A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 13
Reviravolta




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Libra

A história era longa e Dohko achou melhor servir uma bebida refrescante para os dois.

– Fomos levados para a prisão no Tártaro. Ela tem vários níveis e fomos jogados no último nível, abaixo do titãs.

– Estavam no mesmo local dos titãs?

– Sim. Já ouviu falar das torturas que ocorreram na era medieval?

Jules balançou a cabeça de forma positiva.

– Era aplicado em nós. Eram em nossas almas, mas Hades fez questão de preservar os nossos sentidos, de forma que sentíamos todas as chibatas e demais torturas.

– Chicotearam você?? - arregalou os olhos.

– Muito. Não foi restrito a mim. Todos. Foi muito duro. No inicio ainda tentávamos evitar, mas com o tempo, as torturas foram se tornando normais a ponto de não nos importamos mais. Não tínhamos mais esperança de sair dali, só nos restava aceitar.

– Isso não aparece na série.

– Ninguém contou ao Kurumada, nem mesmo Seiya e olha que ele ficou em coma por dias devido o ferimento da espada de Hades.

– Imagino o quanto deve ter sido difícil. Salvaram a Terra e em troca essa punição.

– Tínhamos consciência que se levantássemos a mão contra os deuses, o castigo seria esse.

– Até o Mask sofreu?

– Sim. Principalmente porque as vezes levava surra no lugar de Shaka.

– Como assim? - estranhou.

– Shaka usava seu cosmo para tentar amenizar nossas dores, mas quando era pego, apanhava muito, Giovanni fez um acordo com carcereiro para que ele levasse as surras e não Shaka. As vezes o carcereiro cumpria o acordo as vezes não.

– Jamais poderia imaginar que o Mask fosse capaz disso.

– Ele tem um gênio muito difícil, muito mesmo, mas se o conhecer bem vai notar que ele é solidário. Pelo menos ficou assim depois de Hades. Claro que ele vai negar esse lado, mas ele tem.

– Completamente surpresa!

Dohko riu.

– E como é sua vida? - indagou o libriano querendo saber sobre ela.

– Ah... - deu um suspiro desanimado. - eu trabalho para uma escola do estado, com crianças e adolescentes e é um saco.

– Sério? - ficou surpreso. - Você tem cara de gostar de crianças.

– Definitivamente não. Quero sair, mas preciso ter algo em vista.

– Não entendo muito bem sobre isso, afinal, meu emprego é o mais anormal de todos.

Os dois riram.

– E como conheceu nossa história? Por que se interessou por ela?

– Por que quando assistia, esquecia um pouco da minha vida amarga e solitária...

– Como assim? - indagou curioso.

– Desde pequena tive dificuldade em fazer amizade e isso não mudou muito com o tempo. Era sempre sozinha... então me distraia vendo desenhos. Não tive uma infância e adolescência muito felizes, exceto quanto assistia CDZ. Não imagina o quanto esse universo significa para mim. Para mim e para as meninas. Sei que estamos parecendo meio tietes, é porque pensar que vocês existem é surreal. - sorriu.

Enquanto ouvia as palavras de Jules, o chinês lembrava-se das palavras de Shura. Eram duas situações opostas.

– Acho que por isso.... - Jules olhou para o desenho da floresta na parede da casa. - entendo um pouco sua sensação de solidão em Rozan. - o fitou. - e te admiro pelo fato de ter conseguido manter a serenidade e guiar os bronze na guerra contra Hades.

Dohko ficou sem palavras. Ela o admirava?

– Você acha isso de mim?

– Sim. - disse simplesmente. - não é apenas bonito, mas também dono de um grande caráter.

"... Retire de nós o cosmo, o "glamour" de sermos cavaleiros de Atena e acrescente o fato de todos nós termos algumas sequelas. Elas gostam dos personagens e não de nós..." As palavras de Shura martelavam sua mente.

– Continuaria achando isso, se eu fosse simplesmente um chinês baixinho, sem poder algum?

– Que pergunta Dohko! Claro! Se na série já achava sua personalidade impar, imagine agora, que realmente estou conhecendo você.

Ele sorriu. Era muito bom ouvir aquilo. Então Jules não o encarava apenas como um personagem e sim como uma pessoa de verdade. Levantou indo até a brasileira, ajoelhando na frente dela.

– Não sabe como me deixa feliz ao ouvir isso. - pegou na mão dela. - obrigado. - deu um beijo terno em suas mãos.

Áries

Paula subiu as escadarias de acesso ao aposento de Shion, finalmente sua curiosidade seria sanada. Parou na porta de madeira branca com entalhes em dourado dando leves batidas, mas nada.

– Shion. - resolveu chama-lo. - Shion.

Ela tocou a maçaneta e a porta abriu. Lentamente colocou a cabeça para dentro, não vendo o ariano.

– Shion?

Entrou ficando encantada. O aposento de Shion deveria ter vários metros. O chão era de madeira muito bem polida. As paredes e o teto eram de um amarelo bem claro e colunas gregas brancas subiam até o teto. A primeira parte era uma sala de estar e a decoração singular. Um enorme carpete oval em tom de bege no chão, um sofá de dois lugares e duas cadeiras ficavam no centro do tapete. Ao centro uma mesa com um lindo vaso de vidro com rosas brancas. Ao fundo do cômodo um lindo piano de cauda preto. O restante da decoração relembrava os templos gregos antigos. À direita duas portas de madeira brancas. A esquerda uma porta, também de madeira branca, contudo mais larga. Ao fundo, atrás do piano, uma grande porta feita de vidro. Paula, não desperdiçaria a oportunidade de ver tudo. Antes de ir para a primeira porta deixou o envelope sobre a mesa da sala. Ao abri a porta deu de cara com um amplo escritório.

– Que luxo... - murmurou.

O piso era em mármore negro, as paredes eram todas entalhadas com mármore branco com detalhes em dourado. Um lindo lustre de cristal descia no meio do cômodo. Uma mesa de madeira ao centro, uma estante com vários livros e abaixo das amplas janelas cobertas por cortinas em seda um sofá de dois lugares.

Rumou para outra porta e desta vez deu de cara com o quarto propriamente dito. Era lindo. O chão era de madeira clara, amplas janelas cobertas por cortinas em verde musgo. Uma pequena estante de livros. Na parede que ficava a cama, pequenas colunas subiam até o teto. De cada lado da cama, criados mudos em madeira clara e abajures de base em dourado. A cabeceira era negra e bege, a cama estava coberta por uma colcha nude, tendo duas almofadas brancas. Notou que havia duas portas. Uma dava no banheiro, até pequeno para os padrões "Grande Mestre", a outra num closet de fazer inveja a qualquer mulher pelo tamanho.

