O que eu sou? escrita por Daughter of Illéa
Brian parou o carro em um parque bem longe do shopping, ele não havia dito nada o caminho todo e agora simplesmente saiu do carro e começou a adentrar o campo. Abri a porta do conversível azul apressada e o segui sem pensar duas vezes.
– Ei! - Gritei para que ele esperasse. - Onde estamos? - Ainda não conhecia muito da cidade e não estava nos meus planos deixar caras estranhos me carregarem em seus carros por ai. (N/A: Well, estava nos meus planos, sorry) - Brain?
O garoto continuou andando sem nem reparar em mim, só tinha a leve impressão que ele achava aquilo muito divertido.
Andamos por meia hora antes dele se sentar em um tronco, francamente, por que eu tinha seguido ele até aqui?
Brian sorriu. - Meu lugar secreto! - Olhei em volta, não conseguia mais ouvir o trafego e a falta de pessoas estava me fazendo suar.
– Hum... Bonito. - Abanei levemente para todas as arvores velhas e para o chão coberto de folhas secas. - Sem ser grossa nem nada mas... Hum... Por que me trouxe aqui?
– Por que está de castigo? - Ignorou minha pergunta e continuou direcionando a conversa a mim.
– Cheguei muito tarde, onde estamos? - Insisti.
– Lugar nenhum. - Notei um sorriso sarcástico brotando em seu rosto.
– Acho melhor eu ir... Mel e Tam vão me matar por ter ido embora... - Comecei a me virar mas ele foi mais rápido, rápido até demais, e segurou meu braço. - O quê? - Acusei.
– Não sabe pra onde está indo, vai se perder.
– Não sei nem por que estou aqui!
– Só queria te mostrar meu santuário, Chloe! Meu Deus! - Ele me beijou de novo, um leve roçar de lábios, me afastei um pouco mas ele insistiu e me beijou de novo, fiquei andando pra trás, sem retribuir direito e sem recusar direito, então surgiu uma maldita arvore atrás e não pude mais fugir. Brian não entendia meus sinais de negação, nem eu entendia, nossos corpos se chocaram com força e o beijo se intensificou, uma de suas mãos estava na minha cintura e a outra na arvore, me prendendo ali, as minhas foram para seu pescoço e senti seu cabelo macio em meus dedos, podia comparar minha mente naquele momento com a de um bêbado, eu não tinha controle algum, de novo, da situação, nunca tive o controle.
A coisa toda estava ficando quente, estava fervendo e só nos afastamos quando estávamos sem folego, ele sorria, ele sempre sorria, como no shopping e eu queria desesperadamente pensar direito e tomar um ar.
– Vou te levar para o shopping. - O garoto disse recuperando o ar. - Mas amanhã a gente se vê, okay?
Assenti, pelo menos ele me levaria de volta.
***
Tam e Mel não estavam em lugar algum, já tinha passado por várias lojas e não tive sucesso, não estava muito no clima de shopping mas precisava das meninas para chegar em casa a tempo, eu não tinha tanto tempo assim. Depois de rodar o estabelecimento quatro vezes me encostei em uma coluna e resolvi esperar, mandei mensagem paras as duas mas nenhuma respondeu, talvez eu devesse ir de taxi ou... ligar para o Brian, balancei a cabeça, não, sem Brian, sem Brian!
– Vou levar você pra casa, vamos! - Pulei de susto, Aaron simplesmente se materializou na minha frente, ele balançava a chave do carro e me olhava...zangado?...impaciente?
– Mas... Está me seguindo? - Franzi o cenho para ele.
– Estava no shopping, um lugar publico... - Ele elevou o tom em "publico" - ...E vi você aqui com cara de perdida. Quer a carona ou não?
– Não parece uma pergunta. - Pensei em voz alta.
– Suas amigas já foram, os táxis estão lotados nessa hora e você não deveria estar aqui. - Primeiro pensei que o "você não deveria estar aqui" era por causa do castigo, mas havia algo escondido entre linhas nessa frase, algo que minha cabeça cansada ignorou.
– Certo.- Resmunguei e sai andando em direção ao estacionamento com Aaron logo atrás. Saindo do shopping com um garoto pela segunda vez, isso tinha que parar.
***
A casa estava escura, com sorte meu pai ainda estava fora e eu escaparia impune, quase sorri com isso mas o olhar de Aaron não permitia. Comecei a abrir a porta e sai devagar parando na janela do motorista com o vidro abaixado.
– Obrigada pela carona. - Ele não falou nada, ficava olhando para a estrada, distante do momento. - De verdade. - Acentuei.
– Sabe, ir na floresta, mesmo as daqui, é perigoso. - Ele ia dar a partida mas coloquei a mão pelo vidro.
– Como sabe que eu estava na floresta? - Eu não ia negar o fato, ele tinha cara de que sabia do que estava falando. Mas ele não respondeu, ligou o carro, tirou gentilmente minha mão e saiu. Fiquei olhando a poeira do carro baixar antes de entrar em casa. Ele estava mesmo me seguindo?
***
Chegar ao quarto não foi tão dificil, entrei pelos fundos e como não tinha ninguém, fui normalmente até o comodo, coloquei um pijama e peguei um livro aberto em qualquer página, viajei para Aaron, o que raios aquele garoto queria? E Brian? Ele não podia sair por ai me beijando daquele jeito! Quer dizer, eu adorava a sensação de não afastar as pessoas, mas aquilo estava virando história de filme! Um aparecia e sumiu do nada, o outro aparecia, sorria, me beijava e não falava nada! E o pior, a droga da pior parte, era que eu sabia que ambos sabiam algo que eu não sabia!
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