Depois de abraçar demoradamente o Lucas, minha mãe o soltou e me disse:

– Mariana, tenha modos e cumprimente o seu melhor amigo! Afinal, ele vai morar conosco agora.

– Morar conosco?! - perguntei, e foi aí que eu me toquei o porque dele estar com duas malas.

– Sim, ele irá ficar no quarto de hóspedes - minha mãe respondeu.

– Não gostei disso - Giovanni disse, carrancudo.

– Não tem com o que se preocupar, querido - minha mãe disse para Giovanni - O Lucas e a Mari são amigos há muito tempo, e eles nunca tiveram nada a mais do que só amizade. Agora anda, Mari, cumprimente-o.

Suspirei. Fui até Lucas, com a intenção de dar só um beijo em sua bochecha, mas ele me puxou para um abraço. Eu tinha me esquecido de tudo aquilo: da maciez do seu corpo, do seu cheiro delicioso e de quanto eu fui apaixonada por ele.

– Tá bom, chega - disse Giovanni, o que me fez afastar-me de Lucas - Dona Lílian, o almoço já está pronto?

– Sim, Giovanni. Vou arrumar a mesa - minha mãe deu um passo em direção a cozinha, mas de repente se virou para mim e continuou - Mari, leve o Lucas para o quarto dele.

– Tá bom, mãe - respondi e me virei para Lucas - Vamos.

– Eu vou junto! - Giovanni disse.

– Claro, amor.

Subimos as escadas e fomos até o quarto de hóspedes, que seria o quarto de Lucas, que ficava ao lado do meu quarto.

– Pronto, Lucas - eu disse - Pode se acomodar.

Eu estava saindo junto com o Giovanni, quando Lucas me chamou.

– Mari - me virei rapidamente - Espero que seja muito feliz no seu namoro.

Eu sorri.

– Obrigada, Lucas. E você? Não teve nenhum caso com alguém?

– Não.

Ficamos em silêncio por um momento.

– E a Lari e a Marcela? - perguntei, quebrando o silêncio - Elas nunca responderam nenhuma mensagem minha.

– Bom - Lucas parecia nervoso - Elas arrumaram uma nova amiga, e você não vai gostar. O nome dela é Amanda. Amanda de LaTour.

– O que?! - eu disse, incrédula - Mas a gente nunca gostou dela!

– Pois é - Lucas disse tristemente - Elas mudaram muito depois que você se foi. Aliás, tudo mudou.

Eu não disse nada. Simplesmente segurei na mão de Giovanni e desci as escadas, com Lucas atrás de nós.

O almoço estava bom. Macarrão com frango. O silêncio dominava Lucas, Giovanni e eu. Só os adultos conversavam. Assim que terminamos de comer, Giovanni e eu fomos até uma pracinha, para conversarmos mais a vontade. Nós nos sentamos em um banco.

– Gi, você está bravo comigo? - perguntei cautelosamente.

Ele demorou um pouco para responder.

– Mari, eu não gostei dessa história desse moleque ir morar na sua casa.

– Gi, ele é meu amigo há muito tempo, só amigo!

– Mas você viu como ele olha para você? Com certeza sente algo a mais.

– Mas eu não sinto! Par mim ele é só um amigo! AMIGO!

– Mesmo assim. Não gostei.

– Gi, você não confia em mim?

– Confio. Mas nele não. E se ele tentar te beijar?

– Eu corro, grito, bato, mas não deixo!

Nesse momento, uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Giovanni suspirou.

– Olha, Mari, eu preciso pensar um pouco, ok? Ficar sozinho, dar um tempo.

– Dar... Um tempo?

– Sim. Tchau, Mari. Vou para casa. Avisa o papai que eu fui para lá.

Giovanni andou em direção a casa dele, e eu corri em direção a minha, chorando.