Paula saiu indo para a porta de vidro. Quando a abriu sentiu a brisa tocar em seu rosto. Era uma varanda de uns três metros de largura e que tinha de comprimento o exato tamanho da frente do templo. De lá via os telhados das casas zodiacais, algumas casas de Rodorio, a arena menor e Athenas ao fundo.

– Que vista!

Saiu dali indo para a porta da esquerda.

– Uau.... - murmurou.

Aquele local era enorme! O chão era negro e as paredes brancas. A sua direita várias cadeiras/camas que se usam em Spas na cor branca. Mais ao fundo ainda na direita, mais cadeiras e uma porta. O teto era um capitulo a parte. Todo desenhado com afrescos de passagens gregas. O luxo que imperava ali era de fazer inveja a qualquer palácio europeu. Mas o que conferia aquele local sua majestade, estava ao fundo. Paula caminhou lentamente, até atingir a escada de poucos degraus.

– Cobrar dez euros vai ser pouco, tem que ser no mínimo cinquenta.

Ela se referia a piscina retangular de dez metros por cinco de largura. Tendo ao fundo uma parede toda feita de vidro, dando a quem desfrutasse daquele local uma visão privilegiada de parte da estátua de Atena, do templo menor, da fonte, da cidade de Athenas e de Star Hill.

– Isso simplesmente é divino! - andou pela beirada para ver a vista.

Horas antes...

Shion tinha almoçado no próprio escritório do térreo. Tinha muitas coisas para fazer e queria adiantar ao máximo. Depois de horas sentado, resolveu descansar um pouco e nada melhor que um mergulho em sua piscina. Foi para o quarto, onde se despiu indo para o Spa. Quando voltou do Tártaro, não queria ficar naquele quarto. Para ele era grande e luxuoso demais, resquícios de quando Saga era o grande mestre. Mas para não desagradar Atena acabou por aceitar. Andou, nu, até a caixa de comando da piscina, ligando-a. Queria água morna. Depois de certificar-se que estava na temperatura ideal, deixou o corpo repousar naquelas águas. Ficou por um tempo, indo em seguida para a sauna. Poucos minutos seriam suficientes. Pegou uma toalha branca, cobrindo sua parte intima e saiu. Quando percebeu, viu Paula, parada em frente aos janelões de vidro. Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

– É uma bela vista. - disse.

O susto foi tão grande que quase Paula caiu na piscina.

– Shion?? - indagou assustada.

– Como entrou aqui?

– A porta estava aberta... - disse olhando para o chão para não cair na piscina. - me pediram para te entregar um envelope... te chamei como não respondeu..

Desceu as escadas, só então reparando que o ariano estava apenas enrolado numa toalha. Não pode deixar de notar o peitoral bem definido, a barriga tanquinho, com até as marcas dos músculos que desciam para as partes íntimas. Os braços bem torneados. Ela não imaginava que debaixo daquela túnica, ele poderia ser tão perfeito. Nem as várias marcas de cortes ao longo do peitoral e da barriga o deixam feio, muito pelo contrario o deixava ainda mais sedutor. Os cabelos esverdeados estavam grudados.

– "Bem que a toalha podia cair..." - pensou dando um fino sorriso.

Shion notou o sorriso dela, ficando rubro, pois imaginava o teor do pensamento.

– E onde está o envelope?

– Deixei na sala... - não conseguia parar de olhar para ele.

Ele soltou um suspiro.

– Pode me fazer um favor?

– Cla-ro.

– Vá até o meu closet e pegue uma túnica para mim? A que tem apenas uma faixa vermelha no centro.

Rapidamente Paula foi cumprir as "ordens", pois se continuasse a olhar aquele corpo, faria alguma besteira. Entrou no quarto indo direto para o closet, abriu uma porta, se deparando com vários modelos de túnica. Pegou a que Shion queria, voltando. Ao chegar ele já estava com uma camisa branca e uma bermuda preta que ia até o meio da coxa.

– "Como queria ter visto nu." - pensou. - aqui está.

– Não demorou nem um minuto e nem perguntou onde fica meu quarto.

– Admito, - ficou vermelha. - que antes de chegar, entrei em todas as dependências. Sinto muito.

Shion franziu o cenho.

– Tudo bem. - pegou a túnica. - como foi o almoço em Sagitário?

– Correu bem, se não fosse por um pequeno incidente.

– Incidente?

– Apareceu duas baratas na sala.

– E é incidente por que?

– Como por que? - o fitou incrédula. - Barata. Aquele bicho nojento que voa na gente.

– É inofensivo.

– Não é mesmo.

Ele riu. Colocava a túnica, mas a mesma estava agarrada.

– Te ajudo.

Paula o ajudou a ajeitar a túnica.

– Não sei como aguenta ficar com isso. - alisava o pano, para tirar marcas. - é pesado. Deve ser um calor.

– A gente acostuma.

– Eu morreria se usasse isso. Além de ser trabalhoso. - pegou a estola. - ainda tem mais isso.

– As vezes é um pouco quente mesmo.

A brasileira começou a abotoar os vários botões, Shion a observava atentamente, ela fazia com tanta delicadeza e atenção que não pode deixar de sentir gratidão. Paula fez os últimos ajustes.

– Prontinho grande mestre. Está impecável.

– Obrigado. Normalmente levo muito tempo abotoando.

– Sempre que precisar. - sorriu.

– Gostou da piscina?

– Se gostei? É fantástica! Imagina ficar nela, vendo a vista! Alias seu aposento é lindíssimo. Adorei também o piano de cauda. Sabe tocar?

– Sim.

– Pode tocar para mim qualquer dia?

– Posso. - não queria mentir, mas não tinha coragem de dizer que ela iria embora no dia seguinte. - posso sim. - deu um meio sorriso.

– Isso aqui era do Saga?

– Sim. As disposições dos cômodos, a piscina foi tudo ideia dele, Atena apenas reformou.

– Não é atoa que ele queria continuar sendo o grande mestre. Eu que não queria perder uma mordomia dessa. " A Cris se ferrou, vou ser dona disso tudo." - pensou. - Desculpe a brincadeira, pois Saga tem "problema", mas isso é demais.

– Realmente luxuosa.

– Digna de um grande mestre.

Ele sorriu. Paula notou que a estola estava um pouco torta então aproximou para consertar. Shion era realmente alto. O fitou, seu olhar violeta a fitava fixamente.

– Pronto... - abaixou o olhar ficando rubra. Por mais que fosse extrovertida com as meninas, Shion conseguia deixa-la tímida.

Ele continuou a fita-la, de todas as meninas, ela tinha lhe chamado mais a atenção e quando a viu dançar em seu escritório ficou imaginando em como seria vê-la dançar para ele.

– Ana Paula.

