Remember?

Sorrisos não fugiam dos meus lábios e eu me via mergulhando num mar de lembranças, e como eu duvidava, aquilo estava realmente me fazendo bem.

"Ah Ally, lembra do nosso primeiro beijo, primeiro abraço? Demos esse nome para o dia. Ele foi simplesmente incrível! Foi justamente quando nós nos reencontramos. Sexta - feira, se não me engano. O Dez, lembra do Dez? Claro, quem esquece o Dez?"

Parei um pouco e fitei o rosto da pálido da minha garota de novo, ela desacordada.

– Você. Você pode ter esquecido do Dez. - Respirei fundo e desviei o olhar, me concentrando em lembrar da história e fingir, tentar pelo menos fingir que você estava ali, me ouvindo de verdade, rindo e emendando algo que eu tinha esquecido de contar.

"Então, era Friday Night na casa do Dez, e como eu ainda tinha dezessete anos, tinha que pedir permissão para a minha mãe para sair. Eu sempre achei isso tosco, mas você sempre me contrariou, dizendo que é a regra do Universo, as coisas tinham que ser assim. Você ficava tão fofa quando falava assim! Daí eu inventei um papo pra minha mãe, dizendo que eu tava muito deprimido, havia encontrado o "Amor da Minha Vida" e tinha deixado ele escapar por entre meus dedos, que eu precisava do consolo do meu melhor amigo e uma noite de filmes de terror e pizzas. Ela hesitou, mas deixou. Só por causa do "Amor da Minha Vida". Minha mãe tinha esse jeitinho, apelava sempre para o lado do romantismo. Lembra do dia que a conheceu, né? Mas aí já é outra história, e eu vou fazer questão de relembrar a você mais tarde.

A Friday Night estava indo muito bem, eu o Dez já estávamos na quarta fatia de pizza e ainda no primeiro filme de terror. Era um filme horrível e muito mal feito, e nós ríamos ao invés de sentir medo. Mas aí a campainha tocou. Eu olhei para o Dez confuso e ele sorriu para mim.

– É a minha fofinha, eu convidei ela. - Ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– O que? Dez, é a Friday Night e você convida uma garota? E o meu problema com A Garota? Como é que fica?

– Calma Austin, ela trouxe uma amiga. - Ele tentou me acalmar, mas apenas falando a palavra "Calma" não funcionou. O Dez tinha começado a namorar a "Fofinha" fazia uns três dias, e já fazia mais de uma semana desde a última vez que eu tinha te conhecido, Ally. Seu nome não me saía da cabeça e eu só conseguia pensar em seus olhos grandes e brilhantes, em seus lábios rosados, em seu cabelos castanhos, na sua voz... Eu já estava apaixonado por você, Ally. E eu confirmei isso naquele dia.

O Dez abriu a porta e de lá apareceu uma baixinha de cabelos compridos e encaracolados pretos. Eu já tinha visto ela em algum lugar, mas não me lembrava onde. A garota, que provavelmente era a "Fofinha" pulou em cima do Dez, arrancando-lhe um beijo, o que deu espaço para eu ver a garota atrás dela. Você. Estava tão linda. Com um vestido azul que ia até o meio das coxas com estampas aleatórias e uma jaqueta de couro preta. Seus pés num All Star tradicional que se balançavam no chão. Acho que eu poderia dizer que me apaixonei duas vezes por você, e no terceiro dia que te vi, me apaixonei pela terceira vez e assim por diante. Preciso repetir que você é apaixonante?

Seus olhos encontraram os meus, e eles perguntaram silenciosamente: "Você por aqui?" e os meus responderam: "Sim".

A fofinha e o Dez pararam de se beijar e a fofinha apresentou você para nós.

– Bem ruivo, essa é a Ally, minha melhor amiga. - Dez te cumprimentou e você sorriu, cumprimentando-o também.

– E Trish, esse é o Austin, meu melhor amigo. - O Dez apontou pra mim e eu acenei para fofinha, ou Trish, e meu olhar voltou-se para você novamente. Eu só não conseguia parar de olhar para você.

– Oi Austin. - A Trish disse. Depois de uns segundos eu vi a Trish cutucando você com o cotovelo. Lembra de sua reação? Cômica.

– Ah tá, Oi Austin. Austin Moon. - Você disse sorrindo.

– Oi Ally. - Lembra como eles olharam pra gente desconfiados? Havia uma relação íntima meio invisível entre nós, e inexplicável também.

– Espera, como você sabe o sobrenome do Austin? - O Dez perguntou.

– Nós já nos conhecemos. - Eu respondi a ele. A Trish te olhou com um olhar tipo: "Sério?" e você: "Sim, na praia, lembra não?".

E depois de muito lenga - lenga, estávamos nós quatro sentados no chão da sala da casa do Dez, encostados no sofá e rindo do filme de terror. Você estava do meu lado direito, o Dez do meu lado esquerdo e a Trish ao lado do Dez. Estava tudo tão bom e foi aí que eu tive uma ideia. Você parecia distraída, rindo á toa do cara perguntando se tinha alguém na casa assombrada, e eu te fitava encantado. Meu braço moveu-se lentamente entre nós e preguiçosamente eu o pus em torno de seus ombros. Você parou de repente, ficou paralisada. Eu me perguntava se tinha feito algo errado, e já ia tirar o braço, mas você se aconchegou em mim e virou o rosto, ficando frente a frente á mim.

Eu sorria, juntamente com você, e nossos rostos estavam tão próximos. Daí finalmente rolou o beijo. Não foi exatamente eu que dei o primeiro passo, lembra? Mas tava tudo bem, eu tava feliz demais pra pensar que foi você quem tinha me beijado.

Eram sorrisos misturados com línguas e o barulhinho de beijo enchendo meus ouvidos. Eu pude sentir teu gosto real, e foi tão bom. Você tinha gosto de gloss de cereja e eu adorei. O beijo tinha terminado com gostinho de "quero mais", mas nós lembramos que ainda tinham duas pessoas na sala e nos privamos de se beijar de novo. E foi do nada que você me abraçou. Eu retribuí o abraço, surpreso. Seu abraço era caloroso, gostoso, confortável, e eu não queria sair dele nunca mais.

Voltamos a assistir o filme, realmente agindo como se nada tivesse acontecido. Já tinham duas caixas de pizzas vazias, ou seja, já estávamos na terceira caixa, mas não ligávamos. Eu havia reencontrado o "Amor da Minha Vida" e ele estava naquele momento segurando a minha mão, apertando como se nunca quisesse largar."

E era exatamente isso que eu estava fazendo agora.