamento de todas.

– Agradeço de coração. - Dohko estava até emocionado. - esse carinho faz nossa caminhada mais leve. - o libriano sorriu para Jules.

– Nunca se esqueçam que são os nobres cavaleiros de Atena. - disse Rodrigo.

Atena estava satisfeita, aquele carinho que os brasileiros sentiam por seus cavaleiros, aliviava as angustias que eles sentiam. Suas pernas começaram a doer, mas cada dor valia muito a pena. Tinha seus santos de volta e aquilo servia como bálsamo.

– Obrigada Rodrigo.

– De nada. - sorriu.- "não é só eles que admiro..."

Ela devolveu o sorriso, o que não passou despercebido por Dite, para os demais poderia ser apenas um sorriso cortês, para o experimente pisciano aquilo significava muito mais.

Shura se lembrou das palavras ditas aos companheiros dias atrás, será que realmente elas os admiravam tanto? Fitou Julia. Ela realmente sentia aquilo por ele?

O jantar caminhava para o fim.

Marin pensando nas palavras de Rodrigo brincava com seu pingente.

– Que peça bonita Marin. - disse Atena.

A amazona segurou o pingente para que a deusa não visse a letra, mas era tarde demais.

– Deixe-me ver.

Sem alternativa Marin a mostrou, chamando a atenção de todos.

– É lindo. - tocou no objeto. - oricalco?

– Sim... - murmurou.

Aioria ficou com o rosto tenso.

– Aioria que me pediu Atena. - disse Mu sem perceber o estrago que faria.

– Você também tem? - a deusa fitou o leonino.

– Sim.

O grego mostrou a letra "M" e rapidamente todos ali deduziram o que significava. Fernando abaixou o rosto enquanto Gabe deu um sorriso nervoso.

– Quando pretendiam me contar? - indagou a deusa de maneira divertida.

Houve silêncio por parte dos dois, Marin trazia o olhar fixo para a mesa.

– Em Aioria? - Atena pensou que o silêncio fosse por conta da timidez.

– Depois da indicação de Aiolos. - o grego disse por fim, mas sem olhar Gabe.

– Então vão se casar mesmo? - estava animada.

Novo silêncio. Aiolos estava com a expressão séria e olhar concentrado no prato a frente. Marin queria sumir. Não que o comunicado fosse impertinente, mas não queria que fosse na frente de Fernando. Ela ergueu um pouco o olhar para o mineiro que não a fitou. Por sua vez Gabe lutava para não derramar alguma lágrima.

– Não sejam tímidos! Para quando é a união?

– Ainda não temos uma data... - murmurou o leonino. - precisamos primeiro da aceitação de Shion e da sua benção Atena.

– Pois tem a minha total benção! Quero que sejam muito felizes, não é Shion?

O grande mestre estava com o rosto circunspeto. Paula o fitava de rabo de olho.

– Aprovo. - disse com a voz firme.

– Então teremos um casamento! - Atena estava muito animada, pois era uma grande etapa na vida de seus cavaleiros. Era sinal de paz.

Contrastando com a felicidade da deusa, Marin e Aioria traziam a expressão que beirava a frustração. Afrodite como bom observador, notou isso e estranhou. A relação deles era de anos e nada mais certo que tivessem felizes com o aval de Atena, mas por que estavam tristes? Seu olhar acompanhou o olhar de Marin que dirigiu-se a Fernando.

– "Será que...?" - notou também as rápidas olhadas de Aioria para Gabe. Seria possível que... - temos que pensar nos padrinhos. Se as meninas ainda estiverem aqui, penso que no caso do Aioria poderia ser... - fingiu olhar para todas. - Gabrielle e Fernando.

Os brasileiros arregalaram os olhos. Enquanto Aioria e Marin ficaram pálidos.

– Eu? - Gabe gaguejou.

– Claro. Para Marin, Miro e Shina.

Marcela arqueou a sobrancelha.

– A Shina não vai me querer. - disse Miro.

– Claro, depois que aprontou. - disse Deba.

– Eu não fiz nada.

