Pov Bella

– Eu sou uma IDIOTA – praguejei batendo minha mão no volante. Mais um sinal, naquele momento eu já sabia que alguém lá de cima me odiava. Eu ainda não conseguia acreditar que minha vida era tão azarada.

Desde pequena sempre fui uma menina de amar o chão, daquelas que vê um e já quer deitar. Meu pai costumava dizer que eu era de outro planeta, porque não era possível uma pessoa cair tantas vezes e quebrar tantas coisas que ele nem sabia que existia. Mas naquele segundo eu não estava me xingando por ter caído, quem me dera fosse isso, estava me odiando por ter sido tão idiota e ter escondido de Edward o que eu realmente sinto. O que eu realmente sinto pelo idiota do meu melhor amigo.

Tudo começou logo quando cheguei em Forks, eu tinha 5 anos e não suportava a ideia de uma escola nova, ainda mais pelo motivo de que eu era simplesmente avançada para minha idade e todos para mim pareciam idiotas. Renné, minha mãe, adorava dizer que eu era adulta demais para minha idade e que isso não seria bom na escola. E para lá fui eu cheia de atitude no meu primeiro dia, para tomar um tombo na frente de todos da classe e ser ajuda por ele. No inicio pensei que Edward iria me zoar e ser maldoso como crianças de 5 anos são, mas ele se apresentou e desde então somos amigos. Daqueles amigos que nunca se separam, daqueles que um defende o outro. Até o dia que me apaixonei por ele.

Sim, eu me apaixonei. Parece irônico e idiota da minha parte, mas eu me apaixonei pelo meu melhor amigo. Foi no meu aniversário de 15 anos, quando dancei a famosa valsa ao seu lado e encarei seus olhos eu senti que algo havia mudado e realmente mudou. Daquele dia em diante fiz de tudo para que ele percebesse o que eu senti, mas nada dava certo. Até o momento que ele viu a foto de Jacob Black comigo em minha cômoda. Jake meu primo, que deixei em Seattle quando vim para Forks. Edward me parecia estranho quando olho a foto e eu realmente queria entender o motivo, foi ai que decidir fazer a coisa mais idiota quando se gosta de alguém. Uma dica, quando estiver apaixonada nunca, jamais, ever, tente fazer ciúmes. Falo por experiência própria, vejam a minha situação. Eu nunca gostei de Jake, nunca tive uma paixonite por ele como Edward pensava, na verdade Jacob Black era gay, e compartilhamos os mesmos gostos.

Sei que foi infantilidade da minha parte inventar tal mentira, mas eu queria saber a que grau estavam os sentimentos de Edward sobre mim. E agora estou aqui, parada em frente a sua casa, tomando coragem de me desculpar por mentir e dizer tudo que realmente sinto. Sai na chuva sem me importar e dei três toques na porta me encostando na parede da varanda de cabeça baixa. Ele levou flores, pensei balançando a cabeça.

– Bella? – me virei para Esme que tinha os olhos arregalados como se não me esperasse ali – O que faz aqui menina? Ainda mais nessa chuva, entre vou te preparar um chocolate quente.

Entrei tirando meu casaco e percebendo que toda a minha roupa estava arruinada.

– Esme, Edward esta ai? – perguntei apreensiva olhando para todos os lados – Eu preciso falar com ele, preciso me explicar, preciso dizer tantas coisas.

– Bella... – sua voz se abaixou – Edward foi para New York.

Meus olhos se arregalaram e senti um soluço escapar pelos meus lábios. Lagrimas saiam de meus olhos e logo eu estava sentada no sofá, com a cabeça nas pernas de Esme, enquanto ela dizia palavras de consolo.

– Eu sei que você gosta dele, sei que ele é seu melhor amigo, mas Bella ele não poderia viver mais aqui, não com você ignorando os sentimentos dele.

Levantei-me, encarando-a.

– Esse é o problema, Esme – solucei – Eu sempre correspondi os sentimentos de Edward, mas fui infantil, menti e errei. Fui covarde e agora paguei pelo meu erro, Edward foi embora e não quer nunca mais olhar para minha cara.

Contei tudo para Esme, sobre como me descobrir apaixonada por ele, sobre Jake e toda a mentira que criei. Esperei de tudo, um olhar de ódio dela por eu ter mentido para seu filho, um olhar de rancor por eu ter sido tão baixa, porém Esme apenas me abraçou e passou a mão pelos meus cabelos.

– Ele ainda não foi – sussurrou, pela sua voz imaginei que ela estava sorrindo – Está na campina, agora corra para lá e concerte esse erro.

Eu sorri para Esme e sai pela porta correndo esbarrando em Carlisle, meu antigo professor de biologia. O encarei por um segundo imaginado o que ele fazia ali, porém não demorou muito para ele chegar a Esme e beijar seus lábios.

