Correntes: Atados pelo Sofrimento escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 16
Capítulo 15: Interrupção




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Ele me amava. Eu nunca imaginei que algo tão bom poderia acontecer a mim, mas... O que fazer com essa felicidade? Se eu estava destinada a morrer então eu não deveria deixá-lo para que ele fosse feliz?

“Se a atormenta tanto a doença que possui, se há algo que você almeja mais do que a morte que te acompanha... Eu te livrarei disso tudo.”.

É mesmo, eu tinha alternativa! Edward mostrou-me uma opção: tornar-me uma vampira e viver ao seu lado. Eu deveria aceitar, que alternativa eu tinha?

Eu era uma covarde. Eu temia a palavra “imortalidade” afinal. Temia viver para sempre. Temia que, após algum tempo ao meu lado, Edward se enjoasse de mim e me abandonasse. Por isso eu não respondi a Edward sobre sua proposta, por isso nem ao menos disse que o amava. Por que eu temia a conseqüência desse amor que sentia por ele, este sentimento que poderia nos magoar ou me condenar a um sofrimento pela eternidade. Talvez eu estivesse sendo estúpida afinal. Por que me preocupar com o futuro, com tudo isso? Eu deveria simplesmente deixar isso para lá e deixar o meu coração me guiar, mas... Eu sempre fui movida pela razão. Mudar agora não era algo fácil. Eu tinha que pensar e tomar uma decisão acerca de sua proposta, não poderia me precipitar. Mesmo assim eu cedi boa parte de mim para ele.

Seus lábios estavam gentis sobre os meus, suas mãos apertavam-me pela cintura em uma prisão inescapável do seu peito. De qualquer forma eu não queria sair dali, não queria sair dos braços de Edward. Seus lábios eram tão macios, frios... A melhor coisa que já experimentei. Mesmo sem ar eu queria mais e mais daquele mel. Minhas mãos puxavam a cabeça de Edward de encontro a minha, meus dedos perdidos em sua cabeleira cor de bronze. Após um tempo longo eu me afastei ofegante e notei satisfeita que não era a única. Fechei meus olhos, assim como Edward fazia, e encostei minha testa na sua, minhas mãos em suas bochechas. As mãos de Edward migraram e ficaram em cima de minhas mãos que ainda estava em seu rosto.

-Agora sim eu entendo você, cada atitude. –Murmurei e um sorriso estava em meus lábios. –Finalmente eu decifrei você, Edward. –Abri meus olhos e encontrei os seus abertos, de um ouro escuro, belo, fitando-me. Um meio sorriso nos lábios tentadores que tinha provado.

-Sinto que tirei um grande peso dos ombros ao confessar. –Ele murmurou. Eu sabia que Edward estava esperando por uma palavra minha. Ele tinha dito que me amava e agora esperava que eu dissesse que o amava também, ou que falasse que nada sentia. A princípio eu pensei em não falar nada, não antes de tomar a decisão definitiva. Mas como eu poderia me calar diante daquele olhar, daquele sorriso, daquela expressão de ansiedade no seu lindo rosto? O abracei apertado fechando fortemente os olhos. Que se danasse minha decisão, o presente, o passado, o futuro, as pessoas, os lugares, eu mesma!

-Eu te amo! Eu te amo Edward! Te amo tanto!

Foi algo tão bom! Dizer que o amava... Tirando um peso das costas. Senti lágrimas nos meus olhos, mas as ignorei. Edward afastou-se e, com os dedos, secou as lágrimas.

-Fico feliz, mas isso não é tudo o que eu quero ouvir. Quero ouvir mais. Sabe o que deve dizer.

E eu sabia: Edward queria sua resposta, minha decisão.

-Eu vou ficar na sua casa. Volto a minha casa daqui a três dias. –Sorri.

-Bella eu não... –Edward começou, mas tapei sua boca com o dedo indicador.

-Em breve, eu prometo. Agora vamos voltar. –Levantei e segurei sua mão. Seguimos para a sua casa.

...

Quando a porta da sala se fechou atrás de nós, eu estava ciente que nos amávamos e que eu não teria tempo. Ou eu iria morreu ou iria me tornar uma vampira. Eu não iria perder tempo. Fiquei ainda ao lado de Edward e apertei sua mão. Eu não sei ao certo se Edward tinha entendido o que eu queria, só confirmei isso quando ele ficou de frente para mim e me abraçou. Meus olhos no chão.