Marcela lançou um olhar ferino para Miro. Que história era aquela de um lance entre ele e Shina?

Sem saber dos objetivos de Afrodite, Aiolos resolveu aprofundar o assunto.

– Concordo com o Dite. - disse. - nada mais justo que um dos nossos "fãs" sejam padrinhos. - sorriu. - voto na Gabe e no Fernando.

– Não haverá cerimônia Aiolos... - Aioria queria desviar o assunto.

– Claro que terá. - Atena o fitou. - e gostei da sugestão. - disse apenas para não desanimar o casal de padrinhos, pois nessa data até poderiam ter ido embora. - faça o pedido Aioria.

– O que? - praticamente berrou.

– Não precisa Atena... - a voz de Marin saiu num fiapo.

– O pedido de casamento.

Aioria engoliu a seco. Não queria que aquele assunto tivesse surgido, ainda mais na frente de Gabe. Ele a fitou, ela fitava algo qualquer, mas ele sabia que ela estava chateada e com toda razão.

Mesmo não estando sentado perto, Dite podia notar apreensão no rosto do grego, era um claro sinal que aquele casamento não iria se realizar. Ele passou a observar Marin. Em outras épocas ela daria pulos de felicidade, pois Aioria era seu amor de adolescência, mas naquele momento, mais parecia que era um casamento de conveniência do que de amor.

Fernando fingia brincar com um garfo. Novamente sonhara alto demais e agora o corpo chocava-se violentamente no chão. Marin sempre foi de Aioria e nunca seria dele.

– Vamos Aioria, faça o pedido. - disse Dohko entusiasmado.

As meninas e Rodrigo que sabiam da história continuaram em silêncio.

– Já que quer se enforcar diga logo. - Kanon deu um tapinha nas costas dele.

Aioria respirou fundo. Projetou o corpo para frente a fim de visualizar a namorada.

– Marin. - a voz saiu curta.

A amazona sentiu o peso da voz, tentava se controlar para não derramar lágrimas. Estava tão dividida! Notou que todos a olhavam e com isso teve que ao menos olhar para o cavaleiro.

– Sim...

– Você... - as palavras simplesmente fugiram, ainda mais que percebeu o olhar de Gabe sobre si. - aceita...

– Fala logo Aioria! - exclamou Deba.

– Não o apresse. - disse Dite sério. - é um momento importante e é preciso que ele perceba a responsabilidade que terá, ao fazer o pedido.

Aioria sentiu a garganta seca ao ouvir isso. Ele abaixou o rosto, tentando arranjar coragem. Quando ergueu o rosto deparou com Gabe o fitando. Pelo olhar dela, sabia o quanto ela estava decepcionada com ele.

– Vamos Aioria. - deu um sorriso.

O cavaleiro sentiu um aperto no peito e por mais forte que fosse tinha certeza que os olhos não demorariam a marejar.

– Aceita casar comigo Marin? - as palavras foram praticamente cuspidas e com o olhar fixo em Gabe.

As atenções foram para a amazona. Ela encolheu na cadeira, mas as íris azuis fitaram Fernando. Sentia-se mal por está enganando os dois. Não poderia casar com Aioria, mas também não poderia ficar com Fernando.

– Eu... - " a vida das amazonas é repleta de renuncias Marin, não se esqueça disso..."– lembrou-se das palavras de sua mestre. - eu... - ergueu o rosto. - aceito.

O fitou. Aioria derramou uma lágrima ao escutar o "sim", Gabe não passaria agora de um sonho. Marin também derramou algumas lágrimas. Os que nada compreendiam achavam que era apenas pelo momento emocionante, mas os brasileiros e Gustavv sabiam da gravidade da situação.

– Uma semana depois da cerimônia, farei a celebração do casamento de vocês. - Atena estava feliz.

– Obrigada Atena. - disse a amazona não querendo tirar a alegria da deusa.

– Desculpe sair assim, logo agora, - ela levantou, para em seguida voltar a sentar, devido a uma dor na perna. - mas amanha tenho muitas coisas da empresa para cuidar. - levantou, tentando ser o mais forte possível para não mancar perto dos seus santos.

