Daydreaming escrita por A Stupid Lamb


Capítulo 19
Let It Go.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, mas é que o capítulo estava muito grande e eu sem tempo de editar. Tirei o dia para isso hoje, com pausa para ver o jogo, e cortei uma coisa aqui, outra ali e deixei só o que dizia respeito a Troian e Savannah. Então, fiz uns cortes, acrescentei algumas coisas e só terminei agora, como não terei tempo para uma revisão justa por esses dias, postarei assim mesmo ou a atualização só viria mês que vem. Para a leitora que pediu Kiss Me, ai está, espero que goste, essa foi uma das cenas cortadas, mas acho que ficou boa compacta também. Se eu lembrar de alguma coisa, coloco nas notas finais. Divirtam-se.



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Não sei quantos dias se passaram, eu mais parecia um robô, com movimentos decorados e limitados, minha mente não funcionava desde o dia que Savannah morrera. Eu via o rosto de preocupação das pessoas me olhando, porém não conseguia mudar, não conseguia lhe dizer que, embora meu estado fosse deplorável, eu melhoraria, eles não tinham com o que se preocupar.

Meu pai, ao jeito dele, tentava me animar com programas que eu gostava de fazer. Assistir vôlei, futebol, luta, desenhos animados ou simplesmente algum documentário sobre simbologia ou coisas do gênero. Eu tentava sorrir, dar a ele um sorriso animado ou algum sinal de melhora, porém nada soava genuíno o bastante, por mais que eu me esforçava.

A tia de Sarah, depois de recolher informações, passara a fazer minha comida preferida todos os dias, mas só depois de muita insistência eu consegui comer.

Sarah, por sua vez, parecia compartilhar de minha dor. Ela simplesmente se calou, não ficava como os outros, apenas ficava ao meu lado, acariciando meus cabelos, me envolvendo em um meio abraço ou tocando alguma música no piano. Devido ao meu estado semiconsciente, eu não conseguia identificar todas as músicas, mas, das que conseguia, a maioria se resumia a Beatles e Paramore.

Os dias ao lado dela me faziam bem, mas a maioria das noites vinham com pensamentos que me levavam de volta à estaca zero. No escuro da noite, por mais que eu tentasse me convencer que era forte o suficiente e que não me importava com aquela situação, a verdade era que eu sentia falta da minha mãe, a desejava ali comigo, me consolando. E então, esse pensamento trazia outro com ele. Eu dava por mim que não perdera só a Savannah, mas minha mãe e meu melhor amigo. Por mais que as perdas fossem diferentes, elas queimavam em meu peito de tal forma que me sufocavam.

Não sabia que dia era, quantos dias se passaram desde aquele dia, mas fazia um dia lindo. O sol brilhava alto, embora não tivesse força suficiente para esquentar, o vento, embora fraco e rarefeito, deixava o clima frio. O barulho da água da cachoeira parecia preencher todo o lugar e meus pensamentos, continuavam escondidos em algum lugar do meu inconsciente.

“Sabia que estaria aqui” A menina disse, colocando uma caixa de madeira entre elas e se sentando, olhando para frente, os olhos semicerrados. “Eu sei que é um assunto delicado ainda, noto que você se esforça para seguir em frente e nos passar que está bem, mas sabemos que não é verdade” Ela deu uma pausa, não sei se escolhendo as palavras ou o que. “O fato é, já faz uma semana Troian, você tem que se recuperar, você não pode ficar nesse estado de coma, você tem a mim, tem o seu pai, a minha tia. Pode não ser quem você quer, mas é quem você tem, quem te ama por aquilo que você é, não nos abandone, não se entregue” Não precisava olhar para a menina para saber que ela segurava as lágrimas e que me olhava, sentia seus olhos queimarem minha pele. “Você precisa dizer adeus a Savannah” Ela soltou um suspiro pesado. “Eu fui até a casa dela e acho que ela ficaria feliz ao saber o que eu fiz, então não pense que isso foi um roubo, eu apenas fiz o que ela faria se tivesse tido a oportunidade de se despedir” Ela bateu na caixa de madeira que trouxera com ela, me deu um breve beijo e se levantou.

Fiquei um tempo ainda olhando para frente, talvez tomando coragem. Finalmente peguei a caixa que a menina deixara ao meu lado. Sabia que ela estava certa, eu tinha que me despedir, tinha que deixar Savannah ir, mas eu não sabia como. A verdade era, eu não queria deixa-la ir, eu não queria que ela fosse, afinal, ela e meu pai sempre foram meu porto seguro e saber que eu não a teria mais por perto me deixava desesperada. Para onde eu fugiria? Por mais que meu pai ficasse ao meu lado, certas coisas ele não entenderia. Bem da verdade, Savannah tomara o lugar de minha mãe e, por mais que no fundo eu soubesse que ela iria primeiro, que um dia eu teria que deixa-la ir, eu não estava preparada para isso. Nunca se esta. Suspirei, sabendo o que aquilo significava, sabendo que, ao ler a última palavra, da última carta, estaria por fim me despedindo de uma parte do meu coração. Abri calmamente a caixa, adiando ao máximo que podia, já sentindo a garganta apertar e as lágrimas queimarem.

