Secrets escrita por Yukii


Capítulo 16
Secret 16 - You make me happy




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- Eu não vou me acalmar até você me dar uma explicação decente.

O vento ondeou calmamente, como se discordasse da fala de Hiei. Kurama mirava a face do amigo com leveza, como se estivesse observando uma paisagem. O koorime, por sua vez, lançava olhares furiosos para o youko a sua frente. Ele cerrou os punhos, antes de retomar a fala:

- Kurama! Por que você está hesitando? Me diga! Diga quem contou a Yukina sobre a verdade!

- Por que você não entra, Hiei? Yukina quer muito vê-lo, e tamb...

- Você não vai me enganar com essa conversa de raposa. - rosnou o koorime, olhando com ferocidade para o amigo. - Eu posso falar com ela depois. Primeiro, você vai ter que me dizer quem contou isso.

Sons abafados vieram do templo, enquanto Kuwabara e Yusuke tentavam manter Yukina ali. Os dois amigos tinham explicado que Kurama e Hiei precisavam conversar a sós, e que ela não poderia interferir ainda. Hiei imaginou se a sua irmã estaria ansiosa, decepcionada ou assustada, e suas mãos suaram um pouco.

- E se eu disser que eu contei para a Yukina-san? - falou Kurama calmamente.

Hiei arregalou os olhos por uma fração de segundo, retomando a expressão dura, em seguida.

- Não tente me enganar, raposa. Eu sei perfeitamente que não foi você.

- Como você pode confiar tão cegamente em mim, Hiei? - questionou o youko, um sorriso divertido curvando suas faces.

- Não é uma questão de confiança! - exaltou-se o youkai do fogo. - Eu sei disso! Você sempre tenta encobrir os erros dos outros idiotas, Kurama! Apenas me diga quem foi o idiota dessa vez.

- Você não acha que Yukina pode ter assimilado seu parentesco por si própria? Ela é bem inteligente - Kurama sugeriu com o mesmo ar tranquilo.

Hiei abriu um sorriso sarcástico.

- Sua guerrinha psicológica não vai funcionar comigo hoje, raposa. Não tente me enrolar com todas essas palavras murchas. Se você não me disser quem foi...

- A propósito, devo dizer que Yukina ficou muito contente - interrompeu Kurama, mirando o koorime de sobrancelhas erguidas a sua frente. - Ela está muito ansiosa por vê-lo, e estamos fazendo mal em conversar aqui, enquanto ela deseja poder lhe dar o tratamento de irmão que você bem merece.

As palavras do amigo fizeram Hiei morder os lábios, irritado.

- Eu não mereço nada disso, e você sabe. - resmungou ele muito baixo, antes de prosseguir: - Chega de rodeios. Eu não sou alguém que brinca com palavras. Se você não me disser quem contou a verdade para Yukina, eu lutarei com você aqui mesmo, raposa.

Os olhos rubros diziam que ele não estava brincando, e Kurama não duvidou daquilo. Apesar de tudo, o ruivo tinha uma ideia em mente.

"Kuwabara-kun, pode deixar a Yukina-san vir aqui. Avise para o Yusuke, e deixem ela vir falar com Hiei", mentalizou o youko, alinhando sua mente com a de Kuwabara e passando a mensagem por telepatia.

- Está bem, Hiei - falou Kurama, logo após de usar a telepatia. - Eu vou lhe contar. Não tenho escolha.

- Hn. Bom saber que está ciente disso. Agora, me diga. Sem rodeios.

O youko soltou o ar lentamente pela boca, como num suspiro, antes de falar:

- Quem contou a verdade para a Yukina-san foi...

A frase do ruivo foi interrompida pelo som nada discreto da porta frontal do templo se abrindo desesperadamente, seguido pelos barulhos de passos frenéticos. Kurama se virou bruscamente, deparando-se com uma Yukina nervosa que corria até eles, seguida por Kuwabara e Yusuke.