O som do seu nome completo chamou-lhe a atenção. Os olhares se cruzaram. Lentamente Shion aproximou seu rosto do dela, tocando-lhe nos lábios. Os olhos da paraense fecharam-se. Ele agia ainda um pouco acanhado, contudo os lábios dela eram convidativos deixando-se levar. O contato aprofundou e Shion a segurou pela cintura aproximando ainda mais seu corpo do dela. O beijo só acabou pois precisavam respirar. Shion afastou assustado. Aquilo nunca poderia ter acontecido.

– Me perdoe Paula. Não quis desrespeitá-la.

– Tudo bem. - disse, ainda atordoada com o beijo.

– É melhor você ir.

Ela apenas balançou a cabeça afirmando e saiu. Shion caminhou até uma cadeira e sentou. Nunca tinha feito isso na vida e recriminava-se, entretanto não negou que o beijo foi bom.

O.o.O.o.O

Heluane subia bufando pelas escadarias que conduzia Virgem a Libra, aquele tapa tinha sido pouco. Mal sabia que Giovanni subia atrás apertando o pé para alcança-la.

– Sua insolente. - segurou o braço dela.

– Me solta agora!

– Só depois de me ouvir.

– Não tenho nada a tratar com você! Me solta.

– Tente.

– Posso gritar.

– Não teria coragem.

– Que apostar? - Helu estava preparada para soltar um grito que Atena escutaria, contudo MM tampou sua boca a tempo.

– Pensa que vai me ferrar está muito enganada garota.

A resposta da brasileira foi chuta-lo na canela.

– Sua f#%&*. - sentiu dor.

– Olha como fala!

– Eu deveria matar você.

– Mate, quero ver peitar Atena.

O cavaleiro ficou em silêncio. Helu deu um sorriso triunfante voltando a andar.

O.o.O.o.O

Marcela no quarto, já tinha jogado todos os travesseiros na parede. Estava com ódio de Miro.

– Ele me paga! Tom @#%$!

– Marcela? - indagou Gabe da porta. - escutei sua voz do corredor.

– Foda-se!

– Aconteceu alguma coisa com o Miro? - indagou pois sabia que a irritação dela atendia por Miro.

– Aquele babaca idiota! Fil @#%&! Acredita que ele me falou que sou uma pessoa fútil? Tom $%&@!

– Ele disse isso?

– Disse! Aquele cretino!

– Você pelo menos tem com quem brigar. E eu? - ficou em silêncio. - Aioria me beijou.

– Eu juro que mato... - parou de falar. - o que disse?

– Aioria me beijou.

– O que??? - arregalou os olhos. - onde?

– Em leão, mas o mais inacreditável é que a Marin chegou segundos depois. Quase nos pegou.

– E aí?

– E aí que eu sai a francesa. Não quero me iludir Marcela. Aioria gosta da Marin, só me beijou por beijar.

– Homens são canalhas! Cambada de fi@#%&!

O.o.O.o.O

Kamus e Isa voltavam num profundo silêncio. Depois do beijo, não tinham coragem de se olharem. Chegando em Áries encontraram Mu e Ester. O ariano tinha proposto levar Ester até o templo.

O.o.O.o.O

Saga não voltou para casa, entrando no templo que ficava ao lado da fonte.

Cris foi para o quarto, encontrando uma sorridente Paula.

– Estou nas nuvens...

– O que houve?

– O Shion me beijou... fui para o céu... eu morri... - deu um suspiro. - ele beija muito bem. Com certeza a pipa do vovô ainda sobe.

A mineira riu.

O.o.O.o.O

Marin não ficou muito tempo em Leão, pois tinha que voltar para ajudar Fernando. Pouco depois que Gabe saiu a amazona foi para o templo. Aioria a acompanhou, até o templo, onde a amazona foi para o alojamento e ele para o pátio da estátua, pois precisava pensar. No alojamento, depois de terminado o serviço, Fernando achou melhor voltar para a morada de Atena.

Sheila subia lentamente as escadarias que davam em Capricórnio, ainda completamente surpresa pela atitude do grego, quando passou pela casa, encontrou Julia sentada num canto.

– O que foi Julia? - tocou no ombro da amiga.

– Oi Sheila. Não é nada.

– Shura foi frio com você.

– Sim. De onde está vindo?

Sheila ficou vermelha.

– O que foi?

– Aiolos me agarrou e me levou para o quarto.

– O que?? - arregalou os olhos.

– Isso mesmo, mas na hora "h" ele parou e começou a pedir desculpas.

– O Aiolos te agarrou? - não conseguia acreditar. - se fosse o Miro, ou Mask, mas o Aiolos?

– Pois é... estou tremendo até agora. Me beijou na boca, no pescoço, no colo, agarrou as minhas coxas, além de sentir a arma dele em posição de ataque.

– Sério???

– Sim. Ele só não avançou porque deve ter ficado com medo de uma possível retaliação. Afinal ele será o futuro grande mestre e deve dar o exemplo.

– Quero detalhes. Já que nunca terei isso com o Shura, pelo menos quero saber como é a pegada dele.

O.o.O.o.O

Depois de saborear um delicioso chá, Juliana se despediu do indiano, porém ele disse que a acompanharia até o templo, pois queria conversar com a deusa.

Outro casal que seguia pelas doze casas era Jules e Dohko. Os dois subiam conversando animadamente.

Miro ainda com raiva resolveu procurar o Aquariano para espairecer.

Aiolos ainda ficou um bom tempo em sua casa, antes de sair. Precisava trabalhar para esquecer o que tinha se passado com ele.

Posteriormente ao banho no lago, Deba e Mabel voltaram para a vila, onde o taurino comprou um vestido para Mabel, pois suas roupas estavam molhadas. Para encurtar o trajeto, voltavam pelo caminho que levava até o pátio do templo.

Na sala de descanso, Atena e Rodrigo continuavam conversando.

– Alguns livros sobre mitologia precisam ser revistos. - disse o baiano.

– Li alguns, as vezes a história é absurda, mas melhor assim. Há certos conhecimentos que não podem ser revelados a humanidade. - Atena olhou para o céu. - preciso resolver algumas coisas sobre a minha empresa. - levantou.

Rodrigo notou uma leve mudada no timbre da voz.

– Daqui a quinze minutos vá ao salão do trono. Convoquei uma reunião com os cavaleiros e vocês. - a voz já saia no timbre normal.

– Aconteceu alguma coisa?

– Vai acontecer. Te aguardo Rodrigo.

O.o.O.o.O

O cortejo formado por Mu e Kamus, acabou encontrando Kanon e Suellen. A brasileira queria ir embora e Kanon a acompanhou para procurar pelo Saga.

Heluane e Mask subiam brigando. E a cada minuto os xingamentos ficavam mais baixos. No pátio do templo continuaram a brigar.

– Nunca torci tanto para a barreira abrir e ficar livre de você! - berrou Helu.

– Os incomodados que se retirem, estou na minha casa.

– Seu grosso!

