Estamos chegando à fazenda dos amigos confiáveis de Magdalena. Ela me disse para ficar quieto. Nada de xingamento ou má criação ou reclamações ou "frases ofensivas" nem nada disso.

Traduzindo, ela quer que eu não seja eu. Quer que eu seja Magdalena. O que é um saco.

–Zach, Ava e Osen são boas pessoas e não assistem televisão. Eles têm um pouco de internet lá. É bem lenta, então boa sorte.

Assenti de leve.

–Use o telefone deles caso precise de mim.

–Pra onde você vai mesmo?

–Primeiro vou encontrar um jeito de tirar esse assassinato das suas costas, depois vamos voltar para a cidade. Aí é quando enfrentamos Melinda. Sem o assassinato dando vantagem pra ela não deve ser difícil chegar até a desgraça.

–Você poderia falar com Henrietta por mim? –Pedi.

–Ela deve ter escuta em todo lugar e duvido que ela saiba. É muito perigoso.

–Nem ao menos tentar? E se fosse alguém que você se importasse?

–Se eu tivesse alguém importante não teria me metido em toda essa confusão em primeiro lugar.

–Ei!

–É a verdade!

–E você é uma megera mentirosa e você não me vê gritando isso!

–Já chega, Zachary! –Ela bateu na minha cabeça depois que gritou isso. –E você acabou de gritar que eu sou "uma megera mentirosa" –ela fez uma voz bem infantil. Que adulta hein? E tem a coragem de falar alguma coisa sobre meu amor a filmes infantis (especialmente os da Disney) e meu pijama dos Power Rangers.

Ela também disse que eu devo tomar cuidado com Arlo. Não deixa-lo entrar nas gavetas de calcinhas das pessoas e também para não deixar que ele fique livre demais, já que o lugar tem grama alta e se Arlo sumir ali, provavelmente não irei encontra-lo. Esse pensamento me assustou um pouco. Arlo é familia! A gente não perde família! Tudo bem se perder da mãe no supermercado, outra é nunca mais encontra-la.

–E de qualquer forma, achei que fosse ficar feliz sem mim por perto.

–Ah, não ache que estou me apegando a você, senhorita politicamente correta. Eu só prefiro ficar com quem eu conheço, se não for pedir muito.

–Bem é pedir muito em uma situação como essa. Você não pode confiar em quem conhece, Zack. A polícia está atrás de você como cães atrás de coelhos. Um movimento errado e você já era. Eu só quero impedir isso, ok?

–Mas e se eles pegarem você e descobrirem que tá me ajudando? Isso é crime também. Te veriam como minha cúmplice e eu acabaria sozinho. O que seria péssimo pra mim.

–Meu Deus... você é egoísta até sem perceber isso. Se essa tartaruga fosse rápida, já teria fugido de você.

–Ei, não precisa ser cruel também. Você gosta de Pokemon, por que não pode ser mais como a Misty e não tanto como o guri Oak!

–E você podia ser mais como o Pikachu do que como o Charizard! Pelo menos o Pikachu tomou jeito!

–Eu só não sou do seu jeito, Magdalena!

–Eu já cansei dessa discussão boba. E nós chegamos. Não seja um filho da mãe.

–Você acha que virei um Vingador e que não aprendi a fingir ser simpático com os outros? Me dê um pouco de crédito.

–Saia do carro e cumprimente Ava. Ela está bem ali. E largue essa droga de notebook por alguns minutos, pelo amor de Deus.
***

Ava me deixou no quarto vago. Magdalena vai dormir aqui comigo também e, pro alguma razão, fiquei aliviado ao descobrir isso.

Vou dormir no chão hoje. Eu e Magdalena NÃO vamos dormir na mesma cama. Posso ficar desconfortável o quanto for, mas não vou dividir uma cama com Magda.

–Eu vou para a sua cidade amanhã. Não seja um pé no saco para Owen e Ava. – ela sai para tomar seu banho.

Eu estou tentado ver as notícias na internet que é mais lenta do que... sei lá, pamonha cozinhando, quando vi alguma coisa preta com a minha visão periférica. Eu cresci em fazendas, mas nunca me dei bem com essas coisas de interior, morcegos, baratas gigantes mutantes, sapos, cobras e merdas assim. Eu literalmente corria para o quarto dos meus pais e pegava a espingarda que tinha lá. Eu sei que não posso sair correndo pela casa dos outros e pegar a arma deles para atirar em bichos.

Por isso que até agora não virei a cabeça pra checar que bicho é esse.

E também não consegui entrar em nenhum site de notícias. Não só por causa da internet lerda, mas porque alguém *Magdalena* bloqueou cada um dos sites que noticiam coisas. Até o Yahoo! O google, Whashington post, New York times, globo notícia, todos os sites de noticia de todos os países conhecidos por mim.

E descobri que bicho que tá me esgueirando. Ouvi as asinhas batendo. É a porra de um morcego.

–Magdalena, seria uma boa ideia você aparecer agora...

Alguém bate na porta e isso assusta o morcego.

Bem, na hora eu tava pouco me fodendo. Joguei o notebook pra longe quando o maldito voou e dei um mergulho pra debaixo da cama. A mulher que entrou, Ava, só queria me chamar para o jantar, mas acabou causando tanto pânico quanto a peste negra.

Depois de rir não tão disfarçadamente de mim e do meu terror por causa de um “morceguinho” (também conhecido como criatura das profundezas dos infernos, comedora de almas de crianças, destruidora de lares, estripadora de homens inocentes e perfeitos como eu), ela pegou o animal com as próprias mãos e o tirou do quarto. Infelizmente não acabou ai. Seria sorte demais.

Meu grito exagerado fez todos da casa irem correndo para o quarto onde eu estou. Incluindo Magdalena, que só estava de toalha. E talvez eu tenha olhado um pouco demais para ela, mas qual é, não foi minha culpa! Tem algum cara lendo isso? Se sim, meu amigo, dê sinal de vida e me acompanhe nessa. Ela é gata sim, só não quero transar com ela, mas, obviamente, eu quero olhar pra ela se a mulher me der essa oportunidade, como ela acabou de dar.

Mas quem disse que isso me livrou da briga de “você é um cachorro mesmo! Fica olhando pras minhas pernas...” como se eu estivesse olhando pras pernas dela! E todo aquele blá blá blá.

Depois de alguns minutos ela cansou e nós fomos jantar.

Agora vou dormir um pouco e deixar esse capítulo tentando postar.

Tenham um bom dia.