3.Treacherous

“Esse declive é traiçoeiro

Esse caminho é imprudente”

(ATENÇÃO:::: CONTÉM SPOILER DE ‘A CASA DE HADES’ PORTANTO SE NÃO TIVER LIDO, POR FAVOR, NÃO LEIA ESTA FANFIC.)

Reyna estava quase saltitando de alegria. Após devolver a estátua de Atena ao Acampamento Meio-Sangue ela havia lutado na guerra. Mas agora ela finalmente acabara. Finalmente ela teria um momento de paz.

Mas sua felicidade não era pelo fim da guerra, mas sim porque Leo iria voltar. O garoto pelo qual ela havia se apaixonado no Argo II estaria de volta para casa são e salvo e isto era muito mais do que ela achava que merecia dos deuses.

Agora ela estava esperando que o Argo aterrissasse. Ela já conseguia ver parte do navio e aglomeração de pessoas estava ficando mais densa.

E então Leo foi o primeiro a sair e junto dele vinha uma outra garota a qual ela não conseguira reconhecer.

Coloque seus lábios perto dos meus

Desde que eles não se toquem

Fora de foco, fora de olhares

Até a gravidade é demais

E eu vou fazer qualquer que você dizer

Se você dizer isso com suas mãos

Eu seria inteligente para andar para longe

Mas você é areia movediça

Ainda haviam saído Jason, Piper, Percy e Annabeth. Imediatamente ela soube que Frank e sua amiga Hazel não voltariam. Duas pessoas tinham que morrer. E ela sabia que havia sido eles¹.

Após entender isto ela simplesmente esqueceu-se da menina ao lado de Leo – a qual ela nem sabia quem era – e também esqueceu de saudá-los (embora todos os romanos e os gregos) estivessem esperando que ela o fizesse.

Ela simplesmente deu um sorriso triste a Percy e Annie que o entenderam de imediato. Os dois ficaram receosos por um momento, mas deram a confirmação que ela queria: Frank e Hazel estavam mortos.

Hazel havia sido sua amiga, sua confidente e a havia ajudado com os assuntos do acampamento. E Frank fizera o mesmo só que com uma intensidade menor.

Ela sentiu seu corpo tremer, a respiração acelerar e seu sangue parar de circular por um instante.

Annie percebeu o que ocorrera e já estava andando em direção a ela juntamente com Percy. Quando eles estavam há cinco metros dela, Reyna despertou do transe e abriu caminho rumo ao Princípia.

Esse declive é traiçoeiro

Esse caminho é imprudente

Esse declive é traiçoeiro

E eu eu eu gosto

Muitas pessoas não entenderam o que estava acontecendo. Mas Leo foi o único a se manifestar dizendo um baixo ‘O que droga foi aquilo?’ que foi ouvido somente por Calipso que deu um sorrisinho para ele.

Após a ligeira surpresa pelo que havia acontecido Leo viu Piper e Jason entrarem no meio da multidão. Ele resolveu fazer o contrário e convidou Calipso para um passeio pelo acampamento.

Depois de algumas horas os dois se encontraram com Piper e Jason e passaram a conversar com os dois. Logo Piper e Calipso avisavam que iriam fazer alguma coisa qualquer enquanto Leo e Jason vagam pelo acampamento sem rumo.

Quando chegaram a Príncipia Leo novamente se sentia confuso naquele dia. Annabeth gritava ‘Não importa se você quer ou não. Eu irei pegar algo pra você comer Reyna!” enquanto atravessava os dois correndo.

Ela simplesmente passou pelos dois sem dar nem um ‘oi’. Se fosse por Leo eles teriam dado meia volta e voltando para suas namoradas, mas Jason sentia a necessidade de saber o que estava acontecendo com Reyna.

E Leo achava engraçado como a toda poderosa e onipotente Reyna estava sendo tratada com todo esse decoro. Afinal o que poderia ter acontecido com ela? Perdido alguma luta ou algo do tipo?

Mas mesmo assim ele fora junto com Jason e se surpreendera quando vira Reyna e Percy ali.

Eu não consigo decidir se isso é uma escolha

Sendo varridos para longe

Eu escuto o som da minha própria voz

Pedindo para você ficar

E todo que somos é pele e ossos treinados para ir junto

Sempre indo com o fluxo mas você é um atrito

– Reyna você superará.

– Duvido.

– Você superou a morte do seu pai Reyna. Porque não superaria esta? – Pergunta Jason assim que os vê.

