A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 22
Desavenças




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Apesar dos protestos, Miro só soltou Marcela no sofá da oitava casa.

– SEU ESTUPIDO!!!

– Chame do que quiser. - parou diante dela cruzando os braços. - eu te proibido de chegar perto do Afrodite.

– Como??? Ficou louco??!!

– Mulher minha não frequenta a casa de Peixes.

A raiva de Marcela aumentou.

– Desde quando sou sua mulher?! Se enxerga Miro! Além do mais onde esteve a tarde toda? Aposto que se esfregando com alguma sirigaita!

– Não é da sua conta. - disse frio.

– Como não é da sua conta onde ando! E vou a casa do Dite quantas vezes quiser! Você não manda em mim!!! Seu escorpião estúpido!!

O cavaleiro andou lentamente até ela. O clima entre os dois mudou, sendo dois escorpiões, os ferroes estavam armados. Só restava saber quem daria o bote primeiro.

– Não se atreva a pisar naquela casa. - Miro parou a pouco do rosto dela, a voz saiu bem fria.

– E vai me impedir? - deu um sorriso cínico.

– Eu não tenho problema em te amarrar se for necessário.

– Hum.... - deu um sorriso sacana. - onde me prenderia?

– Dentro do meu quarto e só sairia de lá quando eu mandasse. - Miro desviou o olhar para os lábios de Marcela, tinha que admitir aquela garota mexia muito com ele, a vontade era de pegá-la e leva-la para cama.

– E por que não faz isso?

Marcela levantou do sofá beijando o grego, ele correspondeu com intensidade. Antes que o beijo se tornasse mais envolvente, Marcela deu uma joelhada nas partes intimas do cavaleiro, que foi de joelhos na hora.

– Isso é para você aprender a não mexer comigo!

Miro sentia uma dor alucinante no seu membro.

– Golpe baixo... -a voz saiu num sussurro.

– Eu sei. - Marcela ajoelhou diante dele. - deve está doendo muito. - sorriu. - Fui. - deu um selinho nele.

A brasileira passou pela porta batendo-a.

– Isso vai ter volta... - via até estrelas. -ah se vai ter...

O.o,O.o.O

Na casa de Touro, Mu, Kanon, Shura e o dono da casa conversavam a respeito de coisas do santuário, até que vozes femininas chamaram atenção de todos. Mabel e Suellen foram as primeiras a despontarem, seguidas por Ester e Julia.

A primeira coisa que o brasileiro viu foi o enorme buquê de rosas vermelhas na mão de Mabel.

– Eu pedi para que me desse depois, ele vai manda a Bel me entregar. - disse baixo para apenas Mu escutar.

– A sorte que ela não sabe que é para ela. - sorriu.

– É... - o taurino abriu um grande sorriso. Mabel ficaria feliz ao receber o boque.

– Boa tarde garotos. - disse uma animada Suellen. - olha só o mimo que Dite fez.

– Su assim você me deixa sem graça.

– Eu tenho culpa que o amor está no ar? Ainda mais com aquele homem lindo!

Kanon fechou a cara na hora.

– Acreditam que o Dite deu apenas para a Bel? - disse Julia. - estou revoltada!

– Como assim? - indagou Mu olhando discretamente para Aldebaran.

– Mabel foi a única contemplada com essas rosas. - Suellen sequer imaginou que estava colocando lenha na fogueira.

– Ah... - Kanon respirou aliviado, pois a pernambucana estava fora da mira do pisciano. - se é assim, Dite gostou de você Mabel. - sem querer acendeu o pavio. - ele não distribui rosas.

– Pois não é? - disse Suellen.

A essas horas Ricardo estava com a expressão fechada, bem carregada.

– Qual bebida ele te serviu? - a voz saiu fria, já juntando as peças.

– Acredita que ele arranjou café para mim? - disse na maior inocência.

Mu olhou imediatamente para o amigo, então era para Mabel o café...

Kanon e Shura sentiram na hora a mudança em Ricardo. Era certo que ele não tinha cosmo, mas depois de tantos anos de convivência, podiam sentir o estado de espírito um dos outros e naquele momento, o touro estava enfurecido.

Até Ester e Julia notaram a expressão fechada do cavaleiro.

– Ele que te deu não é?

Ricardo tomou as rosas de Mabel, jogando-as no chão e ainda não satisfeito pisou em cima delas.

– Deba?? - Mabel o fitou estarrecida. - ficou doido?

Ele não respondeu continuando a acabar com as pétalas, os demais olhavam perplexos para o taurino.

– Para Deba! - Mabel tentou segurá-lo, na tentativa de salvar algumas rosas.

– Você é minha NAMORADA e te proibido de chegar perto dele!

De perplexidade, Mabel passou a raiva. Proibir?

– Como é que é?

– Isso que ouviu! Proibida de vê-lo!

– Se nem meu pai me proibi de alguma coisa, quem é você para fazer isso?!

– Sou seu namorado!!!!

– Nem que fosse o papa! - estava com muita raiva.

Os demais ouviam em silêncio, até que Shura resolveu intervir.

– Mantenham a calma.

– Não se intrometa! - gritou os dois fazendo o espanhol recuar.

– Vamos entrar Mabel. - Aldebaran foi para toca-la.

– Não toque em mim! - recuou.

– Vamos para casa agora! - nova tentativa.

– Não coloca a mão em mim!

– Que parte você não ouviu Touro?

Todos viraram a atenção para o dono da voz. Dite acabava de descer o último degrau. Seu olhar foi para as rosas despedaçadas no chão. Ficou com ódio por ver suas preciosidades no chão, ainda mais que eram de Mabel.

Deba o fitou ferino e se tivesse cosmo já tinha mandado o "grande chifre" nele.

– O que faz aqui... - a voz saiu gélida.

– Vim atrás dela e ainda bem que vim. Se trata, desse modo simples rosas o que dirá de uma pessoa.

O clima ficou negro.

– Vamos Deba. - Mu queria tirar o amigo dali para evitar um conflito ainda maior.

– Não!

Dite caminhou lentamente até Mabel parando ao lado dela. O cavaleiro elevou seu cosmo e fez um novo buquê, com menos rosas, mas tão bonito quanto o anterior.

– Espero que não se importe por ser menor. - a aura antes carregada suavizou.

– São lindas. Obrigada. - sorriu.

Aldebaran cerrou o punho e bufava.

– Eu vou acabar com você!

