Quando chegamos ao local, um prédio meio escondido, fomos para o segundo andar e Vanessa já me levou até o banheiro já que queria trocar de roupa. Fiquei muito feliz por ela ficar com meus saltos e me deixar usar seus tênis. Ela tinha várias opções de roupa na mochila, fiquei surpresa em ver que cabia tanta roupa dentro da mochila e ainda sim cabiam os materiais e parecia estar levíssima. Coloquei uma camisa jeans e uma calça preta mais colada do que eu estava acostumada, coloquei os tênis da Vanessa e meus pés ficaram até dormentes de tão confortável que estava. Vanessa colocou uma camiseta vermelha e uma saia de prega e meus saltos.

— Ana você não acha que essa roupa está muito simples? – Vanessa apontou para mim.

— Não, acho que está lindo, simples e bonito – Eu me olhei de cima a baixo, mas Vanessa não concordou e meu deu uma pulseira e uma nécessaire cheia de maquiagem.

— Você precisa começar a se valorizar Ana. – Vamos passe pelo menos um gloss e rímel.

Coloquei a pulseira e fiz o que ela pediu, mas em vez de gloss passei um batom vinho escuro. Enquanto isso Vanessa colocou a pulseira que ganhara de Ian, um par de brincos, um anel de flecha e começou a se maquiar. Ela não exagerou, mas ficou ainda mais bonita.

— Agora podemos ir – Ela fechou a mochila e me puxou pelo braço. Quando saímos Vanessa foi direto para perto de Ian, que colocou a mochila dela num canto e já começou a beija-la, resolvi ir atrás de algo para beber, havia um minibar improvisado em cima de uma mesa de jantar, fui até lá e vi que um rapaz me observava. Ele se aproximou e pegou um copo se servindo de vodka, que ele misturou com uma outra bebida que estava sem rótulo. Fingi não reparar nele, olhando para todas as bebidas e vendo se algo me agradava.

— São tantas opções não acha? – Ele se aproximou.

— Sim, acho que vou de vodka – Peguei um copo com gelo e a garrafa e o enchi até cobrir o gelo.

— Mas, pura? Porque não põe algo para incrementar?

— O que você sugere?

— Sim, acho que vou de vodka - Peguei um copo com gelo e a garrafa e o enchi até cobrir o gelo.

—Mas, pura? Porque não põe algo para incrementar?

— O que você sugere?

— Que tal energético? - Disse ele apontando para um engradado cheio deles.

— Não sei, não quero beber muito hoje - Eu batia a ponta dos dedos de leve na mesa fingindo pensar, sendo que eu só queria ir embora, e com aquele cara na minha cola não ia conseguir, no fim acabei pegando a latinha e colocando um pouco no copo, menos que a metade.

— Nunca ti vi por aqui, com quem você veio? - Disse ele, se virando do bar e me conduzindo para um dos cantos do cômodo.

— Aquela garota ali - Apontei para Vanessa que estava sentada no colo de Ian, que por sua vez estava sentado em uma poltrona.

— Vanessa? Jura? Quando ela chegou aqui não pensei que ela tinha amigos, era toda quieta, só ficava com o Ian.

— Ela é meio tímida, só isso, mas é uma boa pessoa. E você, o que o traz aqui?

— Sou amigo do Ian, sou irmão de criação dele, minha mãe trabalhava na casa da família deles, e quando ela morreu eu acabei ficando por lá. - Ele olhou para sua bebida e deu um sorriso fraco, mas logo voltou a olhar para mim.

— Entendi... - Desviei o olhar dele, para minha bebida, comecei a mexer nela com o dedo tentando pensar em uma desculpa rápida para sair de lá.

— Porque não nos sentamos? - Ele sugeriu, parecia sentir que eu estava desconfortável.

— Não precisa, eu já vou embora.

— Mais já? Não está gostando daqui?

— Não é nada demais, só quero ir para casa sabe, estou cansada, só vim porque Vanessa insistiu muito.

Ele já ia contra argumentar o que eu disse, mas dois jovens entraram, fazendo o maior estardalhaço, gritando e rindo alto. Ian olhou para o rapaz que estava comigo não muito feliz e esse deixou me deu seu copo e rapidamente tirou os dois dali.

Ele falou com Ian rapidamente, pareceu pedir desculpas e voltou para onde eu estava com um sorriso calmo, como se nada tivesse acontecido, eu dei o copo dele, e ele me mostrou um sofá para sentarmos.

— Aonde estávamos? – Perguntou ele, tomando um gole de sua bebida.

— Não lembro – Menti, queria mudar de assunto – Que tal recomeçarmos, qual seu nome?

— Mikael. – Ele respondeu com mais um sorriso – E o seu?

— Ana Júlia. Nome bem diferente o seu, nunca conheci alguém com o nome igual.

— É um nome hebraico, significa o mesmo que Miguel, mas minha mãe achava Miguel muito comum, aí colou Mikael para ficar diferente. – Ele deu de ombros e tomou mais um gole de bebida. – Você disse que não ia ficar muito, tem algum motivo específico?

— Estou cansada, só isso, foi um dia longo, preciso ir para casa descansar só isso. – Eu menti, não queria ficar me lamentando pela minha avó e queria muito menos criar um vínculo com ele.

— Entendi, eu estou de carro se quiser que eu ti deixe em algum lugar

            - Valeu, mas acho que não vai precisar, além do mais não quero ti arrumar problemas por dirigir embriagado – Fui tomar mais um gole do meu copo, mas já havia tomado tudo, Mikael estendeu a mão para pegar meu copo e logo voltou com mais um copo cheio de vodka e energético. Eu sinceramente não beberia mais um copo daqueles, mas o dia parecia pedir mais uma bebida.

            Depois disso não sei dizer quanto tempo se passou, ou quantos copos eu bebi, nem o que havia dentro deles, só me lembro que alguém começar a brigar na porta do apartamento e a porta quebrar, fazendo com que eu e Mikael começássemos a rir, foi quando começamos a ouvir sirenes e alguém nos puxou e nos colocou debaixo de um chuveiro gelado, o que nos fez ficar um pouco menos chapados. Quando saímos do banheiro pude notar que havia no apartamento uns seis policiais fardados colhendo depoimentos e mais uma figura de camisa preta e jeans ajudando com os depoimentos e olhando tudo. Nesse instante meu coração disparou e minha boca secou completamente, eu estava perdida.