– Eu era idiota com 13 anos de idade. E eu tinha a Hylla ao meu lado. – Falou com um tom cansado.

– Olha eu não sei bem que morreu, mas um dia você vai se acostumar com isso. – Disse Leo sentindo-se deslocado.

– Eu só superei por causa da Hylla. E bem... Ela não está aqui agora. E nem a Hazel. Ou o Frank.

– Eu não precisei de ninguém pra superar a morte da minha mãe e olha eu to bem hoje.

Esse declive é traiçoeiro

Esse caminho é imprudente

Esse declive é traiçoeiro

E eu eu eu gosto

Reyna, que até então evitara olhar para ele, viu em seus olhos sinceridade e isso a acalmou um pouco.

– Você pode não precisar, mas eu preciso. – Falou com intensidade.

– Então você está falando com o cara certo minha querida, mas diga-me: você está viva.

– Hã... Tudo indica que sim. – Respondeu Reyna um pouco confusa.

– Exatamente. Agora viva baby. Até porque você tem uma legião inteira pra comandar e eles estão um pouquinho... hã... irritados neste momento.

– Eles podem se virar. – Reclama e se dirige a Percy. – Porque ela está demorando tanto?

– Agora já quer comer Miss Reyna? – Ironiza Percy.

– Pior que sim.

– Calma irmãzinha você vai sobreviver e eu prometo te levar ao altar.

Reyna dá um pequeno sorriso e rebate:

– Acho que o Jason seria mais qualificado pro trabalho.

– Você ainda tem dúvidas? – Pergunta Jason levantando as sobrancelhas.

– Pena que a minha madrinha não está aqui. – Comenta Reyna suspirando.

Esse declive é traiçoeiro

Esse caminho é imprudente

Esse declive é traiçoeiro

E eu eu eu gosto

– Pelo amor de Zeus. Para de se lamentar garota. – Grita Leo.

Os olhos de Reyna queimam como fogo para Leo e os dois outros semideuses presentes começam a olhar de um ao outro. Mas ao contrário do que todos os três pensam Reyna solta começa a rir e fala:

– Como você pode ver Percy o casamento foi cancelado.

– Eu o daria como adiado irmãzinha, mas não perca as esperanças!

– Não entendi. – Diz Jason.

– Eu tampouco. – Confirma Leo.

– Piada interna. – Respondem os dois ao mesmo tempo.

– Mas agora todos vocês podem sair e me deixar em paz por um momento?

– Bem. Eu já enchi seu saco o suficiente. – Reconhece Percy. – Mas amanhã você vai comer. – Decreta beijando seu rosto e saindo do Princípia. – Jason por favor me acompanhe.

– Eu ainda não entendi nada, mas ok. – Fala Jason dando de ombros e indo com Percy.

– E você? – Pergunta Reyna.

– Eu o que? – Rebate Leo.

– Não vai sair...

– A Princípia é um lugar público. E eu não acho que você esteja bem o suficiente.

– Realmente eu não estou, porém isto não é da sua conta, certo?

– Ai que você se engana minha querida eu me importo com todos. – Fala Leo firmemente.

– Se você diz...

– Reyna você é a pretora da legião né?

– Sim. – Confirma.

– Você não deveria ser forte, esconder os sentimentos e coisa e tal como você sempre faz?

– E eu sou. – Fala desinteressada. – Mas eles são meus amigos. E este é meu efeito mortal: se importar demais. Afinal porque você acha que eu não mandei matar todos os gregos?

– Porque você não queria perder toda a minha beleza.

– Também. – Fala sorrindo. – Mas porque o Percy amava vocês e havia uma chance de um amigo meu estar lá então eu não podia fazer aquilo.

– Era só um amigo mesmo? – Ironiza Leo com um pouco de ciúme. Ele já fora apaixonado por Reyna e ela fora a única a qual o sentimento perdurou. Mesmo estando verdadeiramente apaixonado por Calipso ele não poderia negar que continua amando Reyna da mesma forma quando a viu da primeira vez.

Todas as outras, Thalia, Quione (e etc..), haviam sumido. Simples assim. Mas ele ficou. E quer saber? Ele gostava disto.

Dois holofotes iluminam as noites acordadas

E eu vou pegar vou pegar você sozinho

Seu nome ecoou pela minha cabeça

Eu só acho que você deveria, que você deveria saber

Que nada que é seguro vale a pena ser dirigido e eu iria

Eu sigo você, sigo você até em casa

Eu iria segui-lo, segui-lo até em casa

– Sempre foi e duvido que chegue a ser mais do que isto.