A discussão continuou, passando a ser testemunhada pelos casais, mais Aioria, Saga e Fernando.

– Já chega vocês dois. - disse Aioria.

– Fique na sua! - gritou os dois.

Aos poucos, todos que estavam fora do templo pararam para ver a discussão. Até as que estavam no templo apareceram, pois Gabe escutara vozes alteradas e chamou as amigas.

– Você é um grosso, antipático e arrogante! - disse Helu.

– E você uma idiota. Não sei por que estou perdendo meu tempo com você. - sua paciência estava no limite.

– Digo o mesmo!

Eles nem se importavam com a plateia.

– Águem tira a Helu de lá. - disse Rodrigo baixinho a Marcela. - ela vai acabar se machucando.

– Eu que não sou doida de me meter.

Do lado dos cavaleiros...

– Shaka faz alguma coisa. - disse Deba. - daqui a pouco o Shion chega e é capaz de sobrar para gente.

– São iguais. Deixem que se matem.

Na briga...

– Não me provoque. - disse Helu. - posso contar tudo a Atena.

– São só ameaças de alguém insignificante. Fica com essa pose de durona, mas lá no subsolo se borrou de medo ou na verdade ficou exc... - Mask ia dizer excitada, mas...

Splash!

Todos arregalaram os olhos quando viram a mão da brasileira na face do canceriano que por sua vez mudou de cor. Elas, Rodrigo e Fernando não podiam ver, mas ao julgar pela expressão dele e uma movimentação estranha do ar, vinha bomba. Os cavaleiros viram o cosmo dele queimar em torno e crescer a cada segundo.

Heluane estufou o peito, nunca teve medo dele e agora que sabia que ele não podia manda-la para o Yomotsu aí que não tinha medo mesmo.

O cavaleiro estava possesso, nem que queimasse todo o cosmo, a mandaria para o inferno. Ele aproximou tocando a testa dela com o indicador. Helu continuou fitando-o.

– Sekishiki...

Para quem via, o cosmo dele chegou a grandes proporções, as meninas apenas sentiram uma forte ventania e aquilo as assustou. Heluane contudo trazia um fino sorriso no rosto.

– Meikai... ha.

Normalmente esse era o ápice do golpe e a alma do inimigo era tragada para o inferno, independente se fosse cavaleiro ou não, contudo nada aconteceu.

O sorriso da brasileira aumentou.

– Não me mandaria para o inferno? Estou esperando.

O rosto dele ficou demoníaco, mataria aquela garota sem dó.

– E pensar que já foi o sanguinário Máscara...- disse, ela sabia que tinha pegado pesado ainda mais pelos dois tapas, mas ele merecia, por tudo que tinha feito a ela. Entretanto Helu tinha plena consciência que sairia machucada naquela história. Foda-se, pensou. - sabe o que você ê? Fracassado. Que mal consegue lançar seu ataque. Não tem serventia nenhuma para Atena. É um brinquedo que estragou e que tem que jogar fora, pois não tem conserto. Deveria juntar suas coisas e se mandar, para deixar alguém com poder para defender a quarta casa. Vo-cê é... fra - cas-sa- do. - disse bem lentamente.

O silêncio foi geral... as meninas ficaram perplexas, realmente Helu não temia a morte, se Mask não a matasse naquela hora, poderia ser considerada sortuda.

O rosto do italiano contraiu todo, os dentes trincaram e o punho cerrou de tal maneira que as unhas entrariam na carne. Nunca sentiu tanto ódio de uma pessoa. Mas o pior era saber que ela tinha razão. Um cavaleiro sem poder usar seu golpe, era um fracasso. Ele ergueu o punho, se a acertasse no mínimo ela teria um traumatizo craniano. Ergueu mais um pouco, mas sentiu o punho retido, era Shaka. Acontece que pelo fato dele ser fracassado por não conseguir ser um cavaleiro na sua totalidade, servia também para Aldebaran, Aiolos, Shura e por não dizer para os demais, pois todos tinham alguma limitação. Shaka não gostava do jeito do canceriano, mas ofensa, na parte que um cavaleiro tinha seu maior orgulho, sua maior honra, não permitiria.

– Não vale a pena Giovanni. - disse Shaka fitando-o, depois de olhos abertos, virou-se para Heluane. - deveria tomar cuidado com o que fala, pois quem você chama de fracassado destruiu o Muro e salvou a sua vida medíocre. Se diz fã, então poderia ao menos ter o bom senso com as palavras. Não foi apenas ele que teve sequelas. Vem Giovanni.

O canceriano ficou surpreso pela defesa de Shaka.

O clima pesou e as palavras de Shura vieram ainda com mais força depois do episodio. Tinham certeza que todas pensavam da mesma maneira que a fluminense. Que eram fracassados por não serem mais a elite dourada de Atena.

– Boa tarde. - disse Marin chegando. - aconteceu alguma coisa? - indagou diante das caras.

– Não aconteceu nada Marin. - disse o virginiano. - algo que nem deve ser mencionado.

– Bom... Atena mandou chama-los. Vocês e as meninas.

– Já estamos indo. - disse Deba um pouco magoado com Helu.

Helu continuou com o rosto sério. Mask a tinha levado para o subsolo de Câncer, machucado seu pulso, tentou enforca-la e ela que era a má?

– "Vá se ferrar!" - pensou.

– Vamos Helu. - Marcela aproximou dela. - antes que diga mais alguma coisa.

– O que? Ele faz o que faz e eu que sou a errada?

– Se a carapuça tivesse servido só para o Mask... - disse baixinho.

Com o olhar Marcela, indicou os demais cavaleiros.

– Atena está esperando. - disse Marin.

Ela não sabia o que tinha acontecido, mas a ponto de Shaka defender Giovanni tinha sido algo bem grave.

Em silêncio seguiram para o salão principal. Reuniram-se na frente do trono. Atena consultou o relógio vendo que faltava pouco para as seis da tarde.

– Boa noite a todos. O motivo da reunião é sobre vocês, meninas e meninos.

Os brasileiros olharam entre si.

– Peço que deixem suas malas prontas.

– Como assim Atena? - indagou Gabe.

– O vértice vai abrir amanhã.

Silêncio tanto por parte dos brasileiros quanto pelos dourados.

– Vai abrir? - indagou Mu.

– Sim. Amanhã de manhã estejam a postos. - os fitou. - As malas irei despachar para o hotel então não se preocupem. Devolverei também as maquinas fotográficas e os celulares.

Estavam sem palavras, completamente surpresos. Estavam tão acostumados ao santuário que nem lembravam que o mundo lá fora existia.

– Mas Atena... - Mu olhou para Ester, ela iria embora? - desculpe, mas... como sabe que a barreira vai abrir amanhã?

– Sabendo Mu. - disse o mestre.

