Daydreaming escrita por A Stupid Lamb


Capítulo 2
2 - Começando a conhecer um sonho.


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a todos os comentários, vocês são incríveis e espero continuar a não decepciona-los!! Beijo para todos.



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A chuva lá fora caía torrencialmente, sem a menor pretensão de parar. Cada vez mais e mais forte, contudo, trovões e raios não se faziam presentes.

A menina e eu permanecíamos em silencio, ela analisava o ambiente, como se nunca antes havia visto um lugar repleto de livros.

“Então somos só nós duas, presas na livraria” Ela ainda continuava sua analise, as vezes tocando em um ou outro livro e se demorando em uma ou outra capa. “Isso pode ser perigoso”

Senti meu coração vacilar, mas disse a mim mesma que aquilo não era um flerte, afinal, a garota nem me conhece, certo?

“Perigoso como?” Questionei, por fim. Ela me olhou, as sobrancelhas unidas em questionamento.

“Você vaga por uma cidade estranha, onde você não conhece ninguém” Ela gesticulava enquanto falava, seu tom de voz como o de um narrador de histórias, seus olhos semicerrados, como se quisesse dar um suspense peculiar à cena. “Então cai uma forte tempestade, que te obriga a entrar na única loja aberta, e nela, uma menina com cara de nerd é a única no ambiente. Seu rosto encantadoramente lindo e sua voz baixa e firme, fazem com que qualquer um caia em seus encantos e, quando isso acontece, ela se revela uma potencial assassina da cidade, fazendo de você uma refém e uma futura vitima.” Ela deu de ombros, sentando no chão.

Por mais que eu tentasse não fazê-lo, sabia que encarava a menina como se ela fosse completamente louca. Não queria julga-la assim, não depois dos sentimentos que ela despertara, e desperta, em mim, mas não conseguia mudar minha expressão.

“Você se mudou pra cá, ou te transferiram da clinica psiquiátrica?” Tentei brincar, para que o clima tenso que se instalara, não permanecesse por tempo o bastante para se tornar forte e inquebrável.

O riso da menina preencheu o ambiente. Um riso que me fez ficar ainda mais hipnotizada por ela. Eu tinha que ouvi-lo mais vezes, e toda a vez que eu o ouvisse, seria única, traria a mim mais e mais emoções. Eu iria ser a causadora desse riso.

“Você não vê filmes?” Seu tom de voz dava a entender que, caso minha resposta fosse negativa, era eu que estava precisando de uma clinica psiquiátrica.

Sentei-me no chão, ao lado dela, refletindo se deveria ou não, confessar minhas loucuras a uma estranha que entrara na loja com o único intuito de se abrigar da tempestade.

“Por que não me fale sobre você?” Perguntei por fim, ávida por mudar o foco da conversa.

Encarei a menina que, por sua vez, sustentou firme o meu olhar, como se usasse as lentes do meu óculos para ver melhor a minha alma.

Eu estava prestes a desviar o olhar quando ela o fez, suspirando derrotada e jogando as mãos para o alto, se dando por vencida.

“Okay senhorita encrenca” Ela disse, me lançando um olhar desafiador. “Vamos mudar o rumo da conversa” Acho que algo em meu rosto entregou a minha surpresa de ter sido descoberta, pois ela deu uma piscadela conspiratória para mim.

“Acho justo” Sorri, retribuindo a piscadela.

“Não está acostumada a ser pega, não é?” Ela me olhava como se continuasse me analisando.

“Pensei que tínhamos concordado em mudar o rumo da conversa” Arqueei uma sobrancelha.

“Tudo bem, mas fique sabendo” Ela se aproximou ainda mais de mim, como se fosse me contar um segredo. Prendi a respiração, me esforçando ao máximo para manter minha mente ali. “Eu não sou como as outras pessoas dessa cidadezinha” Ela sussurrou em meu ouvido. Seu hálito quente tocando minha pele e dificultando ainda mais minhas tentativas de me manter sã. Ela se afastou, um sorriso vitorioso nos lábios.

“Disso eu sei” Falei, assim que consegui me recuperar. Resolvi entrar no joguinho dela e me inclinei em sua direção, fazendo com ela o mesmo que ela havia feito comigo. “Soube no minuto em que te vi”

Quando me afastei, ficamos nos encarando por um tempo, uma tentando desvendar a outra através do olhar. Até que a menina se virou, encarando a porta por um tempo.

Depois de uns três suspiros, ela puxou as pernas, as abraçando contra o peito e deitando a cabeça nos joelhos, olhando para mim.

“Eu me mudei porque eu sempre mudo. Nunca para muito tempo em um lugar. Ao que parece, esse é um lugar especial para a minha tia” Ela deu de ombros. “Pelo visto, vamos ficar”

“Sua tia já esteve em alguma clinica psiquiátrica?” Tentei parecer o mais séria possível.