– Tenha uma boa noite Atena. - disse Shaka por todos.

– Obrigada. Boa noite a todos.

Felizmente conseguiu sair sem sentir nada.

– Tem água aqui? - indagou Rodrigo procurando por uma jarra.

– Na cozinha. - disse Mu.

– Posso ir lá Shion?

– Fique a vontade.

O baiano não levantou de forma afobada para não levantar suspeitas, mas as meninas sabiam muito bem para onde ele ia.

Fechou a porta da sala de jantar com cuidado, mas a tempo de ver Saori ainda nos primeiros degraus da escada que levavam aos quartos.

A deusa firmava no corrimão para ter força para levantar as pernas. Há cinco minutos estavam bem e agora sentia dores horríveis. A última fincada foi tão forte que só não foi ao chão porque sentiu um par de braços a amparando.

– Rodrigo...?

– Não se esforce tanto.

– Estou bem...

– Espero que não fique brava.

Surpreendendo-a ele a carregou no colo.

– Ro-drigo??

– Te dou uma carona. - sorriu.

Do primeiro andar até o segundo o trajeto foi feito em silêncio. Saori estava com as bochechas rosadas, pois a única pessoa que a segurava daquele jeito era Seiya e em momentos tensos. Olhou para o rosto do baiano e depois para os braços dele. Não podia negar que estava gostando, sentia-se protegida.

– Como faz quando está no meio de uma reunião?

– Minha secretária. Temos um código, ela faz uma ligação para o meu celular, como digo que é importante saio para atender.

– E quando não dá?

– Suporto a dor.

Chegaram ao primeiro andar.

– Rodrigo pode me colocar no chão, ainda tem muita escada pela frente.

– De maneira alguma. - a fitou. - você é leve.

Continuaram a subir até o andar onde ficava os aposentos de Shion. Durante o trajeto os dois mergulharam em seus pensamentos. Rodrigo arquitetava um plano para aproximar mais de Atena. Sentiu que a deusa era um ponto a ser vencido.

A expressão de Saori aos poucos foi tornando-se mais séria. As palavras de Afrodite martelavam em sua mente, será que ele só estava interessado no seu lado mortal?

– Rodrigo.

– Sim?

– Você tem receio da Atena? - indagou tentando usar o timbre de voz de Saori, o que funcionou.

– Um pouco.

– Por quê?

– Ela é uma deusa.

– Só pelo fato dela ser uma deusa?

– Isso pesa neh? Você é linda, decidida, uma herdeira rica e ainda uma deusa, isso intimida qualquer homem.

– Sente assim? - ficou surpresa pela confissão.

– Sinto. Sabe aquela expressão: "muito areia para o meu caminhãozinho"? Tipo isso.

Ao passar pela porta de Shion, Rodrigo notou que as escadas ficaram diferentes, com exceção dos degraus feitos em mármore branco. O corrimão era de vidro com hastes em dourado. A escada tinha o formato oval e bem no meio dela, no alto um enorme lustre de cristal. Quando chegou ao cômodo abria-se num vão, tendo uma pequena sala de estar, mas ricamente decorada e um piano de armário num canto. Na parede de frente para a porta uma estátua em tamanho real de Palas Atena.

O esquema seguia como do Shion, porem em proporções maiores.

– Seu quarto é do tamanho da minha casa!

– Não exagera. - sorriu.

– Sério!

– Não quer ver a varanda?

– Quero.

– Segunda porta a esquerda.

Ainda com Saori nos braços, Rodrigo dirigiu-se para a varanda, quando a grega acendeu a luz...

– Uau...

A varanda deveria ocupar a parte toda de trás do templo. Do meio dela até o final o teto era solar. Duas enormes colunas faziam o papel de sustentar o teto coberto. Rodrigo levou a deusa até um divã, deitando-a de forma delicada, voltando o olhar para a estátua da deusa iluminada pela lua cheia. A varanda dava de frente para o colo, ombros e cabeça da peça de mármore. Se a noite a estátua era linda, iluminada pelos raios solares deveria ser ainda mais.

