Daydreaming escrita por A Stupid Lamb


Capítulo 20
O Início do Fim


Notas iniciais do capítulo

Então, desculpem a demora.. Escrevi esse cap umas 5 vezes e ainda assim não fiquei satisfeita com ele, porém o próximo capítulo eu gostei bastante. Enfim, esse é, possivelmente, o antepenúltimo capítulo. Postarei o penúltimo semana que vem e o último na outra. Enfim, boa leitura.



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Deixamos a caixinha no carro e decidimos parar em um quiosque para comermos e bebermos alguma coisa.

“Imagina quando forem os nossos” A menina disse com a voz doce de quem sonha.

Acompanhei o seu olhar, vendo um casal, aparentemente jovem, brincar com um menino na areia. Eles sorriam ao tentar montar um pequeno castelo. Sorri ao ver a cena.

“Então a senhorita anda pensando em filhos?” Ela deitou a cabeça em meu ombro, fechando os olhos, tinha um sorriso tão lindo que não olhar era algo ainda mais impossível.

“É claro que eu penso” Ela deu uma pausa, e eu desejei poder ver seus pensamentos. “Mas primeiro” Ela ficou sentada de novo, me olhando diretamente, com aqueles olhos cinzas que eu sabia não existir em mais ninguém. “Vamos viajar o mundo, realizar todos os seus sonhos”

“Meu sonho maior já está sendo realizado” Sorri, a puxando para um breve beijo.

“Quase me esqueço” Ela puxou uma nota do bolso e colocou na mesa, ficando de pé e me puxando.

“Que bicho te mordeu?”

Ela ignorou minha pergunta, andando a passos largos e decididos. Paramos de frente para um prédio antigo, que se destacava dos outros. Antigo e muito bem conservado, porém sem nenhuma descrição aparente, nenhum nome que mostrasse o que era ou o que fora. A menina me olhou, talvez buscando algum sinal de que eu reconhecesse o prédio.

“Nunca esteve aqui, né?” Meneei a cabeça. “Não me espanta já que só lê”

“Irei encarar como um elogio” A menina revirou os olhos e me puxou para mais próximo do prédio.

“Esse prédio é um cinema” Fiz uma careta, parando antes de subir a escada até a entrada. “Só passa filmes antigos e, adivinha” Ela sorria, os olhos brilhando “Eu pesquisei e estão passando O Morro dos Ventos Uivantes” Confesso que não estava inclinada a ver meu livro favorito ser brutalmente assassinado, como a maioria dos filmes faziam com os livros, porém, vendo o rosto radiante da menina, não queria dizer não. Ela fez bico, tornando pior minha situação.

“Tudo bem, vamos, mas você me deve uma” Ela me deu um beijo e voltou a me puxar pra dentro.

Por incrível que pareça, o filme prendeu minha atenção. Saí com a sensação de que faltava algo, que fora incompleto em muitos aspectos e infiel em vários outros, mas, ainda assim, eu gostara do filme e fora presa por ele.

Já era entardecer quando saímos do cinema, as cores do crepúsculo coloriam o céu. A menina estava de braço dado comigo, repousando a cabeça em meu ombro.

“Tem um sebo aqui perto, na verdade uma rua só de sebos, podemos passar por ela se quiser”

“Ou” Parei, a abraçando. “Podemos ir em algum lugar legal para jantar” Ela olhou para o céu.

“Será que dá tempo de comprarmos algo e ir até a praia ver o pôr do sol?” Olhei pra cima, tentando calcular o tempo.

“Não, mas se você quiser ver o pôr do sol, podemos comer algo depois” Ela ponderou por um tempo.

“A fome é maior”

Optamos por uma lanchonete. Enquanto comíamos, vários assuntos passaram por nós, mas, o que durou por mais tempo, foi a questão dos pais da Sarah. Ela sabia que eles não iriam gostar, porém tinha medo da reação dos dois, do que eles poderiam fazer.

Por fim, nos convencemos de que, como quer que fosse a reação deles, teríamos a tia dela ao nosso lado, nos livrando de possíveis imprevisto que eles pudessem nos impor.

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“Sim, é exatamente isso que falei pro senhor” A mulher disse, sentindo uma onda de alívio. “A situação fugiu do meu controle, pensei que poderia acabar com essa palhaçada, porém o pai encobriu” Ela parou um tempo, pensando se continuava ou não. “E a sua irmã, ou cunhada, também” Ela tinha um sorriso malicioso no rosto.

“Estou em serviço por agora” A voz firme do outro lado fez a mulher se arrepiar. “Mas acho que consigo uma folga e amanhã chego aí”

“Espero que o senhor, como o militar que é, consiga acabar com isso”

“Pode apostar que sim”

Sem despedida ou aviso, o homem desligou. A mulher devolveu o telefone para o lugar, se sentindo mais leve, vendo a esperança de ter sua filha de volta parecer tão real que, se estendesse a mão, poderia toca-la.

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Havíamos chegado tarde, resolvemos estender quando saímos da lanchonete. Perdemos a noção da hora, chegando exaustas em casa, tendo tempo só de deitar e fechar os olhos.

Acordei aos poucos, tateando a cama a procura da outra garota, mas encontrando apenas espaço vazio. Fiquei mais um tempinho deitada, até que levantar. Estava com os olhos semicerrados ainda, tateando até achar a porta pra escada, quando estava prestes a subir, esbarrei em alguém.

“Pensei que estaria dormindo ainda” A menina falou, me roubando um beijo e me despertando.

“Se eu soubesse que você estava no banho, teria acordado mais cedo” Segurei a garota pela cintura, sorrindo maliciosamente. Ela passou os braços pelos meus ombros, me puxando pra perto e deixando cair a toalha.

“Não por isso, posso voltar e te acompanhar”

“Já que a senhorita não se incomoda, não irei me opor”

Tomamos banho entre beijos e carícias, fazendo durar o máximo possível, porém, meu trabalho me chamava. Saímos do chuveiro e descobrimos que não tínhamos toalhas.

“Se tivermos sorte, nem seu pai, nem minha tia terão chegado em casa” Ela brincou, sorrindo enquanto abria a porta.

O que nos foi revelado, foi pior do que meu pai ou a tia dela. Sarah prendeu o ar, o que me fez fazer o mesmo. A cor saiu de seu corpo. Por impulso, toquei sua mão, que pairava fria ao lado de seu corpo que deveria estar com a mesma temperatura.

“Então é verdade” A voz gélida e firme do homem ecoou por todo o ambiente, permanecendo por muito em minha mente, nos fazendo tremer. Ficamos os três parados, cada qual prisioneiro de seu susto ou desgosto.

“Pai” Sarah finalmente falou, a voz trêmula e chorosa, como se ela fosse desmaiar.


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Notas finais do capítulo

Dicas, sugestões, perguntas e tentativas de desvendar o último capítulo, podem falar bem aqui http://ask.fm/Crisgron. Até semana que vem!