– Ela está indo ser feliz, Carl – escutei Esme dizer enquanto o abraçava.

Entrei na floresta caindo algumas vezes, a chuva tinha parado por alguns minutos, porém a terra estava molhada e acabou sujando minha blusa branca. Reparei que haviam alguns arranhados em minha mão e suspirei. Era tão a minha cara. Demorei alguns minutos a mais para chegar devido aos meus tombos, porém ele estava ali. Deitado no meio da campina olhando para o céu, a roupa colada no corpo e seus cabelos mais baixos por causa da recente chuva.

Deitei ao seu lado encarando o céu também, eu vi seu olhar cair sobre mim, mas não o encarei, não estava pronta.

– Sabe quando eu morava em Seattle adorava olhar o céu de lá, adora tentar adivinhar os desenhos das nuvens e o que elas significavam. Era o meu maior passa tempo.

– Com o Jacob – afirmou com um tom diferente na voz.

– Também, ele era o um grande amigo, sempre gostei dele – vi Edward se levantar e me levantei junto – O que foi?

– O que foi? Já na basta eu ter passado quatro anos da minha vida escutando você dizer o quando o amava, as coisas que ele fazia você sentir. Nunca imaginou o que eu sentia quando escutava você falar o quão especial ele é? Nunca imaginou o que se passava dentro de mim?

– Você nunca me contou como eu ia adivinhar? – fiquei de frente para ele – Como Edward?

– EU TE AMAVA ISABELLA, EU SEMPRE TE AMEI – gritou me pagando pelos braços – Eu te amei desde o primeiro segundo que te vi, estava pronta para te dizer tudo que sentia, naquele dia do seu aniversário quando você contou sobre o tal Jacob e quando você o amava. Meu mundo desabou Isabella, naquele segundo eu queria sair dali, correr para longe e nunca mais te olhar. Mas fiquei, fiquei porque fui idiota e achei que um dia você fosse me amar. Pensei que se fôssemos juntos para faculdade eu poderia ter uma chance e quando nos beijamos aqui eu pensei que finalmente podíamos ser feliz juntos, mas você fugiu e ignorou o que tinha acontecido. E eu precisei pensar, se podia continuar nessa amizade, continuar nessa via de uma mão só. Eu iria me desculpar com você por ter te ignorado, comprei flores Isabella, eu comprei flores. Para que? Para chegar lá e ver você agarrada aquele garoto?

– Ele é gay – sussurrei com lagrimas nos olhos.

– O que? – ele me soltou dando um passo para trás – Você se apaixonou por um gay?

– EU NUNCA ME APAIXONEI POR ELE. Jake sempre foi meu amigo, na verdade fomos criados juntos antes de eu vir para Forks, ele é sobrinho do meu pai. Tudo que eu dizia, todo o amor que eu dizia sentir por ele, todas as vezes que falei, era de VOCÊ. ERA VOCÊ EDWARD, É VOCÊ QUE EU SEMPRE AMEI.

A expressão de choque logo tomou seu rosto e ele paralisou no lugar, como se tentasse assimilar minhas palavras.

– Mas agora nada mais importa – sussurrei para mim mesma – Você disse que me amou, é verbos no passado nunca são bons. Olha eu sei que te magoei e peço desculpa por isso, entendo que queria desistir de dividir o apartamento comigo em NY, eu entendo. Sei que errei por ter mentido e...

Fui interrompida por suas mãos em meu rosto e seus lábios nos meus. Eu senti uma alegria tomar conta de todo o meu corpo e meus braços foram para seu pescoço. Aquele era um beijo de verdade. Sua língua explorou minha boca em busca da minha e logo elas estavam conectadas. Nada muito violento, nada como uma batalha. Era apenas... Amor, amor jovem.

– Eu te amo, Bella – sorriu colocando sua testa na minha de olhos fechados – Te amo e não tem nada de verbos no passado. Você é linda, perfeita e feita para mim.

– Mas eu pensei que fosse ficar magoado...

– Magoado por você ter tentado chamar minha atenção? – sorriu mais ainda – Nesse jogo não tem errados ou certos Bella, você fez o que achou que daria certo, eu fui covarde e deveria ter dito que sentia naquela noite.

– Não tem certo ou errado Edward – repeti – Temos que aproveitar esses momentos...

– E New York – me rodou no ar – NEW YORK BABY

Eu poderia terminar essa história com e vivemos felizes para sempre, mas temos 18 anos, estamos descobrindo a vida, indo à faculdade, quem sabe faremos uma viagem a Las Vegas antes. A vida é uma caixinha de surpresa e quando se é jovem, tudo é novo. Quem sabe no futuro ainda estejamos juntos e se amando? Acho que assim que terminarei essa história, dos melhores amigos que se apaixonaram...

Quem sabe no futuro!