– É magnífica Saori. - analisava os detalhes do elmo. Deu alguns passos debruçando na proteção feita de mármore. Viu a estátua de Niké. - o escultor foi perfeito.

– Papoleu foi um grande homem.

– Foi quem fez?

– Sim, queria uma estatua e ele era um mortal bastante conhecido dos deuses.

– É a original?

– É. Na era mitológica, o santuário era aberto a pessoas comum, com o tempo foi necessário esconde-lo, desde então a estatua está oculta.

– Realmente digno de uma deusa. - voltou o olhar para ela. Saori estava linda naquela roupa. - Você toma remédios para dor?

– Anti inflamatórios. Meu escritório fica do lado dessa porta. Primeira gaveta da mesa tem um vidrinho marrom.

– E água?

– Tem um frigobar na última porta da estante.

– Não demoro.

Seguindo as orientações, o brasileiro entrou no escritório, ficando impressionado com o requinte do lugar.

Das quatro paredes, duas estavam tomadas por estantes repletas de livros, a outra por uma enorme janela de vidro adornada por um cortina de linho. Um carpete claro cobria todo o chão.

– Poxa... a mulher é rica mesmo...

Rodrigo aproximou da mesa, que parecia ter saído de algum palácio europeu e como indicado abriu a gaveta e depois o frigobar que ficava escondido sobre uma porta de madeira entalhada. Voltou para a varanda.

Saori pegou dois comprimidos e bebeu a água.

– Esse remédio vai aliviar a dor?

– Um pouco. Os "ferimentos" de Hades são muito além do físico.

– Entendo. Bom... vou te deixar descansar.

– Fica. - pediu com o rosto em brasas. - se não estiver cansado é claro.

– Não estou. - sorriu.

O.o.O.o.O

Na sala de jantar Mu e Miro davam os parabéns a Aioria. As meninas continuaram caladas em solidariedade a Gabe.

Paula acompanhava as felicitações quando sentiu alguém segurando sua mão. Ela abaixou o olhar, vendo que era Shion.

O ariano não a olhou, mas ela pode notar um leve sorriso nos lábios dele. Em resposta a paraense apertou os dedos longos do grande mestre.

Ao sentir o toque de Paula, segurou-se para não sorrir, a mão dela era tão pequena e delicada que a envolveu por completo.

– Isso merece uma comemoração. - disse Kanon.

Marin soltou um suspiro, não queria comemorar. Não tinha nada para comemorar.

– Kamus tem alguns vinhos. - Miro fitou o francês. - E Dite tem champanhe.

– Ótimo! - exclamou Kanon. - podemos Shion?

Todos os olhares dirigiram para ele, que continuou o semblante sério, apesar de ainda está segurando a mão da Paula.

– Que não seja aqui dentro e sem algazarras. Eu já vou indo. - soltou da mão dela lançando um olhar afetuoso. - boa noite a todos.

– Boa noite mestre. - disse Mu.

– Ah, estava me esquecendo... treino amanhã as sete. - sorriu. - boa noite. - saiu.

– Sabia! Liberou fácil demais. - murmurou Miro.

– Cavaleiros... - chamou Marin. - sei que querem comemorar, mas importa-se se eu não participar?

– Por quê? - estranhou Aiolos.

– Estou cansada e amanhã terei muitos afazeres, pois a cerimônia se aproxima. Prometo no dia do casamento beber com vocês. - era uma desculpa.

Aioria ficou em silêncio, no fundo achando bom, pois não queria comemorar e para não deixar Marin triste, participaria mesmo obrigado.

– Tudo bem Marin, não vai faltar oportunidade. - disse Dite.

– Sendo assim... - levantou. - boa noite a todos. - para não pegar mal noiva não se despedir do noivo, a amazona deu um beijo na testa do leonino, saindo em seguida.

– Vou pegar os champanhes. - Dite levantou, saindo rapidamente.

O pisciano conseguiu alcançar a amazona.

– Marin.

– Dite?

– Preciso conversar com você.

– Tudo bem.

– Não aqui. Venha.