– Agradeço o apreço que tem por nós. - Atena olhou para o grupo. - isso deixa a nossa caminhada mais leve.

Os olhos de Gabe encheram de água, ela não veria mais Aioria?

– Atena.... - a voz embargou. - eu não vou ver mais o Aioria?

Era o mesmo sentimento do leonino, Gabe tinha se tornado uma grande amiga.

– Infelizmente não Gabrielle, sinto muito.

– Mas vou poder escrever? Ligar?

Atena respirou fundo, pois agora era a pior parte.

– Na verdade... - procurou as melhores palavras. - quando passarem pela barreira as lembranças daqui serão apagadas.

– Não vamos nos lembrar de nada? - indagou Julia.

– Não. O santuário para vocês voltará a ser uma obra de ficção.

Gabe olhou para Aioria, não se lembraria de nada? Do desenho, da tarde de vídeo game, do beijo, nada? As lágrimas vieram.

– Calma Gabe. - Cris a amparou.

– Eu... eu... não... quero... esquecer... - a abraçou chorando.

O leonino sentiu um aperto no peito. Também não queria que ela partisse, não queria que ela o esquecesse. Gabe tinha um lugar no seu coração.

Julia engoliu o choro. Não se lembraria do Shura? O capricorniano a fitou, sabia que isso um dia iria acontecer, mas...

Juliana abaixou o rosto. Infelizmente o sonho tinha chegado ao fim.. Shaka permanecia em silêncio, compartilhava do mesmo sentimento de Shura, contudo...

Cris amparava Gabe, querendo evitar olhar para o geminiano. A expressão de Saga era de perplexidade. Ela não poderia ir embora... passou por sua mente a imagem dela sumindo no meio da barreira.

– "Não... não.... "- sentia o coração bater forte e um suor frio.

Ester soltou um suspiro resignado, voltaria para a realidade. Mu estava sem palavras.

Aldebaran segurou forte a mão de Mabel, não queria que ela fosse embora. Ela por sua vez sentiu um aperto no peito. Ficar sem as lembranças do taurino seria muito duro.

Isa abaixou o rosto, infelizmente voltaria para o Brasil e sem as lembranças lindas com Kamus. O francês sabia que aquilo aconteceria mais cedo ou mais tarde, mas queria que fosse mais tarde.

Rodrigo conformou-se, um dia teria que voltar, apenas queria ter tido mais tempo, para abrir os olhos da deusa. Fazê-la pensar um pouco mais em si mesma.

Marcela hora alguma olhou para o Escorpião. Só estava com pena por ir embora pelos outros cavaleiros, pois pelo grego estava achando ótimo. Miro, compartilhava a mesma opinião, mas os dois no fundo...

"Que vá e esqueça que eu existo." - pensou o escorpião.

Sheila fitou o sagitariano, que trazia o olhar sério. Hora alguma ele olhou. Ela não queria ir, mas talvez fosse o melhor. Aiolos não sabia o que pensar. Para o bem do santuário, o certo era ela ir embora, mas um lado de si queria que ela ficasse.

Suellen ficou triste, agora que tinha conquistado a amizade de Kanon, iria perdê-la e o pior nem se lembraria dele. O geminiano sentiu a partida tanto de Suellen, que tinha se tornado uma boa amiga, quanto de Cris que poderia ajudar o irmão, mas era o melhor a se fazer.

Fernando deu um meio sorriso. Quando as coisas começavam a ficar boas, vinha algo que lhe aplicava uma rasteira. Apesar de saber do vértice desde a parte da manhã, Marin não queria que ele fosse, o mineiro tinha se tornado um bom amigo.

Dohko estava triste, perderia uma amiga, entretanto o santuário tinha que se manter em segurança. Juliane olhou para o libriano. Logo agora que tinham se tornado amigos?

Paula ficou imaginando o dia seguinte. Apareceria nas ruínas do Parthenon, voltaria para o hotel, depois para o Brasil e a lembrança de Shion estaria apagada, não era mesmo o que queria. O grande mestre fitava as expressões de todos, mas parou na paraense. Queria guardar a imagem do rosto dela.

Atena sentiu-se mal em dar a noticia, pois mais certo que fosse, percebeu que estava rompendo alguns laços. Olhou para Rodrigo, sentiria falta dele.

– Estejam prontas amanhã a partir das sete, é nesse horário que a barreira recebe por completo os raios solares e é acometida por oscilações.

– Está certo Atena. - disse Jules por todas.

– É uma pena que a barreira não pode ser controlada. - disse Mask. - chutaria a Heluane para fora e vocês ficariam por mais um tempo.

– Vá se ferrar! Seu fi@#%!

– Cala a boca Helu! - gritou Paula assustando a todos. - fique calada. - a voz saiu mais calma.

A fluminense a fitou ferina, mas calou-se. Mask antes de ir embora, mostrou a Helu o dedo do meio. Ela teve muito auto controle para não pular em cima dele.

– Podem ir arrumar suas coisas. - disse Atena sem entender a atitude do canceriano e de Heluane.

– Com licença Atena. - disse Isa saindo seguida pelas outras.

– Estão dispensados. - disse Atena aos seus cavaleiros.

Em silêncio caminharam até a porta principal do templo.

Quarto Áries/Touro

Heluane xingava até a quinta geração do italiano. Ao chegar no quarto jogou-se sobre a cama continuando a xingar. Marcela e Isabel estavam caladas. Isa foi até o banheiro pegar as suas coisas, enquanto Marcela dobrava algumas roupas.

– Ainda bem que vou me livrar daquela peste! Idiota!

– Já chega Helu. - disse Marcela de forma séria. Por mais que estivesse com raiva de Miro, não queria ir embora. - arrume suas coisas calada. - sua paciência era mínima.

– Cara...

Marcela a fitou de forma fria. Isabel que acompanhava a cena, colocou seus cremes dentro da frasqueira.

– Miro subiu conosco e estava de péssimo humor. - disse Isa, fitando Marcela. - aconteceu alguma coisa?

– Ele é um imbecil. - ajeitava a mala. - veio com cobranças.

– Vai embora brigada com ele?

– Vou esquecer mesmo, pouco me importo.

– Tem certeza? - Isa sabia que Marcela se importava sim.

– Tenho. Vai até ser melhor assim. E você? Vai ver o Kamus?

– Nós nos beijamos hoje.

– Sério??

– Sim... - soltou um suspiro. - acho que você tem certa razão em não se importar. Seria muito duro lembrar-se desse dia e não poder vê-lo mais.

– "Pois eu acho ótimo esquecer-se daquele idiota!" - pensou Helu.

Gêmeos/Câncer

Juliana arrumava suas coisas em silêncio, assim como Sheila. Sentada na sua cama, Julia olhava para o chão.

– Algum problema Julia? - indagou Sheila.