Ao fim, as cartas alternando entre as do soltado e as que ela própria escrevera porém nunca tivera coragem de enviar, senti meu coração um pouco mais leve, talvez por parte do peso ter ido com as lágrimas. Recoloquei todas as cartas na caixa, algumas, sua maioria, amareladas pelo tempo, uma ou outra com uma mancha de lágrima. Eu passava minha mão por elas, quase que sentindo a pele de Savannah, sentindo seus braços ao meu entorno, me envolvendo em um abraço caloroso e apertado.

Quando o sol estava se pondo, levantei, levando comigo a caixa e indo em direção a pequena casa mais ao topo. Deixei o objeto de madeira ao lado da pequena televisão e peguei meu violão, fazendo, sem nenhuma pressa, o caminho de volta.

Já era quase noite quando eu chegara ao cemitério. Perguntei onde ficara Savannah e segui até lá, sentindo meus pés pesarem conforme a distância diminuía. Parei finalmente em frente à lápide dela. Savannah Curtis. Ler o nome dela ali foi como um soco, tão forte que me tirara o ar. “Paixão e satisfação caminham lado a lado. Sem elas, qualquer felicidade é apenas temporária, porque não há o que a faça durar”. Engoli em seco, soltando o ar com força para evitar as lágrimas.

“Sabe, Savannah” Comecei, colocando o violão de lado e me sentando, sem desviar o olhar da lápide, como se ela tivesse ali, esses dias todos, só me esperando para poder ir embora. “Eu acho que nunca lhe agradeci por tudo o que você fez por mim, por todos os concelhos, puxões de orelha, abraços, tapas, enfim, por tudo. Eu sempre cheguei na sua casa, a hora que fosse, sendo recebida por um abraço terno, beijo, sorriso, chocolate quente da melhor qualidade. Você sempre me ouvia chorar e lamentar e sempre tinha uma palavra para reerguer minha cabeça, renovar minhas esperanças e me dar forças. E eu acho que nunca fui à sua casa, e lhe agradeci como você merecia. Infelizmente, assim como a maioria das pessoas, eu só percebi isso quando já era tarde” Engoli em seco, sorrindo timidamente. “Só queria que você soubesse que serei eternamente grata por tudo o que você fez por mim, pelas palavras e pelo silêncio, pelos abraços e tapas, por cada sorriso e cada lágrima. Você foi uma mãe pra mim, por isso é tão difícil lhe dizer adeus, mas, se eu não dizer, você não poderá fala ‘oi’ para o seu soldado”

Peguei o violão, dedilhando aleatoriamente. Fechei os olhos, mordendo o lábio inferior, olhei para o céu, agora já escuro, com algumas poucas estrelas e a lua o enfeitando. Comecei finalmente a cantar uma música que era uma de minhas preferidas. In The Mourning. As palavras saiam com dificuldade agora, porque finalmente tinham um significado real. Prolonguei mais que o necessário a música, até que finalmente acabei, já vencida pelas lágrimas.

“Adeus, Savannah”

Coloquei o violão de volta na capa. Eu tinha uma vontade enorme de abraçar a lápide, porém apenas toquei nela, como quem toca ao ombro de um amigo querido. Dei um último suspiro e sai.

“Adivinha o filme que eu estava vendo” A menina já me recebeu falando, me dando espaço para entrar. “Parece até transmissão de pensamento” Coloquei o violão ao lado da porta. Virei para ela, fazendo cara de pensativa.

“Hm” Lhe dei um beijo. “Não conheço muitos filmes” Dei de ombros. “O mais romântico que eu vi foi O Morro dos Ventos Uivantes, e digamos que não é tão romântico assim” Ela fez uma careta, meneando a cabeça.

“Meu namorado é um zumbi” Ela riu da própria piada e eu apenas a olhei, com a sobrancelha arqueada. Ela me puxou para um beijo, que eu prontamente retribuí. “É tão bom te ter de volta” Sorri para ela, nossas testas unidas.

“E é um bom filme?” Perguntei, dando mais um selinho na menina. Ela deu de ombros.

“Depende”

“Do que exatamente?”

“Tem uma ideia melhor?” Lhe dei um sorriso torto, arqueando uma sobrancelha.

“Acredito que qualquer coisa é melhor que ver filme”

“Pft, filme é a melhor coisa que tem”

Senti meu sorriso duplicar de tamanho. A segurei ainda mais perto, dando um beijo em seu pescoço e indo em direção ao seu ouvido.

“Acho que tem algo bem interessante que podemos fazer no seu quarto” Sussurrei da forma mais controlada que podia. Senti o corpo da menina estremecer. Ela respirou fundo, talvez tentando retomar o controle, mas eu brincava com meu nariz em seu pescoço.