O pisciano a levou para fora, enquanto isso na sala de jantar...

– É uma pena Marin não ficar... - murmurou Kanon. - vamos Kamus traga o vinho.

– Como se fosse beber. - disse Saga.

– Claro que vou.

– Nós vamos Kanon. - disse Cris. - ao menos uma taça de vinho.

Saga fechou a cara.

– Isa e Julia, podem ir comigo buscar os copos? - Miro levantou.

– Claro. - respondeu as duas.

Kamus olhou de rabo de olho para o grego.

Fernando não estava a fim de comemorar nada.

– Sheila vou subir. - disse baixo.

– De jeito nenhum, vai fazer companhia para mim.

– Sinceramente não estou a fim se é que me entende.

– Entendo não, vai beber para esquecer.

– Ok...

Aiolos observava os dois.

Suellen tocou no ombro de Gabe.

– Tudo bem? - indagou baixo.

– Está sim Su. Isso ia acontecer a qualquer hora. - esboçou um sorriso.

– Então vamos beber! - exclamou Marcela.

Kamus levantou para ir até sua casa buscar os vinhos. Shura foi com ele para ajudar a carregar o balde de gelo. Apesar de não beber, ficaria com o grupo, pois era uma comemoração por Aioria. Depois de tudo que o grego sofreu, por uma parcela de culpa dele, nada mais correto que brindar a alegria do leonino.

Aiolos puxou a fila, sendo acompanhado por Aioria, Dohko, Jules, Mu, Ester, Kanon, Suellen e Gabe. O leonino esperou Gabe sair para ir atrás. Fernando, Sheila, Paula, Heluane e Marcela saíram juntos. Mabel aproveitou o momento ficando entre Helu e Marcela. Deba a fitava fixamente, mas a brasileira não deu bola. Com a cara amarrada seguiu atrás do grupo.

Cris e Juliana ficaram para a trás. A oriental começou a juntar os pratos e talheres, sobre o olhar atento de Shaka.

– Pode deixar Ju, vai sujar sua roupa.

– Não tem problema.

– Tem sim. Pode ir.

– Eu vou trocar essa roupa, estou morrendo de calor.

– Vou te esperar aqui.

Ju saiu e nem um minuto depois Shaka foi atrás. No recinto apenas a mineira e Saga.

O grego levantou passando a ajuda-la, contudo hora alguma Cris o fitou.

– Vai continuar me ignorando?

– Não estou ignorando. - continuou os afazeres sem fita-lo.

– Está sim.

Saga deu a volta na mesa parando na frente dela.

– O que você quer Saga? - indagou entediada.

– Conversar.

– Já falamos tudo. - o olhou. - quer dar licença?

Ele deu passagem. Cris continuou, até juntar todos os pratos e talheres num canto da mesa.

– Agora que acabou podemos conversar?

– Não sei para que. Não temos nada a dizer um ao outro. Agora se me der licença...

– Não dou. - segurou no braço dela. - não até me escutar.

– Fale.

O cavaleiro ficou em silêncio. Tinha ensaiado todo um discurso, mas na hora "h" as palavras sumiram. Cris ficou olhando para ele a espera das frases.

– Fale Saga.

Ele a soltou, diria o quê para ela? Para se manter afastada? Cris já estava fazendo isso e deveria ficar contente, mas não estava. Ainda estava com muita raiva dela e de Rodrigo.

– Se não vai falar tenho mais o que fazer. Fui.

Deixou-o sozinho.

O.o.O.o.O

Rodrigo puxou uma cadeira sentando ao lado de Atena.

– Eu fiquei muito feliz pelo que disse a Dohko.

– É a pura verdade. O que ele fez por você em Hades me fez admira-lo ainda mais.

– Gosta mesmo de nós. - o fitou divertida.

– Muito, principalmente de você.

Atena desviou o olhar envergonhada. O baiano resolveu mudar de assunto.

– Como vai a Mitsui?

– Vai bem. - escorou para sentar.

– Não se esforce Saori, - a ajudou - a dor passou?

– Um pouco. Daqui a pouco melhora.

