–Primeiro pretos e agora AZUIS???? Desse jeito vou ficar com nenhuma cor pra me acalmar!!!!

Ele tinha ido se banhar enquanto ela fazia o almoço. Agora realmente estava frio mas incrivelmente o rio não havia congelado.

–Deusa Lua, porque me faz sofrer tanto? Dediquei minha vida a procurar a missão que me impôs, porque ele tinha que estar no meio? E PORQUE EU TINHA QUE FICAR TÃO CONFUSA????

–Ei!! Para de gritar!! Ficou louca???

Essa não, ele tinha escutado...

–Ei! O que você ouviu? Fala ou vai morrer!

–Ouvi que está confusa. É sobre o almoço ou sobre seu treino?

–A-almoço...

–Bem, não se preocupe, carne de urso têm muitos nutrientes.

Ainda bem que ele não tinha ouvido nada. Desde que ele a beijou e ela fugiu os dias vinham sendo cada vez piores. Agora ela não sonhava mais com os olhos apenas, mas com ele também e algumas vezes com uma espada ensanguentada. Muitas vezes, acordou gritando e chorando, então ele a abraçava e a acalmava. Fazia o mesmo que sua mãe quando ela era criança. Mas como em todas às vezes, ela nada se lembrava do sonho.

–Precisamos ir para alguma aldeia, não iremos sobreviver ao inverno...

–Não irei fingir que sou casada com você!

–Não precisa. Estava apenas brincando aquele dia.

–... Bem, se é assim, tudo bem...

E assim, eles começaram a juntar as poucas coisas que tinham ali. Resolveram levar também a carne que havia sobrado para o caso de não encontrarem alguma aldeia logo.

–Você acha que alguém iria acreditar se disséssemos que somos irmãos?

–Provavelmente não. Você é uma serva que está comigo, apenas isso. Eu lhe trouxe para que quando escolhesse minha noiva você a preparasse.

–Chato... Eu sempre tenho que ficar na pior né... E meu arco? O que dizemos?

–Que você foi treinada, pois não posso abrir meus olhos, senão o deus Sol Tsuguya vai castigar o mundo, fazendo todos morrerem.

–Entendo... Então enquanto estamos na aldeia, posso andar livremente?

–Sim, só lhe peço para ser discreta e também me ajudar. Irei continuar lhe treinando, não importa onde seja.

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Encontraram rapidamente uma aldeia e como na vez anterior, queriam logo o casar com uma das moças. Elas nem de longe eram bonitas, espertas ou menos ainda, novas. Infelizmente dessa vez era Eriem quem devia prepara-las.

–Desculpe mas qual a idade verdadeira da mais nova?

–Dez.

Essa não, ou eram muito velhas ou muito novas, mas mesmo assim aquela velha senhora queria casar uma delas com ele.

–Com sua licença, irei avisar ao meu senhor que as moças estarão prontas daqui uma semana.

–M-mas porque tanto tempo?

–Elas precisam de vários tratamentos para cabelos, unhas e principalmente, maquiagens.

Finalmente se viu livre daquilo, bem, quase, ainda tinha que falar com ele.

–Ei! Você prefere trinta ou dez?

–O quê? Você não ia conhecer as moças para mim?

–Então, estou lhe dando a idade das duas mais novas...

–MAS O QUÊ? COMO PODEM QUERER QUE EU FIQUE COM UMA CRIANÇA? EU QUERO TER MINHAS PRÓPRIAS UM DIA, NÃO PEGAR UMA PRA CRIAR!

Ela o chutou bem forte nas costelas e ele gritou de dor enquanto ela se abaixava.

–Fale mais baixo se quiser ficar mais um tempo por aqui. Dei uma semana para todas se arrumarem, ou seja, temos uma semana para fugir.

–F-fugir? Ai, você chuta muito forte...

–Disse isso o espadachim super forte...

–Quieta!

Então ele a empurrou enquanto os dois caíam no chão.

–Sai de cima!

Ela o empurrou mas ele nem mesmo saiu do lugar.

–Yuki, você é extremamente magra...

–O-oquê? Seu pervertido, louco!

–Não Yuki, estou enxergando sua sombra.

–O que? Está enxergando? O que estou fazendo?

–Mexendo seu braço para cima e...

Ela o calou com um beijo. Já não aguentava mais de vontade de fazer isso.

–D-desculpa...

Essa não, ela foi levada pela felicidade dele poder enxergar novamente.

Ele passou a mão no cabelo dela e a beijou novamente, mas dessa vez ela o empurrou forte.

–Não! Não posso!

Ela saiu correndo novamente enquanto o deixava, mais uma vez para trás, com sua cabeça parecendo uma colméia de tanto que zumbia e seu coração batendo mais forte que nunca.