– Nada... - engoliu o pranto. - é que não queria ir embora. - a fitou.

Juliana e Sheila trocaram olhares ao ver os olhos da amiga marejados.

– Sei que é duro Ju, mas não há nada que podemos fazer. - disse Juliana. - infelizmente.

– Eu sei... só que... - derramou uma lágrima. - não queria esquecer. - limpou o rosto. - por mais que o Shura tenha sido frio comigo, queria ter essa lembrança.

– Nós sentimos o mesmo. - Sheila sentou ao lado dela. - só nos resta aceitar.

Leão/Virgem

Gabe não parava de chorar.

– Calma Gabe. - Suellen estava agachada diante dela.

– Eu... não... quero... esquecer o Aioria.... não quero...

– Não há nada que possamos fazer Gabe. - disse Mabel abrindo a mala. - infelizmente o sonho acabou.

Cris sentada na cadeira trazia o olhar vago. Estava muito preocupada com Saga.

– Cris?

Ela ergueu o rosto.

– Sim Mabel?

– Está bem?

– Estou. - levantou. - não é nada... vou juntar minhas coisas.

Libra/Escorpião

Ester tinha desligado seu tablet, dando um claro sinal que não queria conversar com ninguém, arrumando a mala num canto. Jules e Paula enquanto arrumavam suas coisas conversavam.

– No spa?

– Sim. Ele me envolveu de tal forma... o Shion realmente é especial. Não queria esquecer o beijo.

– Nem isso eu tive.

– Mas vamos esquecer, isso nos deixa empatadas.

– Parece que sim... - Jules deu um meio sorriso.

Capricórnio/Sagitário

Rodrigo deixou o corpo cair sobre a cadeira.

– Não pensei que o fim chegaria tão rápido. - disse.

– Se levarmos em conta, o tempo que ficamos em Athenas e aqui, é o período da nossa viagem. Pelo menos você vai poder acompanhar a vida da Atena.

– Como?

– Sites de noticias. Saori Mitsui é dona de uma mega empresa, sempre vai sair algo sobre ela.

– Eu não quero ler quando sair a nota de casamento. - o baiano afundou na cadeira.

– O pior disso tudo é apagar nossas lembranças. - Fernando sentou na cama. - não queria esquecer da Marin.

– Temos que aceitar. - levantou indo em direção a sua mala. - não podemos fazer nada.

O.o.O.o.O

Os cavaleiros seguiam em silêncio em direção a suas casas. Era notável que o fato delas irem embora, havia mexido com todos. Talvez o único que não se importava era Mask.

– Vou sentir falta da baixinha... - murmurou pensando em Julia. - ela era interessante.

A expressão de Shura endureceu.

– É o correto a se fazer. - disse Shaka. - no mais nem se lembrarão de nós.

Aldebaran e Mu encolheram, não queriam ser esquecidos.

O.o.O.o.O

Marin foi para seu quarto, no alojamento, pensando no mineiro. Tinha que vê-lo para agradecer pela ajuda durante esses dias.

O.o.O.o.O

Shion deixou a estola sobre o sofá, tirou o manto, depositando-o numa cadeira. Foi até a varanda, vendo o sol se por no horizonte. Olhou para o céu, percebendo os últimos resquícios dos raios solares sobre a barreira. Sentiu um vento mais úmido, sinal de chuva. Os pensamentos foram ate Paula.

O.o.O.o.O

Atena retirou-se para seu escritório, precisava providenciar o transporte das bagagens dos brasileiros e outros detalhes pertinentes, mas estava sem atenção. As lágrimas de Gabe mexeram com ela. Não imaginava que seria tão duro a separação.

Mais tarde, Atena avisou sobre o jantar, mas ninguém quis descer, nem ao menos Shion e a própria deusa preferiu comer no escritório. Já passava das oito da noite. Um vento frio soprava indicando que ocorreria chuva mais tarde.

Em Aquário, Kamus terminava de fazer um embrulho. Tomou um banho e saiu.

No templo Ester foi até o quarto ao lado chamar por Mabel. A americana a conduziu até um canto.

"Vamos nos despedir?"– o volume estava bem baixo, para apenas a Piauiense escutar.

– Vamos. - já sabia onde ela queria ir.

Em escorpião, Miro assistia TV, mas a cada segundo pensava na brasileira. Resoluto a risca-la da sua mente, resolveu tomar cinco comprimidos de uma vez.

– Só vou acordar amanha a tarde, ela já terá ido. - engoliu.

O resultado foi instantâneo. Logo pegou no sono.

Marcela preferiu dormir mais cedo, para não pensar na situação.

Na quinta casa Aioria andava de um lado para o outro. Estava confuso, pois estava dando muita importância a partida de Gabe. Não que não fosse sentir falta dela, mas parecia algo a mais. Lembrou-se da reação dela no templo. Ao ver aquelas lágrimas o coração apertou. Resolveu vê-la.

No quarto Gêmeos/Câncer, Julia terminava de arrumar suas coisas. Juliana e Sheila num canto a observava.

– Dá uma volta com ela. - disse Juliana.

– Tive uma ideia melhor. - Sheila andou até Ju. - estou pensando em ir em Sagitário despedir do Aiolos, quer ir comigo?

– Não sei...

– Para em Capricórnio.

– Será...?

– Vamos, no caminho você pensa.

Nas doze casas...

Apagou o cigarro na pilastra de Peixes. Colocando a mão no bolso, pegou uma chave.

– Vou cobrar honorários. - disse Giovanni abrindo a porta que dava a área privativa de Peixes.

Quando pôs os pés começou a espirrar.

– Maldito cheiro de rosas! Afrodite quando você voltar vou te esfolar! - rumou para a cozinha continuando a espirrar.

Abriu o ultimo armário, pegando um regador.

Julia e Sheila desciam as escadarias de Peixes conversando, vez ou outra o vento soprava mais forte indicando que uma tempestade se aproximava. Saiam da décima segunda casa, quando escutaram um espirro.

– Tem alguém aí? - indagou Sheila olhando para todos os lados.

– Sou eu.

O canceriano descia os poucos degraus que ligava a casa ao pátio frontal.

– Boa noite. - espirrou.

– É alérgico? - indagou Julia.

– Aquelas rosas malditas.... ainda acabo com elas.

– Estava em Peixes? - Sheila estranhou.

– Sim. Onde estão indo?

– Andar. - Sheila respondeu rápido.

– Você pode ir então, quero conversar com a Julia. - deu um grande sorriso safado.

– Eu vou também. - disse Julia, prevendo como isso terminaria.

– É do seu interesse.

– Nos encontramos depois Ju. - Sheila foi saindo.

Julia ainda tentou seguir com a amiga, mas Mask a segurou. Quando a outra sumiu das vistas dos dois...

– Aposto que estava indo para Capricórnio...

– Não.