Mesmo sem cosmo Deba era rápido e acertou um soco bem no rosto alvo do pisciano. Ele sentiu um gosto metálico na boca. O olhar estreitou.

O que se seguiu deixou a todos atônicos, Dite e Deba trocavam socos.

– Aldebaran! - Mabel estava assustada.

Mu e Shura entraram no meio, cada um puxando um cavaleiro.

– Eu acabo com sua raça! - gritou Deba. Mu tinha dificuldades em segurá-lo.

– Acaba? - Dite deu um sorriso irônico. - quero ver.

Não precisou repetir, Deba soltou-se de Mu partindo para cima de Afrodite, que por sua vez empurrou Shura. Os dois trocaram mais socos. Por ser fisicamente mais forte, Deba levava vantagem.

– JA CHEGA! - gritou Mabel, fazendo os dois pararem na hora. - o que pensam que estão fazendo???

Deba se afastou de um caído Afrodite.

– Vamos para casa Mabel. Agora!

– Eu não vou a lugar algum! - aproximou de Afrodite, que estava com o rosto roxo. - você está bem? - ficou morrendo de dó.

– Estou... - sabia que os roxos demorariam a sair.

– Vem precisa cuidar disso.

– O QUE? - berrou taurino. - vai ajuda-lo?

– Vou, pois você que começou! Vamos Dite.

Mabel ajudou-o a levantar e os dois seguiram rumo a peixes. Ester, Julia e Suellen olhavam tudo com os olhos arregalados. Não imaginavam que os cavaleiros pudessem ser tão ciumentos. Primeiro Miro, agora Aldebaran. Mu e Shura trocaram olhares. O ariano aproximou da namorada.

– " Nos vemos depois, Deba não pode ficar sozinho."

– " Estava pensando na mesma coisa."

– Vamos Ricardo.

Os olhos azuis fitavam frios as escadarias que conduziam até Gêmeos.

– É assim que você quer, é assim que será!

Deu meia volta saindo. Mu foi atrás.

– Nunca pensei que o Deba pudesse ser tão ciumento. - disse Suellen.

Ele gosta da Mabel.

– Como?? - indagaram Kanon e Shura.

Não sabiam?– a carioca os fitou. - não escutaram ele falar "namorada"?

– Pensei que fosse só uma expressão... - murmurou Kanon. - agora fudeu, está na cara que o Dite gosta da Mabel.

– Sabia que isso não ia prestar...

A voz de Shura saiu baixa, mas o suficiente para os olhares tortos de todas as meninas.

Ao contrário do que pensa, Mu e eu também estamos namorando.

Shura e Kanon arquearam a sobrancelha.

– Assim como Dohko e Jules. - disse Suellen.

– Pois os três ganharam minha admiração. - disse Julia dirigindo um olhar gélido para Shura. - eles pelo menos tomam atitude. Vamos meninas.

Ester e Suellen que compartilhavam a mesma opinião a acompanharam. Kanon ao passar pelo espanhol deu um pedala nele.

– Não entende nada de mulheres.

Na casa de Touro....

Mu ouvia pacientemente os jarros e os copos serem quebrados contra as paredes. Ficou quieto num canto até o amigo se acalmar, isso se ele fosse se acalmar.

– Eu mato aquele peixe! Cínico! Veio aqui em casa pedir o meu café!!!! Pra ela!!!! Pra minha Mabel!!!!

– Ele não sabia que era sua.

A resposta de Deba foi um olhar ferino.

– Só estou dizendo que não precisa ficar assim, a Mabel gosta de você, ou pelo menos gostava, pois o espetáculo que deu...

– FODA-SE MU! VAI A MERDA! ELA É MINHA!

– Ela não é sua Deba. - disse pacientemente.

– Olha só quem fala? Por acaso eu sou o único ciumento? Se fosse com você tinha mandado o Dite para o Alasca!

– É... tinha... mas o que quero dizer é que não precisava destruir as rosas e nem falar com aquele tom com ela. Ela viria com você de livre e espontânea vontade. Agora ela está com o Gustavv.

Um novo vaso foi a parede. Mu soltou um suspiro desanimado.

O.o.O.o.O

Depois do encontro com Fernando na biblioteca, Aiolos passou algum tempo conversando com Dohko e Shion e depois seguiu para área externa do templo. Passava perto da fonte quando ouviu risos. Cautelosamente aproximou vendo o irmão e a cunhada.

– Deixa o Shion pegar vocês dois. - fingiu irritação.

– Não me importo. - disse Aiolos. - estou feliz isso que importa.

– E posso saber o motivo? Além de está na presença de tão bela moça. - sorriu.

– Tira o olho já tem dono.

– Aioria! - Marin deu um tapinha no ombro dele.

– Quais as novas?

Aioria e Marin mostraram os pingentes. Aiolos olhou seriamente para o irmão.

– Está certo disso Aioria? - indagou olhando-o fixamente.

– Estou. - respondeu sabendo do que ele falava.

Marin notou as expressões sérias sem entender.

– Desejo que sejam felizes. - o sagitariano sorriu.

– Obrigado. - os dois disseram praticamente ao mesmo tempo.

– Agora que vocês estão encaminhados, posso me ajeitar.

– O que quer dizer? - a japonesa o fitou curiosa.

– Quero um relacionamento sério. Pelo menos até a barreira abrir. Vou pedir a Gabe em namoro.

Marin abriu um grande sorriso, enquanto o rosto de Aioria endureceu.

– Estava indeciso, mas agora sei dos meus sentimentos.

– Fico feliz por você Aiolos, alias nós. Não é Aioria?

O leonino estava com os olhos estreitos.

– Não pensei que fosse tão calhorda.

– Aioria?? - a ruiva assustou com o termo.

– Eu não fui o calhorda. - Aiolos trazia um sorriso cínico no rosto.

– Aquele papo era para me tirar da reta.

– Te dei a chance de escolher. E como disse que não significou nada...

– Do que estão falando? - olhava para os dois sem entender.

– De nada Marin. - Aiolos lhe deu um sorriso afável. - coisas de irmãos. Não se preocupe.

– É Marin. Coisas de irmão. - Aioria controlava-se para não pular no pescoço de Aiolos.

Apesar de está sorrindo, por dentro o sagitariano estava sério, pela reação do irmão era obvio que ele gostava de Gabrielle. O casamento dos dois já começava a desandar antes mesmo do enlace e dessa história toda quem mais sofreria seria Marin.

O.o.O.o.O

Jules não encontrou a porta da sala de Libra trancada, alias, ali não tinha esse costume de trancar as portas. Entrou chamando pelo libriano sem resposta.

