As linhas tortas do tempo. escrita por Monteithing


Capítulo 7
Capítulo sete


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada a todos que me apoiam no comentário, é isso o que me inspira. Com amor, Andy.



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Acordei 9:30 da manhã, não consigo dormir até tarde. Olhei para o lado e ele ainda estava num sono profundo. Levantei silenciosamente e fui até o banheiro, fechei a porta. Seu casaco ainda estava pendurado lá. Peguei e o vesti. Fiquei por um tempo sentindo seu cheiro, como ele cheirava bem, era uma mistura de água de colonia, um pouquinho de tabaco - que pra falar a verdade era bem excitante - e parecia ter um cheirinho de terra molhada. Olhei em baixo da pia e vi seu suéter vomitado, então pendurei o casaco no mesmo lugar onde estava, arregacei as mangas da blusa e fui lavar o suéter no chuveiro, usei o shampoo como sabão em pó. Eu era uma pessoa muito legal, quem é que faria aquilo por alguém que mal conhecia, quer dizer, eu o conhecia muito bem, mas acho que nenhum de seus "amigos" faria isso por ele, a não ser o Blaine que foi muito legal o ajudando.

Pendurei o suéter em cima do box e abri a janela para que pudesse secar. Observava Finn dormir, era estranho por que ele nem babava e mal se mexia durante a noite, o oposto de mim, que quando acordava estava de ponta cabeça e com uma poça de baba no travesseiro.

Eram cerca de 11:30 da manhã quando ele acordou.

– Rachel Berry? Onde eu estou?

– Na minha casa. Você não lembra?

– Na sua casa? Como eu vim parar aqui? Por que eu estou com esse shorts? Cadê o resto das minhas roupas?

– Nossa quanta pergunta, calma está tudo bem.

Finn tentou se levantar, mas fez uma expressão de dor, colocando a mão na cabeça, voltou a deitar.

– Ai que dor de cabeça. Ótimo, agora estou com dor de cabeça e ânsia. Adoro ressaca - ele disse todo irônico.

– Calma vou pegar um copo d'água pra você. Vai melhorar.

Ele se sentou para beber, enquanto tomava com voracidade os goles d'água, comecei a perguntar.

– Do que você lembra de ontem a noite?

– Eu lembro que era umas 18:30 quando cheguei na casa da Santana, bebi uns dois copos e já comecei a ficar tonto, lembro que eu dancei um pouquinho, aí é como se tivesse um apagão em minha memória, depois lembro de tomar uma pastilha de LSD e só. Parece que o resto não existiu, sabe, como mágica, PUF, sumiu da minha mente.

– Finn, você ficou bem louco - eu ri - Disse que eu era uma berinjela, rodou a camisa, caiu muito tombos e aí vomitou.

– Ai que vergonha - ele riu - Por acaso eu falei algo que te deixou muito ofensiva?

– Não, a não ser falar que queria me comer - ele ficou vermelho - Quero dizer, você pensava que eu era uma beringela, por isso você queria me comer - notei um alívio em sua expressão.

– E aí depois que eu vomitei, você me trouxe aqui, e fez tudo isso por mim?

– Basicamente.

– Olha Rachel Berry, eu nem sei como te agradecer, eu sou um estorvo pra todo mundo, e acabei estragando a noite da única garota bacana que eu conheci.

Fiquei sem jeito, tipo, ele tinha me chamado de "garota bacana", nenhum menino e nem ninguém nunca tinha me chamado de "garota bacana".

– Ah Finn, fica em paz, você faria o mesmo por mim.

Ficamos em silêncio. Ele ficou encarando o ármario e eu a cômoda.

– Bom, pra recompensar todo o prejuízo, eu estava pensando se por acaso você gostaria de almoçar comigo.

Que? Ele vai me levar pra me almoçar? Tipo um encontro? Um encontro meu e do Finn Hudson. Meu coração acelerou, eu queria abrir um sorriso, mas não podia demonstrar a minha empolgação.

– Olha, eu estava pensando e por acaso eu quero sim. Onde?

– No McDonald's pra comer comigo e com o pessoal. Eu pago.

"Comigo e com o pessoal", aff, pensei que iria ser nós dois, sabe, algo legal, mas ele tinha que ir com o "pessoal", aquele mesmo pessoal que quase deixou ele morrer.

– Ah, tudo bem.

Ele se levantou e foi no banheiro se trocar, enquanto ele se trocava, fui até o armário pegar uma roupa, peguei a primeira coisa que vi na frente, calça jeans, uma blusa de lã bege o meu casaco próprio para dias frios, e o meu coturno é claro. Me vesti rápidinho, antes que ele pudesse sair do banheiro. Coloquei meu celular e minha carteira no bolso e saímos.

– Ué, onde estão o resto dos móveis da sua casa?

– Finn, é uma longa história.

– E por que tem comida lá na varanda?

– Menos perguntas e mais passos.

– Tá, tá.

– Tá.

Saímos de casa e eu fui seguindo-o, ele parou um pouco em sua casa, para dar um sinal de vida aos avós, fiquei esperando do lado de fora, uma imensidão branca e fria a minha frente. Ele saiu de lá já acendendo um cigarro. Maldito vício.

O McDonald's estava vazio, ao fundo, em uma mesa grande vi Mercedes, Santana, Brittany, Puck, Blaine e Sam. Peguei um Big Mac, assim como o Finn e fomos sentar.

– E aí? - ele disse cumprimentando as meninas e fazendo um toque com os garotos. Eu apenas disse um "oi" bem tímido, sorrindo ligeiramente, estava tentando ser simpática mesmo não conseguindo. Odeio cumprimentar as pessoas. Não entendo a necessidade, o mundo seria tão mais prático se já chegássemos conversando, não iríamos perder tempo perguntando como a pessoa está sendo que elas sempre estão bem, bem, é o que todos dizem, "estou bem".