– Eu contei para Shura que ficamos. - sorriu.

– Acabou com as minhas chances...

– Disse também que você tem um boneco dele porque ganhou e não porque gosta dele. Acho que ele ficou com raiva. - coçava o queixo.

– Você fez o que?? - agora estava explicado a pergunta do espanhol sobre o boneco.

– Só falei a verdade.

Os olhos de Julia enxergam de água... sua mínima chance com o espanhol tinha sido minada.

Giovanni trazia um sorriso nos lábios que aos poucos foi morrendo ao ver a cara de choro dela.

– Não vai chorar!

Ela não disse nada e os olhos enchiam mais.

– Ei... - tocou no rosto dela. - aquele idiota não merece suas lágrimas.

– Mas... - choramingava.

– Você só me dá trabalho sabia? - a abraçou.

Julia ficou surpresa com o gesto. Máscara da Morte abraçando alguém?

– Vou te escoltar até Capricórnio.

– O que???

– Vou mostrar para Shura quem é seu cavaleiro favorito. - deu um largo sorriso.

– Você quer me ajudar ou detonar?

– A segunda opção. - sorriu.

O.o.O.o.O

No quarto Libra/Escorpião Jules estava sentada num canto. Paula vez ou outra olhava para ela preocupada.

– Você está bem Juliane?

– Estou... - o som saiu abafado, pois ela estava abraçada as pernas com o rosto afundado.

Paula achou melhor chamar alguém, indo bater no segundo quarto.

– Paula. - Juliana que atendeu.

– Oi Ju. Será que pode vir aqui?

– O que foi?

– A Jules... ela está esquisita.

A paulista franziu o cenho, acompanhando a amiga. Quando entrou no quarto, percebeu que Jules não estava bem.

– Ju. - Juliana agachou diante dela. - Ju.

– Oi...

– Estava pensando em dar uma volta perto da fonte. Pode vir comigo? - sorriu.

– Tudo bem...

Paula suspirou aliviada quando Jules aceitou. Juliana tivera uma boa ideia.

As duas saíram sob o olhar da paraense.

Rodrigo deixou tudo pronto, já que tinha que ir deixaria tudo preparado para amanhã. Olhou para o mineiro, que estava sentado numa poltrona lendo.

– Vou andar por aí. - disse indo para a porta.

A verdade é que tinha rumo certo para ir: Saori. Colocaria tudo que sentia por ela em pratos limpos, afinal no dia seguinte iria partir e mesmo que não se lembrasse de nada, queria confessar. Foi direto para seu escritório, dando duas batidas na porta.

– "Entre!" - escutou a voz dela.

– Boa noite Atena. - teve o cuidado de dizer.

– Boa noite. - a voz saiu num timbre mais velho.

– Estou atrapalhando?

– Não. - a deusa abaixou a tela do notebook. - algum problema?

– Na verdade sim...

– Se eu puder ajudar.

– Infelizmente não pode. - abaixou o olhar. - mas gostaria que me escutasse até o final.

– Sou toda a ouvidos.

O.o.O.o.O

No quarto, Fernando terminava com a mala. Queria ver Marin, dizer o quanto ela era importante para ele, mas a coragem lhe faltava.

Estava tão pensativo que escutou apenas na terceira batida.

– Entre.

– Fernando.

– Marin? - indagou surpreso.

– Posso entrar?

– Claro.

– Está ocupado?

– Não, por favor senta. - tirou algumas roupas da cama. - estava arrumando as malas.

– A barreira pode abrir bem cedo...

– Pois é...

– Eu vim aqui para te agradecer. Por tudo.

– Não foi nada. - disse sem graça. - na verdade foi um prazer.

Ela sorriu, o mineiro era muito gentil.

Aquário

Isa estava sentada na varanda lendo um livro, quando ouviu batidas a porta. Helu foi atender.

– Kamus?

– Isa está?

– Sim. - olhou para dentro. - Isa.

Segundos depois a paulista chegou na porta ficando surpresa por ver o francês.

– Pode me acompanhar um instante? Será rápido.

– Claro.

Fizeram o caminho em silêncio, pelo trajeto a brasileira percebeu que ele a levaria até Aquário. Dito e feito.

– Venha.

A conduziu pela casa, até chegarem a biblioteca. Ainda sem dizer nada, os dois subiram pela escada em caracol, indo para o segundo andar. Isa ficou surpresa ao ver outra escada e ficou ainda mais ao ver a varanda.

– Não sabia que tinha varanda. - disse.

Kamus apenas sorriu. A brasileira voltou o olhar para frente, arregalando os olhos. Havia uma mesa de dois lugares, enfeitada por duas velas e uma rosa branca. Ao lado da Rosa um balde com uma garrafa.

– Kamus...

– Espero que goste do vinho de Marselha.

– Adoro. - disse surpresa.

– Mas antes... - pegou uma caixa ricamente decorada. - para você.

A brasileira pegou a caixa e a abriu.

– Kamus?? - os olhos arregalaram.

– Espero que seja útil.

– Mas.. - tirou um livro de dentro dela, era um dos livros que ela pesquisou sobre sua tese. - é seu...

– Era meu, agora é seu. Aceite.

– Obrigada. - ficou encantada. - obrigada mesmo.

– Por favor. - puxou a cadeira.

Assim que ela sentou, Kamus pegou a garrafa abrindo-a.

– Châteauneuf Du Pape La Nerthe Rouge, safra de 2008.- depositou na taça.

Isa pegou a taça e cheirou. O aroma era divino e o gosto ainda mais. Seria a noite ideal. Vinho perfeito e companhia mais que especial.

Touro

Ester deixou Mabel e seguiu rumo a Áries. A brasileira bateu na porta, não ouvindo resposta. Timidamente girou a maçaneta.

– Ricardo...?

Apenas a luz da sala estava acesa. Mabel o viu deitado no sofá, imaginou que ele estivesse dormindo, no entanto Deba estava com fones escutando música. Os olhos estavam fechados.

– Ricardo. - tocou a perna dele.

Ele abriu os olhos sorrindo ao vê-la.

– Bel...

– Desculpe entrar desse jeito. Eu chamei, mas você não me ouviu.

– Tudo bem. - sentou. - sente-se.

– Obrigada.

– Estava escutando música. O que faz aqui?

– Vim me despedir... já que não sei exatamente a hora que vamos...

– Você vai embora.... - murmurou. - cuide-se está bem?

– Pode deixar.

Ficaram em silêncio. Deba queria dizer muitas coisas, mas pensava que era inútil. Ela não se lembraria dele.

– Obrigada pelo almoço, pelo sorvete e pelo vestido.

– De nada.

– Sei que pode parecer loucura e rezo para que não aconteça nunca mais, mas se tiver uma guerra, vai se cuidar?

– Vou. - tocou o rosto dela.

