Pov`s Mariana

Lucas e eu voltamos para casa sem dizer palavra alguma. Ele parecia envergonhado, e eu realmente não estava muito a fim de falar alguma coisa. Quando chegamos, fui correndo para o meu quarto e me joguei na cama. Era hora de remoer no pensamento tudo o que havia acontecido hoje.

Primeiro, eu descubro que o meu namorado estava me traindo há algum tempo. Tenho um ataque de histeria, termino o nosso relacionamento e volto chorando para casa. Depois, o meu melhor amigo me chama para sair um pouco e quase me beija. Suspirei. Eu não sabia mais o que sentia pelo Lucas. Eu havia amado muito ele, mas então fomos separados e eu me apaixonei por Giovanni. Mas esse amor não existia mais. Tudo que eu conseguia sentir por Giovanni agora era mágoa. Muita mágoa.

Me sentei na cama e comecei a chorar, um choro baixinho, que logo cessou porque eu acabei caindo no sono.

Ir para a faculdade no dia seguinte não havia sido nada bom. Não consegui me concentrar direito na aula de Química Industrial. Eu fiquei o intervalo inteiro chorando no banheiro. Teste surpresa de Química Analítica.

Quando a aula acabou, me segurei para não chorar enquanto voltava para casa. Minha mãe não estava quando cheguei. Me deparei com Lucas comendo miojo.

– Cadê minha mãe? - perguntei.

– Foi no salão fazer o cabelo e as unhas - Lucas respondeu - Quer que eu te faça um miojo?

– Não estou com fome. Obrigada - eu estava indo para o meu quarto quando Lucas disse o meu nome.

– Mari! - me virei para olhar - Me desculpa por ontem.

Por um instante não sabia o que responder.

– Pelo nosso "quase beijo"?

– Sim, Mari. Eu não devia ter me aproveitado do seu momento de tristeza para te beijar. Me desculpe.

– Tudo bem, Lucas. Não tem problema.

Ele me abraçou.

– Você sabe que eu gosto muito de você, então eu vou te respeitar. Só saiba que eu te amo, Mari.

Uma lágrima escorreu do meu rosto. Eu tinha tomado uma decisão: iria beijar Lucas. Porque não? Eu era apaixonada por ele antes de conhecer Giovanni, e o Lucas me amava de verdade, eu sentia isso. Nossos lábios estavam quase se tocando quando um grito estridente soou do portão.

– MARIANA!

Me afastei de Lucas rapidamente e fui abrir a porta. Era Giovanni.

– Mariana! - ele disse - Me perdoa, eu te amo!

– O que você está fazendo aqui? - Lucas disse por trás de mim - Quem ama não trai, seu babaca!

– Cale a boca, seu otário - Giovanni respondeu.

– Lucas, entra, por favor! - pedi para Lucas - Me deixa conversar com ele.

Lucas suspirou.

– Tudo bem, Mari. Vou ficar aqui na sala. Qualquer coisa me chama, ok?

– Ok.

Lucas entrou e eu caminhei até o portão. Giovanni estava me olhando com uma cara de expectativa.

– Não vai abrir o portão? - ele perguntou.

– Não, Giovanni - respondi - De você eu só quero distância.

Ele fechou a cara.

– Mari, você tem que me perdoar, você me ama!

– Amo não, amava. Giovanni, o que você fez não tem perdão.

– Mas Mari, eu te amo!

– Ah, claro! Me ama tanto que me traiu com a primeira que você viu passar!

– Você não pode falar nada. Está morando com um cara!

– Eu não estou morando sozinha com ele, e de qualquer forma você já estava me traindo quando ele chegou.

– E agora, vocês tem um caso?

– Não, Giovanni, não temos. Essa conversa já deu, entenda que acabou de vez!

– Mari, você está fazendo a sua escolha. Se me mandar embora eu não volto nunca mais!

– Ah, é? Ótimo! Tchau, Giovanni. Até nunca mais!

Ele não disse mais nada. Simplesmente saiu andando até a casa dele.

Então reparei em uma coisa: não havia tirado minha aliança de compromisso com ele do dedo. Rapidamente a arranquei e guardei no bolso. Venderia a algum joalheiro o mais rápido possível.

Quando entrei em casa, Lucas estava no sofá roendo as unhas.

– E aí? - ele perguntou.

– Acabou, Lucas - respondi, me sentando ao seu lado - Acabou.