– Onde ele foi?

Foi para o quarto, ali também ele não estava. Sentou na cama retirando o tênis. Aproveitaria a cama macia para tirar uma soneca.

– Estou na "minha" casa mesmo. - sorriu.

O.o.O.o.O

Mabel praticamente obrigou Afrodite a dizer onde estava a caixa de primeiros socorros. O pisciano indicou o local, aproveitou para ir ao banheiro lavar a boca, para tirar o gosto de sangue. Retornou para a sala. Seu rosto estava todo com marcas e um corte na sobrancelha.

– "Detonou o meu rosto."

– Foi fácil de achar. - Mabel trazia uma pequena maleta e um copo nas mãos.

– Não precisa se preocupar Mabel, estou bem.

– É o mínimo que posso fazer perante a atitude do Ricardo. - abriu a maleta procurando pela compressa.

– Eu também errei ao aceitar a briga.

– Vou colocar os dois de castigo. - sorriu.

A brasileira pegou a compressa colocando alguns cubos de gelo.

– Vai ajudar a desinchar. - colocou perto da boca. - segura, enquanto faço outros curativos.

Ele obedeceu. Mabel molhou um pouco de algodão e estava prestes a limpar o corte quando Dite segurou a mão dela.

– Não toque.

– Por quê?

– Está sangrando. Se entrar em contato com o meu sangue pode ficar envenenada.

– Até numa misera gota?

– Sim. Pode deixar Mabel, já agradeço pelo gelo.

Ela olhou para a maleta vendo algo. Pegou um par de luvas botando na mão.

– Resolve? - indagou com um sorriso nos lábios.

Afrodite ficou surpreso pela atitude dela.

– Sim...

Mabel iniciou o cuidado. O sueco a fitava fixamente.

– Assim me deixa sem graça Dite.

– Desculpe, é que você é...

– Bonita eu não sou. - riu. - soube que gosta de loiras.

– Me sinto atraído, mas... - contemplava o rosto dela. - você é tão gentil, tem um sorriso tão contagiante... é tão bonita por dentro, que isso transborda.

Mabel corou.

– Antigamente apenas valorizava a beleza exterior, mas hoje... o que a pessoa tem aqui. - apontou para o coração dela. - é que deve ser valorizado.

– Nossa... - corou ainda mais. - sempre tive uma imagem negativa sua, estou surpresa.

– Eu sei, fui uma pessoa bem desprezível no passado. Egoísta e narcisista. Bom, narcisista ainda sou, mas depois que voltamos de Hades... comecei a dar valor a outras coisas. O que adianta ser bonito, - apontou para si. - se por dentro tenho um sangue venenoso?

– Mas percebo que tem um bom coração, não é isso que importa? - sorriu, colocando um baind aid sobre o corte.

O que se seguiu deixou a brasileira com os olhos arregalados. Num movimento rápido, Afrodite a beijou. Ele não se acanhou com a surpresa dela, aprofundando o contato. Quando o gesto findou-se ela arregalou os olhos novamente.

– Me desculpe. Foi mais forte do que eu, mas você é maravilhosa Mabel.

– Eu? - gaguejou.

– Sim. - tocou o rosto dela.

– É melhor eu voltar para o templo. - afastou-se completamente atordoada. - nos vemos depois.

Saiu. Calmamente Afrodite recolheu as coisas que ela usou. Podia-se dizer que era um grande conhecedor do amor, tanto masculino quanto feminino, mas o que ele estava sentindo naquele momento era totalmente estranho ao mesmo tempo bom.

– Ah filho de Afrodite... resolveu me flechar? - sorriu.

Do lado de fora de Peixes, Mabel subia as pressas em direção ao templo.

O.o.O.o.O

Estava com ódio! Do Kanon, do Rodrigo, da Cristiane e dele mesmo. Tudo que queria mais evitar, estava acontecendo. Estava com ciúmes do baiano e isso era um sinal claro que estava gostando da brasileira.

– Maldição. - deu um soco numa coluna que estava perto da escadaria que ligava Libra a Virgem.

Kanon, Shura e as meninas que subiam, viram o pequeno ataque de fúria do geminiano.

– O que foi dessa vez... - murmurou Kanon.

O cavaleiro de gêmeos passou por eles sem olha-los.

– Saga.

O marina ainda tentou segurá-lo, sendo em vão.

– Kanon não leva a mal, mas seu irmão é muito emo. - disse Julia. - além de agir de forma estúpida com a Cris.

– Eu sei... - deu um suspiro desanimado. - vou atrás dele. - aproximou de Suellen dando-lhe um beijo na testa. - e você mocinha direto para o templo, se parar em Peixes, a casa vai cair para você.

– Tudo bem. - sorriu.

Shura que via tudo arqueou as sobrancelhas. Kanon também estava gostando de alguém?

Ester, Su e Julia continuaram o trajeto. Shura atrás seguia calado. Os olhos estavam fixos na paulista que sequer importava com a presença dele.

Ele apertou o pé.

– Suellen. - chamou.

– Sim? - ela parou, mas Ester e Julia continuaram a andar.

– Você e o Kanon...

– Não temos nada se é isso que quer saber. - disse de maneira fria.

– Desculpe... é que...

– É que nada. - Julia surgiu diante deles. - não perca seu tempo Suellen dando explicações. - puxou a amiga. - não somos tietes? Então porque se importa?

O espanhol ficou em silêncio, há aquela altura todas deveriam saber sobre o que ele falou na arena anteriormente. E parece o que disse, não surtiu efeito, ao menos em alguns cavaleiros. Olhou para trás, vendo o telhado de Gêmeos bem abaixo. Novamente questionou-se se foi correto dizer para Cristiane se afastar de Saga. Voltou o olhar para frente, vendo a figura de Julia. O beijo veio lhe na mente. Era bem na verdade que desde ontem, a brasileira não saia da sua mente, mas tentava de todas as formas sufocar. Seu pai lhe ensinara a ser racional, a nunca colocar os sentimentos acima da razão pois quando isso acontecia, a dor era forte. Shura testemunhara o sofrimento do pai, não queria o mesmo para si.

Esperou elas tomarem uma distância grande para depois continuar seu caminho.

O.o.O.o.O

Em seus aposentos, Saori desfrutava da sua hidromassagem para relaxar. Havia ficado bastante irritada com os gestos carinhosos entre Cristiane e Rodrigo.