Ela parou de correr quando ficou a três ou quatro metros de distância do irmão. Hiei olhava para ela, os olhos um pouco arregalados de surpresa, mesclados com uma hesitação imensa que raramente despontava naqueles olhos vermelhos.

Quando conseguiu se concentrar com clareza na figura de Yukina a sua frente, viu que ela estava chorando. Hiei sentiu seu estômago despencar. Sua irmã estava chorando, provavelmente horrorizada em saber que aquele mentiroso assassino na sua frente era, de fato, o seu irmão. Ele mentira o tempo todo para ela, chegando a alegar que seu irmão poderia estar morto; era de esperar que ela se decepcionasse, pensou Hiei. Ouvira Kurama lhe dizer que ela ficara muito contente, mas era óbvio, aquilo era mentira. Quem poderia ficar contente com um irmão como ele...?

O silêncio permaneceu intacto, e Kurama recuou para junto de Yusuke e Kuwabara, que miravam a cena com um ar perdido - especialmente Kuwabara. Hiei tentava recuperar seu ar indiferente, mas seus olhos pareciam não conseguir parar de ficarem arregalados. A koorime tentava conter as lágrimas que rolavam pelo seu rosto e caíam como pedras Hirui em volta de seus pés pequeninos.

- Por que... - murmurou ela depois de alguns minutos, enquanto Hiei encarava as pedras no chão. - ... Por que você não me contou antes?

O koorime não respondeu. Sentia-se horrivelmente dolorido. Quem quer que fosse o maldito que havia dito aquilo, iria morrer, e seria pelas suas mãos.

- Nii-san. - chamou Yukina baixinho. Hiei levantou o rosto, e, para sua surpresa, viu que ela estava sorrindo.

E as lágrimas continuavam a descer. Eram lágrimas de... alegria?

- Eu... eu... - Yukina falava, sem conseguir articular muito bem suas frases. Ela levantou os olhos para o irmão, um lindo sorriso ainda repousando no rosto molhado de lágrimas dela. - Nii-san!

Antes que Hiei pudesse reagir, ela o abraçou. Hiei sentia o rosto dela enfiado no seu ombro, enquanto ela soluçava e chorava, os braços presos nele. O irmão retribuiu o gesto de forma desajeitada, sem saber se era daquele jeito que se abraçava alguém.

E era estranho, mas ele se sentia feliz.

Yukina se demorou mais algum tempo daquela forma. Depois, ao se soltar do irmão, ela parecia a pessoa mais feliz do mundo, e o sorriso que ela trazia parecia ser incapaz de sumir de seu rosto. Ela ria e chorava sem parar, fazendo Kuwabara se exasperar um pouco. Passaram alguns minutos assim, deixando os irmãos conversarem entre si, embora a única que falasse era Yukina, e Hiei apenas assentia ao que ela dizia, parecendo sem graça. A verdade é que ele não sabia lidar com aquela nova carga de felicidade que ganhara de maneira tão inesperada, e tinha medo de parecer idiota ou ridículo. Por duas ou três vezes, ele passara os olhos pelos coadjuvantes da cena e estranhara a ausência de uma determinada garota de cabelos azuis e olhos ametistas; depois, lembrou-se de que a vira voando no céu, pouco antes de ele chegar. Era estranho pensar naquilo, mas ela lhe deu uma certa falta. Depois de todo aquele tempo, ele conseguiu admitir para si mesmo quanta falta estava sentindo dela, daqueles momentos estranhos que haviam passado juntos, e de todos os segredos que eles enlaçavam.

- Um sorriso não lhe cairia mal agora, Hiei - brincou uma voz simpática atrás dele. O koorime se virou e se deparou com Kurama, que parecia contente pelo amigo.

- Hn. - Hiei deu de ombros. - Ainda não entendi o que está acontecendo. Ela não deveria reagir assim.