O alívio que Leo sentiu foi instantâneo. O alívio nem sequer deveria ter surgido, mas ele poderia se culpar depois se quisesse, mas agora ele só estava feliz.

– Bem. Agora eu estou com sono. Serio. Tchau.

– Okay. Não vou mais te obrigar a suportar minha presença. – Brinca Leo. – Aliás. Eu irei sim. Vamos? – Indaga levantado o seu braço dando um convite silencioso para ela.

Reyna sente e por um instante, por um breve instante, achou que talvez, só talvez, Leo Valdez poderia sentir algo por ela. Nem que fosse pena ou compaixão – embora ela não achasse que fosse isso. Mas sentia algo. E então o instante passou e ela xingou-se baixinho por fantasiar que poderia ficar com ele.

Essa esperança é traiçoeira

Esse devaneio é perigoso

Essa esperança é traiçoeira

Eu eu eu, eu eu eu, eu eu eu

Esperança.

É ela que move o mundo certo? E era isso que os dois sentiam agora. Embora eles fossem fracos demais para admitir o sentimento que tinham um pro outro. Eles ainda tinham esperança.

– E agora? – Pergunta Leo quando Reyna chega ao seu quarto de pretora.

– Eu vou dormir e você vai procurar e você vai procurar aquela garota. – Responde Reyna com uma naturalidade que até ela mesma se convence que não há nada de errado. Como se ela não estivesse com ciúmes.

– Calipso. – Corrige Leo. – O nome dela é Calipso.

– A filha do titã...

– Sim. Ela é filha de um titã. – Corta irritado. Ele já estava cansado da atitude das pessoas quando sabiam sobre Calipso. Ela havia lutado ao lado de sua família. E era isso que ela deveria fazer mesmo. Ela não podia traí-los. Ela não podia trair-se. Porque era assim que ela era. Boa e pura.

– Eu gostaria de conhecê-la. – Diz Reyna. – Ela poderia me ajudar a fazer um jardim na minha casa em Nova Roma. Ficaria lindo. – Fala pensando alto.

– Você quer conhecê-la para montar um jardim? – Estranha Leo.

– O que você achava que eu iria fazer? Brigar com ela por estar viva? Ela é uma pessoa e embora Cronos estivesse errado ela defendeu a quem amava. E isto é exatamente o meu defeito mortal. Não posso falar nada. E mesmo se eu pudesse não o faria porque ela era uma jovem apaixonada, que foi traída, humilhada, encarcerada e finalmente está tendo sua liberdade. E eu a admiro. Muito.

Dois holofotes iluminam as noites acordadas

E eu irei te pegar, te pegar sozinho

Seu nome ecoou pela minha cabeça

E eu apenas acho que você devia saber

Que nada seguro vale a pena a viagem e eu iria

Segui-lo, segui-lo até em casa

Eu iria segui-lo, segui-lo até em casa

Eu iria segui-lo, segui-lo até em casa

Eu iria segui-lo, segui-lo até em casa

Reyna queria que ela fosse uma desconhecida. Uma humana ou uma semideusa que eles haviam encontrado no caminho, mas não. Tinha que ser uma das suas heroínas (embora de fato ela não tivesse cometido um ato tão heróico assim para os mortais). E imediatamente seu ódio se dissipou. E ela nem havia percebido que odiava a garota que nem sequer conhecia.

– Ah e você teve sorte. Ela é uma das melhores pessoas da história. Mesmo que sua história as vezes seja distorcida. – Fala.

– E como é a verdadeira história dela? – Rebate Leo.

– Vai me dizer que você não sabe? – Leo balança a cabeça e dá de ombros. Ele não se importava com a história dela. E nem com ela neste exato momento. Só queria ouvir Reyna tagarelando e deixando a morte um pouco de lado. Queria ver mais o sorriso dela.

Essa esperança é traiçoeira

Esse devaneio é perigoso

Essa esperança é traiçoeira

Eu eu eu, eu eu eu, eu eu eu

Dois holofotes iluminam as noites acordadas

E eu irei te pegar, te pegar sozinho

Seu nome ecoou pela minha cabeça

E eu apenas acho que você devia saber

Que nada seguro vale a pena a viagem e eu iria

Segui-lo, segui-lo até em casa

Eu iria segui-lo, segui-lo até em casa

Eu iria segui-lo, segui-lo até em casa

Eu iria segui-lo, segui-lo até em casa

Reyna relatava a história de Calipso com extremo prazer embora soubesse que Leo não escutava nada do que ela falava.

