PDV Emmett.

         Com certeza não era aquela garota que eu achei que faria monitoria comigo. Rosalie ficou um tempo calada parecendo um pouco corada e desviou os olhos enquanto eu a encarava. Puta merda, realmente não era aquilo que eu esperava de uma monitora. A garota tinha pernas que pareciam durar para sempre.

         - Bom Emmett... eu tive um desvio inevitável e além do mais, vamos dar um desconto ao meu atraso, afinal foi você que faltou à monitoria ontem. – ela deu de ombros e andou em direção à cadeira a minha frente e se sentou.

         -Tudo bem. Mas me chame de Emm, é menos formal. – eu disse e logo me senti um idiota, porque eu estava dizendo aquilo? Rosalie sorriu.

         - Tudo bem, Emm. – disse ela enquanto abria a bolsa.

         - E você? Tem algum apelido que eu possa te chamar? – eu me surpreendi com as coisas ridículas que estava dizendo, nem parecia que eu conseguia ganhar garotas com duas frases com essas porcarias que eu estava soltando. Mas Rosalie afinal, era um nome grande... E os apelidos que eu estava pensando não eram muito decentes para serem ditos em uma biblioteca ou mesmo em público.

         - Hmm... Meus amigos me chamam de Rose.

         - Rose! É um lindo nome, assim como a dona. - eu disse e sorri largamente.

Patético, Emmett. Patético! Cadê suas cantadas boas quando você precisa?

         Ela deu um risinho e abaixou os olhos, parecendo concentrada. Eu quis me bater. Onde estava o cara prático e confiante que eu sempre era?

— Isso realmente funciona alguma vez? – ela disse em voz baixa e eu sorri, um tanto envergonhado.

— Você acreditaria se eu dissesse que sim? – tentei, tentando recobrar meu charme. Ela riu novamente.

— Não. – admitiu. Eu ri também.

— Você está meio que certa. – confidenciei e ela sorriu. Ficamos em silêncio por um momento, nos olhando. Ela era mesmo muito bonita, com todo aquele cabelo louro longo. E aqueles peitos! A blusa parecia fazê-los dizer um grande e sorridente ‘olá’ para mim e não era tão fácil ignorá-los.

— E então, está em dúvida em que, Emmett? – ela quis saber e se virou para pegar alguns livros dentro da bolsa.

         Aquilo seria constrangedor. Eu não sabia nada daquela matéria, literalmente. E se eu falasse que sabia algo e ela perguntasse sobre, eu não saberia responder e aí seria duplamente constrangedor. Me remoí enquanto ela aguardava, me olhando de forma curiosa. Seria melhor admitir minha derrota de uma vez e aproveitar a oportunidade, podendo ainda virar àquela situação a meu favor se eu trabalhasse direito. Com um suspiro derrotado peguei um dos livros que estava em cima da mesa e apontei o primeiro assunto do índice. Então ela sorriu. Tirou meu dedo do livro e o pegou.

          - É para isso que estou aqui afinal de contas, não é? – ela perguntou e eu sorri. Não só pra isso, eu espero.

         - Acho que sim. – respondi.

         Rose ficou me explicando várias coisas sobre a matéria, mas eu não prestava atenção. Eu estava concentrado em outra coisa. Mais precisamente, nela. No seu rosto, nos seios, porque aquela blusa tinha um decote... Na boca carnuda... Como eu nunca a tinha notado antes? Eu acho que tinha uma vaga consciência de uma garota chamada Rosalie em algumas aulas... Mas aqui ela estava totalmente diferente. Se aqueles peitos tivessem dito olá antes, eu claramente teria escutado.

         - Emmett! – ela chamou impaciente.

         - Ah, me desculpe Rose, acho que me distraí um pouquinho aqui, não é? – ela abriu um sorriso controlado.

         - Sim, com certeza você saiu de órbita agora, mas ouviu o que eu disse? – eu franzi a sobrancelha.

         - Sobre...? – perguntei meio confuso. Ela revirou os olhos.

         - Ugh, você é incrivelmente desligado! – ela resmungou. Não era exatamente o que eu queria ouvir, mas tudo bem.

         - Me desculpe. – eu resmunguei e desviei o olhar. Eu não era desligado. Só de vez em quando, só perto de garotas muito bonitas. Então ela pôs o dedo indicador no encontro das minhas sombrancelhas que ainda estavam franzidas e passou o dedo alisando a ponte do meu nariz.

         - Eu não queria te ofender, Emm. – disse ela, e fez uma cara de inocente, que por sinal a deixava linda. Era como o rosto de um anjo. – Você me desculpa?

         - Só se fizer algo de volta por mim. – soltei sem pensar e logo me arrependi. O que diabos estava acontecendo comigo? Em segurei para não levantar da cadeira e correr para fora, torcendo para a garota esquecer esse episódio inteiro. A cara de Rosalie estava uma mistura de choque e confusão, mas de certo modo parecia se divertir.

         - Bom, já são quase seis horas, acho que está na hora de irmos, não é mesmo? – perguntou ela, esquivando-se do que eu falei, ainda bem. Eu chequei no relógio e me surpreendi.

         - Já?! Nossa, o tempo passou voando. – e realmente havia passado. Arrumamos nossas coisas e saímos em direção ao estacionamento.

         - E então, Rose, que tal uma carona até sua casa? – perguntei e arqueei uma sobrancelha. Era o momento ideal para tirar a iamgem patética que eu deveria ter deixado.

         - Hmm... Desculpe, mas eu vim no meu carro. Mas obrigada de toda forma. – e então ela sorriu e foi em direção a um conversível vermelho.

         - Ah, claro. Tudo bem então. Até amanhã, Rose. – ela tinha um carro, lá se vão as caronas que eu pretendia dar.

         - Até, Emm.

         - Ah, Rose! – ela já estava dentro do carro, então botou a cabeça para fora ao falar.

          - Sim?

         - Foi um prazer conhecer você. – eu dei um sorriso torto que sabia ser bastante querido pelas garotas. Ela sorriu tambem.

         - Também gostei de te conhecer, Emm. – ela disse e logo depois ela foi embora com seu carro.

         Eu fiquei observando até o carro desaparecer no estacionamento. Entrei no meu jipe, que era um dos poucos carros que ainda estavam por lá e fui para casa pensando em Rosalie.