– Onde já se viu? - pegou seus sais de banho jogando na hidro. - bem debaixo do meu nariz!

O aroma de erva doce subiu no ambiente, trazendo relativa calma para a grega, Atena trazia a expressão mais séria, olhando fixamente para a sua estátua, através da grande janela de vidro do banheiro. Como um mortal poderia desestabiliza-la tanto? Primeiro sua paixão por Sísifo e agora por Rodrigo? Mesmo reencarnando com os humanos, não conseguia compreender esse sentimento. Precisava de ajuda, fechou os olhos mentalizando a deusa do amor.

Segundos depois, o vidro da janela esfumaçou revelando a imagem de uma mulher bela, de olhos dourados e cabelos negros.

– Estou surpresa com o chamado. - a voz melodiosa ecoou pelo recinto.

– Antes de começar, quero que prometa que esse assunto ficará entre nós.

– Prometo. - disse séria.

– Quero que me diga se o que sinto é amor?

Afrodite franziu o cenho, completamente surpresa.

– Por que me pergunta isso? Sísifo não morreu?

– Não é por ele... - Atena desviou o olhar.

Um grande sorriso formou-se no rosto de Afrodite. Seu cosmo dourado ultrapassou o vidro envolvendo Atena. Que por sua vez sentia sua privacidade sendo invadida. O processo não demorou mais que cinco minutos.

– Quero conhecer o mortal que conquistou o coração de Palas Atena. - sorriu.

– Não vejo graça.

– Meu pequeno Eros está ficando forte.

– Afrodite, a chamei para me ajudar e não para ficar falando dos feitos do seu filho.

– Quanta rudeza Atena. - fingiu de ofendida. - mas o que quer exatamente? Ouvir de mim que está apaixonada pelo mortal? Tanto você, quanto seu lado humano?

– Então estou... - murmurou.

– Sim está. E está morrendo de ciúmes da outra mortal.

– Não estou...

– Está. - disse enfática. - mas não se preocupe com ela, ela só tem olhos para aquele homem lindo... poderia leva-lo para cama antes dela.

– Afrodite. - o tom era ameaçador.

– Estou apenas brincando. Querida Atena, precisa deixar seu lado humana aflorar mais. Como Saori, sabe aproveitar os atrativos que tem, mas como deusa.... me desculpe, mas você tem gestos de homem.

– Eu sou a deusa da guerra, logo...

Afrodite deu um suspiro desanimado. Atena era extremamente prática e sem talento nenhum para os homens. Não era atoa que continuava virgem até hoje.

– Fique de pé minha querida.

Atena obedeceu. Afrodite a analisou da cabeça aos pés.

– Seu corpo mortal é bonito, com certeza ele se sente atraído por ele. Pelo que vi nas suas lembranças, ele gosta de você, alias da Saori.

– Como assim?

– Você não é muito popular entre os homens... ele admira a Saori, mas tem receio quanto a você. É uma deusa não é?

– E o que tenho que fazer?

A deusa do amor ficou bastante surpresa, Atena jamais demonstrara tanto interesse em alguém.

– Use roupas que mostrem um pouco mais seu corpo, homens gostam disso, mas ao menos tempo seja difícil. Deixe-o pensar que precisa te conquistar, mas não esnobe muito.

Atena franziu o cenho. Aquilo era muito estúpido. Afrodite captou o pensamento dela.

– Isso não é estúpido! Se não quer fazer isso, deixe seu lado mortal agir. Mesmo com todas as preocupações com a empresa, Saori saberá agir melhor que você. Se de todo jeito não adiantar, me chame novamente. Pedirei a Eros algum encantamento.

– Tudo bem. - disse não muito convicta. - obrigada.

– Deixe para agradecer quando ele estiver na sua cama. - piscou o olho. - até mais Atena.

A paisagem lá fora voltou ao normal. Atena pegou o roupão enrolando-se. Escutou duas batidas a porta.

– Entre.

– Desculpe a intromissão senhorita, - disse uma serva abrindo a porta. - é só para avisa-la que o jantar será como combinado.

– Obrigada. Avise ao grupo e a Shion, por favor.

– Como quiser.

Estando sozinha novamente, Atena mirou-se no espelho. Deu um suspiro profundo e o rosto alternou para uma expressão mais suave. Saori arqueou a sobrancelha, ao pensar na possibilidade de conquistar Rodrigo com o aval do seu lado divino.

O.o.O.o.O

Dohko entrou em casa, achando esquisito o fato de Jules não está. Viu as meninas no templo percebendo que o chá tinha acabado.

– "Será que ficou em Peixes?" - pensou.

O cavaleiro foi direto para o quarto, quando abriu a porta deu um grande sorriso. Jules estava deitada em sua cama dormindo.

Lentamente aproximou, agachando ao lado da cama. Tocou o rosto dela, numa caricia bem suave. Queria muito que Shion também tivesse esses pequenas situações. Era tão bom. O cavaleiro levantou dando um beijo terno na bochecha da brasileira. Deixaria-a descansar.

O.o.O.o.O

No quarto Áries, Paula e Heluane davam altas risadas sobre o ocorrido com Marcela, enquanto escolhiam a roupa para o jantar que Atena ofereceria.

– Ela deve está possessa. - disse Helu separando uma blusa.

– O caso deles é de amor e ódio. Vão sempre brigar.

– Mas se um homem fizesse aquilo comigo eu ia matar!

– Eu não me importaria se Shion fizesse isso. - deu um sorriso. - mas sei que isso nunca vai acontecer.

– Mas sorte a sua, Shion pode ser lento, mas é um cavalheiro. Ao contrário de certas pessoas...

– Ele ficará preso até quando?

– Atena não disse. Espero que seja pelo tempo que eu permanecer aqui. Já que não coloco muita fé nesse anel. - olhou para o objeto dourado na mão esquerda.

– Acho que funciona sim Helu. Atena não correria isso risco.

– Pode ser.

A porta foi aberta de maneira brusca. Marcela estava vermelha.

– O que foi Máh?

– Essas malditas escadas!

– O Miro deixou você sair? - Paula brincou. - pensei que terminaria em sexo selvagem.

– Ele não pode fazer, a arma dele está impossibilitada. - deu um sorriso cruel.

– O que você fez? - indagou Helu.

– Uma bela joelhada no pinto dele.

– Ele deve ter ficado puto!

– Essa era a ideia. - notou que as duas escolhiam roupas. - vai ter alguma coisa?

– Atena vai dar um jantar.

– Ah... e o canceriano vai vir?