E quando ela acabou a história e ele se despediu dela sua esperança foi se esvaindo. E ela soube pela primeira vez que a esperança podia ser traiçoeira.

Após algumas minutos da saída de Leo, Reyna continuava parada em frente ao seu quarto. O nome dele e de Calipso estava ecoando por sua mente. E ela admitia pra si mesma que o amava, admitia para Percy, Annie, Jason e droga! até mesmo Piper já havia percebido – não que fosse uma surpresa já que Piper era filha de Afrodite/Vênus, mas mesmo assim ela não queria que ela soubesse.

E então Reyna despertou do seu transe de repente e começou a andar em direção a cozinha. Ela precisava comer. Comer e pensar um pouco.

Mas ela não seguiu o seu plano, ou até seguiu, afinal que culpa tinha ela se Leo e Calipso estavam discutindo em frente a cozinha?

Nenhuma. Ou... Ou... Ou talvez sim? Ou talvez ela tenha sido a causa desta discussão. Talvez. Só talvez Leo pudesse sentir realmente algo por ela ou não?

Não.

Inacreditável não é mesmo?

Pois foi isso que ele disse quando Calipso perguntou-lhe algo:

– Você gosta da Reyna?

– Não.

Calipso sorriu, eles se despediram e ela desapareceu pela noite.

Leo resmungou alguma coisa baixinho e viu alguém vindo em sua direção. Era Reyna.

– Anh... Eu esperei seu desabafo, sua... anh... discussão, mas é serio eu to com fome. Então se você puder me deixar entrar...

– Você viu tudo isso e quer comer? Serio? – Falou Leo com raiva.

– Eu não como desde ontem de manhã ta , então me desculpe se estou com fome.

Leo por um momento ponderou a situação. Reyna provavelmente poderia ainda gostar de Jason. Ou de Percy. Ou... De qualquer outra pessoa que não fosse ele. Droga! Até mesmo aquele babaca do Octavian vinha a sua mente neste momento.

Entretanto se não fizesse nada agora poderia não fazer nada nunca. E isto era uma ideia a qual ele não queria que se concretizasse.

– E me desculpe também, mas eu não vou sair daqui.

Definitivamente Leo não poderia saber o que ela estava pensando, mas devido ao tempo que ele já estava esperando por alguma reação dela, Leo estava cansado. Apesar disto parecer infantil ele estava literalmente tentando a se sentar – ou seria melhor deitar? – ali e tirar uma soneca.

Só que ela fechou os olhos e andou na direção dele. E ele sentiu uma pequena fagulha de esperança crescendo dentro dele.

Reyna estava assustada.

Simplesmente assustada. Não surpresa. Muito menos emocionada. E sim assustada. Não era exatamente dessa forma que ela via Leo declarar-se para ela (e sim ela havia fantaseado isto várias vezes). Haviam muitas. E a maioria delas estava relacionada a uma enorme declaração de amor e não a: não.

Mas o que a assustava não era pela forma pela qual ele disse isto. E sim porque pra ele foi tão... fácil. Sim. Fácil. E ela sabia que era porque ele era forte. Que não se arrependia quando era expressivo e sentimental.

E por mais que ela não pudesse fazer o mesmo quem sabe fosse fácil ficar com ela. E foi isso que ela fez embora tudo parecesse tão estranho. Tão traiçoeiro.Todavia ela não se importava com nada pela primeira vez.

Fez uma prece silenciosa a Hazel e Frank e desejou felicidades a eles. Logo após isto foi até Leo e o beijou entregando-se aos seus sentimentos. Porque ela simplesmente gostava de coisas traiçoeiras e imprevisíveis.

E Leo certamente seria isto.

Leo estava extasiado. Uma delas o amava. A única que ele não conseguia tirar do coração e certamente agradeceria a Afrodite depois que o beijo acabasse, entretanto neste momento ele só pensava em beijá-la e nas diversas formas de como a pediria em casamento dali há uns dez anos. E também... Nas diversas formas que ela poderia dizer não para ele também.

Ele sabia que estava traindo Calipso naquele exato momento. E que iria se arrepender no dia seguinte. Mas ele não iria afastá-la.

É. Reyna certamente seria muito traiçoeira com ele e para ele.

E não que ele achasse isto ruim. Na verdade ele gostava.

Esse declive é traiçoeiro

Eu eu eu gosto