“Você tem razão” Disse ela, a voz um pouco estremecida, mas conseguindo se desvencilhar do meu abraço. Ela pegou o meu violão e o deu para mim “Um dueto seria uma boa, não acha” Ela sorriu vitoriosa, sabendo que tinha invertido o jogo e piscou, antes de sair animada para o quarto.

Revirei os olhos antes de segui-la.

“Pensei que você estava brincando” Sussurrei contrariada ao encontrar a menina ao piano. Ela sorriu, indicando um puff ao lado. Peguei o violão e sentei, enquanto ela dedilhava algo qualquer.

“É bom para relaxar” Ela tentava encobrir o sorriso, mas era visível que ela se divertia com toda a situação. Então eu não entregaria os pontos.

“Pois bem” Disse tirando o violão da capa. “O que a senhorita quer cantar?” Ela me olhou com uma sobrancelha arqueada, mas sorriu e dedilhou uma melodia que, por sorte, eu conhecia.

A segui, dando forma à música. Kiss me. Uma das minhas preferidas para falar a verdade. Durante toda a música, nossos olhares não se desviaram, tornando o momento ainda mais especial. Quando acabamos, a menina veio se sentar em meu colo.

“Pensei que você reclamaria”

“Ainda bem que não reclamei, deixamos a música ainda mais perfeita” Brinquei, a deitando no puff. “Kiss me?” Brinquei, sorrindo.

Ela passou as mãos pelo meu pescoço, me puxando para perto e me beijando docemente.

Fui colocando meu corpo contra o dela aos poucos, deixando minhas mãos explorarem cada parte do corpo da menina.

“Você sabe onde isso vai parar, não é?” Ela sussurrou sem fôlego quando eu desci para o pescoço dela, mordiscando de leve.

“Você não quer?” Ela segurou meu rosto entre as mãos, de modo que eu a olhasse nos olhos.

“É o que eu mais quero, resta saber se você está em condições”

“Está duvidando?” A beijei mais uma vez “Pois vou levar como um desafio, pena de você”

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Estávamos deitadas no puff, a menina repousando a cabeça em meu ombro enquanto eu acariciava seus cabelos.

“Você levou mesmo a sério o desafio” Ela disse, escondendo o rosto no meu pescoço. Sorri, a puxando ainda mais para perto.

“Eu estava pensando em amanhã queimar as cartas e ir à praia, jogar as cinzas no mar, já que foi em uma praia que eles se conheceram” Não era minha intenção mudar de assunto, mas senti a necessidade de falar sobre aquilo. A menina me deu um beijo no ombro.

“Acho uma ótima ideia”

“Me acompanha?” A menina se ajeitou, ficando de frente para mim, o sorriso encantador de sempre, os olhos cinza brilhando no tom certo.

“Sempre”

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Eu estava no banco do carona, a caixa de madeira em meu colo. Um cd tocava no aleatório e nós acompanhávamos as músicas. Chegamos na praia ao som de Born To Die. Depois dela estacionar, ainda fiquei um tempo no carro, a ficha finalmente caindo.

“Está tudo bem” A menina disse, me reconfortando.

“Vamos” Disse por fim, saindo do carro.

Caminhamos tranquilamente, a praia não estava cheia, o que não era surpresa já que estávamos no inverno. Fomos até uma pedra, sentamos, a caixa no meio.

“Vai fazer um discurso de despedida?” Meneei a cabeça.

“Eu já fiz, não teria coragem de fazer outro” Respirei fundo, riscando o fósforo e deixando o fogo fazer o resto do trabalho. Nem eu nem Sarah tirávamos o olhar da chama.

Quando tudo virou cinzas, levantei, segurando cuidadosamente a caixa.

“Posso fazer uma pergunta mesmo que ela quebre o clima?” A menina sussurrou tímida em meu ouvido.

“Claro”

“Pode jogar só as cinzas? Eu gostei tanto da caixinha, queria para mim” Sorri, dando um selinho na menina.

“Como queira a senhorita”

Abri a tampa da caixa, pegando um punhado de cinzas e deixando o vento leva-las. Sarah fez o mesmo.

“Eu a conheci pouco, mas foi o bastante” Virei a caixa, deixando que todo o conteúdo fosse levado pelo vento, em direção ao mar. Coloquei a caixa ao meu pé e puxei a menina para um abraço apertado, dando vários beijos no pescoço dela.

“Não foi a mesma praia, mas o que vale é a intensão né?” Ela se virou, me beijando.

“Você é a melhor pessoa que eu já conheci” Mais um beijo. “Podemos passar o dia aqui?”

“Podemos fazer o que você quiser”


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Notas finais do capítulo

Bom, falta pouco para o fim e bom, eu mudei todo o final que eu tinha em mente para algo totalmente fora do esperado e acho que vocês não fazem ideia do que é, mas eu espero que vocês gostem do rumo que irá tomar. Posso afirmar que elas terminam juntas. O próximo capitulo teremos mais sobre Troian e Sarah, um pouco do Allan e da mãe de Troian. Bom, qualquer coisa, vocês podem mandar dicas/sugestões ou qualquer coisa, aqui: http://ask.fm/Crisgron ... Beijos, até a próxima. Xx