Pov's Lucas

Tirei os fones de ouvido. Estava nervoso demais. Será que a reconciliação da Mari com aquele garoto havia dado certo? Uma parte de mim queria que desse certo, porque a Mari o ama, e eu só queria que ela fosse feliz, mas uma parte bem maior de mim queria que Mariana fosse feliz comigo. Cara, como eu amava aquela garota. Não parei de pensar nela nem em um instante sequer de quando ficamos separados. Nunca quis outra garota. Mas eu havia sido um idiota, por não perceber que a amava antes. Me lembrava como se fosse ontem do nosso primeiro beijo. Seus lábios macios e doces em sintonia com os meus...

Uma forte batida de porta e um grito parecendo o de um choro convulsivo me tiraram de meus pensamentos. Dei um salto da cama e desci correndo as escadas.

– Mari, o que foi? - a mãe dela a abraçava enquanto ela chorava. Na verdade, eu nunca havia visto a Mari daquele jeito. Ela estava chorando muito. Seus olhos estavam alagados e vermelhos, e ela berrava e soluçava ao mesmo tempo.

– Ele me traiu mãe! - ela gritou, com a voz rouca - Com a Luíza, e fazem duas semanas!

Dona Lílian abraçou Mari mais forte.

– O que? Nossa Mari, eu sinto muito.

O telefone tocou e dona Lílian soltou a filha para atender. Mari olhou para mim, e eu não sabia o que dizer. Então ela começou a chorar mais convulsivamente do que antes, e eu a abracei.

Ela retribuiu o abraço, e da forma com que eu acariciava seus cabelos ela parecia se acalmar.

– Lucas, me leva até o meu quarto, por favor? - ela disse com a voz rouca.

– Claro, minha flor - eu enxuguei uma lágrima do seu rosto e a puxei pela mão até o seu quarto.

Abri a porta e a coloquei na cama. Ela se aninhou junto ao travesseiro.

– Você quer conversar? - perguntei, cauteloso.

– Lucas, você se importaria de me deixar sozinha por um instante? - ela respondeu.

– Claro que não - eu beijei sua testa e fui até o meu quarto.

Me doía demais ver a Mari daquele jeito, mas a única coisa que eu podia fazer era o que ela pediu.

Não consegui resistir por muito tempo, e quando se passaram mais ou menos uma hora, eu fui até o seu quarto. Bati uma vez na porta e abri um pouco. Mari estava sentada encarando o nada. Nem pareceu sentir a minha presença.

– Mari? - chamei, e ela virou a cabeça - Você está bem?

– Para falar a verdade, não - ela respondeu - Mas fiquei feliz que você veio - e esboçou um sorriso.

Meu coração deu um salto, e então eu sentei ao seu lado.

– Mari, não fica triste não - eu disse - Não vale a pena.

Ela suspirou - Eu sei, Lucas - e deitou a cabeça no meu ombro - Eu sei.

Fiquei sem saber o que fazer, então eu encostei minha cabeça na dela e fiquei acariciando seu cabelo. Ficamos algum tempo assim, até que tive uma ideia:

– Mari, o que você acha de irmos passear na cidade? Vai ser bom para você. Aceita, vai!

Ela pensou um pouco e então disse:

– Tá, eu aceito!

Andamos em direção a praça. Mari me disse que havia vividos muitos momentos felizes com Giovanni naquele lugar, mas ela não quis voltar. Disse que tinha que superar. Então, nos sentamos em um banco.

– Mari, você sente falta de São Paulo? - perguntei.

– Na verdade, não - ela respondeu - As meninas me ignoraram no WhatsApp e não falaram mais comigo. Acho que a pessoa que eu mais sentia falta era você, mesmo te evitando, como eu fazia.

– Agora você não precisa mais me evitar - sei lá, acho que fiz isso sem pensar, mas comecei a me aproximar de Mari para beijá-la. Estava quase conseguindo, quando ela me afastou.

– Lucas, não é o momento para isso. Eu acabei de ser traída pelo meu namorado, e não quero beijar outro cara. Desculpa, mas eu quero ir embora.

Ela se levantou e começou a andar, e eu fui atrás. Estava triste, afinal, acho que nunca teria Mari só para mim.