– Creio que não. - Paula estava em duvida se usava calça ou vestido. - Meu futuro marido é muito competente para essas coisas.

As três começaram a rir.

O.o.O.o.O

No quarto Gêmeos, Sheila, Gabe, Juliana, Cris e Isabel comentavam o "avanço" de Shaka. Juliana estava mega vermelha.

– É revoltante! - gritou Sheila. - até o Shaka faz alguma coisa enquanto o Aiolos fica indeciso.

– Saga e ele devem ter andado muito juntos, pois ele está igualzinho.

– Eu pensei que ele fosse matar o Rodrigo. - disse Gabe.

– Também pensei a mesma coisa. - comentou Isa. - mas voltando ao assunto do virgem de trinta anos... - olhou de forma divertida para a oriental. - ele te pegou de jeito.

– Sim.... - murmurou corada.

– É Ju... - Gabe sorria. - vai ter que ensinar os caminhos pervertidos para o Shaka. Será que ele é virgem mesmo?

– Pelo que Kamus me contou é sim.

– O primeiro beijo então foi com você!!!! - Gabe fitou Ju. - tirou a virgindade do Shaka!

– Gabe... - Ju nem ficava vermelha mais.

– E você vai no jantar com essa roupa. - Sheila trazia nas mãos um kimono rosa de estampas florais.

– Que lindo Ju!!! - Cris correu para ver.

– Jantar com essa roupa? Nunca!!!

– Ah vai sim. - disse Isa. - quero ver Shaka resistir aos seus encantos.

– Vocês querem que eu pague mico, não é? Isso é coisa da minha mãe...

– Pois vai jantar com ele. - disse Gabe. - com todos os adornos.

– Meninas....

A conversa foi interrompida pela chegada de Mabel, que estava branca.

– Mabel o que foi? - Cris foi ao seu encontro. - está pálida.

– O Dite...

– O que tem ele? - indagou Sheila preocupada pelo estado da amiga.

– Me beijou...

– O QUE???!!! - berraram.

– O Afrodite te beijou??? - Sheila arregalou os olhos. - sério???

– Sim... - sentou em uma das camas. - ele e o Deba brigaram e ele se machucou.

– Pera aí... - Ju a fitou. - Aldebaran e Dite brigaram? Por quê?

Mabel contou toda a história, a medida que ouviam ficavam pasmas.

– Mundo injusto! - disse Sheila. - Shaka avança, Saga da ataque de ciúmes, Deba e Dite brigam e Aiolos não faz nada! Injusto!

– Calma Sheila. Dá um desconto que o Aiolos ainda é um garoto se comparando a nossa idade. - disse Isa. - até tenho uma música para você: " garotos não resistem, aos seus mistérios, garotos nunca dizem não, garotos como eu, sempre tão espertos, perto de uma mulher... são só garotos."

– Deu certinho. - disse Mabel, esquecendo-se do seu dilema. - Sheila, o Aiolos é um garoto.

– Mais essa...

– Mas e agora Bel? - indagou Gabe. - pelo jeito o Dite não vai desistir de você.

– Ele está equivocado. Quando perceber vai até passar longe de mim. Eu gosto do Deba.

– Sei não... - disse Cris. - se eles pegaram de porrada...

– Agora essa...

– Então vamos arrumar. - Gabe deu um salto. - Ju, vai de kimono!

A paulista deu um suspiro desanimado.

No quarto dos meninos, Rodrigo contava o "ataque" que o Saga tinha dado.

– Rodrigo... está brincando com fogo...

– Tenho medo dele não!

– Pelo menos uma coisa boa aconteceu.

– O que?

– Saori ficou com ciúmes.

– Será? - escolhia uma roupa para o jantar.

– Acho que sim. Está conquistando o coração dela... só toma cuidado com o Sísifo.

Os dois caíram na risada.

O.o.O.o.O

Quando Jules acordou já era noite, a brasileira ao fitar o céu deu um pulo da cama.

– Dormir demais!

– Dormiu mesmo.

Ela olhou para o lado vendo Dohko usando apenas uma bermuda, usando uma toalha para enxugar os cabelos. Tinha acabado de sair do banho e Jules apreciou a vista.

– Estava dormindo tão sereno que não quis acorda-la.

– Desculpe... - disse envergonhada, tentando arrumar o cabelo.

– Não tem porque se desculpar, já que esta na sua casa.

Aproximou dando lhe um beijo.

– Mesmo assim...

– Atena convidou para um jantar as sete e meia.

– E que horas são?

– Quinze para sete.

– Meu Deus! - saltou da cama. - por que não me acordou Dohko? - procurava pela meia.

– Te acordar só por isso? - achava graça ela sair atrás das meias.

– Não vai dá tempo. Até eu chegar ao templo... - pegou o tênis.

– Toma banho aqui. - disse simplesmente.

– Mas nem tenho roupas...

– Se não se importar de vestir umas camisas minhas que estão apertadas...

– Não importo mesmo.

– Tem toalha no banheiro. As camisas estão no guarda roupa. Te espero lá fora.

Assim que Dohko saiu, Jules trancou a porta. Foi para o banheiro, onde aproveitou a ducha morna e que ducha...

Quando saiu, pegou a calça para vestir, mas tinha esquecido um detalhe.

– A calcinha... - tinha deixado a cair no piso do banheiro, molhando-a parcialmente. - isso só acontece comigo... - deu um suspiro desanimado.

Jules olhou para uma das gavetas de Dohko, tendo uma ideia...

– Já que somos um casal... - deu um grande sorriso. - bom ainda falta as coisas importantes, mas...

Na cara dura, Jules vestiu uma das cuecas box do libriano que eram as menores e colocou uma das camisas dele. Arranjou uma sacola para por a roupa usada.

– Seja o que Deus quiser.

Na sala Dohko estava deitado no sofá com os olhos fechados. A cabeça começava a doer.

– Demorei?

– Não. - sentou dando um meio sorriso.

– O que foi? Sua cabeça? - conhecia aquela expressão.

– É, mas logo vai passar. Minha camisa ficou boa em você.

– Não apenas a camisa... - deu um sorrisinho. - estou usando uma cueca sua.

Dohko arregalou os olhos.

– Sério??

– Sim... fiz mal?

– Que cor?

– Branca. - respondeu sem entender.

O libriano começou a imaginar a brasileira usando a cueca dele, seu membro logo deu sinais.

– Não... - até gaguejou. - tu-do bem... - a face ficou vermelha.

– O que foi Dohko?

