Capitulo 3 - Renascer, Recrescer e outras Doideras II

É, eu sei que pode decepcionar vocês, mas não, eu não falei com o Yamamoto no primeiro dia de aula. Ele era tão kawaii que eu tinha a sensação de que se tentasse, iria acabar pulando e abraçando ele. E isso seria fodasticamente vergonhoso, então... Bem, vocês entenderam.
Mas no dia seguinte eu falei com ele. E sim, foi vergonhoso.
"Oi!" É, essa sou eu. Eu estava sorrindo que nem boba com os olhos brilhando. Se eu sou apaixonada por ele? Não, não sou. Mas conhecer um dos seus personagens favoritos é foda né galera? Então, se eu babar, POR FAVOR não riam de mim.
"Oh, oi" respondeu ele tranquilo. "Quem é você?"
"Sabia que se deve apresentar primeiro, antes de perguntar o nome dos outros?" O que infernos eu estou falando?! Só se apresente, porra! É, eu estou em pânico.
"Ah! Certo! Eu sou Yamamoto Takeshi. Gosto de Baseball"
"É, eu sei. Eu notei." Foi a resposta automática. Então eu fiquei vermelha. Só cale a boca Tsunayuki! "Quero dizer, meu nome é Sawada Tsunayuki".
"Tsunayuki-chan, né? Prazer em conhecer!"
Meus olhos estão brilhando agora. Ah deus ele é muito kawaii!
"Prazer em conhece-lo, Yama-chan!"
...
Pera...
O que foi que eu disse?
...
"Yama-chan"? PUTAQUEOPARIU BOCA MALDITA!
"Yama-chan?" Takeshi riu, felizmente. "Eu gostei, Tsuna-chan!"
... Takeshi... OBRIGADA POR ME SALVAR DA HUMILHAÇÃO TOTAL!

Depois desses dias o jardim de infancia seguiu normal. E irritante. Sério. Pra que inventaram essa droga? A unica coisa divertida lá era a aula de artes! E sim, eu sofri a porra do Bullying. Culpa dos malditos genes do Tsuna. Mas ser amiga do Yamamoto ajudou bastante. Ele reclamou muito com os meninos quando via eles me incomodarem, mas acabou que eles começaram a fazer isso pelas costas dele.
E por que eu não contei para ele nem para os meus pais? A resposta é obvia! Porra! Eu já tenho 19 anos mentalmente! Se eu não aguentar umas provocações idiotas, eu vou ser apenas uma bebê chorona!
O ensino fundamental foi ainda mais irritante, se possivel. As matérias eram tão chatas quanto eu me lembrava. E, para manter as chances de Reborn ser meu professor particular no futuro, passei de raspão em tudo. Muitas vezes fiquei de recuperação final, mesmo já sabendo aquela matéria.
Aquilo era uma tortura pra mim. Piorou o Bullying, mas era por uma boa causa. Uma ou duas surras por parte dos outros alunos, de que realmente importa? Vivi isso uma vez, posso viver outra sem me quebrar.
Só que mais e mais dentro de mim eu sentia a escuridão da dor presa se aumentando.
Mudando de assunto, os professores eram um bando de filhos da puta. O moleque irritante da meleca de nariz continuava irritante, e sim, eu ainda o via fazer aquelas coisas as vezes. E eu ainda achava que ele ia ter uma morte trágica e totalmente não cool.
Mas não foi até o que eu tivesse onze anos que eu tive meu primeiro encontro com Hibari. Foi durante o primeiro dia de aula daquele ano.
As flores de Sakura cobriam o chão como um cobertor rosa e fofo. Se bem me lembro aquele é o unico tom de rosa que eu gosto.
"Aaaaaah, como isso é chato..." Resmunguei.
"Maa, maa. Não é como se fosse uma tortura." Foi a resposta do meu melhor amigo.
"Cale a boca, Yama-chan." Falei, olhando-o com um beicinho. "Não é você que tem que aturar Mikki e as amigas ovelhas dela."
"Ovelhas?"
"Sim, sim! Pensamentos de ovelhas!" Na verdade, isso é uma comparação de "Maria Vai com as outras", mas eu não explicaria isso para ele. Eu já estava puta o suficiente sem ter que aturar a explicação. Com onze anos Yamamoto conseguia ser mais retardado que o Yamamoto do anime, se possivel.
"Eu tenho a sensação de que isso não é um elogio." Comentou Yamamoto.
"E não é mesmo. Por que eu elogiaria aquelas vacas?"
Felizmente, Yamamoto já estava acostumado com minha boca suja, então apenas sorriu e rui.
"Vacas? Ontem eram cobras, antes de ontem, Javalis. Isso é o melhor que você pode fazer?" Ele estava me provocando, porra?
"Não, na verdade, eu estava tentando ser simpática e falar menos mal delas." Contradisse, em um tom inocente. "Mas elas são na verdade umas moscas caolhas, vadias criadas por macacos, filhas de uma pu..."
"Herbivora, é proibido falar palavrões no colégio. Vou te morder até a morte."
Eu congelei ouvindo isso e me virei com os olhos arregalados.
Calma... Calma... Não é o fim do mundo, é só o Hibari...
SÓ O HIBARI O CARALHO ELE VAI ME MORDER ATÉ A MORTE PRA CARALHO AGORA PORRA! SE EU SOUBESSE QUE ELE ESTAVA ALI EU PODERIA TENTAR VIRAR AMIGA DELE!
Er... Nope.
Ok. Você tem razão. Fudeu, porra.
"Er... Desculpe?" falei, com minha voz tremendo me virando para ele.
Ele era exatamente como eu me lembrava, só que menor, e continuava segurando suas tonfas. Oh, holly shit.