Ela ergueu o rosto ficando frente a frente com o rosto do brasileiro.

– Vou ficar aqui até a dor passar. - disse, afastando, pois se continuasse tão perto não conseguiria se controlar.

– A crise nos EUA afetou um pouco, - voltou o assunto anterior para não pensar no quase beijo. - mas estamos conseguindo se recuperar.

– Você é competente, não tem como dar errado.

– Obrigada. - ela desviou o olhar para o braço dele, vendo o relógio. - gostou mesmo. - apontou.

– Muito, ele é muito bonito. Não precisava, mas obrigado.

– Você merece.

– Como é o Olimpo Saori?

– É lugar bonito, com sol o ano inteiro. Tem inúmeras moradas e...

Atena começou a contar todas as maravilhas que o Olimpo possuía, Rodrigo ouvia com atenção.

O.o.O.o.O

Afrodite conduziu a amazona até ao pequeno templo que ficava nas cercanias do templo principal.

– Algum problema com o santuário Dite?

– Não, o problema é com você.

– Comigo?

– Diga-me Marin, quer realmente casar com Aioria?

A amazona arregalou os olhos.

– Claro que sim.

– Fale a verdade Marin. - disse seco.

– Afrodite...

– Vamos Marin, fale. - o tom era intimidador, mas Dite sabia que se não fosse assim, Marin não falaria.

Os olhos da amazona encherem de água e ele arrependeu-se um pouco. Em segundos, a amazona explodiu em lágrimas abraçada a ele.

– Eu não sei... eu não sei...

– Marin... - acariciava as madeixas ruivas. - o que aconteceu minha pequena? Vem.

Ele a levou para a casa de Peixes, chegando lá deu lhe um copo de água com açúcar.

– Agora me conte tudo.

A japonesa relatou tudo, desde os últimos dias da sua relação com o leonino até o beijo que Fernando havia lhe dado. Afrodite escutava com atenção.

– Estou dividida Dite... eu amo o Aioria, mas...

– Gosta também do brasileiro.

– Sim... Aioria não merece uma traição dessa...

– Mesmo dividida ainda quer casar?

– É com Aioria que tenho que ficar.

– Você não tem que ficar com o Aioria. Isso não é uma obrigação.

– Mas...

– É da sua vida que estamos falando Marin, ficar com Aioria ou não é opção, não um dever.

– Mas não posso jogar tudo por alto Gustavv. Fernando vai voltar para o Brasil...

– Não estou dizendo que tem que trocar o certo pelo duvidoso, estou dizendo que tem que decidir o que será bom para você. Seja com Aioria ou com Fernando.

– E o que eu faço?

– Pense bastante. Ainda tem tempo antes da cerimônia acontecer. Se não quiser ficar com Aioria explique a eles os motivos. Ele vai ficar triste, mas vai superar. "Até porque tenho desconfianças..." - pensou. - fique aqui. Aioria não vai te encontra-la.

– Posso?

– Claro querida. O quarto de hospedes está arrumado. Vou levar as bebidas, prometo não demorar.

– Obrigada Dite. - o abraçou. - obrigada.

O.o.O.o.O

Isa, Julia e Miro seguiram para cozinha, numa conversa animada, também dois de escorpião e uma aquariana, não tinha como dar errado.

– Sei que guardam os copos naquele armário branco. - disse o grego.

– Está sabendo muito bem hein, Miro? - Julia abriu o armário, vendo pequenas taças.

– Eu já peguei a serva que cuida dessa parte. - sorriu.

– Você já ficou com a Shina? - indagou Isa.

– Já. - o escorpião deu uma piscadinha. - ninguém resiste aos meus encantos, Isa.

– Eu resisto.

– Só não te provo o contrario, pois tenho medo de morrer congelado.

– Kamus não faria isso.

– Não queira vê-lo ciumento. - disse sério.

Isa franziu o cenho. Kamus nunca fez nada que pudesse demonstrar que sentia ciúmes.

– Pegou os copos Ju?

– Peguei Miro.

– Cada um leva um tanto. Hoje vou tomar todas!