– Na-da. Vamos. - pegou na mão dela.

O.o.O.o.O

O impasse no quarto Gêmeos continuou, alias era Juliana contra todas as outras meninas que queriam que ela vestisse o kimono. O coro a favor foi aumentado pela chegada de Ester e as demais. Pouco tempo depois Helu, Marcela e Paula.

– Vai jantar com essa roupa sim. - disse Helu. - Shaka vai babar.

– Pois não é? - Suellen entrou na brincadeira. - quero ver o Buda loiro não ficar olhando para ela.

– Estão me deixando sem graça... - estava vermelha.

Juju diante dos cavaleiros de ouro...– brincou Ester.

– Para gente!

– Atena convidou todos? - indagou Gabe.

– De menos o Giovanni, ele está preso. - disse Julia.

– Como??

– Sei que o assunto é chato Helu, mas elas têm que saber.

A fluminense deu um longo suspiro, começando a narrar os acontecimentos que ocorreram na quarta casa e na conversa com Atena e Shion hoje mais cedo.

– Ela me deu esse anel. - mostrou o objeto. - mas não sei se vai funcionar.

– Acho que vai. - disse Mabel. - Atena não seria tão condescendente com ele, mas agora se prepara, mesmo você tendo a total razão dos fatos, ele vai querer te matar.

– Nunca tive medo dele, não vai ser agora.

– Isso mesmo Helu! - exclamou Gabe. - vamos vigia-lo também, se ele chegar perto de você, Atena vai ficar sabendo na hora!

– Então vamos arrumar pois está quase na hora. - disse Paula. - e eu quero ver a cara do Shaka!!!!!

O.o.O.o.O

Mu subia as escadas em direção a Touro terminando de fazer uma trança em seus cabelos. Estava preocupado com o jantar, pois Aldebaran ainda estava muito bravo com Gustavv e os dois juntos no mesmo recinto, só mesmo Atena para impedir. Encontrou com o brasileiro na saída da segunda casa, com cara de poucos amigos.

– Demorou. - disse seco.

– Está calmo? - indagou, mas já sabendo a resposta. Até a raiva de Deba passar levaria dias.

– O que você acha? - o olhou torto.

– Pelo menos comporte-se na frente de Atena e Shion.

– Não posso garantir.

Mu soltou um suspiro desanimado. Os dois partiram rumo ao terceiro templo, onde encontraram um Saga tão ou mais irritado que Deba e um Kanon com a expressão desanimada.

– O que houve com ele? - indagou Mu de forma apenas para o dragão marinho escutar.

– Mesmo motivo do Ricardo: Ciúmes.

– Por quem? - o fitou surpreso.

– Cristiane.

– Ah... nossa que coisa boa.

Agora foi a vez de Kanon o fitar surpreso, na verdade sem entender.

– Ele está gostando de alguém, talvez ela o ajude a superar aqueles problemas. Saga, acha que não, mas ele merece ser feliz.

Kanon deu um leve sorriso.

– Obrigado Mu.

Os dois continuaram a conversar, desta vez com o ariano falando sobre Ester e Kanon zoando com a cara dele, deixando o ariano vermelho. Saga e Deba subiam calados.

Passaram por Câncer e Leão sem encontrarem seus moradores.

Em Virgem, depois do beijo que dera em Juliana, Shaka passou o restante da tarde trancado em seu quarto, meditando. Sua mente estava confusa, enquanto seu corpo respondia a cada lembrança da oriental. Estava ficando assustado com a situação. Sentiu o cosmo dos amigos juntando-se a eles.

– Algum problema Shaka? - o ariano notou o ar de preocupação dele.

– Shaka é a pessoa mas sem problemas do santuário Mu. - brincou Kanon. - mas você tem um problema. - o grego fitou de forma maldosa. - já aliviou os meses de tensão? - deu um sorriso pervertido.

– Kanon! - ficou roxo. - as coisas não funcionam assim...

– Claro que funciona.

– Do que estão falando? - indagou Shaka.

– Mu está apaixonado pela Ester, mas ainda não saiu do zero a zero. Ou melhor, ainda não fez algumas coisas... - riu.

Mu já estado em modo vermelho.

– Você quer transar com ela? - Shaka foi direto, deixando os outros dois pasmos.

– Sha-ka?

– Nunca pensei que ouviria isso do buda.... - Kanon estava surpreso.

– Sim ou não Mu?

– Sim...

– E ela? - para Shaka aquilo tudo era novidade.

– Não sei... - Mu queria enfiar a cabeça no chão.

– Mas é simplesmente carnal ou envolve sentimentos?

Kanon que escutava não quis interromper o interrogatório de Shaka, até porque era novidade ele fazer perguntas sobre esse tema. Será que um dia ele se apaixonaria? Era uma cena que gostaria de ver.

– As duas coisas... eu gosto muito da Ester e tenho muito tesão por ela... - mal ousou olhar para os colegas.

– Oh... - Kanon deu um sorrisinho de canto de olho. - quer dizer que quer uma boa trepada.

– Mais respeito Kanon.

– Ok, digo, você quer fazer amor. - disse de modo meloso.

– Mas ela vai embora Mu. - Shaka não conseguia entender.

– Ele quer ter uma recordação buda.

– Não é isso Kanon. - Mu o fitou com olhar reprovador. - eu gosto da Ester, quero ter algo com ela que seja prazeroso para os dois e não é só carnal. Envolve sentimentos. Do mesmo modo que envolve você a Suellen.

– O que??? - indagaram tanto o virginiano quanto Kanon.

– Quem disse que ela e eu temos alguma coisa? Ficou doido? É só minha amiga. - o geminiano se defendeu.

– Amiga, sei... então se o Afrodite resolver mudar de alvo não vai se importar?

– Cla-ro que não. - gaguejou. - somos só amigos.

– Então por que vive atrás dela? - para Shaka era ilógico.

– Eu não vi-vo a-trás de-la. E não mude de assunto.

– Elas vão embora. - disse Shaka mais uma vez, nunca se sentiu tão confuso. - por que se envolvem se elas vão embora?

– Não escolhemos por quem nos apaixonamos Shaka. - disse Mu, fazendo-o se lembrar das palavras de Kamus. - é mais forte.

– Não consigo entender.

– Quando você gostar de alguém, como o Mu gosta da Ester, - Kanon frisou bem o Mu, tirando o dele da reta. - vai entender. Primeiro beije alguém depois quem sabe comece a entender. Ainda continua BV?