– Deu um PT louco ontem, hein? - disse Puck enquanto devorava o seu lanche, que eu nem consegui definir qual era.

– Eu não lembro de nada.

– Cara, você pulou em cima da mesa e começou a rodar a blusa enquanto tocava Cry Me A River, e também jogou uma camisinha em mim.

– Não estava usada, estava?

– Eu não sei, mas você usou uma.

– Não me diga que eu transei com alguém.

– Sim cara, lembra da Bree?

– Bree, a líder de torcida do 2º ano?

– Essa mesmo.

– Nossa, eu não me lembro de nada - ele riu.

Tipo, QUE? ELE TRANSOU? TIPO, ELE JÁ TRANSAVA? ELE SÓ TEM 14 ANOS! Eu fiquei triste com isso, por que ele é meu ídolo, e é estranho imaginar seu ídolo transando. E, além de tudo, eu gostava dele, como ele era.

– Ah cara, mas se deu bem, a Bree tem 16 anos e você tem 14, é mais popularidade pra você.

– Foda-se, eu não to nem aí pra popularidade, mas pelo menos eu queria ter me lembrado como foi, sabe - ele e Puck riram maliciosamente, aquilo me irritou, me irritou a maneira como eles materializaram a mulher, indiretamente, mas materializaram.

O Finn realmente não ligava pra popularidade, ele era daquele jeito e fim, mas ele era o auge do que se chama "popular" numa escola. 9º ano do Ensino Fundamental, isso mesmo, Ensino Fundamental! Isso soa tão infantil mas é a verdade, fumava, matava aula, o zagueiro do time, era lindo, alto, todas as "menininhas" da escola eram "apaixonadinhas" por ele. Seu 1º ano do Ensino Médio ia ser fácil, pelo simples fato de ele ser popular.

– Mas e aí Rachel, onde você estuda? - Blaine me perguntou mudando de assunto.

– Eu estudo em casa - minha resposta de sempre.

– O QUÊ? - todos disseram numa espécie de coro, e em seguida riram.

– Deixem ela em paz - Finn disse me defendendo, gostei daquilo.

– É que não é muito comum ver meninas como você estudando em casa.

– Como assim meninas como eu?

– Como você, bonitas assim, se você estudasse na nossa escola, com certeza ia fazer parte da equipe de líderes de torcida, só que ia ter que aturar Quinn Fabray, a capitã daquele bando de najas - disse Santana enquanto agarrava Brittany.

Quinn Fabray? Quinn Fabray era a namorada do Finn em 2013, ela também morava lá? Como eu nunca soube disso?

– Nossa Santana, como você diz isso, você é amiga dela - Mercedes disse olhando pra mim, como se quisesse explicar indiretamente o que a Santana era da Quinn.

– Só por que eu sou amiga dela, não quer dizer que eu deva negar o fato de que ela é uma naja.

Nesse ponto de vista ela tinha razão.

Finn evitava ao máximo fumar perto de mim, o que era bom, ele só fumava perto de mim quando não conseguia se conter. Sua casa, ficava longe do McDonald's, e como sempre, estávamos indo embora a pé.

– Você ainda não me contou o porquê da sua casa ser vazia.

– Bom, só eu moro lá.

– Como assim?

– Essa é uma outra longa história, mas não se preocupe com isso.

– Não se preocupe, eu não vou me preocupar.

Continuamos andando, ele sempre olhando pra frente, e eu olhando pro chão.

– E o que significa aquela comida lá na varanda?

– Eu não tenho geladeira, então...

– Pera... - Finn parou por um instante e riu. Eu também ri, por que venhamos e convenhamos, guardar comida na varanda por que não tem geladeira é ridículo.

– Você é uma gênia.

– É gênio, Finn.

– Ah ta, eu não sou muito bom em gramática como você percebeu.

– Eu ainda me admiro você mandar mensagens de texto com um português aceitável, por que você mal comparece as aulas e quase não lê livros. Aliás você não repete por falta?

– Calma, Rachel Ber... eu não falto tanto assim, a maioria das vezes eu compareço às aulas, eu só falto quando eu realmente to de saco cheio.

– Ah, menos mal. Rachel Ber?

– Sim, agora é Rachel Ber.

– Não entendi.

– Não precisa entender, é apenas Rachel Ber.

– Tá - dei de ombros.

– Tá.

Chegamos na frente de casa.

– Obrigada por me acompanhar até em casa Finn.

– Não tem problema.

Ele me deu um beijo no rosto, já ia virando as costas para sair, quando de repente virou em minha direção.

– Rachel Ber, você disse que mora sozinha né?

– É, por quê?

– Isso quer dizer que você vai passar o natal sozinha?

– É.

– Bom, no natal eu sou obrigado a passar com meus avós e minha mãe, então, vem passar o natal comigo, é melhor do que passar sozinha.

– Vou pensar.
Percebi que ele deu um leve sorriso no canto da boca e se virou para ir embora, fiquei o observando ir, logo já estava com um cigarro aceso, fumando.

Finn Hudson me convidou para passar o natal com ele. É engraçado como são os caminhos da vida, eu que pensei que nunca mais iria ver o meu ídolo agora estava prestes a passar o natal com ele e com a família dele. Minha mãe costumava falar que as linhas não são realmente retas. Acho que agora estou começando a entender o que ela queria dizer.


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Notas finais do capítulo

"Eu não conheço a chave para o sucesso, mas a chave para o fracasso é tentar agradar todo mundo." -Bill Gates. Reviews?