– Não vai ficar um bêbado chato. - brincou Julia.

– Não fico bêbado, eu apago antes e essa é a ideia. Vamos?

O.o.O.o.O

Juliana segurou a barra do kimono para subir as escadas. Colocaria-o no fundo da mala para que as meninas não inventassem de manda-la usar outra vez. A brasileira deu um impulso para frente quando sentiu seu braço retido. Ao virar para trás deparou-se com Shaka.

– Sha-ka?! - exclamou assustada.

– Desculpe. - a soltou. O cavaleiro a fitou de cima abaixo, alias durante todo o jantar, não parou de olha-la, pois estava linda.

– Aconteceu alguma coisa? - por que ele estava ali.

– Não.

– Não vai beber com os outros?

– Eu não bebo.

– Ah...

Seguiu alguns minutos em silencio, com Juliana sem entender o que Shaka fazia ali.

– Eu vou trocar de roupa... - disse para ver se ele falava algo.

– Posso ir junto? - indagou, pois queria ficar mais um tempo com ela e analisar suas reações.

– Co-mo?

– Te esperar, até trocar de roupa.

Juliana piscou algumas vezes para ver se compreendia.

– Tu-do bem...

Os dois subiram em silêncio. Juliana entrou em seu quarto e Shaka foi atrás, deixando-a nervosa. Será que ele planejava alguma vingança pelos beijos e o "empregado"?

– Posso sentar? - apontou para uma cadeira.

– Fica a vontade... não demoro.

Pegou sua roupa e trancou-se no banheiro.

O.o.O.o.O

O local escolhido era o jardim de rosas que ficava ao lado do antigo alojamento das sacerdotisas. Gabe não se sentiu a vontade ali. Foram para a área mais interna onde havia uma pequena fonte e vários bancos. A noite clara e o céu cravejado de estrelas colaboravam com o cenário. A temperatura estava na medida certa e as luzes de Athenas contribuíam para o charme do local.

Afrodite não demorou com as bebidas, assim como Kamus e Shura. Minutos depois Miro, Isa e Julia chegaram com os copos.

– Poderia ter uns tira gostos também. - reclamou Kanon.

– Acabou de jantar. - disse Suellen. - tem fundo não?

– Olha o meu tamanho!

– Isso é gulodice!

De longe Mu, Dohko e Dite observavam.

– Depois fala que é só amigo. - comentou o ariano. - é um casal.

– Vou servir. - Dite abriu uma garrafa de champanhe. - Shura me ajude com o vinho.

Helu, Sheila, Marcela, Paula e Fernando fizeram uma roda. Isa passou distribuindo os copos e Shura foi servi-los. Ao se verem sozinhos brindaram.

– O vinho está muito bom. - Paula virou de uma vez. - mas vou cuidar dos meus interesses.

– Aonde vai? - indagou Fernando.

– No segundo andar. Se Shion estiver dormindo eu volto.

– Vai lá Paula. Faça a pipa do vovô subir. - brincou Marcela.

A paraense saiu de mansinho.

Afrodite aproximou-se de Ester e Mabel. O taurino num canto observava friamente.

– Champanhe meninas?

Eu quero. - Ester estendeu o braço.

Enquanto ela era servida...

– Me desculpe Mabel. - pediu. - minha atitude não foi correta.

– Tudo bem Dite.

– Champanhe?

– É champanhe mesmo ou sidra?

– Champanhe.

– Então vou querer, nunca bebi champanhe da legítima. - riu.

Afrodite devolveu o sorriso.

– Beba o quanto quiser.

– Mas aí vou ficar bêbada.

– Te levo para casa. - deu um sorriso dúbio.

Mabel ficou vermelha, enquanto Ester segurava para não rir.

– Volto depois. - saiu.

Ele gostou mesmo de você. - abaixou o som do tablet, para ninguém mais escutar.

– Está enganado, é só uma ilusão da parte dele.

Acho que não. E quanto ao Deba?

– Estou esperando ele vir pedir desculpas.

Taurinos são orgulhosos.

– Tanto quanto librianos. - devolveu o sorriso. - ele sabe que eu gosto dele, não sei por que fica assim.