- Deixe de ser bobo, Hiei. Você não tem dimensão do quanto a Yukina-san gosta de você.

O koorime não respondeu, encarando os próprios pés na grama. A alguns metros de distância, Yukina estava ajoelhada recolhendo as pedras Hirui que derramara ao chorar; a koorime fazia questão de guardar aquelas pedras, para se lembrar do dia em que descobrira seu irmão. Ao seu lado, Kuwabara ajudava, parecendo animado com a possibilidade de mostrar serviço a Yukina.

- Agora - disse Kurama com uma voz divertida - seus problemas com mulheres de cabelo em tom azulado estão resolvidos em cinqüenta por cento, Hiei.

A frase fez Hiei levantar os olhos do chão e mirar o ruivo contra o céu noturno.

- O que você quer dizer, raposa? - resmungou Hiei num tom nada amigável.

Kurama sorriu.

- Bom, o problema com a Yukina-san já foi resolvido, certo?

- Hn. Não. Eu não pretendia que ela soubesse, então não há nada resolvido.

- Mas, admita, foi melhor assim - argumentou o youko, ainda sorrindo.

Hiei não respondeu, rezando intimamente para que o assunto morresse ali mesmo, e não se voltasse para onde ele sabia que Kurama faria questão de cutucar.

- Então, o que você pretende fazer para resolver os outros cinqüenta por cento? - quis saber o ruivo, usando um ar inocente na voz.

O koorime ergueu as sobrancelhas, e resolveu imitar a técnica dele - se fazer de desentendido.

- Pensei que você tinha dito que meu problema com Yukina já havia sido resolvido.

- Desista dessa carreira, Hiei. Você não nasceu para se fingir de burro - disse Kurama, rindo.

Hiei soltou um rosnado irritado.

- Não fique fazendo piadinhas, raposa. Diga logo o que quis dizer antes. Eu odeio essas metáforas.

Kurama admitiu um ar faceiro misturado com o riso que ainda pendia nele.

- Você sabe que eu estou falando de Botan, Hiei.

O koorime crispou-se, como se tivesse sido atingido por uma corrente elétrica. Olhou para os lados rapidamente, antes de resmungar para o outro:

- O que você pensa que está fazendo, Kurama, falando essas idiotices a céu aberto?

- Não são idiotices - replicou Kurama calmamente, com o típico sorriso calmo que irritava Hiei. - Você me pareceu bem preocupado quando me contou sobre essas "idiotices".

Outra pessoa que não fosse Kurama teria se intimidado com o olhar incendiário de Hiei.

- Raposa... já é a segunda vez em uma hora que você está pedindo para morrer... não duvide do que eu posso fazer.

- Eu não duvido - o youko riu mais uma vez enquanto falava. - Imagino que você deva estar curioso por ela não estar aqui, certo?

- Hn. Não.

- Hiei, você também não sabe mentir muito bem.

O koorime abriu a boca com indignação para responder, mas antes que o fizesse, uma ideia lhe ocorreu. Olhando para a face divertida de Kurama, ele conseguiu entender tudo. Botan não estava ali, e Yukina estava sabendo da verdade. Botan saíra dali pouco antes de ele chegar, e Yukina soubera da verdade naquele mesmo dia, algumas horas mais cedo.

- Onna. - resmungou Hiei, franzindo a testa. - Claro. Ela sempre quis contar.

- O que disse? - perguntou o youko com ar desentendido.

- Obrigado por isso, Kurama. - Hiei se levantou da grama e saltou para uma árvore próxima.

- Onde você está indo? - indagou o ruivo.

Hiei sorriu do jeito que apenas ele conseguia.

- Tenho que acertar contas com a Onna.