-Bella, quer ir lá para cima? Para o meu quarto? –Edward perguntou. Reprimi um sorriso enquanto assentia fracamente. De repente Edward ergueu-me e me guiou para o seu quarto. Eu estava tão rubra que enterrei minha cabeça em seu pescoço, meus braços envoltos do mesmo.

Deitou-me em sua cama, o quarto não estava muito iluminado devido às pesadas cortinas que cobriam as persianas. Eu mantive meus olhos fechados, meu corpo tremia.

-Está com medo? –Edward sussurrou em meu ouvido. Seu corpo estava sobre o meu corpo sem, porém, encostar-me em mim. A frieza do seu corpo penetrava em minhas roupas causando-me arrepios.

-Não é por medo que tremo. –Murmurei fracamente.

-Então por que treme? –Seus lábios encostaram-se a minha orelha, roçando aquele lugar.

-Ansiedade. –Disse e finalmente abri meus olhos fitando o rosto de Edward. Seus olhos brilhavam de forma imprudente. Eu fiquei imóvel. Foi Edward que fez tudo. Colocou seu corpo sobre o meu e seus lábios procuravam os meus.

Os lábios, as mãos... Perdida naquele frenesi eu nem notei que Edward fazia a tudo tão lentamente, num processo mais demorado que o de um humano. Também não notei a principio que minhas roupas não foram retiradas, foram rasgadas, sem que eu sequer percebesse. E Edward, em sua impaciência contida, rasgou as próprias roupas. Eu mantive boa parte do tempo meus olhos fechados enquanto apreciava as mãos de Edward no meu corpo, seus lábios nos meus. Eu não me incomodei com a frieza e dureza da sua pele. Eu queria apenas morrer ali nos braços de Edward ou repetir aquele dia para todo o sempre.

Edward era carinhoso, passou tempos apenas acariciando meu corpo, beijando-me. Coisas estranhas atingiram meu corpo, a excitação. Eu nunca havia estar tão intima de alguém, para mim era uma agradável surpresa o que eu estava experimentando. Eu o abracei apertado esperando pelo grand finale, quando Edward me tornaria mulher pelas suas mãos. Subitamente Edward parou. Tive que abrir meus olhos para ver o porquê disso. Seu rosto estava a milímetros do meu.

-Vai doer? –Perguntei de repente tensa. Eu nunca havia estado com um homem antes, mas sabia um pouco do que acontecia na primeira vez. Edward parecia se segurar, reprimir seu desejo na certa preocupado comigo. Isso me encheu de satisfação.

-Não sei. Nunca estive com alguém antes. Você confia em mim? –Perguntou e pude sentir a tensão por parte dele caso minha resposta fosse negativa.

Confio. –Falei com tanta convicção que Edward não esperou mais. Um dor surgiu no meio de minhas pernas e tão logo cessou quando Edward distraiu-me com seus beijos.

Eu me perdi completamente. Mergulhei em uma sensação tão boa que perdi a noção de tempo. E antes de tudo acabar, eu adormeci.

...

Estava escuro. Olhei para a mesinha de cabeceira, para o relógio digital de aparência cara: eram quatro e trinta da manhã. Ótimo! Eu odiava acordar durante a madrugada, significava que eu não conseguiria dormir novamente.

-Edward? –Olhei envolta, ele não estava lá. Levantei-me da cama e liguei a luz. Notei um bilhete em cima da mesa de cabeceira perto do relógio digital. Fui até lá e o peguei.

“Bella,

Tive de sair para me alimentar. Estarei em casa antes que voce perceba minha ausência.

Amo você.

Edward.”.

Segurei o bilhete contra o peito. Era uma doidice! Uma hora Edward era um desconhecido e em outra agia como meu marido ou coisa parecida. Isso era estranho, mas bom, muito bom.

“Bom, como não vou conseguir novamente, vou tomar um banho. Comer algo...” –Segui para o banheiro de Edward pegando antes produtos de higiene pessoal e roupas. Verdade seja dita eu não estava com muita vontade de me lavar. O cheiro maravilhoso de Edward estava em cada parte do meu corpo. Ainda sim fui para debaixo do chuveiro e lá passei bons minutos enquanto sorria como uma idiota. Ok, eu havia perdido minha virgindade com Edward, era a única certeza que eu tinha. Após sair do banho tratei de deixar seu quarto em ordem, muito embora eu não precisasse fazer quase nada, Edward era muito organizado.