– Fico aliviada.

– Quer escutar música?

– Sim.

Dividiram o fone.

Áries

Mu deixava a água quente cair sobre as costas, o rosto colocado no azulejo estava baixo. Deveria está acostumado a viver sozinho, mas a partida dela realmente mexia com ele. Tinha consciência que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, mas queria que fosse mais tarde. Desligou o chuveiro e abrindo o box enrolou a toalha na cintura.

Do lado de fora da casa, Ester seguia a passos rápidos, precisava despedir dele e dizer o quanto ele tinha feito por ela. E que mesmo não se lembrando daquela passagem, Mu sempre teria um lugar em seu coração.

Ela bateu na porta, sem resposta. Bateu de novo e na segunda foi atendida. Mu pensando que poderia ser algum dos amigos, atendeu apenas com a toalha amarrada.

– Ester??? - a face ficou vermelha.

A brasileira nem piscou. Os olhos pararam no dorso trabalhado do cavaleiro. Os músculos do braço eram bem torneados. Mu parecia a representação viva de uma estátua de um deus grego: branco como mármore, sem pelo algum e perfeito. Mu simplesmente era perfeito.

–Me desculpe.... - disse saindo do estado de contemplação.

– Eu já volto.

Ainda vermelho de vergonha, o ariano foi até o quarto onde vestiu uma camiseta e uma bermuda.

– Desculpe Ester, eu...

– Tudo bem.

– Entra. - deu lhe passagem.

– Não atrapalho?

– Você nunca me atrapalha.

Os dois sorriram.

Sagitário

O que estava fazendo ali? Era o que se perguntava. Depois do claro balde de água fria, era muita cara de pau, bater naquela porta. Mas precisava se despedir do grego, mesmo que no dia seguinte não se lembrasse de nada.

Deu duas batidas, na terceira a porta abriu. Aiolos só estava de calça. Primeiro ela olhou para as cicatrizes no braço dele que estavam descobertas, depois demorou bastante tempo no tórax definido dele.

– Boa noite Sheila. - disse polido.

– Boa noite... acho que não vim numa boa hora.

– Não está atrapalhando.

– Eu vim me despedir... amanhã pode ser muito corrido...

– A barreira é imprevisível, terão que ficar a postos. - a voz saia um pouco dura.

– Pois então... - achou que ele fosse convida-la para entrar. - obrigada pela hospitalidade e desculpe os possíveis transtornos.

– Não tem nada o que desculpar Sheila.

– Mesmo assim. - ele continuava na porta e numa posição clara que não a convidaria para entrar. - Obrigado também pelo brigadeiro. Estava uma delicia.

– De nada. Bom... é isso. Até logo, ou melhor, adeus, não é? Já que não vamos nos ver mais.

– Adeus se encaixa melhor.

Capricórnio

Tinha uma coisa errada. Mascara da Morte e o homem que conversava com ela, definitivamente não era a mesma pessoa. Conversavam sobre a arquitetura da Roma antiga e Giovanni dava um show de conhecimento.

– Como sabe tanto? - indagou curiosa.

– Minha mãe era arquiteta... gostava muito das construções romanas...

– Adoraria conhece-la.

– Quando morrer vai conhecê-la.

– Eu sinto muito.

– Não precisa sentir, já tem muitos anos. - disse seco.

Julia resolver mudar de assunto.

Em Capricórnio, Shura estava deitado no sofá. Um pequeno balde com uma garrafa de cerveja estava no chão. Não era de beber, mas talvez o álcool o fizesse pensar em outra coisa. Pegou a garrafa, virando todo o conteúdo de uma vez. Tinha bebido apenas aquela garrafa, que não era suficiente para deixa-lo alterado. Resolveu sentar no pátio de trás de sua casa para respirar ar fresco.

Andava despreocupado, até que ouviu risos. Pelo cosmo identificou Giovanni, mas quem estava com ele? Alguma serva?

O olhar estreitou quando viu que era a Julia. Mask logo notou a presença dele antes da brasileira e propositalmente passou o braço pelo ombro dela.

– Boa noite Esdras. - disse com um sorriso nos lábios.

Julia arregalou os olhos quando viu o espanhol e o olhar que ele lhe dirigia. Viu o braço de Giovanni, soltando um suspiro desanimado. Seu romance mais uma vez estava sendo sabotado.

– Boa noite Giovanni, Julia.

– Oi... - disse num fiapo de voz.

– Está entregue.

Sem se importar com as consequências, Mask deu um selinho em Julia. A paulista ficou vermelha na hora, enquanto o espanhol fechou a cara.

– Até logo Shura. - disse ao passar por ele.

Um incomodo silencio pairou sobre os dois.

O.o.O.o.O

Durante todo o trajeto do templo até a fonte, as duas fizeram em silêncio. Sentaram na beirada.

– Eu não queria ir embora. - disse Jules. - logo agora que Dohko e eu...

– Infelizmente não podemos fazer nada. - Juliana brincava com a água fria.

– Não quero esquece-lo, nem das coisas que ele me falou...

– Eu também não queria... - lembrou-se da conversa com Shaka e do quase meio abraçado que deu nele.

Dohko regressava da Arena dourada. Shion havia lhe pedido que fizesse um relatório sobre a conservação do local e o libriano voltava com todas as observações na cabeça. Pelo menos algumas, já que o pensamento estava em Juliane. Logo agora que tinham se tornado amigos, ela iria embora? Não era justo. Estava com a mente longe, quando percebeu que havia duas pessoas na fonte. Quando os olhos bateram em Jules sorriu.

Em virgem, Shaka meditava, ou pelo menos tentava. Não entendia o porque da imagem de Juliana vir constantemente em sua mente. Resolveu expandir suas percepções e ver como o santuário estava a fim de desviar a atenção. As doze casas, Rodorio, arenas estavam tudo em ordem. Quando mentalizou a fonte que ficava nos arredores da Arena dourada sua atenção prendeu-se. Via perfeitamente Jules e Juliana e minutos depois a figura de Dohko surgiu.

O libriano aproximou da dupla.

– Boa noite meninas. - parou a certa distancia.

– Boa noite Dohko. - disse Juliana.

– Oi... - murmurou Jules.

– Que foi Jules?

– Não é nada... - virou o rosto.

Juliana levantou parando ao lado de Dohko.

– Pode ficar com ela um pouco? - indagou baixo.

– Claro.

– Qualquer coisa estou no meu quarto.

– Tudo bem Ju. - Dohko brincou com os cabelos dela.

Juliana apenas sorriu, sem sequer imaginar que alguém a vigiava e que não gostou nada do gesto.

Jules continuava com o rosto baixo e nem percebeu a aproximação de Dohko.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando a fic!
Ah... a parte sobre as torturas nos dourados e o acordo que Atena fez com Hades será contada nos próximos capítulos.



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