Ela não sabia o que estava fazendo ali, seguindo hábitos que não eram seus. Botan não gostava de lugares altos, excetuando o seu remo, onde se sentia segura sem problemas. O alto de um prédio comercial nunca fora seu lugar preferido, especialmente numa noite conturbada como aquela. Apesar de tudo, Botan achava que estava começando a enlouquecer mesmo, e talvez o fato de ela estar ali, observando as nuvens de poluição subirem e se afastarem do terraço deserto do prédio, comprovasse isso. Ela suspirou, fechando os olhos e encostando a testa nos joelhos, enquanto reprimia a vontade de voar de volta ao templo de Genkai e saber o que estava acontecendo. Ao mesmo tempo, tinha vontade de voar para qualquer lugar que fosse longe dali; se Hiei quisesse, de fato, matá-la, não seria difícil encontrá-la ali.

- Acho que... - Botan interrompeu a própria frase, mordendo os lábios. - O que diabos eu faço? Eu quero voltar, mas não posso voltar. Eu não quero morrer, mas talvez eu não me importasse tanto assim se Hiei me estrangulasse. O que há de errado comigo?!

A ferry girl emudeceu depois disso, quase sentindo o gosto das frases que acabara de falar. Ótimo, estava mesmo enlouquecendo - até falar sozinha ela estava falando. Passou alguns minutos em silêncio, olhando para o céu noturno e escutando o som baixo do trânsito, milhares de metros abaixo dela. Já devia estar tarde da noite. Botan materializou seu remo entre os dedos, e continuou a olhar o céu, pensando para onde iria - não queria permanecer naquele lugar. Aquele era o tipo de lugar que Hiei iria para descansar depois de alguma carnificina, e não combinava com ela.

- Então você está aqui, Onna.

Botan sentiu suas costas se arrepiarem com a conhecida voz fria que vinha a alguns metros detrás dela. Seu primeiro ímpeto foi agarrar o remo e voar depressa para longe dali, mas ela não o fez - não era isso que queria fazer. A ferry girl se virou lentamente, sentindo que seu corpo estava fazendo alguma festa de arromba por dentro, já que todos os seus órgãos internos pareciam saltar cinco metros do lugar.

A boca dela se torceu num sorriso quebradiço.

-H-Hiei...

Mais uma vez, o silêncio reinou ali. Hiei se aproximou com passos lentos, sem tirar os olhos dela. A ferry girl reparou nisso, e sua desconcentração fez o remo evaporar de suas mãos. Ele parou a cinco ou quatro metros de distância, olhando-a em silêncio. O ar pareceu engolfar na garganta da guia espiritual.

- Você não estava no templo, Onna - observou Hiei com voz suave.

A garota sorriu nervosamente.

- B-Bem... é verdade.

O koorime não cessou o contato visual por nenhum mísero segundo. Em seguida, murmurou:

- Você poderia me explicar o porquê?

- Você ficou triste por ir lá e não me ver, Hiei? - brincou Botan em tom descontraído, tentando amenizar a tensão que crescia entre eles.

A frase pareceu pertubar o koorime.

- Eu não sustentaria um humor tão saudável, se eu fosse você, Onna. - sussurrou Hiei ameaçadoramente.

Como esperado, a ferry girl emudeceu, assustada. Hiei pareceu gostar do efeito que sua fala causara.

Os minutos seguintes foram gastos em silêncio. O koorime permanecia de pé, em frente a ela, encarando-a. Botan sentia medo daquele olhar, mas, por alguma razão, não podia desviar. Não queria desviar.

- Me dê uma única razão para não cumprir o que eu disse sobre você contar a verdade para Yukina. Eu lhe disse o que eu faria com qualquer um que contasse, não disse?

- Disse - murmurou Botan baixinho, e abraçou o próprio corpo com os braços.

Hiei deu um sorriso maldoso.

- Estou esperando. Me dê um motivo para poupar sua vida, Onna.

Ali estava Botan, em frente ao seu maior medo. A morte. Ela, que levava mortos todos os dias, temia a morte mais do que qualquer coisa. Ela era uma antítese; aquilo era normal, vindo dela.