A menina sorriu mais uma vez, do mesmo jeito de antes, mas parecia, para mim, que era a primeira vez que eu ouvia. Sorri, sentindo meu coração amolecer.

“Qual o seu problema?” Ela perguntou entre os risos. “Por que quer internar toda a minha família em um hospital psiquiátrico?” Ela não conseguia parar de rir, o que eu gostei, poderia passar a eternidade ouvindo seu sorriso.

“Eu disse clinica” Falei, fingindo estar ofendida.

“Ah claro” Ela debochou, se controlando aos poucos. “Enfim” Disse, uma sobrancelha arqueada. “Ninguém da minha família tem problemas psiquiátricos”

“Você acha que eu posso ser uma assassina e sua tia acha esse lugar monótono e fútil um lugar especial. Algum problema vocês tem”

“Ela deve ter os motivos dela” Ela parou, pensando em um motivo. “Um amor, talvez”

“Que seja” A encarei por um tempo antes de começar. “E seus pais?”

Ela desviou o olhar, encarando a porta e a chuva que ainda caia forte do outro lado. A expressão dela perdida e os dentes trincados, me fizeram ficar arrependida de ter feito a pergunta, desejando voltar ao tempo e não tê-la feito, ou simplesmente arrancar a dor que ela sentia.

“Desculpe”

“Não, ta tudo bem” Ela disse, a voz embargada fez meu coração se partir. “Eles são do exercito, viajam muito” Ela me olhou, os olhos vermelhos e marejados. Senti meu coração se partir de vez. “Fui criada pela minha tia”

Não sei bem o que me levou a fazer isso, mas eu passei meus braços pelos ombros da menina, a envolvendo em um meio abraço, carinhoso, mas firme. No momento que o fiz, senti a menina desabar sobre mim.

Ela soluçava, enquanto as lágrimas rolavam tais quais as águas de uma cachoeira. Eu fechei os olhos, a puxando ainda mais pra perto, beijando-lhe o topo da cabeça e desejando com todas as minhas forças poder tirar a dor que ela sentia.

“Eu sinto tanta falta deles” Sua voz estrangulada pelo choro, fundida com os soluços que ela soltava.

Minha mente foi direto para a minha própria dor. A dor que eu sentia pela falta de carinho que minha mãe sempre me deu. Fechei os olhos, afastando minhas próprias lágrimas.

“Eu sei o que está sentindo, sei mesmo, mas infelizmente não há nada que se possa ser dito ou feito, apenas chore, coloque tudo pra fora” Suspirei. “Se sentirá melhor”

“Eu finjo não me importar, minha tia sempre foi uma ótima pessoa e isso acabaria com ela” Ela enterrou a cabeça no meu pescoço. “Ela pode pensar que não a amo e eu não quero que ela ache isso”

Depois de um tempo, a menina foi se acalmando, ainda eu meus braços.

“Agora você deve me achar uma completa maluca” Ela manteve a cabeça encostada no meu ombro.

“Pelo contrário. Te achei mais humana”

“Eu nem te conheço e já estou chorando meus problemas em seu ombro” Ela se ajeito ainda mais contra mim.

“É bom desabafar, mesmo com uma completa estranha”

“Me fala sobre você?”

Ponderei por um tempo.

“Eu nasci aqui, meus pais são separados e só tenho três amigos verdadeiros. Meu pai, a senhora Curtis e Allan”

“Três amigos e só um da sua idade” Ela se levantou, me encarando pensativa. “O que você fez para te odiarem tanto?”

Sorri enigmática.

“Se eu contar, vou perder o encanto que te prende a mim, pois acabarei com o mistério”

“Acha mesmo que estou presa a você?” Seu tom era sarcástico.

“Vai falar que não quer saber porque eu só tenho três amigos? É da natureza humana, se eu contar, você perde a vontade de possivelmente ser minha amiga, pois você não terá nada a descobrir sobre mim”

Ela ponderou por um tempo.

“Eu te contei sobre mim, o que acaba com meu encanto sobre você”

“Você não contou tudo e, mesmo que contasse, reler um bom livro é sempre bom” Sorri, mas ela revirou os olhos.

“Rever um bom filme é melhor ainda”

“Aposto deis reais que amanhã você terá um relatório completo sobre mim na hora do intervalo”

“E o que te faz pensar que estudarei na mesma escola que você?”

“Só tem uma escola aqui”

“Okay, senhorita mistério, apostado”

Ambas sorríamos enquanto apertávamos as mãos, selando o acordo.

“Só te aviso, se vai querer ser mesmo minha amiga, isso será um grande desafio. Eu não sou tão fácil quanto aparento ser”

“Eu adoro um desafio” Eu disse “Mas se tem alguém que vai se surpreender, é você”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, se tiverem sugestões, ideias ou dicas, sintam-se a vontade para falar. E criticas também, não se sintam na obrigação de só elogiar. O próximo capitulo eu pretendo postar segunda, vai depender de como eu chegar do treino. Então é isso, até a próxima!! Beijos.



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