Eriem acordou na floresta, onde havia passado a noite. Onde havia encontrado o espadachim. Onde havia quase morrido.

Sim, um espadachim. Tamanha a sorte dela de quase ter morrido pelas mãos de um homem desconhecido. Iria morrer sem ao menos saber qual o nome dele. Mas, quem se importava?

Ela se levantou, pegou suas armas e começou a caminhar pela floresta, passando pela árvore caída (ou melhor, derrubada). A floresta era linda, mas tão densa, que poucos raios de sol adentravam ela. Eriem se sentia em casa. Para ela, sempre a noite foi seu melhor horário, pois era linda, escura, somente com o brilho da lua e das estrelas.

A lua, que foi sua guia por toda a sua vida. Aquela que a fez tomar coragem para sair de casa. Aquela que cuidava dela. Aquela que a mãe dizia ser sua guardiã.

Sim, Eriem acreditava muito em outros deuses e em astros. Ela decidira mais ainda sair em busca da guerra por um sonho que havia tido.

A deusa da lua havia aparecido a ela em sonho. Eriem nunca soube muito os nomes dos deuses, mas os venerava, principalmente aquela. Ela havia dito a pequena menina que ainda era Eriem. “Minha querida guerreira, seu destino é as trevas. Irei guiá-la para a guerra para que possa ser quem almeja.”

E assim, aquela garotinha decidiu isso, acabando nessa densa floresta, longe de tudo o que conhecia.

Mas, como iria encontrar o exército, ser aceita sendo mulher e ainda ir à guerra e lutar?

Bom, acho que se conseguisse se aperfeiçoar bastante, conseguiria entrar!

Mas e aquele espadachim? O que será que estava fazendo por aqueles lados, lá não havia nenhum feudo bom para ele.

Eriem pensava nessas coisas enquanto ia caminhando. Mas, não percebeu que havia algo estranho na floresta. Não havia nenhum barulho sequer, nenhum animal...

Foi quando o viu. Um homem ferido. Mas, havia outros perto dele.

Soldados; pensou Eriem e foi até eles correndo, a espera que pudessem conversar.

Mas neste momento, apareceram outros soldados, que estavam matando aqueles a quem ela vira primeiro. Ao ver aquilo, Eriem decidiu agir, pegou seu arco e atirou flechas certeiras nos soldados que estavam atacando, matando-os.

Ao verem aquilo, os soldados feridos foram agradecer aquele arqueiro tão bom. Como Eriem estava de capa, eles não perceberam quem era até ela chegar muito perto.

–Vocês estão bem? Disse ela, preocupada com o bem estar daqueles homens e pensado “seria maravilhoso se pudessem me levar para a guerra”.

–Obrigada, você veio cuidar de nossas feridas a mando daquele que nos salvou mulher? Perguntou um dos soldados.

Eriem se sentiu muito ofendida, pois aqueles homens a desprezaram, mas ela pensou bem que eles poderiam levá-la.

–Sim, fui mandada. Ele me pediu para perguntar se vocês poderiam me levar até seu senhor. Mentiu Eriem.

–Mas primeiro, cuide de mim queridinha. Assim falou o soldado que estava mais machucado.

Eriem, engolindo seu orgulho, decidiu cuidar daquele repugnante soldado. Ela nunca havia se sentido tão ofendida, rebaixada e com o orgulho ferido. Sim, agora ela sabia, aquela era uma das piores sensações do mundo. Era isso que era o mundo, o campo de batalha não é para uma mulher. Mas, e se ela fosse a primeira?

Pensando desse modo, ajudou os soldados, que nem a agradeciam direito, apenas a mandavam fazer as coisas para eles. Eriem queria tanto se livrar deles, mas eram sua chave para a guerra. Então, o que fazer?

Enquanto a noite caía, os soldados já haviam dormido. Bêbados com o que traziam consigo e de barrigas cheias, enquanto Eriem estava com tanta fome, agora sem comer nada além de uma perna de coelho o dia todo, poderia talvez finalmente caçar.

Ao correr entre as árvores, se sentia tão livre, com seu cabelo solto, seu arco em mãos e apenas sendo guiada pelo brilho da lua.

Aquela lua que a fazia se lembrar do sonho. Um sonho que se tornaria realidade.