- Eu não darei nenhum motivo, Hiei. - disse Botan, fazendo força para sua voz não tremer. - Se você quer me matar... f-faça isso.Não sou eu quem implorará pela minha vida . Eu não me arrependo do que fiz, embora eu não tenha tido nenhuma intenção de expôr o seu segredo. Eu... falei acidentalmente. E não voltei atrás no que disse, porque eu não tenho direito de desfazer a felicidade da Yukina-chan. - o lábio inferior dela tremia. - Se você quer me matar, não importa. Faça isso.

As palavras da guia espiritual assustaram Hiei. Ele não estava esperando por aquilo. Podia sentir o medo emanando dela, e ela fazia força para não demonstrar isso. O koorime achou que nunca vira nenhuma mulher mais bela do que a que estava em sua frente, contendo seus medos, e demonstrando a força que ela escondia imersa em toda a sua fraqueza física - Botan era simplesmente linda.

- Baka Onna. Acha que vou matar você? - sussurrou ele, um meio sorriso curvando seus lábios enquanto observava a surpresa preencher o rosto de Botan.

- Mas... mas... você disse que mataria quem contasse! - exclamou Botan. Um segundo depois se arrependeu, dando-se conta que estava protestando contra a sua vida.

- Hn. Apesar de tudo, acho que preciso que você fique viva.

- Por quê? - quis saber a ferry girl, sentindo as faces corarem.

- Egoísmo.

Hiei escorou-se no enorme gerador que estava a poucos passos ao lado de Botan, e ficou a observar o céu calmamente, como se estivesse satisfeito. A ferry girl olhou-o em choque por alguns minutos, e depois apalpou as próprias faces avermelhadas. "Como sou idiota! Eu não acredito que ele ainda consegue me deixar assim!"

- Como você me achou, Hiei? - quis saber a ferry girl, tentando mudar o rumo dos pensamentos.

- Pelo cheiro.

Botan piscou, sem entender.

- Como?

- O seu cheiro é fácil de encontrar, Onna.

Ouvir aquilo deixou Botan feliz, e ela não entendeu o porquê.

- Yukina-chan está contente, ainda? - questionou Botan, sem conseguir se conter.

- Sim.

- Que bom...

A altura fazia Hiei se sentir melhor.

- Obrigado, Onna.

Botan tossiu, e rezou para que não estivesse corada.

- C-Como assim?

- Você fez Yukina feliz.

As palavras fizeram a ferry girl sorrir.

- Eu... me desculpe por ter contado! - pediu Botan, antes que pudesse se refrear, abaixando a cabeça para ele. - Como eu disse, não me arrependo de ter contado, mas...!

- Idiota. Você me fez feliz também. Por todo esse tempo.

O coração de Botan deu um pequeno descompasso, e ela forçou-se a virar o rosto, escondendo o vermelho das suas faces. Hiei mordeu os lábios, se perguntando porque estava falando tantas coisas impensadas num dia só.

- Hiei, me desculpe.

- Hn. Eu já disse que você não precisa pedir desculpas por isso, Onna.

- É por outra coisa - disse Botan num murmúrio, virando relutantemente sua face corada para o koorime. - Aquele dia... quando você voltou... eu fiquei muito nervosa, e... eu fui burra, e não contei para você o que eu estava sentindo...

Um par de braços a apertou forte, e, antes que Botan pudesse assimilar os fatos, viu-se sendo abraçada por Hiei.

- Não perca tempo pedindo desculpas para mim. Você não precisa disso, Onna. Nós não precisamos disso. - a ferry girl escutou a voz dele vinda num sussurro, os cabelos espetados dele fazendo cócegas no pescoço dela.

Hiei sentiu algo molhado na sua cabeça. Precisou de algum tempo para perceber que a guia espiritual em seus braços estava chorando.