Eu vou morrer pra caralho agora...

~~~Hibari POV's~~~

A herbívora tinha um palavreado inadequado. Pelo que eu podia ver, ela era como um cachorrinho. Patética. Baixinha. Andava cada passo como se doesse. Tinha um curativo na bochecha. Também dizia as coisas com muita animação.
Isso me irritava. Mas o que mais me irritava era a forma como ela ficava pendurada naquele outro herbívoro sorridente, como se ele fosse sua proteção.
Esse é o tipo de herbívoro que eu mais odeio.

~~~Fim do Hibari POV's~~~

"Seu palavreado não é adequado para essa escola. Vou te morder até a morte." Foi o que ele disse.
"Nee, quem é você?" Perguntou Yamamoto.
Subitamente senti vontade de proteger Yamamoto. Desde minha antiga vida eu tinha essa estupida mania de preferir apanhas sozinha do que manter uma pessoa em perigo.
"Ninguém importante, Yama-chan. Por que não vai na frente? Eu te encontro depois." Se eu sobreviver a isso. Porra.
"Ok." Falou um pouco confuso, mas obedeceu, felizmente.
Assim que ele saiu eu me virei para Hibari, que tinha suas tonfas em mãos.
"Você vai realmente me bater?" Perguntei para ele, em voz baixa.
"Você quebrou as regras, ser herbívoro!"
Eu toquei minha bochecha, onde estava um curativo.
"Isso foi causado na escola. Técnicamente também é contra as regras intimidar os outros. Mesmo assim você não bateu nas meninas que fizeram isso. Você não é onisciente, Hibari Kyoya." Chama-lo pelo nome foi uma forma de provocar. Se eu manter ele com a atenção em mim, de forma que ele fique curioso talvez eu saia com vida.
"Elas também quebrara as regras." Ele repetiu. "Quem são elas?"
Por um segundo, eu quis muito dizer o nome delas. Senti o desejo vingativo de vê-las sofrer um pouco, como elas me faziam sofrer. Mordi os lábios e me senti tremendo. Estreitei os olhos encarando Hibari.
"Eu não vou te dizer." Finalmente respondi. "Mesmo que elas tenham me machucado, eu não quero que elas se machuquem."
Isso provavelmente o irritou, pois ele acertou meu estomago com a tonfa, me fazendo cair de joelhos. Tossi. Porra. Essa merda dói pra caralho.
"Isso te fez sentir melhor?" Alguma coisa dentro de mim me fez continuar falando. "Punir uma pessoa? Você é realmente um sádico."
Ele pareceu que ia me bater novamente, mas mesmo assim eu continuei falando.
"Você é um covarde Hibari Kyoya." Eu levantei a cabeça e o olhei nos olhos. "Batendo em uma menina. Arranjando desculpas estupidas para suas ações. Tentando por o medo nas outras pessoas..." Me levantei, tremula e o olhei nos olhos. "Eu não tenho medo de você"

~~~Hibari POV's~~~

A menina herbívora me enfrentou, mesmo depois que eu a acertei. Antes ela parecia uma cachorrinha de estimação... Mas seus olhos, me encarando... Me insultando sem medo. Eles me irritaram. Mas, dentro de mim, eu senti uma agitação.
Ela é forte.
Essas palavras percorreram minha mente. E eu concordei. Ela era forte. Pelo menos, não era tão fraca quanto a maioria desses herbívoros inúteis.
Eu não tenho medo de você. Ela tinha dito. Uma figura tão patética me enfrentando era uma experiencia nova. Ela era... Diferente.
Eu guardei as tonfas e sai. A observaria. Precisaria ser cauteloso com ela...

~~~Fim do Hibari POV~~~

Fiquei parada observando ele sair por alguns segundos. Ele tinha um olhar um pouco abatido pelo que eu notei. Acariciei a costela que ele acertou com cuidado, checando. A dor havia sido intensa, mas não parecia ter havido fratura. Talvez uma rachadura. Agradeci por ele ter só 11 anos nessa linha do tempo, ou eu não teria escapado apenas chocando-o.
Suspirei e me virei pegando meus cadernos e canetas que caíram no chão. Enrolei um pouco, não me sentindo com vontade de ir para a aula enfrentar Mikki depois disso.
Foi então que eu ouvi o sinal escolar.
PUTA MERDA! ESTOU ATRASADA NO PRIMEIRO DIA DE AULA! FUDEU PORRA!