– B o quê?

– Boca virgem. - o grego deu um suspiro desanimado, Shaka não sabia de nada.

O indiano lembrou-se de Juliana e dos dois beijos ocorridos, a face ficou vermelha.

E Mu e Kanon não sabiam se era porque ele estava constrangido pelo fato de ser "virgem" ou por que escondia algo.

– Você já pegou uma mulher? - Kanon o fitava interessadíssimo.

– Defina "pegar". Não use esses termos pois eu não entendo!

O grego e Mu trocaram olhares. O geminiano coçou o queixo procurando as melhores palavras para definir o ato de "pegar."

– Vou usar a versão feminina para você não assustar. Você conhece uma garota, aí sai com ela e num determinado momento se beijam.

– Então isso é pegar?

A essas horas já tinham passado de Libra, não encontrando o morador e já estavam na porta de Escorpião, Saga e Deba já tinham passado.

– Quem é que está pegando? - Miro surgiu de repente.

– Estamos tentando explicar ao Shaka como é um encontro. - disse Mu.

– Você tem um encontro? - o escorpião arregalou os olhos.

– Não Miro. O assunto surgiu, pois Mu quer trepar, ops... conhecer melhor a Ester, então estou explicando ao Shaka como as coisas funcionam. - disse Kanon.

– Eu posso te ensinar tudo. - Miro tocou nos ombros do indiano. - no bom sentindo claro. Do que a mulherada gosta, as melhores posições e tal...Te garanto que com as minhas dicas vai ter um monte de mulheres aos seus pés.

– Eu não quero um monte de mulheres aos meus pés, só quero entender, esse sentimento que o Mu tem pela Ester. É irracional.

Mu franziu o cenho, a tarefa seria ainda mais árdua, como explicar sentimentos para Shaka, logo para ele que levara anos a aprender a ter empatia pelos outros, o que diria amor?

– Se levar pelo lado do sentimento você se estrepa. - disse Miro. - deixe apenas a cabeça de baixo agir, assim será feliz.

– As coisas não funcionam assim Miro. - Mu protestou. - eu gosto da Ester.

– E daí? Já trepou?

– Não... - voltou a ficar vermelho.

– Pronto. - o grego voltou a atenção para Shaka. - você só tem que aprender uma coisa, se apaixonar você vira um burro.

– Ah isso deu para notar mesmo. - Kanon sorriu. - a Marcela te faz de gato e sapato e você anda atrás dela. Suellen me contou a cena sua em Peixes.

– Cuida da sua mulher, que por sinal estava jogando o maior charme para ele quando eu cheguei. - revidou.

Mu revirou os olhos. Não bastasse Deba...

– Como? - Kanon fechou a cara.

– Depois eu que sou o ignorante. - disse Shaka, olhando para Kanon. - se disse que ela é só sua amiga, o que tem ela "pegar" o Dite?

O ariano abafou o sorriso.

– Não tem problema algum. - a voz de Kanon saiu seca. - sabe o que você faz? Siga o conselho do Miro. Está cheia de servas por aí, pode pegar qualquer uma.

– Claro que não pode!

Olharam para o dono da voz, era Aiolos. O assunto estava tão acalorado que nem perceberam que já estavam em Sagitário.

– Ah tá....- o escorpião revirou os olhos. - olha só quem fala, o maior pegador do santuário. Lição de moral Aiolos? Depois que passou o rodo em todas agora vem com essa.

– Vou ser grande mestre, tenho que vigiar essas práticas. - virou-se para o indiano. - Shaka não siga os conselhos do Miro e do Kanon.

– E siga os seus então? - Kanon o fitou zombeteiro. - como pegar cinco servas num único dia.

– Eu tinha dezoitos anos!

– Não interessa. - Miro disse pausadamente. - Shaka se quiser realizar desejos carnais siga os passos de Aiolos.

– Amigos, esse assunto não desviou muito? - Mu entrou no meio.

– Muito bem Um, pois ainda estou sem minha resposta.

– Qual era a pergunta Shaka? - indagou Aiolos.

– Por que mesmo sabendo que elas vão embora ainda mantém e alimentam sentimentos por elas. E isso inclui vocês dois. - olhou para Kanon e Miro.

– Por que isso é novo para nós Shaka. - iniciou o mais novo. - nunca soubemos o que era esse tipo de amor e como experimentamos nos agarramos na possibilidade da dar certo, apesar de sabermos que é bem provável que não, mas não custa ter um pouco de esperanças...

A resposta do grego deixou a todos surpresos. Aiolos as vezes tinha lapsos de amadurecimento, não condizentes com idade.

A essa altura estavam em Capricórnio. Shura teria seguido com Deba e Saga, se as expressões deles estivessem mais amigáveis, como não estavam preferiu esperar pelo grupo e a tempo de ouvir a fala de Aiolos. E como aquela frase era certa, ao menos para ele. Ele sentia algo por Julia, mas tinha receio dela ir embora, ou magoa-lo, era melhor não ter falsas esperanças.

– Só não se esqueça do fator mito Aiolos. - disse, apesar de se arrepender por causa do Mu.

– Não me esqueci. - respondeu e era justamente aquilo que o atormentava-o.

– Não sei qual era o assunto, mas não se iludam. Não vou generalizar, - para ele as únicas exceções eram Ester, Jules e Cristiane. Elas pareciam gostar dos homens por trás das armaduras. - mas a maioria delas pensa assim.

Kanon ficou em silêncio pensando em Suellen.

– Se ainda não foi picado por esse momento. - o espanhol fitou Shaka. - proteja para que não seja. Será mais fácil quando elas passarem pelo portal.

O indiano pensou em Juliana atravessando o portal, sentiu um aperto no peito. Não sabia o que era, mas talvez fosse melhor abafar.

– Ainda bem que não te dei ouvidos. - disse Mu. - hoje eu não estaria com a Ester.

– O que sente por ela é maior que a dor que vai sentir? - Shaka o fitou.

– Sim. Como disse Aiolos, isso tudo é novidade para mim, mas tenho certeza que a Ester sempre terá meu coração.

O indiano ficou em silêncio meditando sobre o que o ariano tinha dito.

– Por isso digo que se tem que pensar com a cabeça debaixo. - disse Miro.

– E parece que não está funcionando... - Aiolos sorriu. - pois até onde sei, você e a Marcela... nada...

Kanon começou a rir.

– Cuida da sua vida que eu cuido da minha!

– Ei não vão brigar. - Mu entrou no meio. - já basta o Aldebaran.