 Fui para a cozinha e só quando estava na metade do caminho me toquei que Edward não comia comidas de humanos. Merda, eu ficaria com fome então? Para minha surpresa a casa estava muito mais abastecida que um supermercado. Eu nem sabia o que comer, tinha tanta coisa! Então como estava com preguiça peguei o bom e velho pote de sorvete de creme com calda de chocolate, sentei em uma das cadeiras do balcão e comi lentamente o sorvete. Como não tinha nada para fazer fiquei a observar a casa majestosa de Edward de onde eu estava sentada. Era uma casa atemporal. Não dava pra saber se sua decoração era antiga ou contemporânea tendo de tudo um pouco. Uma casa realmente aconchegante.

Senti algo escorrer de minha narina e automaticamente passei a mão naquele lugar. Com horror vi que era sangue. Deixei o pote de sorvete juntamente com a colher em cima do balcão e disparei para o banheiro no segundo andar no quarto de Edward. Olhei horrorizada para meu rosto quando cheguei ao banheiro e vi meu rosto no espelho. Eu estava sangrando muito pela narina. Lavei meu rosto tentando estancar o sangramento, melhorou. De repente me vi sendo atingida por uma dor aguda que me fez ficar de joelhos. Minha vista ficou turva, minha audição se perdeu. Eu nem sabia onde estava de tão desorientada que estava.

Um minuto.

Dois minutos.

Quanto tempo se passou?

Minha visão voltara juntamente com a audição. O sangramento estava cessando, mas a dor ainda estava intensa, tão intensa que cheguei a chorar. Merda! Por que isso estava acontecendo comigo? Eu estava um trapo, limpei cuidadosamente o banheiro e o corredor. Lavei meu rosto tirando o sangue da cara e sai da casa de Edward. Eu precisava tomar remédios, ainda estava escuro. Segui pela trilha a passos lentos sentindo novamente o sangue descer pela narina.

Eu ia morrer! Eu ia morrer! Edward? Cadê você?

Eu não sei como cheguei em casa, mas lá estava ela. Vi minha janela, não deveria estar trancada. Subi em uma árvore e consegui chegar ao segundo andar e, após abrir lentamente a janela de vidro, entrei. Billy e Jacob deviam estar dormindo, ainda sim tinha que ser silenciosa. Seria o fim se um deles me visse naquele estado, pálida, fria e com sangramento. Eu tinha alguns remédios que ganhei quando fui pegar o exame no hospital há meses atrás. Ainda tinha doses de morfina dadas pelo médico já que quase nunca usava. Acho até que seria a primeira vez a apelar para isso. Levantei da cama e tranquei a porta. Tranquei a janela e peguei as doses escondidas, no fundo falso da minha mala.

Duas doses, eu injetei duas doses. Eu precisava fazer a dor parar, aquilo estava me matando. Doía tanto! Eu iria enlouquecer! E então o efeito da morfina veio e a dor foi cessando. Eu sei que eu deveria ir para o banheiro e limpar o rosto, mas a letargia estava demais. Eu fiquei sentada na cama próximo a janela esperando que a dor acabasse e que o remédio fizesse seu efeito e por fim me nocauteasse.

Eu deixei de senti meus membros, a dor cessando e logo a escuridão me tomou.

Não sentir a dor era tão bom! Mas havia algo que não era bom: estar longe de Edward.

Em alguns momentos a consciência vinha. E em um desses momentos, deitada em minha cama e com a cabeça voltada para a persiana de vidro fechada do meu quarto, eu o vi. Era Edward, ou pelo menos achei ser. Ele me olhava com tanta tristeza que quis ter forças para abrir a persiana de vidro fechada e confortá-lo. Edward colocou uma mão no vidro e tentou abrir a janela, com um ar frustrado percebeu que estava trancada. Teria que abrir, mas isso certamente despertaria os de ais moradores da casa. Eu não permaneci muito tempo acordada para ver o que Edward faria, como entraria no quarto. Adormeci.


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Notas finais do capítulo

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