Concorrência minha amiga, e concorrência forte! Afrodite é lindo e gentil.

– Bobo do Ricardo ficar com ciúmes.

E Aldebaran estava se roendo por dentro, principalmente depois de ver os sorrisos entre o pisciano e Mabel. Mu aproximou do amigo.

– Não vai falar com ela?

– Não. Eu não fiz nada.

– Como não fez nada? - o olhou incrédulo. - você que fez o espetáculo.

– Ela não tinha que dar trela para ele!

– Aldebaran de Zeus! Você fez a cena! O mínimo que pode fazer é pedir desculpas.

– Não peço. Ela que começou.

Mu abriu a boca para fechar, as vezes o amigo parecia um touro rabugento.

Isa colocava os copos que sobraram num canto do banco, quando sentiu uma sombra sobre si.

– Vinho? - a voz de Kamus soou fria.

– Por favor.

Enquanto ele enchia sua taça, Isa o fitava. Como aquele homem poderia ser tão lindo?

– É um dos seus vinhos especiais?

– Sim, mas essa garrafa é só nossa. Acha que daria uma das minhas melhores garrafas para eles? Não que Aioria não mereça, mas não sabem apreciar um bom vinho.

– Que coisa feia Kamus. - disse brincando. - vamos brindar o quê?

– A nós.

Numa rodinha Gabe, Jules, Suellen e Cris conversavam. Dite aproximou.

– E então meninas, champanhe?

– Claro. - Suellen mostrou o copo. - não é todo dia que se bebe isso.

O pisciano serviu a todas, deixando por último Gabe.

– Eu não bebo. - disse.

– Vai beber sim. - disse Jules. - você precisa esquecer e nada melhor que a bebida.

– Esquecer o que? - indagou o sueco.

– Do... - Jules estava prestes a dizer quando...

– Do vértice. - Cris adiantou. - ela não para de pensar sobre o vértice. Não queremos ir embora sabe? - sorriu.

– Entendo. - Dite não era bobo e pelo que pode pegar no jantar, deduziu que havia alguma coisa entre Gabe e Aioria. Só precisava perguntar a pessoa certa para confirmar.

Julia olhava as rosas do jardim, quando voltou-se deu de cara com Shura. Ele trazia duas garrafas nas mãos.

– Vinho ou champanhe?

– Vinho. - disse seca.

Shura dividia o olhar entre a taça e o rosto de Julia.

– Obrigada.

– Kamus tem boas garrafas.

– Já me disseram. - foi objetiva. - obrigada. - mostrou a taça e sem esperar alguma fala, saiu de perto dele.

O espanhol soltou um suspiro indo se juntar aos amigos.

Miro servia a Aiolos, Aioria, Dohko, Saga e Kanon.

– Melhora essa cara leão! - exclamou o grego. - parece que está num velório!

– Não me amole.

– Está triste assim porque a Marin não veio. - brincou Kanon.

– Não é nada disso. Me deixem em paz. - saiu pisando duro, levando uma garrafa.

– O que deu nele? - Dohko fitou Aiolos.

– Crise de adolescência. - sorriu.

O.o.O.o.O

Juliana não demorou muito e quando saiu Shaka continuava sentado esperando-a.

Ele a olhou de cima a baixo, dando um sorriso sem perceber.

– "O que deu nele?" - pensou a oriental. - vamos?

– Sim.

A brasileira caminhou em direção a porta, contudo Shaka, sendo mais rápido, parou diante do objeto de madeira. Ju estremeceu, pois achava que ele faria algo com ela.

– Está com medo de mim?

– Não...

O indiano fitou o rosto dela, parando nos lábios rosados. Depois calmamente levou a mão até o prendedor de flores, puxando-o. Os cabelos de Ju desceram suavemente.

– Gosto do seus cabelos soltos.

– Co-mo?

– É melhor irmos....

– Está bem...

Ele deu passagem. Seguiram em silêncio até o jardim.


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Notas finais do capítulo

O nome do escultor da estátua de Atena foi inventado.



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