- H-Hiei... - soluçou a garota, limpando as lágrimas apressadamente com mãos trêmulas - me prometa, por favor, que nós nunca mais vamos b-brigar... eu não quero!

Hiei abriu um sorriso irônico.

- Isso seria algo difícil de se prometer. Nós passamos a vida inteira brigando.

Botan riu do comentário, ainda soluçando.

- Mas eu não quero brigar com você, Hiei!

- Hn. Você sempre quer me atormentar, Onna, não negue isso.

- Mas é você quem sempre começa a brigar! - acusou Botan.

- Agora quem está começando é você.

Botan fez um bico irritado e não respondeu, enquanto Hiei trazia-a mais para perto de si. Ele continuou fazendo o que sempre fazia quando estava em lugares altos - olhando para o nada e pensando em nada em especial. Nada em especial, além da ferry girl do seu lado.

- Hiei.

- Hn.

- Você nunca disse que me amava - observou Botan, sentindo-se corajosa ao dizer isso.

O rosto de Hiei fez uma careta.

- Você também nunca disse, Onna.

- Claro que disse! - Botan deu um salto no chão, quase arrancando o braço de Hiei. - Você não lembra?

- Não. - disse ele com sinceridade, vasculhando os cantos mais obscuros de sua mente.

- Mas eu lhe disse! - insistiu a guia. - Na noite em que... você foi embora!

- Eu não me lembro disso - resmungou ele. Havia um leve tom rosado no rosto do koorime.

- Como você não se lembra de algo tão importante? - choramingou Botan.

- Eu sei que você... eu sei o que você sente, Onna. Você sabe que eu sinto o mesmo maldito sentimento por você. Não precisamos de palavras.

Botan corou, percebendo que o que ele dizia era verdade. Sentou-se de volta no chão, e Hiei puxou-a para junto de si mais uma vez. A ferry girl afundou o rosto no ombro dele, sentindo a respiração leve do koorime, enquanto o sono tentava dominá-la.

- Eu poderia dormir aqui - disse Botan baixinho.

- Durma.

- Mas... temos que voltar...

- Hn. Para quê? Não estou afim de ver aqueles idiotas.

- E a Yukina-chan? - protestou Botan, tentando abrir as pálpebras pesadas de sono.

- Você se preocupa demais, Onna. Esqueça isso.

Alguns minutos mais tarde, o ritmo pesado da respiração de Botan indicava que ela já havia adormecido. Hiei ajustou-a de uma forma melhor no seu ombro, enquanto continuava a mirar o vazio, fazendo força para não cair na tentação de olhá-la pelo resto da noite. Não se lembrava de ter se sentido tão feliz assim em algum momento da sua vida.

"100% dos problemas com Onnas de cabelo azulado resolvidos, raposa."

Hiei olhou para o rosto adormecido da ferry girl, e sentiu raiva de si mesmo. Sabia que não conseguiria parar de admirar o rosto dela tão cedo.

- Eu amo você, Onna. - disse ele baixinho, sentindo-se idiota por dizer aquilo no vazio da noite.

De qualquer forma, Botan já sabia disso.


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Notas finais do capítulo

N.A.: Eu mereço apanhar por demorar mais de uma semana *apanha* Me desculpem, eu estava sem saco para escrever, e aí me saiu isso aí e_e' Eu sei que esse capítulo ficou meloso demais, mas me desculpem, não estou com um ritmo bom Em todo caso, espero que gostem (é pedir demais, né? D8). Eu não vou mentir, por mim eu acabava a fanfic aqui mesmo *morre* XDD Mas eu não vou fazer isso, eu prometi que seriam uns 20 capítulos, logo, vão ser 20 capítulos u_u/ Não sei quando voltarei a atualizar a fanfic, estou entrando em aulas e isso diminuirá - e muito - meu tempo para escrever. Por isso, se eu demorar mais de uma semana, não me matem Deixem reviews e digam se gostaram, até o próximo capítulo, gente!