– O que aconteceu? - indagou Aiolos.

Shura contou tudo. Miro, Aiolos e Shaka ouviam perplexos.

– Afrodite quer a Mabel? - o escorpião não acreditava. - logo com a mulher do Deba? Ele quer ser morto?

– Eu vou conversar com ele. - disse Aiolos. - pode ter sido um simples mal entendido, por parte do Gustavv.

– Por favor, Aiolos. - Kanon revirou os olhos. - até parece que não conhece o Afrodite? Do jeito que ele é, não vai desistir da Bel tão fácil. Pode deixar Shion de sobreaviso. Porque isso vai dar merda!

– O vai acontecer?

Um vento frio tomou conta do local.

– O deu no Deba e no Saga? - indagou Kamus surgindo na porta. - notei uma tensão vinda deles.

– Ciúmes.

– Ah... isso eu entendo. - olhou para Miro, que entendeu a olhada.

– Eu não sou ciumento!

– Ciumento e infantil. - disse Shura.

– Como assim ciúmes? - pela primeira vez Shaka se sentiu um ET no meio deles.

– Ciúmes: - iniciou Kamus. - uma reação a uma ameaça a uma relação, provocando temor e envolvendo normalmente três pessoas. A que sente ciúmes, sujeito ativo. A pessoa de quem se sente ciúmes e a terceira que provoca o ciúme.

– Traduzindo... Deba acha que tem uma relação com a Mabel, mas com Dite tendo o mesmo objeto de desejo está armado a confusão. - brincou Kanon.

– O Dite quer sacanear todo mundo. - Aiolos lembrou-se dos elogios que Sheila fez ao sueco.

– Não é só ele que quer sacanear. - disse Kamus lançando uma indireta.

– Vocês são confusos. - aquilo não entrava na mente do virginiano. - não basta uma, querem ficar trocando de par?

– Eu não! - Mu manifestou. - estou muito bem com a Ester. Eles que não querem dar o braço a torcer. - apontou para Kanon e Miro.

– Pois não temos motivo. - disse Miro.

– Já disse que a Suellen é só minha amiga.

– Acredito... na mesma forma que acredito que o Gustavv é hetero. - rebateu Kamus. - você vive atrás dela!

– E você da Isabel! A Su me contou, que está ajudando com afinco a pesquisa dela.

– Vive tanto atrás dela, que tem noticia de tudo que se passa com todas. - o francês deu um sorriso.

Kanon abriu a boca para fechar.

– Também notei isso. - Shura sorria com diversão. - admita dragão marinho.

– Admita Kanon. - a voz de Dohko saiu divertida.

O grupo olhou na direção da voz. Já estavam em Peixes, tendo a porta o libriano, Jules e Gustavv. Os cavaleiros quando notaram os roxos do rosto do sueco ficaram preocupados, bom alguns...

– Deba acabou com você. - disse Miro. - bem feito.

– Obrigado pela preocupação Miro. - Dite o fitou cinicamente.

– Cadê o meu irmão? - indagou Kanon.

– Passou que nem um foguete. Com a cara amarrada. - Dohko coçava a cabeça. - assim como o Deba...

– Saga está tendo uma crise de ciúmes. - Kanon não estava com muita paciência com o irmão.

– Mas o que aconteceu? - Shura ficou interessado.

– Ele não me contou, mas tem haver com aquele garoto, o Rodrigo.

– Faz todo o sentindo... - murmurou Jules. - de certo viu algo.

– Está aí outra descrição de ciúmes. - disse Miro. - Saga x Cris x Rodrigo.

– Só que o Rô vai se ferrar. - Jules ajeitou os olhos. - Saga vai acabar com ele. Cavaleiro de ouro... vocês são muito ciumentos! Ainda não perceberam que gostamos mesmo de vocês e que cada um é único para uma menina? Correção, todas gostamos de vocês, mas mais de uns se é que me entendem... Eu por exemplo, tenho todos os seus cloth myths.

– Por que tem de todos? - Dohko a fitou na hora, não achando muita graça.

– Porque gosto de todos. E não só dos cavaleiros de ouro, mas dos outros personagens.

Os dourados ouviam em silêncio.

– Ester gosta do Mu. - fitou o ariano. - a Cris gosta do Saga e eu de você. - aproveitou o embalo falando para Dohko.

O libriano abriu um grande sorriso.

– Também gosto de você.

Sem se importar onde estava ou com a presença dos demais cavaleiros Dohko tomou Jules nos braços e a beijou.

Mu deu um sorriso, contando os minutos para ter Ester perto dele. Aiolos lembrou-se do contato tido com Sheila e junto com a lembrança sua insegurança. Shura virou o rosto para não ver, pois certamente se lembraria de Julia. As palavras de Mu em relação a Suellen vieram na mente de Kanon. Será que realmente estava gostando dela? Kamus sentiu uma pontada de inveja. Queria que ele e Isa também tivessem algo as claras. Afrodite pensou em Mabel e em quanto tinha sido bom o beijo. Miro preferiu ignorar a cena, poderia beijar quem quisesse. Shaka ficou olhando, observando atentamente a forma como o libriano e Jules se seguravam. O olhar desviou para o rosto deles e ficou com medo pois sentiu uma enorme vontade de fazer o mesmo com Juliana.

Depois do ato, seguiram em direção ao templo. Saga e Aldebaran que tinham subido na frente, já estavam na sala de jantar.

O.o.O.o.O

No subsolo da Arena dourada, nas antigas masmorras, Giovanni estava sentado num canto, tendo uma garrafa de uísque nas mãos. Conhecia o carcereiro e depois de uma troca de favores, ele tinha conseguido a bebida.

– A refeição.

O guarda deixou o prato perto das grades e saiu. O canceriano levantou calmamente indo pegá-lo. Era uma refeição simples, mas saborosa. Atena sempre foi conhecida por sua benevolência mesmo para os presos de "guerra", não seria diferente para um cavaleiro seu.

Enquanto fazia a refeição, bebia pensando em tudo que tinha feito desde a chegada delas. Arrependido? Ele não se arrependia de nada, apenas concordou que exagerara um pouco. Não sabia quanto tempo ficaria ali, mas torcia para que o portal não abrisse nesse ínterim. Queria conversar com Julia antes. Quanto a Heluane manteria afastado dela. Não valia a pena se indispor com Atena por causa dela. A confiança da deusa era mais importante.


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Notas finais do capítulo

Música que a Isabel citou: Leoni - Garotos



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